Caminho Livre



Capítulo 3 - Caminho Livre


 


Severus poderia ter se sentido ofendido com o tom vil de Malfoy ao falar de Lily. E ficou. Mas não revidou de um modo normal. Pelo contrário. Viu nisso uma ótima chance de matar dois coelhos com apenas uma paulada.


 


- Claro, Lucius. – Fez uma pausa e deu uma risadinha discreta. – Mas, se eu fosse você, prestaria mais atenção à Narcisa. Acho que eu vi o Potter abraçando ela ontem. E não era à força.


 


Snape não teve tempo de terminar a mentira que inventara naqueles poucos segundos entre o fim da fala de Malfoy e sua resposta: Lucius já saíra do quarto marchando com suas botas bem polidas.


 


Severus tinha certeza que Potter não se safaria dessa. Ele não poderia provar que Severus estava mentindo. Havia mesmo uma garota loira no meio deles. Se Potter dissesse algo, Severus diria que sua visão noturna não era muito boa.


 


Ele sabia que Potter diria a Malfoy que estava mesmo com Narcisa na noite anterior apenas para pirraçá-lo. O que James não saberia é que Severus e Lily estariam escondidos por perto e Lily ouviria essa afirmação.


 


Malfoy tomaria uma surra do grupo babuínico e aprenderia a não maldizer Lily.


 


Sim. Era um plano perfeito.


 


Correu o máximo que pôde para chamar Lily, que, por sorte, estava bem perto do local onde Malfoy e Potter discutiam. Almofadinhas, Rabicho e Aluado estavam junto a eles. Logicamente rindo de Lucius, que se irritava e puxava sua varinha.


 


Severus se aproximou da garota e puxou-a de lado para, então sussurrar em seu ouvido direito:


 


- Lily. Eu... Ouvi uma coisa que eu acho que você não vai gostar. Mas é melhor você saber.


 


A menina mostrou uma cara de espanto. Mas ouviu com atenção ao que seu amigo disse em seguida.


 


- Até que horas você ficou fora da cama ontem? Estava lá depois das duas da manhã?


 


- Não... Eu saí perto de meia-noite. – Respondeu surpresa.


 


Severus se concentrou para soar o mais convincente possível. Respirou fundo como alguém que tem uma péssima notícia a ser dada.


 


- Lily, eu voltei lá mais ou menos uma da manhã. – Fez uma pausa. Pensou um pouco e lembrou-se de ter ouvido Potter bater em sua janela montado em sua vassoura mais ou menos naquele horário. – O James... Bem...


 


- Diga logo, Sev! – Ordenou irritada a menina. – Por favor. – Disse num tom mais baixo e mais calmo.


 


- Bem ele... Ah, Lily. Acho que você não vai acreditar se EU lhe disser. Ele estava se agarrando com a Narcisa. É isso.


 


- Você está louco?! O que você pensa que eu sou? Idiota?! Pára de ser ciumento, Severus.


 


Lily só o chamava de Severus quando estava muito, muito irritada.


 


- Eu sei que você não está acreditando. Que está ferida. Mas, deixe-me mostrar por que eu lhe contei.


 


Ela se aquietou. Ele enlaçou seu ombro usando o braço e a conduziu até o local da briga.


 


O que Lily ouviu definitivamente quebrou seu coração instantaneamente.


 


- O que há, Malfoy-zinho? Não está afim de dividir sua namoradinha? Aliás, não faço ideia no que ela viu em você. Mas acho que ela realmente não vai mais te querer. Agora que sabe o que é um... Homem de verdade. – James concluiu com uma risada maldosa.


 


Lucius, que já estava com a varinha em punho, estava pronto para lançar em feitiço. Provavelmente um poderoso Cruicius, apenas para que James sofresse tanto quanto ele por ouvir isso. Porém, Lupin o impediu com um Expelliarmus, fazendo-o rolar para trás uns quatro ou cinco metros.


 


Enquanto Potter agradecia a Remus por tê-lo protegido, Lily chorava desesperada nos braços de Severeus.


