Parte 4
Draco e Harry aparataram nas imediações do Beco Diagonal e caminharam até o Caldeirão Furado, tentando não despertar muita atenção. Logo que entraram, Harry notou imediatamente um cabelo chocantemente vermelho sentado numa mesa próxima ao fundo.
“Olha só, se não é Rony Weasley. Que raios você tá fazendo aqui?” Harry perguntou, agradavelmente surpreso por estar reunido com o seu melhor amigo dos tempos de escola.
Rony capturou-o num abraço exagerado, levantando-o do chão. “Nossos acampamentos estão quase de frente um para o outro e eu fui ver o Simas. Ele me contou sobre o que aconteceu no St. Mungos e sobre Gina, e onde eu poderia encontrar você” Rony disse, batendo mais uma vez nas costas de Harry, só pra constar, antes de sinalizar para que o outro se sentasse. Ele não havia notado o acompanhante de Harry, até que este falou.
“Bem, tanta coisa pra tentar ser discreto,” Draco falou lentamente, “mas, mais uma vez, você faz o tipo barulhento e detestável, Weasley.”
“Porra, Harry. O que você tá fazendo aqui com o Malfoy?”, Rony perguntou, surpreso. E ignorando completamente o loiro, o que fez com que sua careta aumentasse consideravelmente.
“Relaxa, Rony. Malfoy e eu estamos apenas espairecendo um pouco. Foi um dia infernal e nós podíamos tomar alguma coisa. O que você acha de chamar isso de trégua dos nossos tempos de escola, pelo menos por hoje à noite, e então amanhã nós poderemos voltar a querer nos matar?”
Rony e Draco olharam-se de modo reprovador antes que Rony respondesse. “Eu acho que posso tomar uns drinques com a doninha e lembrar dos bons e velhos tempos. Então, Malfoy, lembra quando o seu pai foi enjaulado em Azkaban? Esses eram bons tempos.”
“Então, Weasley, lembra quando a sua namorada te deu um pé na bunda pra ficar com o seu melhor amigo? Isso sim é uma boa história dos tempos de Hogwarts”. Draco sorria predatoriamente enquanto Rony pulava sobre a mesa para alcançá-lo. Se não fosse pelos rápidos reflexos de apanhador de Harry, Draco provavelmente teria sido morto num estalar de dedos.
“Ok, crianças, joguem limpo. Não há razão para que vocês perturbem um ao outro. Vamos apenas tomar alguns drinques e dar o fora daqui.” Harry fez o que pôde para colocar panos quentes na história. Principalmente porque Draco trouxera à tona um assunto delicado entre ele e Rony, que ele não queria revisitar nesta noite. Ambos apenas grunhiram o que parecia ser um consentimento, no mesmo momento em que a garçonete chegava.
Seis doses de Whisky de Fogo e nove Cervejas Amanteigadas depois, Rony e Draco pareciam ter encontrado algo em comum sobre o que eles poderiam conversar, ou pelo menos discordar civilizadamente.
“Você tá louco, Malfoy. Os Cannons são um time muito melhor que a Bulgária. Bulgária não é nada além de um time musculoso, sem um cérebro sequer naquelas cabeças; Agora, os Cannons, por outro lado, só precisam de um pouco mais de entrosamento. Então nós vamos ver qual time é melhor.”
“Sim, eu estou certo que a Bulgária está borrando as botas diante de um time cujo lema é ‘Vamos todos manter nossos dedos cruzados e esperar pelo melhor.’ Qualquer coisa que o ajude a dormir à noite, parceiro,” Draco replicou, virando mais uma dose.
“Ei! Ele foram campeões da liga vinte e uma vezes!” Rony bradou indignado.
“Sim, mas a última vez foi em 1892. Sacou?”
Harry estava se divertindo com o rumo da história e não pode deixar de dar sua própria opinião. “Ignorando totalmente o fato de que você acabou de chamar o Rony de parceiro,” Harry disse, apontando o seu dedo primeiro para Draco e então para Rony, “vocês dois estão completamente loucos. Puddlemere United, esse sim é o time. Eles estão com a mão na taça do Campeonato Mundial. Sem mencionar que eles têm Wood como goleiro, eles estão com a taça praticamente ganha.”
