Capítulo Único



Tudo começou quando eu era criança. Todas as comemorações de Natal da minha família eram exageradas e cheias de coisas que eu não gostava – como os apertos nas bochechas que a tia Daphne insistia em me dar.


Até aí tudo bem. Quero dizer, adultos gostam de apertar e irritar crianças, é natural. O problema mesmo veio quando a minha querida mãe insistiu que eu fizesse um pedido de Natal. Eu tinha nove anos, e não fazia ideia do que desejar, afinal de contas já tinha tudo o que queria. Ser filho único e ter a sorte de nascer em uma boa família fez com que todas as minhas vontades fossem atendidas, e eu cresci meio mimado. Enfim, voltando ao assunto, quando a minha mãe disse que eu deveria pedir algo para o tal Papai Noel, a primeira coisa que me veio à cabeça foi: quando eu crescer, quero encontrar alguém que me faça feliz, para que eu possa ter um casamento longo e harmonioso como o dos meus pais.


E eu cresci.


E acabei ganhando a Rose Weasley.


Na verdade, eu não ganhei a Rose porque ela namorava o imbecil do Thomas Finnigan, e isso definitivamente não era bom.


O problema todo era que quando eu fiz aquele maldito desejo de Natal, esperava encontrar alguém que me fizesse feliz, me compreendesse e, é claro, que gostasse de mim e não me chamasse de trasgo todas as vezes que discutíssemos. Mas é óbvio que isso não aconteceu, e eu fui me apaixonar por alguém que me odeia.


Agora pergunto: eu tinha ou não razões para odiar o Natal?


Pois é, eu tinha mesmo. E foi por isso que no sexto ano eu tomei uma decisão muito importante: Eu iria roubar o Natal. E para isso, é claro, contava com a ajuda do meu melhor amigo e maluco, Vincent.


O plano foi perfeitamente elaborado. Nós dois mandamos cartas aos nossos pais informando que passaríamos as festas de fim de ano na escola, porque estávamos atrasados com os deveres e não poderíamos nos dar ao luxo de viajar, quando tínhamos que ser bons alunos.


Assistimos de perto a árvore de Natal ser montada no Salão Principal e todos os enfeites serem colocados da forma mais cuidadosa possível. Para ser bem honesto, eu mesmo ajudei a arrumar a decoração, me passando por um Sonserino bonzinho que estava disposto a contribuir com o Natal das criançinhas.


Eu nem sei descrever o quanto essa época de fim de ano me irritava, sério. Que graça tinha se sentar com a família e os amigos, comer um monte de bobagens e trocar presentes? Nenhuma! Isso sem contar que ainda existiam crianças que achavam um máximo a ideia de ter um velho gordo e barbudo distribuindo presentes por aí montado em um trenó que é puxado por renas mágicas. Céus, preciso dizer o quanto achava isso um absurdo? Quero dizer, essa história de velhote barrigudo me fazia imaginar o Professor Slughorn vestindo aquelas roupas esquisitas, e balançando aquele horrível bigode de leão marinho.


Enfim, eu odiava tanto o Natal que a ideia de destruir tudo me deixava incrivelmente contente. Eu iria acabar com a felicidade alheia apenas por vingança, e isso não poderia ser mais divertido.


Na semana em que as aulas finalmente chegaram ao fim, e os alunos começaram a deixar Hogwarts rumo as suas casas, tive a certeza de que tudo sairia conforme o planejado. As coisas estavam saindo melhores do que a encomenda e, para a minha imensa alegria, Rose Weasley passaria o Natal na escola, o que tornava tudo bem mais divertido, já que eu sabia que ela amava o Natal.


Apesar de estar apaixonado por aquela criatura ruiva, nerd e mandona, eu adoraria ver a sua cara de decepção ao ver que o Natal dos seus sonhos tinha ido parar no fundo do Lago Negro junto com a Lula Gigante.


Mas, é claro, que nem tudo podia correr 100% perfeito, já que eu ainda acho que Merlin e o tal do Papai Noel são dois caras sacanas que gostam de tirar uma com a minha cara.