 


- Lil, calma, minha amiga.


 


“Amiga” era o modo mais carinhoso que Snape conseguia chamar Lily. Que, por conseqüência, era o modo mais carinhoso que ele conseguia chamar qualquer pessoa no mundo.


 


“Lil” continuava chorando o máximo que seus olhos a deixavam e soluçando até quase engasgar. Culpava-se por toda aquela situação. Afinal, ela sabia que James era um namorador nato e não lhe faltaram avisos de Sev.


 


É, no final, não era ciúmes. Severus estava certo sobre James. Ele não a merecia.


 


- Você... Tem alguma coisa que eu possa fazer por você? – perguntou solícito Snape, deliciando-se com o abraço apertado e a calidez das bochechas de Lily em seu ombro.


Ela o apertou ainda mais forte. Depois de uma pequena pausa, perguntou em tom praticamente inaudível:


 


- O que eu fiz... Pra ele... Pra ele preferir ela?


 


Severus se irritou. E ao perceber sua grande chance de conquistá-la de uma vez por todas, colocou-a encostada em um muro aos cuidados de uma amiga que se aproximava e correu até os quatro babuínos.


 


James estava virado para trás. Mas logo que Peter apontou para trás, ele se viu frente a frente com Severus.


 


- Ranhoso! Veio defender seu amiguinho? – Perguntou de um modo malvado e gozador.


 


Snape posicionou sua varinha em frente ao nariz de James. Este tentou recuar, mas tropeçou no pé de Sirius, que estava logo atrás dele.


 


- Você não quer fazer isso, Ranhoso. – proferiu Remus, desafiando-o.


 


- Por que você fez isso, seu arrogantezinho de merda? Por quê? – perguntava quase aos berros.


 


Lá perto, Lily tentava ir até lá e olhava assustada para a cena. Ela sentia ódio de James, mas sabia que Severus não pararia num simples Expeliarmus. Sua amiga não a deixava sair do lugar e dizia qua ela esperasse Severus resolver isso para ela.


 


- Responda, POTTER. – Ordenava Severus, tentando fazer com que Lily acreditasse que ele não tinha nada a ver com a história toda.


 


Sirius puxava levemente a varinha para parar Snape. Mas este percebeu:


 


- Petrificus Totallus! – Conjurou em alto e bom som.


 


Sirus caiu duro exatamente onde estava. Remus e Peter foram tentar ajudá-lo.


 


- Você não é nada sem seus amiguinhos, não é, Imprestável? – Disse com todo o ódio que guardava em si desde que ele entrara em seu caminho. – Você enganou ela. E agora vai ter que pagar por isso.


 


- Enganei quem? Você tá louco? – Respondeu Potter apavorado.


 


- A Lily. E eu não vou te perdoar por isso.


 


James não tinha entendido isso. Até que olhou para o corredor.


 


Lily. Ah, meu Deus. O que ele tinha feito?


 


Tentou dizer alguma coisa para que ela o perdoasse, mas Snape estava pronto para lançar qualquer feitiço contra ele. No entanto, Dumbledore chegou logo antes que isso acontecesse. E perguntou com sua calma voz de sempre:


 


- O que... Está acontecendo aqui. – Fez a sua pausa dramática novamente enquanto Severus, com os olhos arregalados, guardava sua varinha. – Severus, gostaria de me explicar?


 


- Ele... Ele fez a Lily chorar. Eu não podia deixar...


 


- Ah... A amizade... Transcende qualquer barreira, não é mesmo? – Interrompeu o professor. – Mas não acho prudente, Severus, usar tanta experiência em mágica para fins tão... Humanos. Não é verdade, James?


 


O Professor Dumbledore ajudou James Potter a se levantar.


 


- Venha, Sr. Potter, acompanhe-me à minha sala. – pediu o professor.


 


James andou com Dumbledore até sua sala, mas não tirava os olhos de Lily, que agora o olhava por cima do ombro de Snape, que a abraçava e secava suas lágrimas.

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 Fim do Terceiro Capítulo

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