-capítulo três-

Capítulo Três
Ou Shut Up, Slut

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: e aí?
Tudo pronto para hoje à noite? Você vai, não vai?

Para: Dorcas Meadowes, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: não acredito!
Como é que eu me livro da Evans, hein? Me diga a sua fórmula mágica!

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Dorcas Meadowes, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: como se eu soubesse!
O que ela quer dessa vez? Não me diga que ela quer de novo dar alguma festa de despedida de solteiro!

Para: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3          
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: estou com raiva de você
Eu já disse NÃO. Quantas vezes precisarei REPETIR?

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: olha eu aqui tentando ser razoavelmente incrível com você...
Não o que, sua palerma? Não para a festa ou para o que nós pretendemos fazer DENTRO da festa?

Para: Dorcas Meadowes, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: NÃO MENCIONE NUNCA MAIS DESPEDIDAS DE SOLTEIRO!
Me ajude aqui, minha filha! Não me deixe ser atacada pelas idéias diabólicas da Evans! Aliás, você vai à festa da Emmeline?

Para: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3          
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: diaba dos infernos!
NÃO para qualquer alternativa que você esteja pensando, melhor assim?

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: diaba é você
Mas, Lily! Assim você NUNCA vai se vingar! Meninas que não tem raiva do coração não ganham nada em troca! A própria Marilyn Monroe já disse: “Mulheres comportadas raramente fazem história”! Quer ser mais uma idiota enganada na história feminista?

Para: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3          
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: vê se larga do meu pé
E eu lá ligo para o que a Marilyn Monroe já disse algum dia?

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Dorcas Meadowes, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: oi?
Emmeline? Por que eu iria à festa da EMMELINE, depois do que ela fez com você?

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: esqueça a Marilyn, então
Apenas pense em você agora. Não quer mesmo se vingar?

Para: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3          
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: MAS ME LARGA, MULHER!
O seu plano é ridículo! Não vou fazer isso!

Para: Dorcas Meadowes, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: eu não sei
A Lily disse que tem um PLANO, e você sabe como eu tenho medo de todos os PLANOS dela.
p.s.: aparentemente, todo mundo está sendo convidado para a festa da Emmeline. Até mesmo EU fui convidada! Vê se pode!

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: não fale mal do meu plano, sua esquisita!
Meu plano é incrível. A Emmeline nunca mais vai PENSAR em magoá-la de novo!

Para: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3          
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: esquisito é esse seu plano
Não foi ELA quem me magoou. Você sabe disso.

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: idiota
Mas assim ela vai aprender a não mexer com os caras das outras.

Para: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3          
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: HA, SIRIUS?
O Sirius deixou de ser meu naquela noite. Não conheço nenhum Sirius Black. Ele morreu para mim.

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: mas como faz?
Mas e o meu plano? Lene, você TEM que ir. Vai ser, tipo, A NOITE. 

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Dorcas Meadowes, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: hm
Sei. Eu também fui convidada. E parece que (como é a Emmeline quem está oferecendo a festa) a coisa vai ser MUITO tensa. Estão dizendo que vão ter aqueles caras vestidos de tanguinha de bombeiro dançando as músicas da Lady Gaga. Tipo, LADY GAGA!
Eu não estou nadinha a fim de ir.

Para: Dorcas Meadowes, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: COMO É QUE É?
Caras vestidos de tanguinha de bombeiro?
A noite vai ser alucinante, hein!

Para: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3          
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: e eu com isso?
O plano é seu, o problema é seu. Sabe que se a polícia vir atrás de você, não vou lhe dar cobertura, não? Apesar de que a Emmeline só vai sentar no chão e chorar, tenho certeza. A menos que ela pense que o seu plano é uma violação indescritível à privacidade dela.

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: bom...
O meu plano vai mesmo ser uma violação contra a privacidade dela. Ninguém a mandou catar o namorado de outra.

Para: Lily Evans, Faculdade de Computação, Campus 3          
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: ai, que...
Nojo. Quando você diz “catar” parece que ela dormiu com ele. Sério, que nojo. Pare de usar essas palavras pejorativas.

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Dorcas Meadowes, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: alucinante é pouco, tsc tsc
Mas você vai?

