Como magia
Capítulo 3 – Como magia
Harry andava desanimado nas ruas de Londres. Já era dez da manhã, o que significava que já estava a oito horas e meia na grande cidade, e sem saber o que fazer.
Poucas pessoas olhavam para ele, caminhavam apressadas, provavelmente indo trabalhar.
Não tinha idéia do que fazer. Pensava em Morgana, que dissera para ele voltar antes das oito... E ele nunca voltaria. Uma questão lhe veio de repente: onde estariam Jheiny e Paul agora?
Estariam felizes? Bem? Seus pais eram bons para ele?
Harry riu fracamente, enquanto sentava-se num beco, escorregando até o chão, com a parede contra as costas e a cabeça encostada.
Parecia ridículo pensar em seus dois amigos agora, na situação que ele estava. Com fome, com sede, cansado e com sono.
Harry só queria voltar para o orfanato, nunca pensara que lá pudesse ser tão bom. Deitar na sua cama afastada dos outros, comer no refeitório ao lado de Morg e jogar basquete com os gêmeos McMillan.
Suspirou, fechando os olhos. Mas quando abriu viu que um guardinha passava, e se encolheu contra uma lata de lixo, não poderia ser achado. Não queria ser visto.
Apertou os olhos e tampou os ouvidos pelo barulho incomodo. Tinha batido na lata de lixo! O guardinha olhou para sua direção, veio caminhando...
Por favor, não me veja, por favor, não me veja, pensava o moreno desesperadamente.
Para sua surpresa, o guardinha parou em frente a ele, olhou para os dois lados, deu de ombros e foi embora! Sem vê-lo!
Será que o homem era cego? , pensou o garoto e olhou para o próprio corpo. Foi preciso fazer muito esforço para não gritar de susto.
Estava invisível! Não, não! Sua cabeça e até um pouco abaixo de seu pescoço ele era feito de tijolos, nas pernas tinha a aparência do chão e partes dos braços era como as latas de lixos a sua volta!
Mas... Mas... O que era isso? Como tinha feito isso?, fora ele que fizera?
Aos poucos, seu corpo foi voltando ao normal e ele pôde enxergar suas roupas pretas e sua pele branca novamente – graças a Deus! A idéia de ser uma eterna parede não era divertida.
Levantou-se e voltou a caminhar pelas ruas. Quando a torre com o relógio entrou nas suas vistas, viu que já era mais de onze horas. Suspirou, de novo.
Seu estomago roncou, ele estava com muita fome. Sua barriga praticamente já estava doendo em protesto, queria comida. Seu olfato captava o cheiro de comida que os restaurantes já começavam a servir para o almoço e isso só piorava tudo.
Quando uma garotinha passou, com sua mãe, comendo um sorvete de morango, ele quase roubou dela. Mas... Não, não iria fazer isso.
Era outono, mas mesmo assim estava quente. O ar estava abafada e o vento quente batia contra seu rosto.
Caminhou até um parque próximo, encostou-se a uma árvore. Tudo estava começando a ficar preto. Pontos pretos contra a luz fraca do sol.
Fome... Sede... Ele estava prestes a desmaiar...
Piscou os olhos com força, tinha que ficar acordado, não podia desmaiar... Ou dormir... Mas só um cochilo, não iria fazer mal... Ele estava tão cansado...
Seu corpo se aconchegou na grama, contra a árvore, sua cabeça pendeu para o lado, e ele começou a dormir.
Um homem, aquele homem de cabelos pretos arrepiados, conversava com a mulher ruiva de olhos verdes.
- Tenho que ir para o Ministério, Lily, querida – disse carinhosamente o homem – Estão pedindo um auror para ver um caso de magia acidental.
- Mas isso não é no seu Departamento! – chiou a mulher – Sou Inominável, sei como funcionam as coisas.
O homem sorriu, tristemente.
- Sei que sim, é a mais inteligente. Mas, pediram para eu ir. Irá Alberto Burn, um obliviador, eu, como um Auror.
- Mas por quê? – choramingou a mulher – É seu dia de folga! Domingo, lembra?
- Um obliviador não iria conseguir localizar a criança que fez a magia involuntária, precisam de alguém que rastreie – respondeu, calmamente, o homem de cabelos negros – Mas, não se preocupe, Lílian, eu volto logo, está bem?