“Ei, a minha irmã tinha uma queda pelo Wood,” Rony disse, balançando para a frente e para trás com uma leve gagueira nas suas palavras. Draco endireitou-se na cadeira ao ouvir a notícia e Harry teve que engolir o comentário sobre por quem a irmã de Rony tinha uma queda agora. “Ah, sim, ela tinha uma quedaça por ele lá no quinto e no sexto ano. Caramba, acho que ela ainda tem. Talvez quando toda essa história de guerra acabar eu devesse convenientemente promover o encontro dos dois. Eu não sei se vocês notaram, mas ultimamente ela tem chamado bastante a atenção. Com Wood como cunhado eu aposto que eu ganharia ingressos para os jogos da temporada.” Rony agora estava divagando na sua própria fantasia sobre o mundo do Quadribol, sem prestar atenção nos outros dois rapazes.
“Olívio Maldito Wood, eu lhe pergunto. O que ele tem demais? Tá, ele joga Quadribol, e ele provavelmente será o responsável pela vitória na Copa do Mundo. Grande coisa! Como se eu não pudesse fazer uma coisa tão insignificante como essa, se eu quisesse. Mulheres!” Draco lançou um olhar sobre o seu copo vazio com uma expressão confusa em seu rosto. Após inspecionar de perto o copo vazio, ele disse “Isso sim é estranho. Eu sei que aqui tinha uma dose um minuto atrás.” Estalando seus dedos uma vez, o copo foi instantaneamente preenchido, e esvaziado mais uma vez.
“Relaxa, Malfoy. Eu tenho certeza que isso é mais como uma admiração por um herói. Algo como ‘é bom demais pra acontecer de verdade, mais ainda assim passível de ser sonhado’. Sabe, do mesmo jeito que ela costumava olhar para mim.”
“Vai se danar, Potter.” Draco disse, atirando uma batata chips pela mesa e acertando-o bem no meio do nariz, antes que Harry sequer se movesse para desviar dela. “Parece que os reflexos de alguém estão prejudicados. Se fosse uma azaração, estaríamos fazendo o caminho de volta para o St. Mungos exatamente agora.
Harry viu o olhar de intensa concentração que Draco fazia, como se ele estivesse todos as partes de uma idéia em sua cabeça, que apenas ainda não tinham sido unidas. “Hum, Malfoy, acho melhor você me dar a sua varinha.”
“Ei, porque estamos atirando batatas no Harry?” Rony disse, voltando à realidade, enquanto ele também atirava batatas no seu amigo.
“O Malfoy aqui tá puto porque a Gina tem uma queda pelo Wood”, Harry devolveu, atirando comida nos dois rapazes em retaliação, e virando o resto de sua cerveja amanteigada.
“Cala a boca, Potter!” Draco resmungou.
Rony parou no meio de um arremesso com uma expressão confusa no rosto. “Por que Malfoy se importaria com isso?” Ela perguntou antes de redirecionar a batata para a sua boca.
Quando ninguém respondeu a sua perguntou foi quase possível visualizar a luz acendendo na sua cabeça.
“Ah, cacete, não!” Rony tinha uma expressão de descrença total. “O que... quer dizer, por quê... ou melhor ainda, como?”
Harry estava tendo problemas em permanecer de pé. A combinação de sua própria ingestão de álcool e o olhar de confusão na cara de Rony era demais para ele, e ele quase caiu da banqueta em incontroláveis acessos de riso.
Draco apenas permaneceu sentado na frente dos dois Grifinórios, em silêncio, seu braços cruzados.
“Você devia vê-lo, Rony. Resmungando pelo acampamento, lendo e relendo as cartas dela. Ela pegou ele de jeito! E pelo que eu percebi, ela está tão caidinha quanto ele. Quem iria imaginar?” Harry disse, batendo nas costas de Rony.
Rony olhou para Draco. “Eu não sei o que dizer. Eu vou matar você, é claro, mas eu vou ter que esperar até amanhã, quando eu estiver sóbrio o suficiente pra me divertir com a sua morte. Eu tenho que admitir, isso é engraçado, mas extremamente perturbador. Você percebe que ela é uma Weasley pobre e ruiva, como o resto de nós, certo? E ela também é boa demais para você.” Ele explodiu numa gargalhada com Harry, ambos agora tentando ficar em pé, um procurando apoio no outro.
Draco virou outra dose, batendo o copo com força na mesa. “Eu não sei o que é tão engraçado. E sim, eu percebi que ela é uma Weasley, mesmo tentando esquecer disso a cada dia”, ele resmungou dentro de seu copo já reabastecido. E sim, eu sei que ela é boa demais para mim, ele adicionou mentalmente.
“Ele... a... ama.” Harry fazia ruídos imitando beijos entre cada palavra.
