Testem no Matt.
-Você pode ver os testrálios mesmo, Matt? – perguntou Mary apalpando o ar para acariciar os bichos.
- Posso – Matt subiu na carruagem atrás das três garotas – Eles até que são gentis.
Todos se acomodaram e a carruagem começou a andar. O silêncio tomou conta do ambiente, só se ouviam alguns pássaros voando ao longe. Audrey olhou para Anne e depois perguntou, sem rodeios:
- Mas... Quem você viu morrer?
Matt olhou para o outro lado, apreensivo. Fitou algumas folhas nas árvores e lembrou da cena que presenciou a tanto tempo. Eu só me ferro, pensou.
- Meu tio – olhou para os próprios pés – Meu tio favorito. Preferia ele a meu pai. Por isso ele o matou.
As três garotas trocaram olhares perplexos.
- Seu pai matou o próprio irmão?
- Matou, Anne. E matou na minha frente. Desde o acontecido eu não falo mais com ele.
As garotas ficaram envergonhadas por fazerem uma pergunta tão pessoal, mas Mary continuou a conversa para mostrar a ele que elas compreendiam.
- Faz quanto tempo?
- Seis anos. Foi no mesmo ano que entrei em Hogwarts. Quando fui pra Grifinória meu pai me deserdou.
- Caramba.
A carruagem estava chegando a Hogwarts. Já haviam passado por aquele mesmo caminho cinco vezes, mas este ano estavam sentindo a mesma coisa que sentiram quando atravessaram o lago de barco no primeiro ano em Hogwarts. Um frio na barriga, que eles sabiam, era saudade, saudade de Hogwarts antes mesmo de chegar, saudade por ser o último ano que estudariam na melhor escola de magia que conheciam.
Pararam em frente à escola e desceram. Matt tentou contornar o clima de luto apressando-as para entrar no salão.
- Vamos logo. Estou morrendo de fome.
Os quatro entraram no Salão Principal e se acomodaram na mesa da Grifinória.
- Você esta se esquecendo que a Seleção dos alunos do primeiro ano é antes do jantar, Matt.
- Porcaria, eu preciso de asinhas de frango.
Depois de todos os alunos se acomodarem em suas respectivas mesas a professora McGonagall entrou com os alunos do primeiro ano que ouviram a nova canção do chapéu seletor que alertava a todos para permanecerem unidos e foram selecionados para as suas casas. Logo em seguida Snape tomou as palavras:
- Já vi que ele vai fazer um baita discurso e eu vou ter uma baita abstinência de comida.
- Cala a boca Matt, eu quero ouvir.
Snape pigarreou, pedindo silêncio, e começou a falar.
- Alunos de Hogwarts, como vocês já devem saber eu sou o novo diretor – sua voz foi abafada pelas ovações da Sonserina e pela chuva que acabara de começar – Obrigado. Temos também dois novos professores: Amico Carrow é o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas – mais uma barulheira dos sonserinos que ficaram de pé para aplaudir.
Quando o barulho cessou Neville disse:
- Defesa? Só se for aula de “Artes das Trevas”. Comensais da Morte não se defendem da própria Marca Negra tatuada no braço.
O silêncio tomou conta do grande Salão, mas Snape quebrou-o em seguida:
- Acho que você não tem nada a ver com isso, não é Longbottom?
- Claro que não. Ninguém, com exceção da Sonserina, se importa com o que vocês seguidores do “Lordinho” fazem além de matar Alvo Dumbledore e bruxos inocentes.
Todo o salão fitou Neville.
- Harry Potter também fez a sua cabeça com as mentiras sobre eu ter matado Dumbledore?
- E em que parte eu citei que você matou Alvo Dumbledore? Deu dor na consciência? – Neville deu de ombros.
Snape calou-se por alguns segundos até pensar em uma resposta que subisse sua moral.
- Detenção logo no primeiro dia. Está indo de mal a pior, Longbottom.
Todo o salão silenciou, e mais uma vez Severo Snape quebrou o silêncio:
- Como eu ia dizendo: Aleto Carrow é a nova professora de Estudo dos Trouxas que agora é obrigatório há todos os anos.
Todos os alunos começaram a vaiar e resmungar. Snape pediu que se calassem:
- Amanhã de manhã seus horários serão entregues – deu as costas aos alunos e se sentou na cadeira de diretor.
