Guida e o Condenado
Com um suspiro cansado, Harry tirou a chave do pescoço, colocou-a na fechadura e abriu novamente a porta por onde entrara. A vida real o chamava. Mas logo ele voltaria ali, àquele refugio. Tinha muito o que planejar, a começar com o que fazer sobre Sirius.
Capitulo 3 Guida e o Condenado.
Quando Harry desceu para o café da manhã, os três Dursleys já estavam sentados à mesa. Eles estavam assistindo a uma televisão novinha em folha. Presente de boas vinda para as férias de verão em casa de Duda, se Harry se lembrava corretamente. Harry se sentou entre Duda e tio Válter, o único lugar vazio na mesa. Válter era exatamente como Harry se lembrava. Um homem grande e socado, com pescoço de menos e bigodes de mais. E mesmo depois de três anos, ele continuaria a ser exatamente assim. Talvez até um pouco mais gordo, se isso fosse possível. Duda não estava muito atrás de tio Válter, com miúdos olhinhos de porco e sua papada em cinco camadas balançando enquanto ele comia sem parar. Tia Petúnia também continuava a mesma, ossuda e com cara de cavalo em cima de um pescoço um tanto mais longo que o normal.
Nenhum dos três Dursleys desejou um bom aniversário para Harry, na verdade, pareciam nem sequer terem percebido a chegada do moreno. Servindo-se de torradas, Harry olhou para onde todos os outros ocupantes da cozinha olhavam, a televisão, onde um repórter ia já adiantado em uma notícia sobre um fugitivo da prisão.
"... alertamos a todos os nossos telespectadores de que Black está armado e é extremamente perigoso. Se alguém o avistar deverá ligar para o número do plantão de emergência imediatamente."
Um sorriso surgiu nos lábios de Harry. Sirius já havia escapado de Azkaban, a prisão dos bruxos, e em breve estaria pelas redondezas da rua dos Alfeneiros, tentando dar uma olhada no afilhado.
-Nem precisa dizer quem ele é – riu-se Válter, espiando o prisioneiro por cima do jornal. - Olhem só o estado dele, e a imundice do desleixado! Olhem o cabelo dele!
E lançou um olhar de esguelha, maldoso, para Harry. O sorriso no rosto do sobrinho, porém o fez olhar mais fixamente para Harry, sem entender porque o garoto sorria daquele jeito.
-Porque o sorriso? - rosnou Válter como pergunta – Acha que seu cabelo é muito melhor do que o dele? Pois está enganado!
O sorriso de Harry só fez aumentar, para o desconforto de Válter.
-Não. - respondeu o moreno calmamente – estou apenas contente que meu padrinho finalmente escapou daquele lugar horrível.
-Seu padrinho? - perguntou Petúnia – você não tem padrinho!
-Tenho, sim – respondeu Harry, o sorriso aumentando em seu rosto – Era o melhor amigo da minha mãe e do meu pai. E é um assassino condenado, mas como podem ver, fugiu da prisão dos bruxos e está foragido.
-Você quer dizer... - pela primeira vez na lembrança de Harry, Tio Válter estava extremamente pálido – Black, o fugitivo que acabou de passar na tv...
-É, Sirius Black é meu padrinho. - concluiu Harry – e eu tenho certeza que mais cedo ou mais tarde ele vai querer passar por aqui, você sabe, pra ter certeza de que eu estou bem e feliz.
Harry conseguiu não sorrir triunfalmente, apesar da vontade de rir da cara de seus tios. Ambos estavam brancos feito papel, tentando entender exatamente o que as palavras do garoto significavam.
Todos os habitantes da rua dos Alfeneiros número quatro ficaram em silêncio por vários longos minutos. Finalmente, quando a moça do tempo apareceu na tv para dizer a todos que o dia seria tão quente quanto os últimos haviam sido, Válter Dursley se lembrou de olhar as horas. Eram já oito e quarenta e cinco da manhã, e Válter se lembrou de Guida, sua irmã.
-Isso tudo não importa agora. - disse Válter – eu tenho que ir. O trem de Guida chega às dez.
