Capítulo VII



Tinha entrado pra tomar um chocolate quente. As coisas lá fora ficam realmente frias depois de um tempo, mesmo com a lareira e toda a coisa de ter se acostumado. Como olhar os aviões e fingir que eles eram estrelas cadentes era mais interessante do que qualquer coisa, voltei logo.


Mas parecia o dia das pessoas que me odiavam mais falarem comigo.


- James me disse que você anda implicando com a Clarisse – ele falou, ficando bem do meu lado.


- Ah. O James pintou o cabelo de loiro? Tem uns peitos grandes e um narizinho pequeno e – apertei meu nariz pra voz sair fanhosa – Fala assim? Interessante. Eu devia ter vergonha do meu primo. Ele anda mais veado do que pensei.


- Ela falou. Tanto faz. Não muda o que é importante. Por que você tá fazendo isso? Você faz questão de não me deixar seguir em frente, não me dar a chance de ser feliz?


- Eu? – ri um pouco – Não estou te impedindo de nada. Nunca te pedi pra ficar comigo, largar ela, nunca contei nada pra ela que a fizesse desistir de você, muito pelo contrário. Só a fiz querer estar mais com você, se quer saber. Mesmo que seja pra me provocar, ela não te chutaria por nada agora.


- Você irrita ela o tempo todo, Marlene.


- O tempo todo? Acho que sua namoradinha anda exagerando um pouco. Além do mais, eu só respondo. Não sou obrigada a aturar ela, Sirius. Posso até aceitar você jogando coisas na minha cara, ou qualquer um deles, mas não ela. Ela nunca foi minha amiga, e eu nunca gostei dela, você sabe bem disso.


- Caramba.


- Isso não tem nada a ver com você, tá legal? Nós duas não nos damos bem.


- Então por que jogar na cara dela que eu nunca vou amar ela do jeito que te amei?


- Porque, na minha humilde opinião, é verdade.


- Isso é ciúme, Marlene.


- Que seja. Eu não me importo se você me odeia, se você acha que não devia nunca ter se apaixonado por mim, se não sabe mais porque me ama. Eu não gostar dela independe de você. E eu não ter que aturar as coisas que ela diz, independe da sua opinião sobre isso.


Ele respirou fundo: - Eu não quis dizer aquilo. Desculpa.


- Tá, isso agora é obra do James. O que foi que ele fez pra te convencer? Ficou jogando na sua cara que eu quase me suicidei com uma faca pelas coisas que você falou? Te obrigou a pedir desculpa, porque caso o contrário, eu ainda poderia tentar me matar e isso seria uma desgraça em grande escala pra família inteira, e até demais pra vocês? Afinal, a pobre menininha já sofre demais.


- É incrível como você consegue ser irônica e grossa, mesmo comigo aqui, pedindo desculpas – ele passou a mão nos cabelos como fazia quando estava nervoso e se sentou.


- Sirius – me sentei na cadeira de frente pra ele – Você me ignorou e me tratou mal por meses.


- Você beijou outro cara na minha frente, Marlene! O cara que eu mais odeio! Você traiu meus amigos, os seus amigos. O que você esperava de mim? Palmas?


- Que inferno! Quem te garante que era eu mesmo? Por que você tem tanta certeza que não deram uma poção polissuco pra alguém, ou que me doparam, ou o caramba a quatro? Você me assusta. Você prefere acreditar no seu inimigo do que na sua namorada.


- Ex-namorada.


- Eu era sua namorada na época, Sirius. É isso que importa. Você preferiu acreditar nele. Sabe muito bem que se fosse o contrário, a primeira coisa que eu faria seria procurar ter certeza de que você fez as coisas que me falaram. Se não fosse a primeira, seria alguma em seguida. Eu nunca faria com você, o que você fez comigo.


- Não vou te pedir desculpa por isso, Marlene.


- Eles têm todos os motivos do mundo pra destruir sua felicidade, Sirius. Todos os motivos pra fazer você terminar comigo e me odiar. E mesmo assim, você nem sequer pensou nisso. Preferiu acreditar que eu era a traidora, eu era o monstro.


