-capítulo dois-
Capítulo Dois
Ou Since You’re Gone
- Narrado por Sirius Black –
Ela não podia colocar a culpa em outra qualquer pessoa. Nem mesmo na Emmeline. Sei que a maioria das garotas detestava o jeito vadia da Emmeline (e com razão, covenhamos), mas ninguém podia dizer que eu não quis aquilo. Porque, se ela tivesse apenas me agarrado, aí tudo bem. Eu teria, provavelmente, me desvencilhado de seu beijo, como eu achava que deveria fazer. Mas eu não me libertei do agarrão da garota. Eu apenas devolvi o beijo, como se a quisesse. A princípio, eu sabia que não a desejava (a Emmeline, por favor!), no entanto, algo mudou, depois do terceiro segundo do beijo. Eu sentia a língua dela pedir passagem e eu não consegui reduzir os pensamentos em minha mente. Foi aí que eu abri mais a boca e a língua dela entrou em contato com a minha. Aí eu me perdi, realmente.
O que era insano e altamente ridículo!
Desde quando eu me animava ao beijar outra garota que não fosse a Marlene? O que eu estava pensando? Ah, é. Eu não estava pensando.
Claro que eu não tinha a mínima ideia do que podia acontecer nessa festinha de despedida de solteiro de James e da Lily. Eu nunca tinha ido a nenhuma. Achava que só iria ter algumas meninas dançando nuas com roupas provocantes e champagne. Mas quando entrei naquele lugar, eu fiquei muito impressionado. Então era assim que o James e a Lily estariam se despedindo da solterice? Com banheiros imundos, garotas trôpegas de bêbadas, pegação geral em qualquer (qualquer mesmo) lugar do pub? Quero dizer, não é para isso que servem os motéis?
Para: James Potter, Faculdade de Direito, Campus 8
De: Sirius Black, Faculdade de Direito, Campus 8
Assunto: cara, que lugar é esse?
Caramba, vocês poderia ter economizado bastante se apenas chamasse os seus amigos de verdade para um lugar melhor. Que lugar é esse, meu caro? A Lene não pára de reclamar, e eu dou todo o apoio. Tem certeza de que vai estar acordado às três da manhã? Porque, pela quantidade de álcool que estão servindo aqui, ninguém dura mais de duas horas. Fala sério, nem eu sou a favor dessa tortura medieval. Parece que somos aqueles caras que a federal prende, sabe qual? Lembra do Carl? Ele está atrás das grades até hoje. Se a polícia entrar aqui e prender todo mundo, vou roubar a sua coleção do AC/DC toda para mim, okay?
Para: Remus Lupin, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Sirius Black, Faculdade de Direito, Campus 8
Assunto: cadê você?
Morreu em que altura do viaduto, cara? Você precisa ver que espelunca é essa.
Para: Sirius Black, Faculdade de Direito, Campus 8
De: James Potter, Faculdade de Direito, Campus 8
Assunto: nem vem, não
Pode parando com a reclamação. Você queria o quê? Um hotel de luxo? Eu não tenho nem dinheiro para pagar o meu almoço cinco vezes por semana! E a Lily está em total concordância com esse local. Por que você a Lene não vão para um canto aliviar a tensão? Pode ajudar. Agora, vê se não me enche.
Mas foi bem aí que eu me perdi de Marlene. Ela resolveu que era mais adequado escrever e-mails para todo mundo a ficar ao meu lado, apenas observando com crescente nojo a situação toda.
Para: James Potter, Faculdade de Direito, Campus 8
De: Sirius Black, Faculdade de Direito, Campus 8
Assunto: onde vocês estão?
Não agüento mais ficar girando e só encontrando essas garotas sem pudor por aqui!
Para: Sirius Black, Faculdade de Direito, Campus 8
De: James Potter, Faculdade de Direito, Campus 8
Assunto: eu deveria arrancar seus cabelos por isso, sério
Estamos atrás dos pilares, perto do karaokê; vê se chega logo. Há tanta menina bonita por aqui.
Para: James Potter, Faculdade de Direito, Campus 8
De: Sirius Black, Faculdade de Direito, Campus 8
Assunto: há há, idiota
Ah, sim, menina bonita e bêbada e sem roupa. A Lily ainda está feliz? Se ela fizer algo contra você, vou filmar e colocar no Youtube.
p.s.: esqueceu que eu tenho namorada? E que VOCÊ também tem?