“Merlin, Potter. Você é um bêbado nojento. O que é que te possuiu?” Draco disse, tentando esquivar-se do comentário anterior. Eles já estavam tirando muito proveito da situação dele.
Então Harry chocou a todos. “Bem, poderia ser pior. Ela poderia estar grávida.”
Rony parou de rir e Draco pôde apenas encarar Harry, sua preciosa frieza desaparecendo brevemente.
Passou um longo tempo até que Draco finalmente conseguiu falar. “Porra”, foi tudo o que ele conseguiu dizer antes que Harry perdesse a consciência, sua cabeça aterrissando na mesa com um ruído alto.
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Gina estava na biblioteca estudando para um exame de Poções particularmente desagradável quando Hermione sentou-se pesadamente na mesa, num gesto muito “anti-hermiônico”, e soltou um suspiro.
“Tem alguma coisa te chateando, Hermione?” Gina perguntou. “Você vem agindo de forma estranha desde que você voltou para Hogwarts. Está sentindo falta do Harry?”
“Sim, eu sinto saudades do Harry, mas não é esse o problema. Quer saber? Eu realmente prefiro não falar sobre isso agora. Diga o que anda acontecendo com você. Faz séculos que a gente não conversa.”
Gina fechou a exemplar da biblioteca de “Poções Venenosas e Ervas Naturais” e olhou para sua amiga. Alguma coisa estava errada, e ela descobriria, mas isso poderia esperar. Ela estava morrendo de vontade de conversar com alguém sobre Draco, e Hermione era uma das poucas garotas a quem Gina sentia que podia confiar um segredo.
“Vamos ver, por onde eu começo?”, ela perguntou, esperando que Hermione desse uma dica do que ela já sabia e do que ainda não sabia.
“Por que você não começa me dizendo o que está acontecendo entre você e o Malfoy? Eu ouvi a versão sórdida do Harry, agora eu gostaria de ouvir a verdade.”
“Sórdida? Ha! Isso é uma piada. Não há nada de sórdido entre nós, infelizmente.”
“Gina!” Hermione censurou, sem entusiasmo. Ela estava dividida entre estar surpresa e se divertindo com a sinceridade de Gina com relação à situação. “Então vocês não, bem, você sabe.”
“Fizemos sexo? Tudo bem, você pode dizer A palavra. E não, não fizemos. Embora não tenha sido por falta de tentativa da minha parte.”
Diante da expressão confusa no rosto da amiga, Gina decidiu começar pelo começo, e dizer tudo a ela. Como as cartas começaram, o sistema de troca de doces por informações estabelecido por Draco, como eles foram ficando mais íntimos com as cartas, o feitiço de floco de neve e tudo o mais que aconteceu. Até o incidente no St. Mungos.
Hermione tentou não demonstrar o seu choque. Ela soube por Harry que alguma coisa estava acontecendo entre os dois, mas ela tinha assumido que esse era o tipo de situação em que havia apenas um desejo que precisava ser saciado. Aparentemente, não era só isso.
“Realmente não soa algo puramente físico para mim. Esta foi a impressão, quer dizer, essa foi a premissa que eu adotei quando soube disso pela primeira vez.”
Gina sorriu e assumiu uma expressão sonhadora antes de responder. “Ah, mas certamente é físico. Ele é atraente e eu não sei como eu não prestei atenção nele na escola. Mas não, não é só isso.” Ela hesitou por um momento antes de continuar. “Eu me apaixonei por ele, Hermione.”
Hermione sorriu e pegou a mão da amiga, apertando-a levemente. “Isso é maravilhoso, Gina. Eu estou tão feliz por você. Mesmo que seja com o Malfoy. Só me prometa uma coisa, está bem?”
“Claro.”
“Quando vocês decidirem avançar o próximo passo. Seja cuidadosa e tenha certeza de que você está pronta para lidar com todas as possíveis conseqüências,” Hermione disse.
Gina olhou para a garota que ela considerava como uma irmã. Elas dividiram tantas coisas no passado. Hermione estava lá para ajudá-la a superar a sua paixonite por Harry, deu conselhos para que ela abandonasse Adivinhação e então ajudou-a em Aritmancia. Ela era alguém com quem se podia sorrir, chorar, alguém que nunca a julgou. Agora algo a incomodava e Gina realmente queria saber o que era, pois talvez ela pudesse ajudar. “O que está acontecendo, Hermione?”
Hermione deu um sorriso triste, que escondia uma pontinha de felicidade. “Harry e eu vamos ter um bebê.” E então ela, passou a mão no rosto para espantar uma lágrima que havia escapado de seus olhos.
