Enfim, admitir... Mas render-s

Enfim, admitir... Mas render-s



O corpo de Draco pedia por ela. Cada centímetro de sua pele alva ansiava pelo toque suave das mãos delicadas de Hermione, e os três dias que tinha conseguido suportar com a imensa ausência dela o tinham deixado desmotivado e taciturno. Andava carrancudo, com os lábios comprimidos em uma linha inexpressiva, sem realmente dar atenção a qualquer um que lhe dirigisse a palavra. Pansy estava confusa. Após a noite que haviam passado juntos, Malfoy se mostrara indiferente e até mesmo ríspido, e sua insensibilidade magoou os sentimentos da garota. Não que isso fosse suficiente para fazê-la desistir dele – Pansy nunca deixaria de amar Malfoy, à sua maneira. E, incapaz de abandonar o intenso sentimento que nutria por ele, Parkinson se via correndo ao seu encalço, preocupada, tentando descobrir o motivo de sua súbita mudança de comportamento. Não conseguiu. Durante dias Malfoy não lhe disse mais do que algumas palavras.


            É claro que Draco se sentiu tentado a procurar Hermione. Teve de unir todas as suas forças para permanecer razoavelmente são, do contrário a teria pego em qualquer lugar, implorado para que fosse com ele à Torre de Astronomia, e certamente não teria se dado ao trabalho de verificar a presença de pessoas indesejáveis. Às vezes, de relance, podia observá-la carregando os livros, seus companheiros inseparáveis, indo e vindo nos corredores apinhados. Nas noites solitárias, sonhava com ela. A via deitada delicadamente no tapete que era o portador de seu segredo, sorrindo para ele, enrolando mechas do cabelo castanho em seus dedos finos e elegantes. “Como é linda”, ele pensava em seu íntimo. No segundo seguinte, entretanto, se arrependia de seus devaneios e complementava com um arrogante “Mas será divertidíssimo seduzi-la e enganá-la. É o que merecem os sangues-ruins por poluírem o mundo bruxo...”


            A semana passou, enfim. No oitavo dia, embora tentasse se manter firme em seu aparente descaso, não pode conter-se e voltou a procurá-la. Encontrou-a sentada serenamente debaixo de uma árvore, nos jardins movimentados. Aproximou-se com um riso de escárnio, tentando despistar os presentes, induzindo-os a pensarem que estaria conversando com Hermione apenas para irritá-la e rebaixá-la.


- Olá. – Ele disse assim que chegou perto o suficiente para sussurrar. Não queria que ninguém o ouvisse.


            Ela ergueu os olhos e imediatamente sorriu. As bochechas ficaram levemente rosadas e as mãos fecharam o livro com uma rapidez acolhedora. Houve uma breve pausa que atormentou Draco, mas suas dúvidas evaporaram-se quando ela pronunciou a saudação.


- Boa tarde, Draco. O que faz aqui tão cedo? – Sua voz era macia e só naquele momento Draco percebeu o quanto sentira falta de ouvi-la tão claramente. Ele tentou parecer casual ao responder, mas estava claro que sua ansiedade o fazia atropelar as palavras.


- Estive te procurando, é claro. Quando nos encontraremos?                        


- Você anda bem direto. – Ela riu, delicadamente jogando a cabeça para trás. Fingiu pensar por um instante, mas não tardou em prosseguir. – Acho que podemos... hm... hoje, mais tarde...


            Draco não pôde ficar mais contente ou satisfeito. Despediu-se após algumas frases e a mudança em seu humor era extremamente perceptível. Quando chegou ao Salão Comunal, notavelmente diferente, Pansy tratou de aproximar-se dele, desconfiada, tentando arrancar alguma explicação convincente. Draco não respondeu. Calou-a com um rápido selar de lábios e subiu ao dormitório masculino sem pronunciar uma só palavra. Lá banhou-se demoradamente, perfumou-se e vestiu um de seus melhores trajes. Estava ansioso. Foi quase correndo que se dirigiu à Torre de Astronomia. Foi com surpresa e excitação que constatou que Hermione já estava à sua espera. Pôde distinguir os traços de sua silhueta através da luz do luar, trêmula e envolvente. Aproximou-se dela e abraçou-a demoradamente, sentindo o aroma que se desprendia de seus cabelos, e foi com grande prazer que inspirou aquele perfume tão característico.


- Estava com saudades. – Ela disse, ainda de costas, passando as mãos pela nuca de Draco.


            Ele não esperou. Não estava em condições de interrogar Hermione, de perguntá-la porque raios o havia deixado esperando por uma interminável semana. Achou inútil. Hermione estava ali, afinal, e tudo o que ele desejava era ter o corpo macio dela sob o seu, beijá-la demoradamente e senti-la estremecer a cada toque mais ousado...


            Foi com certa brutalidade que amaram-se naquela noite. Malfoy estava furioso. Há alguns dias percebera que fora um erro envolver-se com Granger. Notara que já não era saudável negar que o sentimento que alimentava era mais do que só desejo ou paixão momentânea. Era uma necessidade inexplicável; uma intensidade inconstante, porém arrebatadora. Havia reunido tudo o que sentia e chegara a uma terrível e destruidora conclusão: Draco Malfoy amava a doce sangue-ruim Granger. Suas recentes descobertas afloraram em seus movimentos. A delicadeza costumeira deu lugar à pressa e a ira de se ver apaixonado por uma mulher que não poderia ter se atrevido sequer a se envolver.


 


 


 


 


XXX Nota da autora: Por favor, queridos, me digam alguma coisa! Isso aqui ta muito sentimental ou vocês gostam assim? Obrigada por tudo, TRST. ;*

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