A vingança é doce (cap bonus)
Gregório Whitaker, o vampiro louro de olhos azuis, chegou à sua casa, no mesmo bairro para onde Giulia e Remo foram levados, e respirou aliviado.
Havia dias tinha a impressão de que algo o perseguia insistentemente. Não havia captado nada no ar, nenhum cheiro, nenhuma voz estranha e significativa que justificasse essa sensação.
Quando pisou na soleira da porta, porém, um arrepio o avisou para ter cuidado. Olhou para trás e sentiu o cheiro de sangue inocente escorrendo.
“Não!”, seu corpo começou a tremer violentamente. “Se ela fez isso eu a mato!”.
Correu para onde vinha o cheiro, era um prédio alto e velho, com a pintura descascada. Subiu as escadas aos saltos, e chegou no quinto andar. Durante todo o caminho, gente o observava das portas dos apartamentos com expressões que mesclavam curiosidade e medo.
Ao escancarar a porta do apartamento 561, teve um choque.
Aquilo era o que restava de sua família humana, que ele cuidava como se fosse o mais precioso tesouro. Em vida tivera um filho, e cuidava dos primogênitos da família desde então.
E no apartamento 561 estava o último Whitaker de que ele tinha conhecimento. Muita da família se perdeu no tempo, filhas, sobrinhos…
Quando Gregório sentiu que poderia entrar e olhar, deu mais passos para a sala do apartamento. O cheiro de sangue se tornou insuportável, e ele sentiu os olhos marejarem.
Estendido numa poça ao lado da mesa, havia o corpo de um rapaz de olhos verdes e cabelos castanho muito claros, ou loiro escuro, dependendo da quantidade de luz. Com o pescoço num ângulo estranho e arrepiante e a barriga rasgada do ventre ao coração, ele estava sem dúvida morto.
- Alexandre… – murmurou Gregório, ajoelhando-se e fechando respeitosamente os olhos vidrados do jovem.
As pessoas do prédio começavam a aparecer na porta aberta para observar o vampiro. sim, todos lá sabiam da natureza de Gregório e sabiam que Alexandre era descendente direto dele. Alexandre por vezes o procurara aflito. Por vezes pedira conselhos. Por vezes foram pai e filho.
Olhando o corpo mais atentamente, o vampiro notou o vazio no peito do rapaz. Alguém retirara seu coração.
- Giulia della Paglia Manferdini – bradou, levantando-se –, você vai se arrepender pelo dia em que encostou a mão em Alexandre Whitaker! – sua voz foi ouvida pelo bairro inteiro, e seus ecos de dor soaram nos ouvidos de Giulia Sem-Coração.
Ela caminhava distraidamente em direção a Greenwich, com as mãos segurando um embrulho de plástico ensangüentado.
- Gregório – falou para a noite –, você sabia que ele só queria seu poder, era mais interesseiro que eu. Eu avisei que ia se arrepender por ter invadido meu bairro.
E saiu cantarolando:
Conosco te la nostalgia
che ti sorprende all’improvviso,
rallenta un po’la corsa che
ti ha toltoil fiato e ti ha deluso.*
* esse trecho é da música “La Luna Che Non C’è” (D. Farina – A. Maggio), quem canta é Andrea Bocelli.
N/A: escrevi esse final especialmente para Ruivinha Malfoy, que me deixou muito feliz com os comentários, beijos pra você e valeu mesmo. Espero que tenha gostado, bjos e obrigada a todos. L.W.
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