Imediatamente Gina levantou-se e se dirigiu para o outro lado da mesa, ajoelhando-se na frente de Hermione. Ele pegou as mãos dela entre as suas e disse, “Eu acho isso maravilhoso, Hermione. Vocês dois serão excelentes pais.” Gina não perguntou o que Harry achou disso, o que eles fariam, o que aconteceria se Harry não voltasse da guerra. Ela apenas abraçou sua amiga, sua irmã, e disse a ela o quão maravilhoso tudo seria.
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5 de Fevereiro
Querido Draco,
Ficou sabendo das notícias? Eu vou ser titia! Claro, as circunstâncias não são as ideais, mas quem se importa? Um bebê. Harry e Hermione terão um bebê, eu ainda não consigo acreditar nisso. É melhor ele mexer o traseiro e se casar com ela. A guerra não é nada perto do que os Granger podem fazer com ele. Eu estive falando um bocando com Hermione desde que ela voltou para Hogwarts e eu acho que ela tem medo de ficar feliz com essa história. É meio que, se ela se manter distante, não sairá tão machucada se algo der errado. Então, ela está tratanto o assunto de uma maneira toda prática, enquanto eu fico excitada como uma garotinha de escola. Particularmente, eu acho que eu estou deixando ela meio irritada, porque eu faço com que ela fale a respeito. Eu não me importo, bebês são sempre uma bênção. Hum, isso soou muito como a minha mãe. Melhor eu parar com isso.
Eu não tive a chance de lhe contar sobre o meu encontro com Dumbledore há alguns dias. O programa do qual faço parte está sendo expandido, e mais três estudantes me acompanharão ao hospital. Eles terão dois plantões por semana, assim como eu tinha quando comecei. É muito excitante, e é claro que eles estão designados para os seus próprios medi-bruxos ou curandeiros, mas eu recebi uma certa autoridade sobre eles. Acho que eu estou sendo testada.
Agora vamos a assuntos mais importantes. Quando eu vou vê-lo de novo? Faz apenas dois dias que o vi, mas já sinto muito a sua falta. Você não pode dar uma aparecida aqui na escola ou algo parecido? Harry me deu aquele mapa que ele herdou dos gêmeos. É meio que um radar que mostra onde está todo mundo na escola, e seria muito fácil colocar você pra dentro, ou fazê-lo sair sem que ninguém notasse. Ou então, eu poderia dar uma escapada para Hogsmeade e encontrar você em algum lugar. O que me diz?
Eu acho completamente injusto que nós tenhamos nos descoberto no meio de uma guerra. Por que eu não notei você em Hogwarts? Bem, eu até acho que eu notei, mas não foi uma percepção muito amigável, não é? Eu sinto sua falta. O que eu não faria para passar um dia inteiro com você, só nós dois. Me parece um desejo simples quando não se olha as circunstâncias. De qualquer forma, não adianta desejar coisas que estão fora do alcance no momento.
Espero ter notícias de você em breve, e se eu ainda não consegui colocar isso na sua cabeça dura, eu repito: eu sinto sua falta.
Com amor,
Gina
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8 de Fevereiro
Querida Gina,
Sim, eu fiquei sabendo na notícia. E estou surpreso de ver você tão feliz com isso. Você viu o que acontece com as pessoas durante a guerra, e existe uma chance significativa de Hermione ter que criar esse filho sozinha. Mesmo que Potter consiga sair dessa, quem sabe quando isso vai acabar? Você está certa sobre uma coisa, as circunstâncias não são ideais. Mas Potter parece que está lidando com a novidade muito bem, e eu imagino que isso é o que importa, ao invés do que eu penso sobre isso. Acho que ele e Granger estão na mesma, com medo de querer isso demais. Mas se isso faz com que você se sinta melhor, é tudo sua culpa. Se você não tivesse emprestado seu quarto a duas pessoas que não podem se controlar, nada disso teria acontecido. Acho que é melhor você pensar duas vezes antes de transformar seu quarto num ninho de má reputação. Para pessoas que não sejam nós, de qualquer forma.
Então, deixe-me ir direto ao ponto. St. Mungos foi atacado e se não fosse pelas rápidas providências de uma garota muito incrível o resultado teria sido desastroso, então eles decidem mandar mais estudantes para lá. Boa idéia, Dumbledore! Você sabe, heróico ou não, o que você fez foi uma coisa incrivelmente tola.