-Tia Guida? - Harry exclamou surpreso, tendo esquecido completamente da visita da irmã de tio Válter – É... ela não está vindo pra cá, está?
De repente Harry se lembrou muito bem daquela visita de Guida. Principalmente do fato de que ele havia transformado ela em um balão, antes de fugir de casa para passar o restante das férias no Beco Diagonal.
A idéia de fugir de casa antes mesmo de Guida Dursley chegar passou pela cabeça de Harry, mas no segundo seguinte, uma outra idéia surgiu, com ainda mais força do que a primeira. Afinal, Éris tinha aconselhado ele a causar o Caos... e com os equipamentos dados pela deusa, na forma de uma pequena chave... não seria muito difícil causar uma bela confusão na pacata casa dos Dursleys.
O formulário de permissão para visitas à Hogsmeade veio a frente da mente de Harry, mas o moreno tinha certeza de que, mesmo que conseguisse fazer com que tio Válter ou tia Petúnia assinasse o documento, ainda assim a professora McGonagal não iria querer que ele fosse para a vila, pensando na segurança dele. Como se Sirius realmente quisesse fazer algo de mal comigo... pensou o moreno com carinho.
Perdido em seus pensamentos, Harry nem sequer percebeu que tio Válter havia se levantado, e parado em frente ao moreno, intimidante.
-Guida vai passar uma semana aqui – rosnou tio Válter – e enquanto estamos nesse assunto – ele apontou um dedo gordo e ameaçador para Harry – precisamos acertar algumas coisas antes de eu sair para apanhá-la.
Harry apenas olhou para o tio, como se não existisse nada mais interessante no mundo do que ver como a cara de Válter mudava rapidamente de cor, de acordo com o tom de voz que ele usava. No momento, ela estava tão vermelha quanto uma goles.
-Não se preocupe, Tio Válter. - disse Harry – eu pretendo me comportar MUITO bem durante essa semana.
-Agora escute aqui, moleque! Nós dissemos a Guida que você frequenta o Centro St. Brutus para Meninos Irrecuperáveis, e é isso que você vai dizer a ela!
-Ok. - foi tudo o que Harry disse. A mente do moreno, no entanto, já estava planejando tudo o que ele teria que preparar para dar as "boas vindas" à Tia Guida.
-Nada de gracinhas! - gritou Válter – se você não se comportar...
-Você vai fazer picadinho de mim... eu sei! - a voz de Harry era de puro tédio.
Tio Válter continuou bufando irritado, mas Harry não se deixou intimidar. Pedindo licença para sair da mesa, Harry foi logo para seu quarto, olhando para a imensa camiseta que vestia, Harry se lembrou da carta de Afrodite, e curioso, abriu a porta de seu armário.
A boca de Harry se abriu em surpresa. Várias camisetas, camisas, blusas, calças, shorts e vestes estavam ali dentro. Um arco-íris de cores, mesmo que as cores predominantes do novo guarda-roupa fosse o vermelhos, o azul e o verde. Rapidamente Harry escolheu uma calça jeans azul escuro, uma camiseta verde esmeralda, meias e cueca. Tudo novo e em ótimo estado.
Tirando a chave de envolta de seu pescoço, Harry cumpriu novamente o ritual de abrir a porta de seu quarto com a chave de prata, entrando novamente em seu quarto. Um quarto que era realmente dele.
Harry se aproveitou da imensa banheira que estava na porta ao lado, e depois do banho, colocou suas roupas novas. Se sentindo realmente bem pela primeira vez em muito tempo, Harry se dirigiu a biblioteca, era hora de planejar.
Com livros e pergaminhos em mãos, Harry se dirigiu à escrivaninha em baixo da janela de seu quarto. Se por um lado ele queria fazer daquela visita de Guida Dursley a melhor de todas (para ele, pelo menos) por outro ele tinha que levar em consideração o fato de que ele ainda estava proibido de fazer qualquer tipo de magia enquanto na casa de seus tios. O que quer dizer que apenas uma das matérias estudadas em Hogwarts poderiam servir para a diversão dele, e terror de Válter, Petúnia, Duda e Guida. Poções.