O jantar foi servido com um aceno do diretor e Matt delirou.
- Graças a Merlim. Não agüentava mais de tanta fome – puxou uma bandeja de asinhas de frango para perto e atacou algumas lingüiças.
- Você é nojento. Parece que nunca viu comida na vida.
- De...xa e...u co...me em pa...z A...nne – a cada intervalo de sílaba ele engasgava ou mastigava a comida em sua boca.
Anne o ignorou e virou-se para as amigas.
- Adorei o que o Neville disse – pegou um pedaço de torta de frango e pôs em seu prato.
- Foi um TUSHHH imenso – Audrey também pegou um pedaço de torta de frango.
- Neville é tão corajoso – Mary olhou para ele com brilho nos olhos.
- A gente sabe que você gosta dele Mary, mas não seja tão descarada.
- Cala a boca Anne, eu não gosto dele, só o admiro.
Audrey deu risinhos com Anne, mas Mary olhou-a com reprovação e ela resolveu mudar de assunto:
- Eu acredito em Harry Potter desde sempre, principalmente depois da Armada de Dumbledore.
- Com certeza. Acho que deveria continuar, eu aprendi tanto naquela época. Tenho até um Patrono corpóreo – disse Anne enfiando um pedaço de torta na boca.
Depois de terminarem de jantar resolveram ir para a Sala Comunal no sétimo andar. Pararam em frente ao quadro da Mulher Gorda e Mary disse a senha.
- União.
- Certo. Podem entrar – disse a Mulher Gorda.
Os quatro entraram na sala que estava um pouco vazia. Sentaram-se no sofá de frente para a lareira.
- Ótima senha. União é o que nós mais precisamos nesse momento.
- Com certeza, Anne. União e paciência, só isso – Audrey levantou e se sentou em uma mesa do lado de uma das janelas e ficou olhando a chuva bater violentamente no vidro.
Ficaram ali conversando por mais alguns minutos e Matt subiu para o dormitório masculino enquanto Anne, Audrey e Mary subiram para o feminino.
- Amanhã começam os deveres gigantes, tenho que me preparar emocionalmente.
As três riram da piada de Audrey. Colocaram seus pijamas e dormiram até serem acordadas no dia seguinte com a barulheira de meninas se arrumando para o café-da-manhã.
- Pelas meias de Merlim, não se pode dormir até mais tarde não?
- É melhor a gente levantar logo mesmo, Anne. Temos que pegar nossos horários.
As meninas se arrumaram e desceram até a Sala Comunal onde encontraram Matt deitado sobre uma mesa, meio sonolento.
- Vamos comer?
- Falo em comida você já acorda né Matt?
Chegando ao Salão Principal eles se sentaram à mesa e começaram a comer alguns ovos com bacon.
- Amo a comida de Hogwarts.
- Nós sabemos disso, Matt. Olha, a professora McGonagall esta distribuindo os horários.
Minerva McGonagall chegou mais perto e entregou a eles seus devidos horários e saiu para entregar os dos outros.
- Que beleza, nós temos um período livre antes e depois do almoço e mais um depois do recreio – disse Anne a Audrey.
- Que moleza viu.
- Eu tenho tempo livre só antes e depois do almoço porque vou fazer Trato das Criaturas Mágicas – exclamou Matt conferindo o resto de seu horário.
- Eu só tenho tempo livre depois do almoço – Mary pegou sua mochila - Nós temos aula dupla de Poções, vamos?
Os quatro amigos pegaram as mochilas e partiram para a sala de Poções nas masmorras. Entrando na sala repararam que eles eram os únicos alunos da Grifinória. Acomodaram-se em uma mesa e pegaram seus livros.
- Ora muito bem, ora muito bem, ora muito bem – exclamou Slughorn saindo de trás de algumas poções – Balanças, kits de poções e Estudos avançados no preparo de poções 2 sobre a mesa.
Toda a sala se movimentou para pegar seus materiais. Anne, cuja matéria favorita é Poções, estava animadíssima e organizava seus materiais em cima da mesa. Enquanto Matt simplesmente jogava as coisas e deitava sobre o livro para tirar um cochilo.