- Certo – conformou-se a mulher, e suspirou – Tenho que mandar uma carta para Kimberly mesmo, quero saber como foi o primeiro Dia das Bruxas dela em Hogwarts.
O homem sorriu, dando um beijo carinhoso na mulher e assentiu, concordando.
- Faça isso, Lírio.
E ele acordou.
Olhando para o céu viu que ele já assumia cores alaranjadas. Ele dormira bastante. O relógio badalou, seis horas da tarde – de certa forma, era bom estar perdido justamente em Londres, pelo menos ele poderia saber as horas.
Levantou-se, mas cambaleou. Seu corpo estava fraco. Sua garganta seca e seu estomago vazio. Sem forças, e provavelmente, iria ficar desidratado se não tomasse um gole de água.
Apoiando-se na árvore que dormira encostada, levantou-se. Suas pernas pareciam tremer, cansadas, sem forças para conseguir ficar de pé por muito tempo.
Seu estomago roncou, sentia muita, muita fome. Não comia nada desde o almoço de ontem, porque não tivera jantar, todos iam pegar doces. Que fome!, choramingou mentalmente.
Poucas pessoas passavam nesse bairro essa hora. Parecia ser um bairro de classe média, mas já estava escurecendo e as lojas fechando, não haveria motivos para sair.
Como queria ter algo para comer... Um sanduíche ou pão, qualquer estava bom. Sentou-se no chão, decepcionado consigo mesmo.
Espreguiçou-se, fraco, e quando pouso sua mão na grama fofa novamente, tinha parado em algo. Piscou repetidamente quando seus olhos bateram num prato, com comida!
Era um prato, que parecia da mais fina porcelana. Dentro tinha um pedaço de torta, que parecia de maçã, além de dois sanduíches com presunto e tomates picados. E, ao lado dessa refeição, um copo com Coca-Cola.
Como viera parar aqui? Olhou para os lados, ninguém parecia ter passado e deixado esse prato para ele. Mas... Tinha de ser alguém, não era mágica, certo? Nada aparece como mágica.
Enquanto comia seu delicioso lanche, com vontade, pensou em seu sonho. Já estava acostumado a ruiva e ao homem moreno, também já vira uma mulher de cabelos pretos e um outro homem. Uma garotinha também já vira.
Mas o que isso queria dizer?
Limpou as mãos na calça preta jeans mesmo, e já ia pensando que ainda sentia sede. Seu copo encheu-se com Coca-Cola novamente, diante de seus olhos!
Mas o que era isso? Magia? Como naqueles filmes que vira na TV uma vez?
Quase cuspiu o último gole de Coca que engolia. O homem de cabelos pretos arrepiados no seu sonho dissera algo... Magia... Magia involuntária...
O que devia ser magia involuntária? Com certeza algo que não era para ser feito, algo sem querer – Harry não era burro a esse ponto de não perceber. Mas, como? Não era real, não magia...
Já ia levantar e ir embora, quando ouviu um alto “CRACK!”. Não soube por que, mas escondeu-se atrás de árvore enquanto ouvia uma voz falar:
- Tem certeza que foi aqui, Tiago? – perguntou, era uma voz masculina.
A próxima voz o chocou: - Claro que tenho, Alberto – parecia um tanto irritado com a falta de confiança.
Mas não foi isso que importou para Harry, a voz... A voz desse homem era igual a voz do homem que aparecia em seus sonhos malucos! Era a mesma voz, tinha certeza absoluta!
- Bom, não vejo ninguém nessa pracinha – reclamou o tal Alberto – Vê alguma criança, ou algum adolescente que poderia ter feito magia involuntária?
- Certo, certo – disse num suspiro a voz... Tiago dissera o “Alberto”.
Harry já ia levantar, perguntar do que falavam, mas quando olhou, ouviu um alto “CRACK!” novamente, e os homens tinham sumido!
Colocou a mão na testa, com certeza devia estar doente. Iria acordar na sua cama em Los Angeles, tudo isso tinha que ser um sonho...
Ai! Beliscara-se, e doera de verdade. Não era um sonho.
Mas tinha certeza de uma coisa: magia existia, e ele não duvidava nada disso.
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