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Rainha de Avelã
Sirius costumava dizer que eu vivia em outro mundo. Eu ficava parado fitando o nada durante horas e horas – nada, apenas na concepção das pessoas. Esse nada poderia ser tudo pra mim, tudo que ativasse a minha imaginação, tanto para Marotices quando para, bem, qualquer coisa que eu gostasse de imaginar. Ainda mais quando falávamos dela.
Ela se transformou no meu maior deleite imaginativo – tudo sobre ela estava guardado em minhas memórias, e eu brincava com essas características únicas, aumentando-as e diminuindo-as ao meu bel-prazer. A transformava, modificava, imaginava, mas nunca quis dela mais do que ela era. Acho que só ela não entendeu isso.
Lílian se portava como uma rainha. Uma rainha bondosa, que ajudava os outros, se preocupava com todos, seu coração caridoso e nobre com certeza era a qualidade que o chapéu-seletor vira naquela garota para colocá-la na casa dos corajosos. Nobreza também é coragem, nos tempos de hoje, com tanta frieza em redor.
Ela se portava como uma rainha também no jeito de se mover, no modo de se pintar e vestir, em todos aqueles detalhes fúteis que me passavam pelos olhos – ela nunca deixou para mim de ser simples e elegante. E linda, mas isso era o de menos nela. Eu vi muito mais nela do que as formas bem-delineadas, os lábios avermelhados, os olhos verdes e os cabelos vermelhos – porém estes não me passaram despercebidos. Ela era linda. Uma rainha.
Um dia eu estava preso na minha imaginação, caminhando no corredor, quando alguém esbarrou em mim, me trazendo para o mundo real. Sorri ao ver a ruiva que habitava os meus devaneios, enquanto ela fechava a cara. Ela me dizia que eu era um bobo da corte, e eu concordava com ela. Porém, ela tinha de admitir comigo, eu devia ser o único bobo da corte que era considerado persona non-grata em qualquer reino da redondeza. Contudo, reino de Lílian Evans não podia ser um reino comum. Afinal, ela tentava fazer todos os seus súditos felizes.
Lílian bufou e saiu dos meus braços. Eu nem mesmo percebera que a enlaçara pela cintura para evitar sua provável queda. Ela então me fitou nos olhos, subindo na ponta dos pés, e tirou os meus óculos. Sorri levemente, segurando as mãos dela e tomando-as com as minhas, sem que ela se importasse.
“Seus olhos não são castanhos...” A minha ruiva disse com a respiração leve sobre o meu rosto. “São cor de avelã.”
Alguém chamou Lílian do outro lado do corredor e ela recolocou os meus óculos no lugar, saindo dali rapidamente. Sirius me encontrou parado no corredor, observando a ruiva desaparecer por entre as pessoas.
“E aí, cara? Ainda no seu reino de fantasias com essa ruiva maluca?” Ele perguntou colocando uma mão em meu ombro e olhando na direção que eu olhava, me fazendo sorrir novamente.
“Estava no meu reino sim, Sirius... e o que seria um reino sem a sua rainha?” Virei as costas e deixei o meu amigo ali, com cara de embasbacado.
A minha rainha tinha descoberto a cor do reino dela... e eu havia determinado para mim, naquele dia, que ela seria para sempre a Rainha de Avelã.
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A idéia dessa fanfic foi tirada de uma tarde fatídica na casa de praia da minha mãe, quando eu assistia vídeo show e a atriz que fez Maísa pediu para rever uma cena de “Que rei sou eu?”, da Rainha de Avelã e seu bobo da corte.
Pra vocês verem de onde vêm essas coisas.
Beijos.
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