Prólogo.



                                                                    ~  Prólogo. ~


 
Ela apertou a varinha na mão, sua palma suava e se tornava escorregadia. Passou os olhos pelos dizeres que brilhavam como chamas na parede direita do corredor mal-iluminado: "Armada de Dumbledore: o recrutamento continua”. Sentiu uma ardência na garganta e a coragem no peito. A hora chegara, como sempre soubera que chegaria, e ela lutaria até o fim.
Dobrou o corredor com pressa e atentamente, tinha que achá-lo antes que fosse tarde demais, e não poderia ser pega por nenhum Comensal da Morte, o que era muito difícil, pois tinha certeza de que o castelo estaria repleto deles em questão de minutos.
Seu braço esquerdo latejava como nunca: uma pequena lembrança deixada pelos Comensais da Morte que agora lecionavam em Hogwarts, hematomas e cortes fundos em sua pele, conseqüências de ter se recusado a lançar um Crucio num aluno que respondera mal aos Comensais.
Mas ela não era a única. Hogwarts não era mais Hogwarts desde que Dumbledore partira, deixando o mundo bruxo absolutamente vulnerável a Você-Sabe-Quem. Como era difícil aceitar de que estivera certa desde o início... Certa de que em pouco tempo ele tomaria a vida de todos, num controle absoluto.
E foi exatamente o que aconteceu: A cadeira do diretor, desocupada. Voldemort livre para executar o que quer que fosse sem ninguém para impedi-lo. A morte do Ministro da Magia e finalmente, com a ascensão ao poder de Voldemort, a tomada de Hogwarts.
Severo Snape, a culpa era dele. Matara Dumbledore, assumira seu lugar como diretor. Como ousara tomar posse dos aposentos do melhor diretor que Hogwarts um dia já teve? Covarde.
A velha r querida escola se via agora tão diferente e irreconhecível como nunca registrado em seus mais de mil anos de história, e o responsável por aquilo, mais do que Snape, mais do que qualquer um, era Voldemort.
Transformara a escola, o lar de todos os alunos – o lugar onde depositavam seus sonhos e esperanças, o lugar onde passavam os melhores anos de suas vidas, onde descobriam o que era felicidade, o amor, a amizade – num inferno, um pesadelo. Os alunos não podiam se manifestar de forma alguma contra as ”novas regras” ou eram cruelmente castigados, e caso se esquecessem daquilo tinham suas cicatrizes e hematomas para lembrá-los.
Os risos e momentos de intensa alegria que ali viveram pareciam apenas ecos fantasmagóricos ecoando pelas frias paredes de pedra do castelo silencioso, como se fizessem parte de outra vida, e não do ano passado. Não havia mais ”Defesa contra a Arte das Trevas” como disciplina lecionada, apenas ”Arte das Trevas”, e como seus ferimentos a lembravam frequentemente, os alunos eram usados como cobaias nessas aulas, totalmente humilhados quando eram forçados, de joelhos, a se dobrarem pateticamente no chão enquanto suas entranhas ardiam pela maldição Imperdoável que era a Cruciatus, numa demonstração ao resto da turma.
Aleto Carrow lecionava ”Estudo dos Trouxas”, e fazia questão de destacar a diferença entre os bruxos e os trouxas, dizendo que os não-bruxos eram animais, idiotas e porcos, que obrigavam os bruxos- a raça superior- a se manterem na clandestinidade, pois agiam violentamente quando em contato com a magia.
Todos os alunos que não pertenciam a Sonserina eram intensamente perseguidos, forçados a unirem suas forças. Grifinória, Corvinal e Lufa-Lufa, esperando que Harry Potter entrasse pelas pesadas portas do castelo, arrombando-as se preciso, e acabasse com tudo aquilo.
O clima em Hogwarts era de tensão e perigo. Dementadores guardavam a escola, havia freqüentes patrulhas de vigilância e todas as passagens que pudessem levá-los para fora do castelo estavam lacradas e severamente vigiadas: Seria o fim? Ela acreditava que sim.
Mas apesar de tudo aquilo, de toda a ameaça, perseguição, imposição, não se entregaria: lutaria até o fim, morreria se fosse preciso, mas não deixaria que passassem por cima das vidas, das esperanças ali contidas: Hogwarts era sua casa, e os alunos, sua família, seu coração estava em cada pedaço de pedra que constituída aquele lugar. Sabia que não seria fácil, mas não temia por si, temia pela vida de todo o mundo.
Voldemort precisava ser derrotado, mas quem o faria? Harry Potter? Um garoto de dezessete anos? Quem era ele para sequer ousar tamanho feito, se nem Dumbledore, o maior bruxo que já existira fora capaz de resistir?
Ela via os laços entre os alunos se fortificando, unindo-os contra o que quer que fosse que tivessem que enfrentar, via a garra deles, a vontade e perseverança no olhar de cada um quando eram informados de algum feito de Harry Potter através do Observatório Potter,  a esperança iluminando aquela escuridão como se por breves momentos eles pudessem afastar a atmosfera de morte.
Não queria que o grande bruxo das trevas vencesse, e até deixaria surgir um pequeno fio de esperança ao ver a resistência contra tudo aquilo, mas procurava manter os pés no chão: Dumbledore estava morto e Voldemort, no poder.
O que seria de suas vidas? De suas famílias? Precisava acreditar, precisava ignorar os fatos pra que as barreiras de suas forças não fossem vencidas... Agarrar-se a qualquer mínimo de esperança e prosseguir.A Armada de Dumbledore era mais do que um grupo de alunos rebeldes; eram a contradição, a prova de que ainda não tinham dominado a todos. Alunos que passavam noites praticando os mais diversos tipos de feitiços, dedicavam seu tempo para a preparação: A grande batalha, que todos sabia, se aproximava.
Quem cairia? O bem ou o mal? Estariam eles sacrificando e derramando seu sangue em vão? Não havia tempo para pensar, apenas para executar, e então lutariam ao lado de Harry Potter.Seu coração estava acelerado, e batia tão forte que parecia que a qualquer momento poderia quebrar uma de suas costelas e saltar para fora do corpo. Tentou respirar fundo e controlar o tremor, mas era impossível, porque sabia que a vida de todas as pessoas dependia das horas seguintes e da batalha que estava prestes a travar.
Tinha treinado, sabia executar inúmeros feitiços bastante potentes com perfeição e ajudaria no que poderia, mas seu objetivo final não era vencer algo que já tinha certeza que perderiam... Por mais que parecesse egoísta, Lauren Florean precisava achá-lo, e dizer pra ele tudo o que ele precisava saber antes de morrerem, e só então poderia lutar em paz.

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