Para: Dorcas Meadowes, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: se eu vou?
NÃO.

x.x.x

Droga. Bem que eu finquei o pé e disse milhões de vezes às meninas que não iria àquela festa. No entanto, sabe como é. Lily Evans.

Ela chegou da biblioteca e disse: “Começa agora a se vestir decentemente. Temos uma festa a comparecer. E se você não for, pode ter certeza de que nunca vai superar essa coisa do Sirius”. Então, eu meio que me vi numa encruzilhada. Tipo, eu na mesma festa que Sirius Black? O meu ex, que me traiu ofensivamente com uma das meninas mais piranhas da faculdade? Negativo. Repito: negativo. Mas, minutos mais tarde, o negativo acabou se tornando positivo. E uma Lily completamente enfurecida me arrastou (mesmo eu estando com um sapato de quinze centímetros de altura) para fora do campus, com a Dorcas dizendo “Mas se ela não quer ir, ela não deveria ir, Lily!”. Mas a Lily a escutou? Não, claro que não. Lily Evans é do tipo que nunca escuta ninguém. Talvez nem a si própria.

Então, meia hora depois de ter escolhido o vestido vermelho de babados e um casaco de pele de coiote falsa, eu estava na maldita festa. Na maldita festa da Emmeline Vance, que tinha juntamente convidado meu ex-namorado.

Aliás, a primeira pessoa que avistei foi, adivinha, Sirius Black.

Eu fiquei com cara de morte azeda e pensei: “Ah, não. Caramba! Vou ter que matar a Lily depois dessa!”. Ele estava relativamente próximo de mim, bebericando uma taça de champagne, sozinho. Ele sorriu cordialmente para mim, mas de modo resignado e triste. Eu levantei a minha cabeça e desviei o olhar. Não queria que eu tivesse retribuído o sorrisinho, queria? Aliás, ele nem deveria ter sorrido. O que eu menos queria dele era algo. Fosse um sorriso, ou um elogio.

- Certo – Lily disse, mais para si mesma – Agora o negócio está ficando bom.

- Lily – eu franzi a testa; estava precisando me sentar em um sofá e ficar lá o restante da noite. Ou não. Vai saber o que fizeram em cima do sofá – Já posso ir embora?

- Não, espera só um pouquinho.

- Sério, isso é ridículo! – ressaltei.

Porque o plano era uma coisa do demônio. Só iria fazer com que a Emmeline ficasse com raiva. E de mim, ainda por cima, que não tivera plano algum.

- Sabe, Marlene, quando você convive com cadelas, você tem que aprender a domesticá-las – Lily falou, procurando alguém com o olhar. E acho que esse alguém não era seu namorado. Ah, tudo bem, o James nem tinha ido, mesmo. Estava estudando com Remus.

- Ainda assim, acho tudo isso muito ridículo – confirmei, andando um pouco mais. Estava cuidando para não tropeçar.

- Ah! David! – Lily berrou; eu e Dorcas nos entreolhamos.

David Lord veio até Lily com aquele sorriso zombeteiro de sempre. Odiava os sorrisinhos dele. Preferia muito mais os do... bem, agora não mais.

- E aí, Lils! – David cumprimentou Lily com um beijo estalado no rosto. Opa, James que se cuide! 

- Tenho uma missão para você! – Lily lhe comunicou.

Nisto, eu me desconectei da conversa, porque realmente os caras de tanguinhas estavam presentes ali. Eu abri a minha boca, incapaz de pronunciar qualquer palavra. Caramba. Aquelas bundas com certeza valeriam milhões.

- Tudo bem? – Lily disse.

David assentiu e logo se mandou.

- O quê? Ele vai fazer? – perguntei, mas eu já sabia que não precisava da resposta.

- Ele faria qualquer coisa por mim. Já faz um tempo que ele quer ir para a cama comigo – Lily contou com um ar de menina sapeca.

Revirei meus olhos. Lily era bastante safada quando queria.

Além do mais, eu acreditava bastante que a retribuição de David o faria ficar bastante satisfeito. Em todos os aspectos.

- E você vai, não vai? – Dorcas soltou um risinho.

- Vou o quê? – Lily apertou os olhos, mas estava relaxada.