- Cara, me desculpa, mas a notícia que tenho não é das melhores. – Vincent, meu melhor amigo, começou a dizer e eu fiquei com aquela cara de pateta, esperando que ele prosseguisse – Eu vou ter que passar o Natal com a minha família. A minha tia Agnes cismou de sair lá da Irlanda e vir comemorar o fim de ano conosco, e meus pais disseram que se eu não embarcasse fariam com que ela viesse aqui me buscar. E bom, acho que não sou o único a abominar essa ideia.


E não era mesmo. A velhota Agnes era um desastre como tia. Ela sempre tinha as piores piadas, e ainda pensava que Vincent e eu tínhamos seis anos de idade, já que nos chamava “Scorzinho” e “Vinvin”, e insistia em nos apertar. Preciso dizer que isso era vergonhoso? Não? Obrigado!


- Ok, cara, tudo bem. – disse sem peso na consciência. A última coisa que eu queria na vida era dar de cara com a tia maluca do meu melhor amigo – Pode ir e eu me viro aqui.


Vincent balançou a cabeça e me lançou um olhar meio duvidoso.


- O que foi? – perguntei.


- Não sei... Acho que você deveria desistir da sua ideia. – Vincent respondeu.


Dei uma risada e balancei a cabeça negativamente.


- E deixar de realizar o meu sonho? Jamais! – garanti – Agora vá e se divirta na sua casa. Mande lembranças aos seus pais! E, quando você estiver de volta, prometo lhe contar com detalhes a cara que todos fizeram ao ver que o Natal foi destruído.


Vincent deu de ombros. Sabia que nada do que dissesse iria me fazer mudar de ideia. Eu estava totalmente decidido, e uma vez que colocava uma coisa na cabeça, não desistia jamais.


 


~*~


 


Na manhã seguinte estava sozinho. Milhares de táticas para roubar os presentes que ficariam embaixo da árvore de natal da escola começaram a borbulhar em minha cabeça, enquanto eu caminhava pelos corredores distraidamente. Uma mais mirabolante do que a outra e, é claro, com garantia de 100% de eficácia.


Estava no meio de um plano que envolvia simples feitiços e alguns materiais que adquiri na Gemialidades Weasley, quando ouvi a briga.


Rose e Thomas discutiam no corredor paralelo ao que eu estava, e precisei parar e ficar em silêncio, para escutar tudo com incrível clareza.


- Você quer, por favor, deixar de ser idiota, Tom? – Rose pediu nervosamente – Eu não vou para casa porque tenho muitas coisas para fazer aqui, você deveria entender isso.


- O que eu não entendo é que você tenha decidido ficar aqui justamente quando o Malfoy decidiu. – pelo tom de voz do Finnigan, eu podia imaginar como estava vermelho e furioso – Não entra na minha cabeça que isso é uma simples coincidência.


Rose suspirou e eu me segurei para não rir do ciúme idiota daquele cara.


- Que culpa eu tenho do Malfoy ter decidido ficar, hein? Eu nem sabia que ele não ia viajar. Só descobri isso anteontem, quando a Lily comentou comigo antes de ir para casa. Você deveria deixar de ser um idiota ciumento, e acreditar em mim.


- Desculpe, Rose, mas não dá para acreditar, embora eu queria. Isso já é demais para mim. – Thomas fez uma pausa, que provavelmente irritou a Rose, já que ela começou a bater o pé no chão de forma impaciente – Eu posso agüentar toda a guerrinha de ego que existe entre vocês, os flertes, as implicâncias... Mas isso? Vocês dois vão ficar aqui juntos. Isso já é demais para mim!


Rose fez um barulho engraçado com a boca, que indicava que ela estava realmente brava.


- Quer saber? Quem cansou disso tudo fui eu. Não é a primeira vez que você insinua que possa haver algo entre o Scorpius e eu, e não aguento mais me defender tanto para nada. Pense o que quiser, fale o que quiser, porque agora quem não quer mais isso sou eu.