Eu não sei quando vamos nos ver novamente. E não ouse escapar para Hogsmeade, com ninguém! Não é seguro e você sabe disso. Não posso acreditar que Potter tinha um mapa da escola por todos aqueles anos, agora faz todo o sentido a forma como ele se safou de tantas. Ele também deixou pra você a capa de invisibilidade - porque eu sei que ele tinha uma -? Não faça nada perigoso, está bem? E já me preocupo o suficiente com você.
Também sinto a sua falta e eu vou tentar o máximo possível encontrar uma razão pra nos vermos. Mas não fique muito esperançosa, porque eu honestamente não sei quando isso vai acontecer. Você é o meu primeiro pensamento quando eu acordo e o meu último, antes que eu durma.
Com amor,
Draco
A propósito, que história é essa de você ter uma queda por Oliver Wood? Eu não sabia que você tinha atração por garotos que traçaram a maior parte de Glasgow.
~*~
14 de Fevereiro, meia-noite
Querida Gina,
Feliz Dia dos Namorados. Eu tenho algo pra te dar, mas não posso enviar pelo correio-coruja, e eu não queria mandar pelo Potter, então você vai ter que ser uma boa menina e esperar. Desculpe-me por eu não poder estar aí com você hoje, mas alguém tinha que ficar por aqui e dizer para esses caras o que fazer. O noivo partiu para Hogwarts há algumas horas, e se o meu relógio está correto, ele está jurando os votos à Granger enquanto nos falamos. Eu aposto que você está estonteante toda produzida.
Como você provavelmente já deve ter ouvido na festa de casamento, esta unidade vai ficar incomunicável por um tempo. Granger descobriu coisas importantes na pesquisa dela, finalmente, e estamos usando isso a nosso favor. Escrever e receber mensagens será impossível e eu não sei o que eu vou fazer sem ter as suas cartas para esperar. Com sorte, tudo isso acabará rápido, e se eu voltar, eu pretendo nunca mais receber outra carta sua pelo resto da minha vida: eu não vou deixar que fiquemos separados tempo o suficiente para precisar delas. Você é a coisa mais importante da minha vida e embora eu tenha as minhas próprias razões para lutar nesta guerra, eu não tenho certeza se um dia acreditei completamente nelas. Você uma vez me perguntou porque eu luto para o seu lado, e eu nunca lhe dei uma resposta. Bem, agora eu tenho uma resposta. Eu luto nesta guerra por você. Pela sua segurança e pela sua paz.
Então, até que eu possa escrever novamente, por favor, lembre-se do quanto você significa para mim e que, mesmo que você não tenha notícias de mim, eu estarei pensando em você constantemente. O feitiço ainda está funcionando no floco de neve? Em algum momento, ele vai parar de funcionar, mas até lá, você saberá o quão freqüentemente você está nos meus pensamentos.
Eu gostaria de ter tido a chance de lhe ver uma última vez.
Com amor,
Draco
~*~
14 de Fevereiro
Querido Draco,
Eu acabei de chegar ao meu quarto, voltando do casamento de Harry e Hermione. É obvio que foi simples, dadas as circunstâncias, mas apesar de tudo foi meigo. Dumbledore casou-os na Torre de Astronomia à meia-noite, na presença dos pais de Hermione e dos meis pais. Rony estava todo paramentado, todo orgulhoso dos seus melhores amigos. Eu era madrinha de Hermione e nunca a vi tão bonita quanto no momento em que ela estava lá, na frente do homem que ela ama, fazendo seus votos. Eu tenho que admitir, eu pensei em você mais de uma vez enquanto ouvia os votos que eles proferiram.
Harry concordou em levar esta última carta para você quando ele for embora, então eu tenho que fazê-la valer a pena. Espero que ela não o assuste, mas existem coisas que eu sinto que preciso dizer a você, que eu quero que você saiba.
Eu tenho pensado muito em nós dois ultimamente, e a toda hora eu volto às mesmas questões. Como a gente chegou neste ponto, Draco? Quando isso aconteceu? Em um momento eu estou extorquindo informações de você com fudge, e no outro você é tudo em que eu consigo pensar. Você me deixou curiosa desde o momento em que eu vi a sua nota confusa na carta de Harry. Então, eu lentamente fui tendo uma noção sobre você pelas suas próprias cartas e eu gostei do que li. Seu sarcasmo, sua sagacidade, sua doce amargura. Mas foi quando eu vi você pela primeira vez no St. Mungos que eu percebi como eu já tinha me apaixonado por você. Aquilo tomou conta de mim naquele dia, e eu não queria nada mais além de mostrar a você a intensidade disso. Desde então você tem sido um dor constante para mim, para o meu coração. Eu não esperava dizer isso para você em uma carta, mas considerando como tudo começou, isso parece até apropriado. Além disso, eu queria que você soubesse, e essa era a única forma. Eu te amo, Draco. Com todas as minhas forças, eu te amo.