Para: Sirius Black, Faculdade de Direito, Campus 8
De: Remus Lupin, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: calma aí, nego!
Estamos ainda no alojamento. Uma palavra: Dorcas. Por favor, não peça explicações. Estou quase tentando me jogar contra a parede, nesse exato momento.
Eu tentei me localizar, primeiro. Se Marlene não estava ao meu lado, as coisas pioravam. Eu nunca tive muito bom-senso de direção, sabe. Com ela ao meu lado, era tudo mais fácil, porém, consegui encontrar o maldito karaokê. Existiam muitas pessoas toscas e bêbadas cantando com desafinação e com dancinhas estúpidas.
Inclusive Emmeline Vance. Eu não era de odiar nenhuma menina, sabe? Por isso, quando a vi, meramente deixar passar. Eu não tinha nenhuma antipatia por ela, por mais que esta sempre estivesse atrás de mim, quando Lene não estava por perto. Mas como eu e minha namorada cursávamos faculdades diferentes, era fácil demais Emmeline estar ao meu encalço. E a loira não era do tipo que largava o osso com facilidade.
Andei com passos rápidos até James (que beijava Lily precariamente, ainda que eu soubesse que estava querendo beijá-la de um modo bem mais quente), e disse:
- Ainda mato vocês – não deixei de bufar, porque eu estava com raiva.
Lily se separou de James, colocou uma das mãos no peito dele e riu. Ajeitou o cabelo vermelho.
- Cadê Marlene? – ela quis saber, já que tinha notado que a amiga não estava junto a mim (o que era um milagre, digamos assim, já que não saíamos sem a presença um do outro).
- Ficou para trás – eu respondi – Acho que foi ao banheiro. Ela disse que estava procurando um banheiro.
Lily soltou um palavrão.
- Ela vai reclamar do banheiro – ela adivinhou.
- Sinceramente, até mesmo eu estou reclamando das condições desse inferno – eu falei, olhando para os lados, para verificar se Marlene estava por perto.
- Sério, tem lugares bem piores do que isso – Lily confirmou, passando novamente o batom vermelho nos lábios.
Eu fiz uma careta de nojo e de incredulidade.
E foi bem aí, que Emmeline chegou em nós.
- Oi, pessoas! – sua voz estava alegre demais. Imagine, ela nem estava quase bêbada demais a ponto de querer tirar o vestido minúsculo – Nossa, que calor aqui, não? – ela riu e seu olhar recaiu em mim com malícia. Eu engoli em seco, porque era mesmo muito estranho aquilo. Era tão aberto, sabe? Ela não ficou nem um pouco constrangida por estar quase dando em cima de mim na frente dos meus amigos. Amigos que podiam contar a situação para a minha namorada.
- Oi, Emmy – Lily fez sua voz falsa ressoar longamente – Como vai? Aproveitando a festa?
Emmeline desviou os olhos claros de Lily e virou-os para mim.
- Claro – ela sorriu, mais para mim do que para qualquer outra pessoa – Hey, não quer dançar? – ela me perguntou com animosidade extasiada - Eu adoro essa música!
Lily arregalou os olhos, e isso lhe conferiu um ar de louca.
James apenas fingiu que não tinha ouvido a pergunta.
- Gostaria, mas estou bem desse jeito – eu lhe disse com gentileza.
- Ah, por favor! – ela jogou os braços para cima e riu – A Marlene, aparentemente, não está tão interessada em você, no momento. O que é apenas uma dança? – Emmeline quis saber.
- Na verdade, a Lene sempre está interessada no Sirius – a voz de Lily veio como um tapa – Vê se vai latir em outro lugar, Emmy. Só hoje.
Emmeline não desceu do salto.
- Awn, você acha que pode sair por aí falando o que as pessoas devem ou não fazer? Não é você quem vai se casar com esse fracassado? – a loira apontou para James.
A sobrancelha esquerda de Lily se envergou.
- Como é que é? Fracassado? – Lily repetiu com fúria. Era verdade, o James tinha tomado jeito na vida, depois que tinha começado a namorar a Lily. Ele tinha parado de ficar com qualquer uma e estava se mostrando um cara bastante responsável. Estava até mesmo estudando para as provas finais. Ele não era, de jeito algum, fracassado. Sei que ele, tal como todos nós, não carregava uma montanha de dinheiro, mas Lily nunca se importou com isso.
