O Mapa do Maroto



                Estava no terceiro dia da semana de lua cheia. Os Marotos sentiam cada vez mais a ausência de Remo, mesmo por que não era mais possível se deslocar da cama para a porta em uma linha reta com tanta desordem. Tiago observava a chuva molhar as folhas das arvores nos arredores do castelo sentado no peitoril da janela, enquanto Pedro procurava as meias que ganhara de presente de natal no primeiro ano, e Sirius procurava numa montanha de almofadas seus sapatos.


                – O Aluado faz mesmo falta. E só é o terceiro dia – Comentou Tiago olhando o Mapa do Maroto para saber quando Marlene ia entrar no dormitório.


                Toda manhã Marlene ia investigar os motivos pelo qual Remo viajava todos os meses por uma semana e voltava magro e com pequenos arranhões pelo corpo. Lílian sabia que fazia parte do grande segredo dos Marotos e queria descobri-lo, por que estava preocupada com Maria, que se mostrava cada vez mais afetuosa com Remo e, sem contar a ela, pediu a Marlene que a ajudasse a descobrir o que os amigos escondiam sobre Remo, já que ela conhecia Sirius desde criança e tinha mais intimidade para entrar no dormitório deles, enquanto Lílian odiava todos os Marotos, com exceção de Remo, o único ajuizado.


                – Estão todos vestidos? A Lene saiu do dormitório das meninas agora... – Alertou Tiago ainda olhando o mapa.


                – Eu também sinto saudades do Aluado – Disse Pedro, ignorando a informação...


                – Eu sinto saudades de achar meus sapatos! – Exclamou Sirius, zangado.


                – Quanta sensibilidade... – Marlene entrou no quarto, sem ao menos bater na porta e, jogando um par de sapatos na frente de Sirius, perguntou – Era isso que procurava?


                – Obrigado. – Respondeu Sirius com o semblante serio. – Onde estavam?


                – No Salão Comunal... – Respondeu – Então... Eu quero propor um acordo.


                – Acordo? – Sirius a fitou, desconfiado.


                – Negociação... – Corrigiu a menina avaliando sua imagem num espelho e corrigindo um fio de cabelo.


                – Pode falar... – Disse Tiago.


                – Eu arrumo o dormitório de vocês, e vocês me deixam ver o Mapa do Maroto... – Ela virou-se novamente para os Marotos e apoiou as duas mãos numa penteadeira atrás de si.


                Os Marotos se entreolharam sorrindo.


                – Claro Lene... É só isso? – Disse Sirius acariciando o ombro da amiga.


                – Sim... Só isso... – Respondeu desconfiada.


                – Então, estamos combinados... Quando você começa? – perguntou Tiago descendo do peitoril.


                – Do que está falando? – Marlene sacou a varinha e começou a organizar livros, almofadas, doces, roupas e finalmente... – O que é isso? – A garota achou dois pedaços de pano fedorentos e velhos.


                – Ah... Você achou... Serei eternamente grato... – Disse Pedro pegando os dois pedaços de panos que flutuavam na frente da varinha de Lene e usando nos pés... Eram as meias.


                – Esse era o par de meias da sorte? – Indagou Sirius surpreso. – Que nojo... – Tampou o nariz.


                – Nunca as lavou? – Perguntou Tiago antes de cheirar o cabelo de Marlene.


                – São da sorte! – Exclamou Pedro em resposta.


                – Ugh... Por que fui perguntar? – Lamentou Tiago.


                – Agora... Vamos ao que interessa... O Mapa. – Marlene chamou novamente a atenção dos Marotos.


                – Ok... O Mapa... – Tiago se deslocou até a janela, onde estava o pergaminho, e o lançou como um disco na direção da amiga, que o parou com a varinha, antes que a acertasse.


                – Vou descobrir um jeito de abri-lo.


                – Boa sorte – disse Sirius – Mas só tem até as dezenove horas pra consegui-lo.


                – Sem problemas... – Ela se retirou do dormitório.


                Os Marotos esperaram ela sair para começar a rir.


                – Marotos... Olhem bem para esse meu rostinho lindo... E gravem a visão em suas cabeças ocas... Por que até ás dezenove horas ele vai estar completamente desfigurado. – disse Sirius.


                – Só o seu? – Disse Tiago aos risos.


                – Por quê? – Perguntou Pedro,débil.


                – Por nada... Vamos para o Salão Principal. – Disse Sirius, se dirigindo à porta.


                Quando chegaram ao Salão Principal para o café da manhã foram abordados por Maria, sem nem ao menos dizer “bom dia”.


                – O Remo escreveu? Vocês têm noticias dele? – Indagou a menina, aparentemente em desespero.


                – Não Maria. Não temos... – Disse Tiago paciente, deixando a amiga cabisbaixa.


                – Lamento... – Disse Pedro, apreensivo.


                – Obrigada... – Maria sorriu e sentou-se em seu lugar, seguida dos Marotos.


                Lílian e Marlene chegaram aparentemente alegres ao Salão Principal e sentaram-se perto de Maria.


                – Obrigada por emprestar o mapa, Marotos. Já conseguimos abri-lo. – Agradeceu Lílian fitando Sirius com um sorriso malicioso.


                – Ok... E o que acharam do que leram? – Perguntou Pedro antes de rir olhando para Sirius e Tiago na espera que eles rissem com ele.


                – Elas estão mentindo Rabicho. – Disse Tiago impaciente.


                – O que faz os Marotos pensarem que não abrimos o mapa? – Indagou Marlene, ameaçadora.


                – O simples fato de estarmos vivos! – Afirmou Sirius, quase gritando.


                – Que ofensivo... Eu pareço uma assassina? – Disse Marlene enquanto Lílian fazia uma aureola artificial na cabeça da amiga com a varinha.


                – Aposto que viraria no momento em que lesse... Isso! – Disse Maria mostrando o Mapa do Maroto às meninas.


                "É com grande honra que eu, o poderoso Pontas; e eu, o irresistível Almofadinhas; juntamente com o fofo Rabicho e o ausente e querido Aluado, ordenamos que as belas meninas que usam calcinhas e cremes para espinhas, Marlene Mckinnon e Lílian Evans tire seus lindos olhinhos claros do Mapa dos MarotOS (o que quer dizer que é masculino e confidencial), antes que uma coruja negra e muito mal educada entre por aquela janela e mostrem a vocês o que acontece com meninAS que não respeitam os limites entre o mundo masculino e feminino. Vocês tem exatamente três segundos."


                É o que estava escrito no pergaminho que juntas e em voz alta, as meninas leram, antes de fitar os Marotos, realmente irritadas.


                – Sobre a coruja... Seria só se vocês lessem no dormitório feminino. – Disse Pedro sorrindo.


                – Marotos... – Começou Marlene.


                – Corram! – Completou Lílian.

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