- Ir para a cama com o David!

- Hã? Não... – Lily respondeu, sem nos convencer.

Aham, Cláudia, senta lá.

- Sei – eu disse, rindo.

Logo, eu estava quase me divertindo na festa. Estava dançando ao som da Kesha e bebendo saquê.

Mas a minha alegria durou pouco. Pelo visto não é só alegria de pobre que dura pouco. Alegria de meninas traídas também.

- Não acredito que você olhou para as bundas daqueles caras – ele me disse, contraindo os lábios.

- Eu olho para bunda de quem eu quiser – minha voz estava gélida - Não sou mais comprometida. Lembra? – ergui uma sobrancelha.

Ele ficou desconfortável.

Sirius Black desconfortável?

- Não vai acrescentar que a culpa é minha? – Sirius me perguntou.

- Você sabe que a culpa é sua. Não preciso lhe dizer. A menos que tenha algum tipo de problema, coisa que tenho certeza de que não tem. Digo, claro que tem. Problemas com comprometimento e fidelidade – respondi.

Sirius fez uma cara esquisita. Parecia entre o riso e a tristeza.

- Desculpe-me – ele me pediu.

Eu não acreditei. Depois de dias ele me aparece e me pede desculpas? Em uma festa? Na festa da EMMELINE VANCE?

Passei as mãos pelos meus cachos, nervosamente.

- Quer mesmo que eu acredite que você sente muito? – inquiri, insatisfeita.

- Marlene... – senti seu tom suplicante. Ele veio para mais perto de mim com convicção.

- Não, nem pense nisso! – falei com minha voz um tanto quanto falhada – Fique longe, bem longe de mim!

- Nunca irá me desculpar?

- Como posso lhe desculpar ou esquecer o que fez em apenas duas semanas? Aquela cena que vi ainda está tão fresca em minha mente tanto quanto meu último banho.

- Desculpe – ele me disse.

- Não adianta ficar repetindo essa palavra. Ela não fará o efeito desejado. Nunca mais – falei com desprezo e dor no coração. Porque tudo o que eu verdadeiramente queria era me jogar em cima dele e beijá-lo até não conseguir mais.

- Foi ela, Marlene – Sirius disse, de repente.

- Oh, mesmo? Emmeline? Nem acredito! – falei, sarcástica.

- Mas foi – ele afirmou.

- Eu sei quem foi que começou com aquilo. Eu conheço a Emmeline o suficiente para saber com quem estou lidando. Mas você? Eu nem sei mais o que posso dizer de você!

- Tudo bem, você não deve realmente apenas culpar a Emmeline.

- E acha que estou a fim de bater em você apenas porque estou achando que a Emmeline é a culpada? – minha risada azeda escapou por entre meus lábios raivosos.

Sirius lambeu os lábios, cabisbaixo.

- Marlene, eu sinto muito.

- Um dia vai mesmo sentir verdadeiramente, Sirius – eu disse.

- Não, Lene...

- Sério. Por quê? – coloquei minhas mãos na cabeça.

- Aconteceu – pude sentir seu tom magoado.

- Oh, aconteceu? – eu ri com brutalidade - Perfeito. Essa é a desculpa mais idiota de toda a minha vida!

- Ela me agarrou.

- E você é um bebê indefeso para não conseguir se desvencilhar dela? – devolvi. Meu tom estava furioso.

- Lene...

- Lene? – repeti - Você ainda tem coragem de me chamar pelo meu apelido? – tudo o que eu queria era bater nele. De verdade.

Ficamos em silêncio. Se fosse qualquer outra situação, eu sabia que Sirius me abraçaria, passaria suas pontas dos dedos pelo meu rosto, beijaria o topo de minha cabeça e diria: “Não importa o que vai acontecer. Eu ainda a amo. Você vai ficar bem”.

Só que agora eu não queria que ele me abraçasse. Que me beijasse, talvez. Porque, sério, não sabia como estava suportando ficar duas semanas sem seus beijos. Mas, no final, eu teria de me acostumar, não?