- Ah, qual é. Olha o lugar que vocês arrumaram para essa despedida estúpida de solteiro de vocês! – os olhos de Emmeline se reviraram – Por que não foram para um motel e acabavam com isso? Não é mais prático?
- Olha aqui, sua... – James começou a fazer seu dedo indicador se erguer, tentando atingir a altura do rosto de Emmeline, mas ela não se deu ao luxo de enfrentá-lo. Ela somente soltou outra gargalhada.
Nisto, Lily estava interferindo mais uma vez, com uma voz muito zangada.
- Fracassado é esse seu implante na bunda, minha filha – Lily disse.
Emmeline não se sentiu ameaçada e riu em um tom jocoso.
Em seguida, tudo o que presenciei foi Lily agarrar a mão de James e dizer:
- Vamos, James, vamos para outro lugar. Para um lugar que não existam lombrigas plastificadas.
E então Lily e James se afastaram de mim.
Emmeline ficou rindo, como uma menina boba.
- Emmeline, por favor – eu pedi, colocando minhas mãos dentro dos bolsos. Seus peitos pulavam dentro do vestidinho que marcava todas as suas curvas. Desviei o olhar – Saia daqui, sim?
- Mas por quê, Six? – ela se fez de desentendida – Estou incomodando? – ela fez biquinho.
Ah, droga. Não, eu não iria ceder. Eu tinha parado de ceder para meninas fáceis demais, depois que me apaixonara por Lene.
- Hm – gaguejei, olhando para os lados. Caramba, cadê a Marlene? – Pode ser que sim.
Ela mexeu nos cabelos, riu e se apoiou em meu ombro, como se tivesse intimidade comigo.
- Eu sei que você gosta do perigo, Six. Não tente negar – seus olhos faiscaram de modo picante. Apertei meus lábios. Eu estava perdidinho.
- Caia na real, Emmeline – eu disse, com um tom cortante – Você só me quer, porque eu a dispensei ano retrasado. Isso não quer dizer que nutra uma paixão por mim, de modo algum.
Eu tinha ficado sabendo que, depois que eu a tinha dispensado, Emmeline tinha chorado o fim de semana inteiro. Mas, hey, eu tinha namorada. Emmeline só era aquele tipo de menina estúpida que acha que pode ficar com qualquer um porque tem um par de peitos bonitos. Na semana seguinte, eu tinha pedido desculpas a ela, tentei me desculpar de todas as formas, porque não é legal ver uma menina bonita chorando, sabe? Mas Emmeline só me disse que “teria troco”. Então, a partir daquele ano, ela passou a me infernizar de todas as maneiras. Dava em cima de mim até mesmo na presença de Marlene, que começou a odiá-la seriamente.
- Você pode estar enganado. Eu o amo – ela disse, mas por momento algum eu acreditei nela.
Ela se aproximou de mim, e passou as mãos manicuradas por meus cabelos. Arrepiei-me. E engoli em seco.
Droga. Onde estava a Marlene?
- Por que não vai pegar uma bebida para nós? – perguntei, sorrindo.
Ela se animou.
- Qual vai querer?
- A que você preferir – coloquei a mão na carteira e lhe dei alguns trocados.
Isso, felizmente, fez a Emmeline ficar alguns minutos longe de mim. Quando ela voltou, seu rosto estava afogueado.
Ela trouxera vodca.
Eu não pretendia beber ali, sabe. Principalmente, porque estaria com Marlene, mas, bem, ela não estava ali, estava?
Tomei uns goles da bebida, fazendo com que Emmeline fizesse o mesmo. Isso a manteve ocupada por alguns segundos, até resolver se jogar novamente em cima de mim.
- Então, vamos para onde? – ela passou a ponta do dedo indicador pela boca da taça.
Meu Deus. Eu nunca que iria me livrar dela.
- Emmeline – pedi, agora com um tom desesperado – Pare com isso.
- Parar com o quê? – ela sorriu de modo zombeteiro – Estou excitando você, Sirius?
Revirei os olhos.
- Olhe, eu já disse mil vezes que...