- O que... O que você quer dizer com isso, Rose?


- Quero dizer que, para o bem dos meus nervos, esse relacionamento acaba aqui. Assim você não fica imaginando coisas idiotas ao meu respeito e eu não preciso te provar que suas teorias estão completamente erradas. – ela concluiu a discussão – Adeus Thomas!


Rose se distanciou e eu ainda pude ouvir o desgraçado do Thomas chamá-la, para depois correr atrás dela.


Não preciso dizer que fiquei feliz por ter “presenciado” aquele término, porque isso era bem óbvio.


Depois daquela ótima notícia, decidi ir para o jardim repleto de neve, apenas para admirar a paisagem gélida. Meus planos para roubar o Natal já estavam quase concluídos e eu podia me dar ao luxo de descansar um pouco antes de colocar tudo em prática.


Sentei-me na neve fofa e encostei-me ao tronco de árvore, apenas para observar o Lago Negro e pensar na vida. O meu ódio pelo Natal não era meu único problema, afinal. Eu ainda precisava lidar com o fato de que estava apaixonado pela Rose, e que, apesar dela estar solteira, ainda me detestava.


Suspirei, passando a mão pelo meu cabelo e desviei o meu olhar do Lago Negro... Apenas para encontrar o olhar dela. E pela forma que me encarou, não estava muito satisfeita em me ver.


Quis desviar o olhar do dela, mas antes que eu pudesse fazer algo, a ruiva já estava vindo em minha direção, pronta para iniciar mais uma de nossas famosas discussões. 


- Você é um idiota! – ela disse assim que parou bem ao meu lado. Apesar dela estar com uma saia não tão curta e usar meias grossas por causa do inverno, não pude evitar dar uma boa olha em suas pernas. Era muita tentação para um sonserino só, meu Merlin.


- Olá Rose! Eu estou bem, obrigado, e você? – abri aquele sorriso de lado, que eu sabia que ela odiava, enquanto a encarava.


- É Weasley para você, seu sonserino filho da mãe! – ela cuspiu as palavras e colocou as mãos na cintura, revoltada.


Eu ri e me coloquei de pé, apenas para encará-la frente a frente.


Pelo olhar que a Rose me lançou, provavelmente preferia que eu tivesse continuado sentado, já que ela passou a ter que erguer a cabeça para me encarar. Eu era bem mais alto que ela. Na verdade acho que qualquer um era mais alto que a Rose, mas isso não vem ao caso agora.


- Olha só quem está aprendendo a ter um vocabulário sujo. – debochei ainda sorrindo – Posso saber o motivo desses elogios gratuitos?


- Cale a boca, Malfoy! – ela ordenou, empinando o queixo de forma superior – Você é idiota! Sabia que o Thomas pensa que eu vou ficar na escola por sua culpa?


- E que diabos eu tenho a ver com isso? Diga a ele a verdade, oras. – me fiz de inocente. Se eu dissesse a ela que ouvi a discussão, provavelmente seria um sonserino morto.


- Eu disse! Mas adivinha? Ele não acreditou em mim! – ela bateu o pé no chão como se fosse uma criança mimada – Ele está convencido que vou ficar na escola porque você vai ficar. Isso é ridículo! Você precisa ir para a sua casa a-g-o-r-a!


Preciso dizer que quando ouvi isso caí na gargalhada? Rose parecia um gatinho furioso, e o pior era que ela pensava que podia mandar em mim. ‘Tá legal que eu estava apaixonado, mas não agiria feito pau mandado por causa disso.


- Pare de rir, eu falo sério! Você precisa ir!


- E você, menina, precisa parar de pensar que pode mandar nos outros. – eu disse, me aproximando dela perigosamente – Eu não vou a lugar nenhum, e se não está satisfeita com isso, pegue suas coisas e volte para a sua casinha. Assim, o seu namoradinho estúpido vai perceber que você não ficou por minha causa e vocês vão se resolver. Agora, se não se importa, me deixe em paz e vá procurar a sua turma. Não tenho paciência para aturar birra de garotinha mimada!