- Era complicado pra mim, porra! Ver você... ou quem quer que fosse que parecia você, com aquele cara... Marlene, aquilo foi demais pra mim.


- Eu sei, Sirius. Eu sei. Mas já tem meses e isso ainda continua complicado pra você?


Passou a mão nos cabelos de novo: - Continua. Sinceramente, continua.


- É. Bom. Você não tá perdendo nada. Eu não sou mesmo pior do que uma vagabunda? Não muda nada na sua vida.


- Eu não quis dizer isso também. Até porque, mesmo que você tivesse feito o que falaram que você fez, eu também já fiz coisas ruins pra você, durante todo o começo do nosso relacionamento.


- Pelo menos você lembra. Espero que não tenha esquecido também de todas as vezes que inventaram coisas de você, e eu não acreditei. Algumas que eu até fiz questão de confirmar, mesmo tudo incriminando você.


- Marlene...


- Não Sirius, tudo bem. Eu entendo. Você quer seguir em frente, não é? Quer achar uma mulher pra me substituir. Eu machuquei você. Talvez não tenha volta. Eu não posso fazer nada.


- Não quero achar uma mulher pra te substituir. Isso é impossível. Você sabe, eu sei, todo mundo sabe. Nem se eu procurasse em todos os cantos do mundo – esperou eu dizer alguma coisa, mas permaneci calada. – Eu vou terminar com a Clarisse, inclusive. Não dá pra seguir com ela enquanto eu ainda amo você.


- Eu não...


- Não é só por você, também. Ela é chata às vezes, você bem sabe.


Ficamos um tempo em silêncio. Olhei para o céu, mais um avião passou. Fechei os olhos, deixei uma lágrima que estava ali cair e me aproximei de Sirius, pra poder falar o mais baixo que eu pudesse.


- Eu te amo. – ele tentou dizer alguma coisa, mas o impedi, colocando o dedo em seus lábios – Eu te amo, Sirius. Eu não quero nunca perder o desejo e a esperança que eu tenho de acreditar que um dia nós ainda vamos ficar juntos de novo. Se eu pudesse fazer só um desejo, se eu tivesse só uma chance, seria você.


Esperei um pouco, encarando aqueles olhos azuis. Eles pareciam cheios de água, pareciam desesperados, magoados, apaixonados. Eu nunca saberia dizer. Sirius abriu a boca pra falar, mas minha mãe o impediu.


- Com licença, meninos. O jantar está pronto – sorriu. – E Lene, você vai pegar uma pneumonia se ficar aí muito tempo. Não demora.


- Tudo bem, mãe – disse.


Sirius se levantou e estendeu a mão pra mim. Aceitei e ele me ajudou a levantar. Passou a mão pelos meus cabelos e aproximou sua boca do meu ouvido esquerdo.


- Eu também te amo, Lene. – olhou pra mim e abriu a porta pra que eu pudesse passar.


Havia uma paz dentro de mim naquele momento. Uma paz que acabou assim que ele e Clarisse se beijaram. Ou melhor, assim que ela o agarrou. Tentei manter a voz dele dentro da minha cabeça. Procurei pensar naqueles olhos, que obviamente, agora eu imaginava, diziam que me amavam. Por mais que tivessem outros sentimentos, que eu não saberia identificar, eles diziam que me amavam, que sempre me amaram. 




Pessoas queridas! Não estou com muito tempo pra escrever uma NA bela e decente, pois estou cheia de coisas da faculdade (já, acreditem) pra fazer... Algumas que eu quero adiantar, pra depois ficar livre. Peço perdão pela enorme demora e pelo sumiço. Eu tive um bloqueio da F&B, do mundo da escrita... E mesmo que essa fic já estivesse pronta, não conseguia entrar no site. Juro. Todo dia eu falava "hoje entro" e por fim nunca entrei, até hoje. 
Espero que gostem dos dois últimos capítulos (esse e o próximo). De qualquer maneira: continua... 

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