Harry?
Capítulo 6 – Harry?
(31 de Outubro, Hogwarts)
POV’s Alicia:
Não sei realmente como começou, sei que no instante seguinte eu duelava com Lúcio Malfoy – não sei por que ele escolhera uma mera estudante para duelar, e não um adulto! – com um pouco de dificuldade.
Malfoy tinha mais habilidade e experiência que eu, por mais que tivesse tido aulas sobre isso, metade dos feitiços que eu sabia sumiram de minha cabeça, em meu pânico.
Desviei de um Crucio, quando eu vi o céu de repente ficar infestado de pássaros, e não pássaros quaisquer, fênix.
Todos pareciam parar um instante para ver quem chegava, e aos poucos eles foram aparecendo. Os homens soltavam de suas fênix, e começavam a duelar – sem varinha!
Eles usavam um manto branco, mas podia-se ver uma bela túnica, também branca, embaixo. Uma máscara – adivinha?! – branca. Além de umas faixas, agora, o porquê das cores diferentes, não faço idéia.
Retomei meu duelo com Malfoy, agora com mais dificuldade, pois, definitivamente, esqueci tudo que tinha aprendido.
Aí, um homem, não, um garoto, caiu – como um gato que cai de pé – entre mim e o feitiço que ia me acertar. Ele desviou com um aceno de mão.
Olhando bem, ele não devia ser mais velho que eu. Ele começou a lutar ferozmente com Malfoy, um feitiço atrás do outro, e somente mentalizados, porque nenhuma palavra escapou de sua boca.
Fiquei surpresa quando ele aparatou – dentro dos terrenos de Hogwarts, é importante frisar! – e apareceu as costas do Malfoy, uma adaga encostada em sua nuca.
A adaga até que era bonita. A lamina parecia bem afiada e mortal, era prateada e parecia ter sido feita por duendes, pelo que eu estudara... O cabo era de um tecido um tanto bronze, e tinha uma esmeralda no meio do cabo. Na lamina, havia o desenho de uma fênix branca, mas só seria reparada se olhada atentamente, pois a cor misturava-se a lamina prateada.
Então, voltando a coisa toda... O garoto tinha uma adaga na nuca do Malfoy, e eu – mesmo sendo uma guerra... – senti uma imensa vontade gritar “Se deu mal, loiro aguado!”, mas me controlei.
- Renda-se – a voz do garoto era incrivelmente sexy... Ah, controle-se, mulher!
Mas Malfoy deu um sorriso escárnio, e aparatou. Então, reparei que Dumbledore provavelmente tinha tirado o feitiço anti-aparatação, porque, não sei.
O garoto aproximou-se de mim e estendeu a mão, e só agora percebi que havia caído.
- Tudo bem, senhorita? – perguntou, gentil.
Sorri.
- Sim, obrigada por me ajudar. Aliás, sou Alicia Black, me chame de Ly, senhorita é antiquado – mas me calei ao perceber que comecei a falar demais, tagarelando com um estranho.
- Muito prazer, então, Alicia – falou o estranho e começou a se afastar.
Eu estava prestes a gritar “Espere!”, mas me lembrei que estávamos no meio de uma batalha, e vários Comensais ainda estavam por aí, lutando e matando.
POV’s Harry (finalmente!):
Vi Mestre Dimitri lutando ao lado de um outro velho – que, diga-se de passagem, parecia tão velho quanto ele – contra uma mulher que parecia, no mínimo, louca.
Os cabelos pretos eram armados, bem para cima, como se nunca tivesse olhado na cara de um pente. E, por mais que estivesse numa luta contra duas pessoas habilidosas, tinha um sorriso cínico e olhos pretos vidrados, mas reparei que ela estava era se concentrando.
Muito bizarro, sabe.
Vi a tal “louca” atingir Mestre Dimitri com um feitiço de raio negro, uma maldição provavelmente, e percebi o quanto ela era poderosa, pois era difícil acertar meu mestre de longas datas.