Fui meio grosso, mas o que poderia dizer em minha defesa? Ah sim, sou um Sonserino. Isso responde tudo, não?!


Rose estreitou os olhos para mim. Estava claro em seus olhos azul-vivos que ela lutava para não me dizer algo bem pesado e que ia contra os seus costumes.


- Seus olhos me irritam! – ela disse de repente, e mais uma vez fiquei com aquela cara de pateta confuso.


- Como? – perguntei.


- Seus olhos cinzentos me dão nos nervos. Parecem olhos de lobos, e com toda essa neve em volta, parecem ainda mais claros. – ela constatou e saiu dali, me deixando para trás com uma expressão confusa e pensamentos nebulosos.


O que os meus olhos tinham a ver com toda a aquela discussão? Bem que meu pai falou que os Weasley não eram pessoas normais.


Dei de ombros e me sentei novamente, agora voltando meus pensamentos unicamente para a minha missão quase impossível da noite: roubar o Natal das criançinhas.


 


~*~


 


Meia noite. Esse foi o horário em que decidi atacar. Todos os alunos e professores estavam dormindo, e, para a minha sorte, o zelador Filch estava doente demais para fazer as rondas noturnas, então eu poderia ir até o Salão Principal executar meu plano sem maiores problemas.


Vesti a minha capa e saí do Salão Comunal da Sonserina rumo ao meu destino principal. Nada iria me impedir de roubar os presentes, destruir a árvore e a decoração, e acabar com a graça do maldito Natal.


Se todas as crianças soubessem que o Papai Noel não existe e se todos os adultos soubessem que alimentar esse falso espírito de solidariedade é um erro, não insistiriam nessa bobagem de comemoração. Quero dizer, qual é o ponto de desejar a todos um ótimo Natal, pregar a bondade e a prosperidade, se depois das festas todos voltarão a agir como perfeitos filhos da mãe e esquecerão daquilo que tanto defenderam?


Todos os corredores estavam desertos. Os personagens dos quadros praticamente babavam em suas molduras e não havia nenhum fantasma a vista.


Tudo estava indo tão bem que quase pensei que Merlin estava me dando uma mãozinha.


As portas do Salão Principal estavam fechadas, mas não trancadas. Foi fácil abri-las e ter acesso aquele universo natalino que havia sido preparado.


Abri um sorriso vitorioso quando comecei a colocar meu plano em prática. Silenciosamente, comecei a colocar os presentes na mochila em que eu havia colocado um feitiço de extensão. Eram presentes demais para crianças de menos, mas mesmo assim não desisti. Continuei roubando todos os presentes, até que só restasse o vazio. Logo em seguida, comecei a destruir toda a decoração sem a menor piedade. Aquele Natal seria o pior de todos e eu estava feliz por ser o responsável.


Preparava-me para começar a serrar a árvore, quando ouvi um gemido abafado de horror logo atrás de mim. Virei-me rapidamente para conferir quem era, e foi com muita surpresa que me deparei com Rose.


- O que... – ela nem conseguiu completar a frase, tamanho era seu horror. Seus olhos expressavam todo o choque que os alunos sentiriam na manhã seguinte. E isso era bom, pelo menos era o que eu achava. – Por que você fez isso?


Dei de ombros.


- Eu odeio o Natal – dei de ombros – E, se também vou passá-lo aqui, não acho certo que todos comemorem essa data inútil.


Ainda horrorizada, Rose se abaixou para pegar a metade de uma estrela de cristal que estava caída no chão.


- O que você está fazendo aqui, Rose? Por que não está deitada como os outros? – perguntei, já que ela ainda insistia em olhar para aquele enfeite quebrado que tinha nas mãos.


- Você sabia que a Alicia Priestly acredita na Magia do Natal? – ela respondeu a minha pergunta com outra pergunta.


- Quem é Alicia? – perguntei, afinal não tinha ideia a quem ela se referia.


Rose se aproximou mais de mim, com uma mágoa nos olhos notável.


