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Epílogo
Ou One day we will be remembered

Os meses correram tão rapidamente que ninguém se deu conta.

Finalmente, aquele dia tinha chegado.

Lily estava mostrava-se ora radiante, ora despedaçada.

Radiante, porque enfim ela deixaria uma parte de sua vida para trás e começaria uma nova inteirinha, e mais importante: ao lado de alguém que o Rei não tinha aprovado. E isso deixava a Princesa ainda mais contente, levando em conta que nunca, nunquinha, se uniria a algum daqueles Lords e Príncipes que seu pai havia lhe proposto matrimônio.

E despedaçada porque Marlene a deixaria. Na verdade, Marlene e Dorcas.

Marlene tinha decidido partir com o Pirata e Dorcas voltaria a morar no vilarejo, mas agora casada. Com Remus.

Jamais Lily queria desfazer os laços, mas sabia que nascer, crescer e se tornar alguém não era nada fácil e requeria muito, muito sacrifício. Afinal, Marlene e Dorcas iriam partir para seguirem suas felicidades. E Lily sabia que não existia nada mais grandioso do que conseguir a felicidade, independentemente se você tem ou não Sangue Real.

Claro que o clima na família estava conturbado. Seu pai – que negou terminantemente as palavras de Menfins acerca detesta a única filha desde o começo – ainda estava furioso por Lily ter trazido “amigos” para o Castelo. Ainda mais, amigos que eram meninos. Sua mãe, logicamente, sempre que tinha oportunidade abordava o assunto. Onde tinham se conhecido? Afinal, quem eram eles? E, por Artemis, por que um pirata? Segundo a Rainha, Princesas não se associavam a Piratas. Ser Cavaleiro era considerado quase nobre, mas Lily andando com Remus e James? A Rainha não concebia aquilo. Ter atuado em guerras e batalhas não era qualidade que seus pais procuravam para o consorte da filha. E embora Lily tivesse assegurado que amava James mais do que jamais amara alguém, nada tinha mudado as concepções do Rei e da Rainha. Aliás, o que Lily pretendia ao falar de amor? Ela era nova demais para sequer pensar naquilo. Futuras Rainhas não se casavam por amor. Futuras Rainhas apenas queriam o bem estar do povo, e fosse seu marido quem fosse, o agradaria de qualquer forma. Eram assim que as coisas funcionavam.

Nada de amor, nada de auto-bem-estar, ou o que quer que fosse.

Naquela manhã, Lily acordou bastante cedo. Tinha tido a impressão que acordara com as galinhas. O Quarto Dourado resplandecia com o calor e a luz do Sol o inundando.

Marlene, que não era mais sua criada (pois assim lhe pareceu cruel), ainda dormia. Por isso, tinha sido substituída por Maddie, uma criada bastante afável e confiável. Sua pele reluzia de tão branca (quase tão pálida quanto a de Lily) e seus vestidinhos simples eram alvo de inveja para a Princesa. Queria ela ter o prazer de se vestir da maneira mais simples possível; entretanto, simplicidade não combinava com a Realeza. O próprio James ainda estava se acostumando com as roupas pomposas e apertadas.

Se seria Rei, teria de fazer sacrifícios. Mas pela Princesa, vestir roupas engraçadas e botas compridas demais era o mínimo que poderia fazer. Quase a tinha perdido, não?

- Olá, Maddie – Lily cumprimentou a criada. A mocinha sorriu para a ama e logo tratou de levá-la para vestir-se com adequação.

Lily trocou a vestimenta quase transparente por um vestido pesado, cor de cereja, com acabamentos trapeados. Precisou se olhar no espelho para crer o quão esquisita ficava quanto tinha que se vestir “adequadamente”. A Rainha bateu à porta, sendo atendida por Maddie, que logo a deixou entrar, dizendo que precisava ir até a cozinha.

A Rainha suspirou melancólica. Parecia sustentar um boi nas costas.

- O dia chegou – ela formulou a frase com cuidado.

Lily olhou o semblante contorcido da mãe.

- Ah, mamãe... – a Princesa lamentou – Não me olhes assim. Não irei enxotá-los daqui. Continuarão a usufruir das comodidades do Palácio.

- Não é isso – a mais velha negou com os cachos - Eu estou feliz por não termos de perdê-la.

Lily, prevendo o assunto, fechou as mãos, grosseiramente.

- Já discutimos isto – a filha lembrou com uma entonação diferente; estava irritada – Irei casar-me não porque preciso, mas porque o amo.

- Eu não amava seu pai no começo...

- Não deverias ter aceitado – Lily lhe disse.

- Nós estamos sendo bastante flexíveis contigo, mocinha. Não deves reclamar.

- Estou agradecida por não terem me desafiado. Gosto muito de James.

- Tu sabes que as coisas não são assim. Não deveriam ser assim.

- Mãããe – Lily cantarolou -, eu sei o que estou fazendo. Hoje é um dos dias mais felizes de minha vida. Tornarei-me Rainha e me juntarei com a pessoa que amo. É tudo o que importa.

A Rainha soltou um muxoxo rápido e baixo. Assentiu, e foi se esgueirando para a porta.

- Todos a esperam – ela lhe informou.

Lily lambeu os lábios. Estava com sede. O nervosismo era uma coisa muito esquisita. Nunca tinha pensado que aquele dia se tornaria tão importante para si.

- James? – ela perguntou.

- Está em seus aposentos – A Rainha disse.

- Obrigada – Lily disse, observando a mãe deixar seu quarto.