Aparatei a tempo de segurar Mestre Dimitri, pois este já ia caindo no chão.
- Tudo bem, Mestre? – perguntei.
- Já tive dias melhores, jovem Harry – respondeu meu mestre. Caracas, brincar até nessa situação.
Vi meu mestre levantando, e enquanto uma garota de cabelos rosa choque o ajudava, tomei seu lugar na luta.
- Bom dia, senhor – falei com o velho de barbas brancas a meu lado.
Eu não lutava me esforçando muito. Eu não gostava de ser daqueles que faz uma cara, e se joga para frente em todo feitiço que lança. Não, eu era bem “tranqui”.
- Ora, ora. – falou, numa voz irritante, a mulher – Então, você acha que pode me vencer, mesmo ao lado de Alvo Gagá Dumbledore?
Ah, então esse era o tal Dumbledore, que precisava de ajuda.
- Você sempre teve a voz irritante assim? – perguntei, descontraído.
E isso foi o suficiente, vi Dumbledore acertar um feitiço na mulher, que foi jogada para trás, mas apanhada por um Comensal.
Ela sussurrou fracamente palavras para o Comensal, que reparei ser o loiro que agora pouco lutara, e ele gritou:
- Abortar missão! Abortar missão! – sério, o que ele estava gritando era tão clichê...
Mas os Comensais foram aparatando, mas muitos ficaram presos por cordas invisíveis, e vi que tinham quatro ou cinco mortos.
- Prazer, senhor Dumbledore – apertei a mão do diretor.
- Vejo que já me conhece, então – falou o velho homem, bondoso, e parecendo aliviado que os Comensais tivessem ido embora.
Reparei que todos olhavam para mim e Dumbledore, como que esperando alguma ordem do último.
- E você seria...? – perguntou Dumbledore.
Sorri.
- Só mais um insignificante ser nesse grande mundo, e que mora na linda Cidade das Fênix – brinquei, sorrindo ainda, mas falei – Mas, conhecem-me por Harry.
- Harry de quê? – perguntou o diretor.
- Ah, diretor, se eu soubesse... – murmurei, mas ele não pareceu ouvir, então falei – Só Harry.
Dumbledore assentiu, parecendo entender. Virou-se, falando ordens para alguns, de levar os feridos para a Ala Hospitalar, de alguns levarem os Comensais para o Ministério prender, e para alguns de retirarem os corpos dos mortos.
As pessoas começaram a comemorar, finalmente certas de que tinham ganhado – hoje.
Caminhei, procurando por Chadhi, mas, vi algo que não queria ver.
Ele estava na parte de quem havia morrido. Ah, meu bom amigo...
- Poxa, Chadhi, nem pra sobreviver, cara – murmurei, tristemente.
Senti uma mão tocar meu ombro.
Virando-me vi um homem de cabelos pretos, que iam arrumados até a bochecha, e olhos azuis céus.
- Sei como deve ser difícil – falou solidário.
- E é – concordei – Mas, tudo bem, eu acho. Chadhi ficará bem, só espero que não tenha sentido dor, sabe.
Ele me olhou, ainda solidário. Mas, subitamente sorriu.
- Sou Sirius Black, a propósito – falou.
- Ah, Black? Pai daquela menina ruiva que vi agora pouco? – perguntei, erguendo uma sobrancelha.
- Deve estar falando de minha filha Alicia, aliás, obrigado por salvá-la de Malafoy, sabe, ela me contou agora pouco – explicou, vendo meu olhar de dúvida.
- Malafoy? Isso é um sobrenome? – indaguei confuso.
Que diabos de nome seria esse? Era para ser chique?
Mas Sirius riu.
- É Lúcio Malfoy, mas bom, ele é um mala – falou.
Joguei a cabeça para trás e gargalhei. Esses ingleses! – Opa, eu também sou um, deixa para lá!