E a parte de ele ainda me amar... tudo bem, talvez também fosse verdade. Talvez ele ainda me amasse. Talvez o beijo com Vance tivesse sido apenas um erro. Eu acreditava naquilo. Tinha sido um erro. Mas quantos erros conseguimos suportar? Será mesmo que eu deveria desculpá-lo e apagar de minha mente aquela situação? Não. Minha mente e meu coração me diziam para não fraquejar.

Então, assim seria.

Quando Sirius teve coragem de abrir a boca para dizer algo, ele não pôde. Isso porque a voz da Rihanna sumiu completamente e no lugar de Only Girl In The World, tudo o que ouvíamos eram gritos descompassados e uma voz de menina dizendo: “O canguru saiu do mato!”.

Sirius e eu nos olhamos. E então vimos que o plano de Lily estava funcionando.

Emmeline Vance estava gesticulando algo para alguém e gritando:

- Tira isso daí! Tira!

Isso porque, nas telas das TV’s de plasma, uma menina muito loura estava balançando a bunda para a câmera. Seus peitos estavam desnudos e o pequeno biquíni vermelho que a garota vestia estava em suas mãos, de um lado para o outro. Sua barriga mole e pendente dançava de acordo com os movimentos da loura. “Hoje eu vou beijar todo mundo! Nathan, pare de brincar com a câmera!”, a garota das telas berrou, ficando seriamente vermelha.

Então, o vídeo tornou a se repetir. E depois mais uma vez. E outra.

Os risos eram genuinamente histéricos. Meninos apontavam e meninas olhavam para Emmeline com expressões de deboche.

Então aquela era a Emmeline Vance que ninguém conhecia? Até então, logicamente.

Gorda, sem roupa e bêbada?

Bêbada, tudo bem. Muita gente conheceu Emmeline Vance bêbada. Mas gorda e se balançando em frente a uma câmera sem biquíni?

De certo, os meninos que transaram com ela não tinham consciência de que, um dia, a barriga da menina já fora daquele modo.

Emmeline olhava para todos com ódio. E com lágrimas sofridas nos olhos.

Poxa, já fazia três anos. Ninguém mais se lembrava daquilo.

Emmeline, quando mais nova, ainda na época do último ano do colegial não tinha muito controle sobre seu peso. Muito menos sobre sua vergonha. Por isso, havia festas que ela simplesmente ficava bêbada e não se lembrava do que fizera. Então, ela parou de se embebedar tanto, quando Nathan a filmou sem roupa, se balançado em frente a câmeras. Decidiu, naquele verão, que não seria mais a Emmeline Vance gorda que nenhum garoto queria. Ela emagreceu e percebeu que os meninos agora olhavam para ela. E Emmy gostou daquilo. E o passado, então, estava enterrado.

Bem, até aquela noite.

Lily se juntou a mim, dobrando-se em duas de tanto rir.

- Cara, estou passando mal de tanto rir – Lily me disse, tirando lágrimas dos olhos.

Olhei para minha amiga com aversão.

- Lily... isso não foi legal. Eu achei que o vídeo era da Emmeline bêbada. Mas ela está sem roupa – falei, chocada.

- E daí? – Lily continuou a rir – Não foi demais?

Dorcas chegou a nós, com os olhos esbugalhados.

- Caramba, o que foi aquilo? Eu não me lembrava da Emmeline tão gorda! – Dorcas falou, querendo rir.

- Lily – falei, usando o meu tom pressuroso.

- O que foi? – ela me respondeu.

- Eu sei que nós estudamos com ela no último ano do colegial, mas agora fazer isso foi... meu Deus, foi maldade – falei.

Eu estava enjoada.

- Espera, vocês fizeram isso? – Sirius perguntou, apontando para as telas das TVs, que agora estavam apagadas.

Olhei para Sirius com um crescente desespero no peito.

Engoli em seco. Ele estava perto demais de mim.

- Foi Lily – falei, com a minha língua seca.

Sirius apertou os lábios, em sinal de desaprovação. Eu fiz o mesmo.

- Não foi maravilhoso? – Lily perguntou a Sirius.

- Foi estupidez – eu disse – Acho que você deve pedir desculpas a ela.

- O quê? Pedir desculpas à Emmeline? Depois do que ela fez com você? – Lily vociferou com surpresa na voz.

- Acho que é a única coisa sensata a se fazer, Lily.