- Alicia Priestly é uma menina da Lufa-Lufa. Ela tem onze anos e estava com a avó quando descobriu que era bruxa. A avó dela, que não é nada compreensiva, a considera uma aberração e a proibiu de voltar para casa para passar as festas de fim de ano, porque toda a família estará reunida e ela não quer ter que explicar para ninguém que há uma bruxa entre eles. – Rose começou a explicar, e eu continuei a encará-la completamente perdido – A Alicia é um doce de menina e perguntou para todos em quem confiava, incluindo para a Diretora McGonagall, se era errado fazer um pedido na Noite de Natal e torcer para que se realizasse. Todos disseram que não, é óbvio, então ela me entregou uma carta e pediu para que eu colocasse embaixo da árvore de natal, já que não pode circular a essa hora pela escola. Você sabe o que ela pediu, Malfoy?


- Não – respondi, sentindo algo estranho afundar em meu estômago. Aquele papo estava me deixando meio sentimental.


- Pediu para que a avó dela a aceitasse como ela é. – Rose me disse, com seus olhos brilhando pelas lágrimas que ela se recusava a deixar cair – Ela pediu isso porque acredita cegamente que esta noite o Espírito de Natal ou o Papai Noel, sei lá, vai atender o seu desejo. E você, Malfoy, acabou de destruir a única esperança daquela criança.


Quando a Rose colocou as coisas daquela forma, confesso que senti um peso na consciência, o que é totalmente errado, já que até onde eu sabia, Sonserinos não se emocionavam fácil.


- O Natal é uma droga, Rose!


- Weasley!


- Tanto faz! – joguei as mãos para o alto – Alimentar as esperanças daquela menina de que o Papai Noel, ou qualquer outra coisa vá resolver seus problemas vai ser totalmente frustrante. Imagina quando ela voltar para casa e descobrir que nada mudou e que a sua avó ainda a considera uma aberração? Você precisa entender, Rose, que isso tudo é uma bobagem!


- Para você e para mim pode até ser, Malfoy, mas para aquela menina significa ter esperança. – ela jogou na minha cara – Se você não sabe o significado dessa palavra, eu não posso fazer nada.


- Eu não sei o significado de esperança? É sério que você pensa isso? – perguntei irritado. Aquela menina não sabia nada de mim, como podia falar essas coisas?


- Sim, é isso o que eu penso. Você não sabe o que é esperança, não sabe o que é o sentimento de Natal, e, se bobear, nem sabe por que odeia tanto essa época.


Dei uma risada seca. Definitivamente ela não sabia o motivo d’eu odiar tanto o Natal.


- É claro que eu sei, Weasley!


- Então me diga!


- Não!


- ‘Tá vendo? Você odeia o Natal porque é um idiota estúpido que gosta de se aparecer e estragar a felicidade dos outros.


Essa frase foi o suficiente para que eu perdesse o controle das minhas atitudes e falasse demais.


- Não, eu sou um idiota que odeia o Natal porque uma vez cai na besteira de desejar amar alguém que me fizesse ter uma vida tão feliz quanto a dos meus pais, e adivinha só? Eu acabei me apaixonando por você, Weasley. Pela garota que me odeia e despreza. E sabe o que é pior? Não há nada que eu possa fazer para mudar isso, porque esse sentimento parece uma praga que foi colocada em mim e não sai por mais que eu queira exterminar.


Rose me encarou totalmente surpresa. Seus olhos estavam arregalados com o choque.


- Você gosta de mim?


Revirei os olhos.


Ia responder a pergunta com um simples “sim, eu gosto”, mas decidi mostrar a ela o que sentia, e então a beijei.


E, para a minha surpresa, ela correspondeu.


Céus, eu não sei o que havia me dado para fazer aquilo. Eu estava – literalmente – atacando a menina. Estava colocando para fora todo o desejo que mantive guardado nos últimos dois anos, e preciso dizer que aquilo era bom demais. O cheiro e o gosto da Rose me enlouqueciam, e eu não tinha certeza se conseguiria parar.