Assenti, ainda terminando de rir. Rá, rá, até que o clima estava leve para quem acabara de lutar.
Sirius de repente olhou meu braço. Escorria sangue – e eu não sei como isso aconteceu!
- Seu braço, está sangrando – ele só constatou o óbvio – Dói?
Sorri, enquanto passava a mão ali, encharcando minha mão de sangue: - Na realidade, nem sinto, sabe.
Alguns segundos depois, um luz branca e um pouco dourada cobriu a mim, como uma segunda pele. Eu já estava acostumado, chegara a conclusão que era assim que eu repunha minhas energias – apesar de não saber porque isso acontecia.
Quando a luz sumiu, vi que meu braço não tinha nem cicatriz, felizmente. Mas, quando olhei para cima, vi que Sirius estava pálido.
- Ahn... Eu já... Ah... Eu já voltou – gaguejou e deu meia volta.
Vi que ele caminhou até um homem de cabelos revoltados, olhos castanhos esverdeados, e um sorriso um tanto maroto ao lado de uma ruiva sorridente.
Hei, aquele homem se parecia comigo! Mas, bom, não devia ser nada importante.
Levantei, saindo do lado do corpo de Chadhi – realmente lamentava por sua perda, mas ele morreu como todo cidadão de Harmony gostaria de morrer, lutando. Claro que, bom, somos guerreiros, apesar de soar estranho pelo nome da cidade ser ‘harmonia’.
Caminhei em direção ao Mestre Drake – mestre de Feitiços de Ataque – e perguntei-lhe:
- Mestre?
Ele virou sua atenção para mim, e sorriu.
- Sim, jovem Harry? – orra, essa história de “jovem Harry”, qual é, quinze anos, meu!
Mas, quer saber, se isso signifcar que não sou velho como eles, tudo bem...
- Como está o Mestre Dimitri? Ele tinha caído... – comecei.
Mestre Drake somente sorriu: - Já está bem, jovem Harry. Ele já está curado, só descansando. Mas, devo parabenizá-lo pelos excelentes feitiços de ataque contra a moça, Belatriz.
Ah, então Belatriz era o nome da louca. Ok, né. Que, que eu tenho haver com isso.
- Ah, preciso ir ver se perdemos muitas pessoas de nossa cidade – falou, tristemente, meu Mestre, enquanto saía.
Suspirei e olhei em volta. Vi que a maioria das pessoas de Harmony já tinham id embora. Algumas ainda ouviam agradecimentos, alguns aind ajudavam com os feridos e os corpos.
Muitos alunos também voltavam para Hogwarts – cansados, exaustos, feridos – sob a animação de vários outros alunos para saber como foram.
Eu também estava cansado, realmente. E o que eu mais queria era minha cama, agora, então...
- Akemi! – chamei.
Vi que algumas pessoas deslubraram quando minha fênix dourada apareceu em um giro de chamas.
- E, aí, chefe? Ganhou a luta? – perguntou, risonho.
E piou alegremente, quando eu bufei, emburrado.
- Já disse para não me chamar de chefe, Akemi – falei.
- Certo, chefe – e riu, ou o que parecia mais próximo de uma risada, para uma fênix.
- Só me leve para casa, está bem? – e já estava prestes a segurar na cauda de minha ave, para partir, quando ouvi uma voz fraca atrás de mim.
Era fraca, e muito trêmula, como se a pessoa estivesse assombrada pelo que via: - Harry...
Virei, e encontrei Alicia Black ali. Os cabelos eram ruivos bronze, e esvoaçavam um pouco com o vento. Os olhos eram tão azuis quantos os de seu pai, e seu rosto era angelical. Mas sua pele parecia mortalmente pálida.
- Tudo bem, Alicia? – perguntei – Você parece branca demais...
As minhas costas ouvi Akemi comentar: - Agora é bom...
Ignorei o que isso queria dizer.