As palavras de Éris voltaram a mente dele. "Severus Snape ficaria furioso se, de repente, você se tornasse um hábil pocionista... só uma idéia... seja criativo." Seja Criativo. Estava na hora do filho de Prongs aceitar o legado deixado por pai e padrinho.
Com muito cuidado, Harry procurou em seus livros sobre poções àquelas que ele poderia usar sem muitos problemas enquanto no mundo trouxa. Alguma coisa para Estripador, o cachorro de Guida, uma ou duas poções para a própria Guida, e também alguma coisa para Tio Válter e Tia Petúnia. Duda... Harry pensou por um momento. Nos poucos dias de verão antes de seu aniversário de dezesseis anos que Harry passou com os Dursleys, Duda não havia, em nenhum momento, atormentado Harry. Parecia até que o encontro com os dementadores havia mostrado ao garoto o que ele não era realmente um bom menino.
Olhando para o relógio, Harry viu que estava na hora da chegada de Guida. Com as poções escolhidas, Harry se animou a descer para esperar pela irmã de tio Válter. Um sorriso parecia ter se instalado em seus lábios como nunca antes acontecera na casa dos Dursleys. Operação Caos estava para começar.
Harry voltou para seu quarto, Edwiges piou baixinho. Olhando para a gaiola, Harry percebeu que ela não estava ocupada apenas por sua coruja branca, mas também por Errol, a coruja da família Weasley. Sem tirar a chave prateada da fechadura, Harry levou a gaiola, com as duas corujas dentro, para seu quarto secreto. Lá, depositou-a em cima da escrivaninha, abriu a gaiola e disse às duas corujas:
-Eu sei que parece loucura, Errol, mas eu acho que estamos mais perto do Egito aqui. Quando se sentir bem, pode voar pela janela! E você, Edwiges, vai ter que ficar aqui, por enquanto. Mas não se preocupe, pode voar a vontade, e eu vou voltar aqui o tempo todo.
Ambas as corujas piaram, o que Harry entendeu como um sinal de que elas haviam entendido as palavras dele. Voltando à casa dos Dursleys, Harry colocou novamente a chave em volta do pescoço e foi receber tio Válter e "tia" Guida.
Depois de ver Duda receber dinheiro para aceitar o beijo molhado de tia Guida, e levar as malas dela para o quarto de hóspedes, Harry respirou fundo antes de entrar na cozinha. Ele ainda se lembrava das palavras ofensivas que Guida Dursley dizia a ele a cada chance que tinha.
-Então – vociferou ela quando percebeu a presença de Harry – ainda está por aqui?
-Obviamente – respondeu Harry – ou suas malas ainda estariam no hall de entrada.
-Mais respeito moleque! Estou vendo que não melhorou em nada desde a última vez que o vi. Tive esperanças que a escola lhe desse educação à força, se fosse preciso – Guida olhava para Harry com desprezo – aonde mesmo que você o está mandando, Válter?
-St. Brutus para meninos irrecuperáveis. - respondeu Harry monotonamente.
-E eles usam vara em St. Brutus? - perguntou Guida, a cara dela ficando tão vermelha quanto a de Válter mais cedo.
-Mas é claro! - respondeu Harry – usam varinhas o tempo todo. É a parte mais importante das aulas.
-Ótimo. - começou ela.
-De que outra forma – interrompeu-a Harry – nós conseguiríamos aprender?
-MOLEQUE! - berrou Válter – vá já para o seu quarto! E não volte aqui até a hora do jantar!
Harry sorriu complacente, acenou com a cabeça para Duda e foi contente de volta para o quarto. Lá, ele logo abriu a porta para sua verdadeira casa, e começou a estudar a lista que havia feito antes. Errol, ao que parecia, havia seguido o conselho de Harry, e continuava na gaiola de Edwiges, enquanto a coruja branca parecia ter decidido explorar os novos arredores.
Por toda a tarde Harry experimentou no laboratório de poções de sua casa. As primeiras tentativas foram desastrosas. Mas na quinta tentativa, Harry tinha a poção perfeita para dar a Estripador.
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