Sirius ficou olhando para nós, sem saber o que dizer.

- Coitada. Olhem para ela agora – ele disse, segundos depois.

Emmeline estava recolhida na escada da casa, chorando e evitando olhar para as pessoas. Seu rosto bonito estava avermelhado e parecia que ela nunca mais queria sair de lá.

Peguei o braço de Lily.

- Venha – eu rugi.

- Não, não – Lily falou, com raiva, tentando me soltar de mim - Pode parando. Foi por isso que viemos aqui, lembra? Eu nunca disse que era uma santa!

- Não ser santa não quer dizer que possa humilhar as pessoas! – eu expliquei.

Lily piscou muitas vezes.

- Hey, aquela mocreia acabou com a sua felicidade, Marlene! – Lily gritou para mim – Agora você vai defendê-la?

Olhei para Sirius, que logo corou e olhou para os lados, a fim de fingir que não prestava atenção em nossa conversa.

- É, Lily, mas o fato de ela ter me destruído não quer dizer que eu esteja autorizada para fazer o mesmo com ela. Eu odeio a Emmeline, é verdade, mas não quero vê-la humilhada dessa maneira. Você não iria gostar de se ver na mesma situação.

- Eu nunca fui gorda – Lily disse, como se aquilo fosse a resposta para a questão.

- Está vendo? Você a está atingindo só porque ela nunca foi perfeita. Quer saber, eu também nunca fui. E você também não.

- Mas ao menos os meninos olham para mim – Lily disse.

- Lily. Cala a boca, garota! – eu falei, balançando a cabeça – Isso é ridículo. Ou você pede desculpas ou eu faço isso.

- Você não tem que pedir desculpas. Não foi você quem fez isso. Aliás, pedir desculpas para quem acabou com o seu namoro? Como assim? – Lily não entendeu nadinha.

- Por isso mesmo. Aposto como você não quer me ver nessa situação. Então, vamos lá.

Lily rolou os olhos.

- Está vendo, Sirius? Se você pudesse, um minuto só, guardar para si mesmo o seu desejo incandescente, nada disso estaria acontecendo – Lily disse com raiva para Sirius, que ficou com cara de confuso.

- Dessa vez – salientei - a culpa não é inteiramente dele, Lily. Vai andando.

Quando chegamos a Emmeline (que ainda chorava, mesmo ao som de Born This Way, da Lady Gaga), ela disse:

- O que vocês querem? – sua voz estava rude.

Ela afastou as mãos do rosto, que permanecia vermelho.

Fungou e tentou não destruir ainda mais a maquiagem.

- A Lily tem uma coisa para lhe falar – eu disse.

- Se vocês irão me deixar mais mal ainda, não apenas por esse vídeo, podem parando por aí, okay – ela disse – Olhe, Marlene, naquela noite em que beijei o Si...

- Não quero falar sobre isso – ofeguei, olhando de esguelha para Sirius, que tinha nos acompanhado.

- Não, é sério. É preciso – Emmeline assegurou. Sua voz estava séria e contundente.

Esperei qualquer desculpa.

- Eu nunca entendi por que o Sirius me rejeitou, entende. Naquele ano, todos os meninos me queriam, porque deixei de ser gorda e então achei que o Sirius também pudesse me querer, mas ele estava com você. E há uns dias eu achei que podia tê-lo para mim de verdade, até que vi que fiz uma burrada.

- Você, fazendo burradas? Essa é novidade para mim – Lily disse, sarcástica.

Emmeline lançou um olhar ferino à Lily.

- Emmeline – eu disse, com a minha melhor voz. Talvez eu só a odiasse pelo fato de sempre estar em cima de meu ex-namorado. Mas e se eu, sabe como é, desse uma chance a ela? Quem sabe ela não fosse tão vadia como eu suspeitava – Toda menina quer ser bonita e aceita pelos meninos, mas quando você corre atrás de apenas um menino, você acaba por rejeitar ou afastar os outros que realmente estão interessados em você.

- Eu sei. Eu deveria ter entendido desde o começo – a loura me falou, abrindo um pequeno sorriso a mim.

Meu coração se aqueceu. Sabe quando a gente ajuda uma velhinha a atravessar a rua e nosso peito se enche de um sentimento bom?