No momento seguinte, Alicia tinha desmaiado. A amparei, antes que caísse no chão.
Deitei-a cuidadosamente na grama. O que eu poderia fazer? Não sou curandeiro...
Ouvi outra voz, preocupada – quantas mais vozes eu iria ouvir hoje?
- Ly, Ly! – chamou a voz.
Olhei para cimas e vi uma garota loira, devia ter uns quinze anos também. Cabelos loiros sol, ondulados, descendo até um pouco abaixo do ombro. Os olhos castanho mel, e sua face estampada de medo.
- O que aconteceu com ela? – ela perguntou, nervosa – O que você fez com ela?
Como é que é? Eita, povinho, sem noção da coisa toda...
- Não fiz nada, oras. Ela desmaiou, tenho culpa? – retruquei.
Humpf, gente que acusa sem provas...
- Tia Lene, tio Sirius! TioTiago, tia Lily! – chamou ela, um tanto desesperada.
Os mesmos não demoraram a vir. Imaginei se “Lene” era mãe de Alicia, pois tinham a mesma cor do cabelo. Apesar de “Lily”, também ser ruiva, só que um ruivo fogo. E olhos... Verdes esmeraldas.
Isso tá cada vez mais estranho, olha lá, hein.
- O que aconteceu, o que aconteceu? – perguntou Lene, colocando a mão na testa da filha.
A garota loira respondeu rapidamente: - Não sei, estava procurando ela, e quando vi estava aqui, com ele.
Seu tom era acusador.
- Olha aqui, garotinha, não tenho culpa de Alicia desmaiou, já estava prestes a ir embora – falei – E, bom, como ela já está em ótimas mãos, eu já vou indo. Akemi!
Minha fênix cortou o ar na noite escura – meu Deus, que ave metida!... – e pousou elegantemente no meu ombro.
- Essa é sua fênix? – perguntou Lily, branca. Tanto quanto Alicia tinha ficado, antes de desmaiar.
- Sim, Akemi. É minha desde que eu me lembre – o que não é muito, acrescentei mentalmente.
Vi a ruiva franzir as sobrancelhas: - Qual... Qual seu nome?
- Bom, é Harry – falei, me perguntando se ela não tinha prestado atenção em minha conversa com Dumbledore...
- Harry de quê? – o sobrenome era realmente importante aqui? Todo mundo pergunta isso!
- Não sei, não me lembro – falei-lhes.
Eram as primeiras pessoas para quem eu contava que não tinha memória – bom, as primeiras pessoas desse país.
- Não se lembra? – indagou Tiago, se não me engano.
Ok, isso já tava ficando chato. Gente curiosa!
Já ia responder, mas Alicia começou a acordar. Seus olhos tremeram, ela começou a sentar-se.
- Ai – botou a mão na cabeça – que sonho maluco, sabe...
Lene perguntou: - O que foi minha filha?
Alicia olhou, triste, para a mãe.
- Bom, tinha um garoto chamado Harry e ele... – mas parou ao me ver de pé.
Ela olhou em meus olhos, e, de repente, parece bem desperta. Levantou-se agilmente, e andou até mim, a passos largos.
- Você! – acusou, era raiva, ou ansiedade, aquilo?
- Eu? – perguntei, erguendo uma sobrancelha.
Era mesmo, eu?
Mas ela só chegou até mim ferozmente – pensei que fosse me dar um tapa na cara quando esticou a mão – mas só tirou com ferocidade minha máscara branca e retirou a capuz branco de minha cabeça.
Meu rosto estava exposto. Meus cabelos eram negros e bem bagunçados, meus olhos eram verdes-vivos, e aposto que tinha um quê de confusão neles.
- É... v-você – gaguejou Alicia.
Atrás dela, os outros também pareciam chocados.
Cocei minha nuca, confuso.
- Eu?
E só senti quando Alicia atirou seus delicados braços em volta de meu pescoço, chorando desesperadamente.
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