Cristo Redentor



As duas famílias tiveram de se dividir em dois táxis para que não ficasse muito apertado. Sophie espremia seu nariz contra o vidro traseiro do carro, olhando encantada as belíssimas paisagens do Rio de Janeiro, e achando incrível o fato de o carro estar tão fresquinho, diferente do clima lá fora.


            Começaram a subir um morro ziguezagueante, o que deixou Sophie levemente enjoada. O táxi estacionou, e Sophie pulou do automóvel, completamente absorta pela paisagem. Nem percebeu a confusão que se desenrolou entre seu pai e o taxista, na hora do pagamento. Observava a profusão de pessoas de nacionalidades diferentes, os pequeninos suvenires à venda em bonitas vitrines, os tons de verde da mata que rodeava o local. Levou um susto quando Marina, filha dos Borges, se postou ao seu lado, tentando conduzi-la para um trem vermelho que acabara de estacionar ali perto.


            Em poucos minutos, todos os passageiros estavam acomodados, e o trem arrancou sem muita violência, seguindo tranquilamente a trilha que serpenteava Corcovado acima, dando tempo para que todos admirassem a paisagem e os animais que eventualmente apareciam.


            Saltaram num largo de pedra clara, que dava acesso a algumas escadas e elevadores. Seus pais conversavam animadamente, esquecendo-se das crianças, que os seguiam de longe, mas não conversavam. Subiram até estarem de frente à imensa estátua do Cristo de braços abertos, e Sophie perdeu o fôlego com a vista de toda a cidade.


            Mas não demoraram muito admirando a vista. Logo sua mãe a chamou, e as duas crianças seguiram os adultos, parando de frente às costas da estátua admirando-a. Sua base era composta por pequenos blocos de pedra escura que, juntas, faziam um total de oito metros de altura, para somar à grandiosidade da estátua. Sophie viu espantada o Sr Borges tirar a varinha da manga, e tocar com a sua ponta algumas pedras. Imediatamente, uma linha escura apareceu, pouco visível a quem não olhasse de perto, formando um portal estreito, por onde o Sr Borges entrou. Marina riu ante a surpresa de Sophie, e a empurrou delicadamente para dentro do portal.


            Sophie fechou os olhos e, quando abriu, se encontrou no topo de uma escada toda trabalhada em ônix, Tochas ornamentadas estavam penduradas nas paredes ao longo de toda extensão da escada, produzindo um bruxulear fantasmagórico. O ar ali embaixo era úmido e agradável, e trazia um cheiro levemente adocicado.


            Sentiu um empurrão nas costas, e viu que Marina tentava entrar na escada, e Sophie estava bloqueando o caminho. Assim que percebeu isso, começou a descer os degraus, seguida por Marina. Seus pais as esperavam no fim da escada. Incrivelmente, dentro da montanha, ruas e avenidas se cruzavam, com inúmeras lojas recheadas de pessoas e objetos diferentes. De onde Sophie estava, podia avistar três sorveterias, várias lojas de roupas, de caldeirões, 1,99s atulhados de objetos, e milhares de outras, numa variedade incrível.


 - Sophie – sua mãe se dirigiu a ela, estendendo a mão para que a filha segurasse um punhado de moedas de ouro – Temos assuntos a resolver aqui. Seu pai precisa de um emprego, então vamos tratar de negócios o dia todo. Imagino que vocês queiram passear... São 14:00h agora, às 18:00 nos encontramos aqui, ok?


- Tudo bem, mãe. – E, pegando as moedas, começou a andar pelas ruas inclinadas, olhando admirada para todas aquelas vitrines.


             Marina apontou para uma sorveteria próxima, cuja fachada estava trabalhada em mármore branco, e imensas letras douradas diziam “Sorvetes Freesbeez – todos os sabores, inúmeras sensações”. Entraram, e seus narizes encheram-se com os cheiros diferentes.


            Sophie escolheu um sorvete de amora que prometia fazê-la levitar, enquanto Marina pediu um de chocolate simples que realçava o bronzeado. Sentaram-se, satisfeitas, numa pequena mesa redonda decorada com floreios dourados, e olharam ao redor. Efeitos estranhos aconteciam com as pessoas sentadas nas outras mesas. Um casal com chapéus quadriculados dormia tranquilamente com os cotovelos apoiados na mesa, os cabelos de duas amigas num canto mudavam de comprimento e cor num piscar de olhos, três senhores de pele escura sapateavam sem parar, toda vez que colocavam uma colherada na boca. O único que parecia normal era um jovem com a pele um tanto rosada, sentado no canto mais afastado da sorveteria. Usava um terno branco simples, e um estiloso chapéu panamá, também branco. Seus olhos escuros estavam fixos em Sophie e Marina e, com um pequeno gesto, ele as cumprimentou. Marina corou até a raiz dos cabelos, e se sobressaltou quando o rapaz se levantou, indo em direção às meninas. Sem dizer palavra, passou por elas, chamando-as com as mãos. As duas se entreolharam, sorriram, e seguiram-no. Viram quando ele cruzou a avenida principal, mas entrou numa pequena rua de poucas lojas. Uma parede de pedra limosa se erguia no fim da rua, e uma imensa porta de madeira escura se abriu com um toque leve da varinha do rapaz. Lá fora, o sol brilhava forte, e a mata serrada não conseguia abafar o barulho de uma pequena cachoeira que provavelmente corria ali perto. Ele entrou na mata e seguiu uma trilha, andando um pouco mais devagar, obviamente esperando que as duas meninas o seguissem.


            Marina já ia entrando quando Sophie segurou sua mão. Elas hesitaram, se entreolharam, e olharam o rapaz. Ele também havia parado, e mais uma vez olhava as duas fixamente. Dessa vez, esticou a mão, chamando-as, sorriu e se virou. Elas, tímidas, devolveram o sorriso e, esquecendo a cautela, seguiram o jovem bonito, embrenhando-se cada vez mais profundamente na mata.






















A partir de agora, prometo que a história vai ficar mais cheia de ação. Espero que vocês gostem e, por favor, comentemmm e dêem notas. Críticas são bem-vindas. (:

Beijos

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