Tudo o que eu peço é que você volte a salvo para mim. Eu sinto a sua falta, Draco, muito.
Feliz Dia dos Namorados.
Com Amor,
Sua Weasleyzinha
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Passaram-se seis longos, insuportáveis meses desde que Gina recebera a última carta de Draco. Aquilo despedaçava o seu coração e por duas semanas ela vagou num estado de zumbi. Ela apenas saía para a sua residência no St. Mungos e para suas aulas. O restante do tempo ela passava debaixo dos seus cobertores, se escondendo do mundo. No fim das contas, foi a gravidez de Hermione que a fez retornar ao mundo dos vivos. Hermione havia pedido para acompanhá-la no parto, caso Harry não voltasse a tempo. Gina concordou imediatamente e explodiu em lágrimas mais uma vez. Foi a última vez que ela chorou, já não restavam mais lágrimas.
A formatura chegou e passou. Hermione e o Sr. e a Sra.Weasley foram os únicos membros da família que puderam comparecer. Todos os seus irmãos estavam envolvidos nas batalhas que, a esta altura, ocorriam constantemente. Ela imediatamente começou a trabalhar em período integral no St. Mungos e continuou a trabalhar com o medi-bruxo Krantz. Ela também começou a estudar com a medi-bruxa de Hermione e decidiu que, quando a guerra acabasse, trazer bebês ao mundo seria o que ela faria em tempo integral. Ela já havia visto muita morte e destruição, algumas azarações tão devastadoras que os bruxos imploravam para que as suas vidas lhes fossem tiradas. Ela encontrou conforto trazendo gente nova e intacta ao mundo. Pessoinhas que ajudariam a reconstruir tudo o que havia sido derrubado, tudo o que havia sido destruído.
Os pais de Gina imploraram para que ela ficasse n’A Toca com eles depois da formatura, mas ela insistiu em ter seu próprio apartamento. Ela alugou uma pequena casa que ela dividia com Hermione. Na maioria das noites, no entanto, Hermione permanecia no castelo. Ela continuava a trabalhar fora de Hogwarts com Professor Dumbledore. Nos seis meses que se passaram desde a noite do casamento de Hermione, tudo o que ela recebeu foi um pequeno e rasgado pedaço de pergaminho com as palavras “meu amor” rabiscadas no centro. E isso acontecera há dois meses.
Hermione estava agora tão grande como uma casa e mais adorável do que Gina podia se lembrar. Gina havia pedido a Colin, que agora era fotojornalista d’O Profeta Diário, para documentar a gravidez de Hermione para Harry. Claro, ele vibrou com a oportunidade e aparecia semanalmente para fotografá-la e documentar as mudanças pelas quais ela passava. Gina ainda tentava persuadir Hermione a consentir que ele documentasse o parto quando a hora chegou. Ela estava a algumas semanas da data programada, mas com todo o estresse, não seria surpresa nenhuma se o bebê resolvesse antecipar a sua chegada.
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Gina estava finalizando o relatório do Sr. Boot, seu último paciente do dia, quando ela ouviu seu nome sendo chamado por uma voz familiar. “Srta. Weasley, chegou a hora. A Sra. Potter está tendo contrações na biblioteca. Você precisa vir rápido,” Professora McGonagall disse.
“É claro que ela está,” Gina disse com um sorriso ansioso, “encaixa muito bem a criança tentar fazer o seu debut na biblioteca, dentre tantos outros lugares. Ela já foi transferida para o quarto dela?” Ela perguntou enquanto elas desciam pelo corredor rapidamente.
“Professor Snape estava fazendo isso quando eu vim chamá-la. Ele deve estar chamando a medi-bruxa que atende Hermione enquanto falamos.”
“Você a deixou com o Professor Snape?” Gina disse boquiaberta, seu sorriso crescendo a cada passo que ela dava. “Ah, isso com certeza vai ficar na história desse bebê.”
“Sem dúvida,” replicou a Professora McGonagall, seus lábios mal contendo seu próprio divertimento.