- Bom, como é nossa primeira aula do ano eu vou querer que vocês façam uma poção muito fácil e rápida de ser feita: a poção Wiggenweld. Alguém sabe me dizer o que ela faz?
Rapidamente Anne levantou a mão e Slughorn deu a palavra a ela.
- Essa poção tem o poder de restaurar as forças de uma pessoa que esta demasiada fraca por estar doente, por ter se machucado ou simplesmente por estar muito cansado.
- Muito bem senhorita Harrison, dez pontos para a Grifinória – Anne estampou um sorriso no rosto e fitou os alunos da Sonserina – Bem, como essa aluna acabou de nos dizer, esta poção restaura forças. E quero que vocês abram na página quatorze e preparem-na. Quem preparar a melhor poção vai gentilmente oferecê-la ao senhor Goldman que está muito cansado para prestar atenção em minha aula.
Toda a sala caiu em gargalhadas e Matt levantou bruscamente e começou a abrir na página pedida. Anne esqueceu o mundo exterior e se concentrou em sua poção. Esmagar a Moly com o cabo de uma faca pensou ela enquanto amassava a Moly. Cortar o Ditamno e a casca de Wiggertree em pequenas fatias cortou os ingredientes e leu o próximo passo: Adicionar ao caldeirão o Muco de Verme Gosmento com a Moly amassada e o Ditamno.
Anne parou antes de colocar os ingredientes no caldeirão e pensou: se eu colocar os vermes junto com a Moly eles vai acabar comendo-a antes que a poção ferva, afinal eles só morrem depois de cozinharem. Portanto, Anne colocou os vermes e o Ditamno para ferver no caldeirão. Depois de algum tempo a mistura entrou em ebulição e ela adicionou a Moly e as fatias de casca de Wiggertree.
Mexer sempre no sentido horário até atingir a coloração verde. Parou para pensar mais um momento: geralmente quando mexemos Ditamno em sentido horário a coloração fica rosada, para ficar verde tem que ser mexida seis vezes em sentido horário e três em sentido anti-horário. Anne mexeu como dizia sua intuição e a coloração foi ficando mais verde a cada mexida. Olhou para os lados e notou que a cor exalada pela maioria era um leve tom de rosa.
Menos a poção de Matt que tinha um tom amarronzado. A poção de Mary era a que chegava mais perto do tom correto, ela assumira uma cor verde-água e a garota parecia inconformada.
Slughorn começou a passar pelas mesas para conferir as poções. Olhou feio para Goyle por ter feito sua poção explodir e quando ele apareceu na mesa da Grifinória todos já haviam colocado a poção em um frasco para que ele avaliasse.
Pegou a poção de Audrey e olhou através do vidro, depois cheirou. Fez uma careta e colocou de volta na mesa. Em seguida pegou a poção de Matt e mal identificou a cor já fez outra careta e colocou de volta na mesa.
Chegou até a poção de Mary e deu um leve sorriso quando viu que a cor era quase verde. Colocou de volta e pegou a poção de Anne. O leve sorriso se escancarou, indo de orelha a orelha.
- Parece que temos uma vencedora – virou e mostrou a poção a sala – Parabéns Srta. Harrison. Agora vamos testar – entregou o frasco a Matt – a poção e ver se realmente faz efeito.
Anne sorriu e assentiu quanto Matt olhou para ela com dúvida como se perguntasse: eu não vou morrer né? Depois de abrir o frasco e sentir a garganta seca ele bebeu toda a poção. Depositou o frasco na mesa e olhou para o professor.
- Preciso gastar energia. Acho que vou descer até o jardim e praticar alguns abdominais e flexões. Ou talvez eu deva dedicar a minha manhã a lavar o cabelo do Prof. Snape, mas isso pode levar o dia todo – Audrey começou a dar gargalhadas escandalosas – Acho que vou ficar por aqui mesmo e arrumar minha mesa – Matt falava tão rápido que mal se entendia. Começou a pegar pedaços de Ditamno e limpou o caldeirão e a mesa com um feitiço.
- Parece que deu certo. Mais vinte pontos para a Grifinória.
Enquanto toda a sala caia em gargalhadas, Anne rabiscava as instruções para preparar a poção que o livro indicava e escrevia nas margens o que ela tinha feito.
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