Mas parei.


Quando percebi o que estava fazendo, me afastei para que ela pudesse respirar e eu tivesse a chance de pensar em algo bom para dizer. Se antes ela já me odiava, depois do beijo tentaria me matar.


- Eu não vou me desculpar por isso, Rose. – eu disse – Eu não posso me desculpar por algo que eu realmente queria e...


- Eu também gosto de você. – ela disse rápido demais e eu a encarei com a típica expressão pateta. – Se você queria roubar o Natal porque achava que era apaixonado por alguém que não correspondia isso, pode parar.


Como eu não sabia se deveria sorrir ou abraçá-la, fiz os dois ao mesmo tempo.


- Me desculpe por ser essa pessoa idiota o tempo todo que sempre aponta seus defeitos. – Rose disse ainda abraçada a mim – Eu tinha medo de dizer o que sentia e você não corresponder.


Eu ri e a beijei mais uma vez. Aquilo era bom demais para ser verdade.


- Eu sempre achei que era o cara mais odiado por você, e de repente descubro que você na verdade me ama... Como foi mesmo que isso tudo aconteceu?


Rose sorriu e acariciou meu rosto com as mãos.


- Eu tenho um palpite, mas não sei se você vai gostar muito dele.


- E qual é?


- Eu acho que isso tudo aconteceu porque foi um milagre de natal. – Rose disse – E, no final das contas, nossos desejos se realizaram.


- Nossos? – ergui a sobrancelha.


- Podemos dizer que no Natal passado, você foi um dos meus desejos secretos.


Eu ri e, mais uma vez, a beijei com paixão.


- Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas acho que eu não odeio mais o Natal.


- Não?


- Não! Na verdade eu descobri que o Natal é uma época bastante interessante. Principalmente se você tem alguém para compartilhar.


Rose me abraçou mais uma vez.


- Posso te fazer uma pergunta?


- Pode.


- Que papo foi aquele sobre os meus olhos?


Ela riu.


- Algumas meninas sempre te acharam... Er... Gostoso e só sabiam falar das suas qualidades físicas.


- E o que isso tem a ver?


- Tem a ver que eu nunca reparei apenas no seu corpo sarado de jogador de quadribol. O que sempre me chamou a atenção em você foram os seus olhos azul-acinzentados. Eles me irritavam porque sempre tive a impressão de que quando olhava para mim, podia ler a minha alma... E eu sempre amei os seus olhos.


- E eu os seus.


Rose riu novamente e se colocou na ponta dos pés para me beijar, e eu correspondi imediatamente. Embora seja brega admitir isso, seu beijo doce e calmo me trazia uma paz que eu nem sabia que existia.


- Eu acho que preciso arrumar essa bagunça e devolver o Natal para os alunos da escola. – eu disse de olhos fechados e com a testa colada a dela.


- Eu acho que não vai ser preciso, olhe em volta.


E eu olhei.


Toda a confusão que eu havia feito havia desaparecido. Os enfeites haviam voltado para os seus devidos lugares e os presentes estavam novamente ao pé da árvore de natal.


- Mas o que...?


- Você podia odiar o Natal, Scorpius, mas o Natal nunca odiou você. Considere esse o segundo milagre da noite. – Rose disse com sinceridade – Agora vamos! Precisamos voltar para nossas Casas Comunais antes que nos peguem aqui.


Balancei a cabeça e a segui, ainda sem acreditar em tudo o que havia acontecido naquela noite.


E foi mais ou menos assim que eu decidi não roubar mais o Natal. Ou pelo menos é dessa forma que me lembro.


 


 


 


 


~~


 


 


 


 


N/A: Hey pessoas!


Bom, essa fic é meio bobinha, mas eu até gostei. Estava pensando mesmo em fazer alguma coisa especial para esse Natal e essa ideia me veio a cabeça, então espero que tenham gostado.


Comentem ok?!


Feliz Natal para todos *-*


Xoxo,


Mily.

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Comentários (4)

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