- Venha, quero mostrar-lhe uma coisa – ela me disse, e logo agarrou minha mão.
Fosse lá o que ela me queria “mostrar”, eu estava muito disposto a não ver.
Então, ela começou a me conduzir por entre os pilares. E me deparei, segundos depois, com tendinhas.
- O que são essas coisas? Cabines de fotografia? – eu perguntei – Se for, tudo bem. Uma foto não é tão...
- Claro que não, seu bobo! – Emmeline riu, largando sua bebida em uma das mesas – Venha que eu lhe mostro.
A curiosidade, então, bateu mais forte. Infelizmente.
Por entre as tendas era possível ouvir ruídos esquisitos. Como ratinhos guinchando. Então percebi que aquilo não era nada bom.
Emmeline fechou uma das cortinas e a cabine ficou um pouco mais escura.
- Emmeline – chamei, porque por mais que eu apertasse meus olhos, não conseguia distinguir as coisas com muita clareza.
Então, foi aí que senti lábios capturarem os meus. E eu bem sabia que aqueles lábios eram de ninguém menos de Emmeline Vance. Instintivamente, tentei afastá-la. Minhas mãos foram parar em seus braços, para tentarem, debilmente, arremessá-la para longe de mim.
Mas percebi que eu já estava devolvendo o beijo. E gostei quando sua língua se enlaçou na minha.
Gemi no meio do beijo, quando suas mãos percorreram meu corpo.
Então, a claridade ofuscou meus olhos.
Piscando muito, enxerguei uma Marlene aflita de incredulidade.
Tropecei nos saltos de Emmeline, quando tentei alcançar minha namorada.
Olhei para Emmeline, que passava os dedos nos lábios, tentando consertar seu batom, com desprezo e raiva.
- MARLENE! – gritei. Em vão.
Ela corria e eu pressentia que estava chorando.
Encontrei-a, minutos depois, sentada em uma poltrona, rodeada por Remus, Dorcas, James e Lily.
Senti-me altamente doente.
- Marlene! – exclamei com sofreguidão – Não é nada disso que...
Ela levantou os olhos com fúria.
- Cale a boca! Não quero nunca mais ouvir uma palavra sua! Vá embora daqui! – ela me disse com as lágrimas tingindo seu rosto lindo.
- Mas eu preciso que você entenda que...
- CALA A BOCA! – ela mandou.
- Caramba, Sirius. Saia daqui! Ela disse que não quer falar com você! – James gritou para mim.
- Mas eu... – tentei mais uma vez me pronunciar.
- Sirius, sério, cara – Remus falou com cara de quem tinha se decepcionado muito.
- Mas... – retorqui.
- EU DISSE PARA IR EMBORA! – Marlene gritou com mais força.
- Marlene... – supliquei.
Ela me jogou o pior olhar de todos. Havia medo, angústia, nojo, raiva e decepção em seus olhos. Nunca me senti tão julgado na vida.
- Tudo bem, tudo bem – coloquei as palmas das mãos para fora - Já entendi – falei com tristeza.
E fui embora. Eu sabia que com o tempo...
Não.
Eu não tinha certeza alguma.
Talvez ela nunca viesse a me perdoar.
Passado quase uma hora, tentei me comunicar com ela.
Para: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
De: Sirius Black, Faculdade de Direito, Campus 8
Assunto: POR FAVOR
Marlene?
Sua resposta foi taxativa:
Para: Sirius Black, Faculdade de Direito, Campus 8
De: Marlene Mckinnon, Faculdade de Computação, Campus 3
Assunto: CACHORRO
Não me procure mais, okay?
Eu apenas queria me deitar em algum lugar e morrer, porque não restava mais nada que eu pudesse fazer.
Pedir desculpas? Muito dificilmente...
Marlene nunca mais confiaria em mim.
Era o fim de nosso namoro.
Para sempre.
E era difícil de aceitar.
:::
N/a: hey hey *-* finalmente, não? Nem acredito que sentei aqui hoje e escrevi esse capítulo. Já estava sentindo falta de escrever essa fic. Mas eu não sabia como continuar escrevendo-a. Então, hoje a inspiração veio, yeey *-* Espero postar o próximo capítulo rápido. Beijo beijo ;*
Nina H.
10/04/2011
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