Elas chegaram a Hogwarts e foram direto ao quarto que Hermione usava quando passava as noites no castelo. Snape não era portador de boas notícias quando elas chegaram. A medi-bruxa de Hermione estava fora atendendo outra paciente e os pais de Hermione não puderam ser contactados. Gina estava lá, ela faria o parto. Gina ainda sugeriu chamar uma outa pessoa, mas Hermione recusou, dizendo que confiava nela. Além disso, não seria o primeiro bebê que Gina traria ao mundo, seria o primeiro que ela traria sem supervisão. Aquilo era verdade, ela sempre fora a assistente no passado, mas ela sabia o que estava fazendo. Secretamente, Gina estava muito excitada por este ser o primeiro bebê que ela traria ao mundo sozinha. OK, talvez ela devesse dar a Hermione parte do crédito.
“Agora eu preciso de um de vocês para me ajudar com o parto em si e outro para segurar a mão dela e ser o seu instrutor. Qual cargo você prefere, Professor Snape? Parteiro ou Instrutor? Gina perguntou, com um brilho demoníaco nos olhos.
“Eu devo chamar a Poppy?” ele perguntou, parecendo completamente horrorizado diante do prospecto de ter que ajudar em qualquer coisa.
“Não, nós não vamos precisar dela. Ela tem que cuidar dos alunos é você é perfeitamente capaz de ajudar, senhor.”
“Bem, eu acho que eu vou instruir. O que eu tenho que fazer como um instrutor?” Ele desdenhou.
Gina o puxou em um canto e sussurrou, “Você tem que dizer a ela como ela está se saindo maravilhosamente bem, lembrá-la de respirar, dizer que ela é linda, deixar que ela aperte a sua mão. Basicamente o oposto de qualquer instinto que você tenha desenvolvido com relação à Hermione. E deverá fazer tudo isso com um sorriso.” Oh, isso seria muito engraçado, ela pensou.
Foram necessárias horas para que Hermione progredisse no trabalho de parto. Todos contavam histórias para distraí-la da dor, uma vez que ela recusou quaisquer feitiços para a aliviar as contrações. Eles falaram sobre Harry e sobre todos as vezes que ele aprontou quando era um estudante. Professor Snape adicionava sua própria versão de como as coisas aconteceram. Ele mencionava Draco de tempos em tempos, o que fez com que ganhasse olhares de simpatia de Hermione. Finalmente quando Hermione pensou que não poderia mais agüentar a dor, era chegada a hora.
“Ok, Hermione, é para isso que nós estivemos nos preparando. Você está pronta, querida?” Gina perguntou.
Hermione sorriu para a sua amiga enquanto uma lágrima escorria pela sua face e agarrou a mão do Professor Snape. “Sim, eu estou pronta, mas eu vou matar o Harry por ele não estar AQUI!” Ela gritou a última parte diante de uma contração particularmente dolorosa.
Justamente nesta hora a porta foi aberta e um Harry desgrenhado e sem fôlego disparou, “Eu tô aqui, eu tô aqui.”
“Graças a Merlim!” Professor Snape disse enquanto era empurrado para fora do caminho por Harry. Ele tirou o cabelo dela da testa e roçou seus lábios contra os dela antes de sussurrar, “Oi.”
A doce reunião foi interrompida por um grito de Hermione. Gina já estava posicionada, dizendo para Hermione empurrar e contar até dez. No meio das contrações, todos tentavam saber de Harry a história de como ele tinha chegado ali. Harry havia matado Voldemort naquela noite no meio da batalha mais sangrenta que ocorrera, Rony e Gui estavam no St. Mungos naquele momento recebendo tratamento nas feridas que receberam, mas Harry assegurou que todos ficariam bem. Enquanto estava no St. Mungos ele perguntou por Gina e foi então que ele ficou sabendo onde Hermione estava, e que ela já tinha dado início ao trabalho de parto.
“E o Draco, Harry ? Onde é que o Draco tá?” Gina perguntou antes de dizer para Hermione empurrar mais uma vez.
“Eu não sei, Gina. Ele foi conosco para a batalha, mas não consegui encontrá-lo antes de pegar uma chave de portal para o hospital com Rony e Gui,” ele disse com uma expressão triste.
Gina teve apenas um momento para pensar no significado daquilo antes que Hermione os trouxesse de volta à tarefa que tinham em mãos. “Isso tudo é muito comovente, mas podemos nos concentrar POR FAVOR? Eu estou tentando tirar uma pessoa de dentro de mim!”
Mais três bons empurrões e Hermione dava à luz uma linda e saudável garotinha, com uma cabeça repleta de cabelos negros e bagunçados. Gina limpou a bebê enquanto Harry e Hermione não conseguiam parar de trocar beijos doces e sussurros. Os Professores Snape e McGonagall deram os seus cumprimentos e deixaram a família feliz a sós.