Assim que a mãe desapareceu do corredor, seguindo caminho para o andar debaixo, para o salão de festas, Lily correu até a porta do quarto de James. Bateu e aguardou. A Princesa estava tão ansiosa!

- Sim? – a voz de James zumbiu.

- James? – Lily chamou, em voz baixa, pois não lhe parecia apropriado aparecer nos aposentos do noivo uma vez que ainda não tinham se unido.

James rapidamente se apressou a abrir a porta.

Fugiu-lhe um sorriso encantado de seus lábios.

Lily estava vestida de tal maneira que não sabia que expressão de maravilhamento lhe oferecer.

- O que achas? – ela perguntou, passando as mãos de maneira nervosa pela saia do vestido.

- Não poderia estar mais bela, minha dama – James respondeu, oferecendo-lhe o braço para saírem daquele corredor.

Lily abriu um sorriso comedido e aspirou o perfume amadeirado de James.

Como queria tê-lo rápido!

- Estás nervosa? – James lhe inquiriu de modo suave, quando deram partida à caminhada.

Lily olhou-o rapidamente, apenas de esguelha, e confirmou com a cabeça, incapaz de proferir qualquer palavra.

- E tu? – Lily quis saber, apenas por educação. Ela bem sabia como James não era nenhum molengo que deveria ter medo de uma coroação. Ele já tinha enfrentado medos bem mais ardorosos.

James riu com rouquidão.

- Acho que não posso confirmar nada – ele disse.

Lily desejou ter a segurança de James, naquela hora.

Desceram as longas escadarias em silêncio; Lily se remoia por dentro, pronta para encontrar qualquer assunto trivial o qual se agarrar e colocar em pauta.

- Poderíamos passar uma temporada no Rio do Pó, depois de nos unirmos, não? – Lily perguntou - Adorei aquele lugar. Fez-me sentir como uma menina comum – um suspiro de saudade escapou-lhe pelos lábios.

- Para mim, tu sempre serás uma menina comum, Lily – James sorriu-lhe.

- Tu não ficas nem um pouco encantado com tudo isso, não? – Lily soltou uma risadinha.

- Por que deveria?

- Muitos homens têm medo de encarar este mundo – Lily disse.

- Até quando tu pertenceres a este mundo, eu não terei medo de lutar por justiça, minha cara.

Lily reprimiu um sorriso bobo.

- Sejas bem-vindo ao Novo Mundo – Lily lhe disse, assim que chegaram às portas do salão.

As portas se abriram.

- Sr. James Potter e a Princesa Lily Hall Evans – anunciaram com vozes roucas e grossas.

Lily sorriu às poucas pessoas que ali se juntaram. Somente estavam ali os mais necessários. O povo estava na base do castelo, apenas aguardando a aparição do novo Rei e da nova Rainha.

Caminharam lentamente até as cadeiras estofadas de veludo vermelho, que igualmente combinavam com as cortinas.

Lily podia sentir a pressão daquele lugar. Todos os pares de olhos estavam fitando-a. Era uma sensação incomum.

O Rei, sentado bem ao lado da esposa, suspirou com raiva. Não desejava que sua filha se casasse com um Cavaleiro. Não com um Cavaleiro que não tinha nenhum título de nobreza.

A Princesa juntou as mãos ao seu Cavaleiro. Não queria estragar o momento. Aquilo estava perfeito.

- Começa, então, um novo ciclo. Os tempos estão em mudança e nada é desmanchado – começou a Rainha – Temos aqui, a Princesa deste Reino preparada enfim para assumir o maior cargo de sua vida – ela sorriu para a filha.

- A união deste casal deve ser concretizada – o Rei seguiu com a palavra – E assim o Reino poderá assumir todas as formas de alegria.

- É com orgulho que passo a minha tiara à minha filha, com o ímpeto de agradecer tua existência e de torná-la a Rainha deste Reino – a Rainha fez seu sorriso tremelicar.

- O jovem Potter, consequentemente, assumirá a papel ao lado da Princesa, tornando-se assim, Rei – Benjamin disse com graciosidade.

O Rei e a Rainha, então, se descolaram de seus assentos. Foram até a frente dos jovens.

- Sei que não irei me arrepender – Aimee disse, retirando a tiara dos cabelos cacheados.

Depositou-a na cabeça da filha, com delicadeza.

Era como se um grandioso peso tivesse se dissipado.

Lily sorriu, emocionada. Enfim, Rainha.

O Rei, quase de má vontade, entregou sua coroa de metal a James, que rapidamente a colocou em sua cabeça. Aquilo, pensou ele, era estranho.

- Contemplem o Reino que agora lhes pertence – disse Aimee.

Lily e James se viraram para o grande janelão, o qual enquadrava as pessoas do outro lado da parede.

Os Vales pareciam mais verdes, as terras mais extensas. Os pássaros cantarolavam alegres e os animais não tinham pudor ao se expor.

Lily olhou para James.

- Estamos em casa – a recém-Rainha disse, contente e de modo resignado.

Admiraram com ardor o Reino. Cada pedacinho dele. Estar ali era bom demais. Era como se flutuassem.

Lily e James, então, entenderam que independente das coisas que definem você, você sempre pode mudar o mundo apenas sendo você mesmo, possuindo ou não uma tiara ou coroa na cabeça. 




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N/a: yeey yeey yeey, finalmente. Desculpem por tê-los feito esperar por esse epílogo, mas, realmente, sem inspiração, nada rola. Sério. Então, espero que tenham aproveitado e se divertido com esta fic, tal como eu *-* Obrigada por todos os comentários (: Amo vocês. Beijo beijo ;*

Nina H.

08/04/2011

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