Eu estava me sentindo exatamente daquele jeito.

Talvez, Emmeline Vance fosse apenas uma garota incompreendida.

- Olha, não fica brava com o Sirius, okay? – Emmeline me disse – Fui eu quem começou tudo. E peço, de verdade, desculpas. Eu nem sei por que ainda fico correndo atrás dele, quando sei perfeitamente que ele a ama.

Opa. Emmeline me dizendo que Sirius Black me amava?

- Hm, certo – gaguejei. O que mais podia ter falado? Cutuquei a Lily.

Lily deu um passo à frente.

- Hm, então... sabe aquilo que apareceu nas TVs? – Lily perguntou com cautela.

Emmeline piscou e sua visão ficou confusa.

- O que tem? – ela perguntou.

- Fui eu – Lily sorriu constrangida – Eu achei que daria uma lição em você por ter pegado o Sirius.

Emmeline voltou a chorar.

Ficamos surpresas.

- Emmeline, foi sem querer. Ela... bom, Lily foi uma idiota, eu sei – eu disse. Lily me olhou feio – Mas você supera isso, não? Você, hm, não é mais gorda.

Emmeline levantou o rosto e fungou.

- Mas quem garante que irão esquecer isso? – ela quis saber.

- Acredite, sem acabam esquecendo – falei, tentando tranqüilizá-la.

- Sabe, Marlene, eu sempre a achei metida – Emmeline disse.

Olhei-a surpresa. Eu, metida? Como assim, Jesus?

Lily era muito mais.

- Eu sou uma pessoa legal – eu falei, sem saber o que lhe dizer.

- Você vai desculpar o Sirius? – a loura me perguntou, esfregando o nariz e olhando para o meu ex.

Olhei para Sirius também. Se eu ia desculpar o Sirius? Bem, aquilo era outra história.

Meu olhar recaiu sobre Emmeline de novo.

- Não sei – respondi com sinceridade.

Ouvi Sirius suspirar com pesar. Não me importei.

x.x.x

Uma semana depois, Emmeline tinha, timidamente, começado a andar comigo e com Dorcas. Lily, obviamente, não aceitara aquela minha nova relação. Dizia que eu ainda iria me arrepender. Mas, sabe de uma coisa? Eu achava que não. Emmeline era como qualquer menina insegura e falante, sabe. Como eu ou Lily ou Dorcas.

Emmy, na verdade, estava se mostrando ser uma amiga quase muito legal. Claro que ela ainda freqüentava a festas erradas e se embebedava, mas eu não me importava muito. Ela adorava ler as tirinhas dos jornais e adorava gatos.

Eu estava lendo uma revista qualquer com Emmeline em meu lado, na biblioteca, dois dias depois de nós termos ido a uma boate e Emmeline ter caído da escada de tão bêbada (e Lily filmou tudo, mas eu fiz com que apagasse o vídeo), quando fui perceber que tinha recebido um e-mail de Sirius. Desde a noite de despedida de solteiro da Lily e do James que eu não recebia e-mails dele. Eu estava até mesmo sentindo falta.

Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Sirius Black, Faculdade de Direito, Campus 8
Assunto: oi
Desculpe, mas eu não sou perfeito. Eu ainda a amo, mas se prefere viver sem mim, sou homem o suficiente para aceitar a sua decisão.

Eu disse a Emmy que iria ao banheiro, mas tudo o que fiz foi me enfiar na cabine do banheiro e chorar, porque eu estava me sentindo sozinha. Mesmo com as minhas amigas por perto, sem Sirius, eu me sentia perdida.

Eu apertei “EXCLUIR” e voltei para a biblioteca. Eu não podia responder nada a ele naquele momento. Meu coração estava vazio. 




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N/a: eu sei que demorei um pouquinho para postar esse capítulo. Eu realmente pretendia postá-lo no meio da semana passada, mas não deu. E eu sei que eu deveria já ter terminado essa fic, por isso ninguém comenta, só a Domi (obrigada, amor *-*). Mas, sério, sem cometários eu simplesmente não tenho ânimo de escrever. Sejam bonzinhos e comentem, okay? Beijo beijo , até a próxima ;*

 Nina H.

17/04/2011

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