Gina levou a bebê até os seus pais e deu um beijo em sua testinha antes de colocá-la no colo de Hermione.
“Ela é absolutamente perfeita. De longe o bebê mais lindo que já vi, e olha que eu já vi muitos.”
“Obrigado, Gina” Harry disse enquanto a puxava para um abraço, e então murmurou, “por tudo”.
“Não por isso, Harry. Acho que vou voltar ao St. Mungos agora e ver no que eu posso ajudar. Me parece que as coisas devem estar uma loucura por lá com o fim da guerra.”
“Gina, eu realmente acho que você deveria ir para casa. Durma um pouco. A equipe médica parecia ter tudo sob controle quando eu estive lá com Gui e Rony,” Harry disse.
“Eu só vou dar uma passadinha. Só pra ter certeza.”
“Gina, vá para casa. Você está exausta e não vai ser de serventia para ninguém nesse estado.”
Ela finalmente concordou, para que ele a deixasse em paz, e arrumou as suas coisas para ir embora. Ir para casa era a última coisa que ela queria, completamente só, deixada com nada além de seus pensamentos. Sua mente já estava a mil por hora com pensamentos de Draco estando ferido e sozinho, ou coisas até piores. Não importava o que ela tinha prometido a Harry, ela faria uma parada no hospital antes de ir para casa, era tudo o que ela podia fazer.
Ela abriu a porta para sair, mas parou e se virou para eles. “Eu quase esqueci, como vocês vão chamá-la?”
Harry e Hermione trocaram olhares e sorriram. “Estávamos discutindo isso agora e, se você não se importar, nós gostaríamos de chamá-la Virgina Rose Potter.”
Gina sorriu, “Não, absolutamente, eu não me importo.” Então ela saiu pela porta.
~*~
St. Mungos estava caótico quando ela chegou. Apressando-se pelo corredores, ela vasculhou cada quarto pelo qual ela passou, esperando encontrar Draco e pôr um fim no terror que era não saber. Ela receava que, se parasse de se mover, se ela deixasse de pensar nisso por mais de um instante, ela perderia toda a aparência de sanidade que ainda mantinha. Ela alcançou o pingente de floco de neve pendurado em seu pescoço, agarrando-o. Se pelo menos aquela droga ainda funcionasse. O feitiço tinha se esvaído dois meses após o Dia dos Namorados. A partir daquele momento ela nunca mais teve certeza do que tinha acontecido com Draco Malfoy. Ela nem mesmo podia verter uma lágrima, porque chorar seria admitir a derrota, e ela não desistiria de jeito algum. Nem naquela época e nem agora. O medi-bruxo Krantz estava na enfermaria amarrando uma carta na perna de um pássaro muito peculiar, que parecia ser uma arara vermelha. Ela correu ao seu encontro.
“Medi-bruxo Krantz, você poderia me dizer se um paciente chamado Draco Malfoy deu entrada hoje?” ela perguntou.
“Não, desculpe Srta. Weasley, mas eu chequei pessoalmente todas as pessoas que deram entrada hoje, e não havia nenhum Draco Malfoy. O último paciente que foi teleportado para cá chegou há uma hora. Seus irmãos, no entanto, então no quarto três, caso queira visitá-los. Seus pais estão lá também.”
Gina sentiu como se um balaço tivesse acertado seu estômago. “Bem, algum soldado perguntou por mim? Talvez um loiro? Um tipo magro e alto, jeitão sério?” ela perguntou.
A expressão de Krantz suavizou quando ele olhou para ela. “Desculpe, Gina, querida, mas eu não vi o seu soldado. Por que você não vai para casa e descansa um pouco? Você não vai trabalhar amanhã, então eu não quero ver você de volta aqui até depois de amanhã. Seu irmãos terão alta pela manhã então você pode visitá-los na casa dos seus pais.”
Gina não respondeu, ela apenas deu meia volta e deixou o hospital, segurando o pingente que estava pendurado em seu pescoço. Passaram-se horas até ela finalmente chegar em casa. Ela vagou pelas ruas ao redor do St. Mungos, num estado de total confusão, e não tinha certeza de como chegar em casa até que ela percebeu que já estava em frente a ela. Ladon foi quem a trouxe de volta para a realidade, quando esfregava seu corpo em torno de suas pernas, ronronando alto enquanto afiava as unhas na perna dela. O gato realmente tinha dupla personalidade, em um minuto era doce e meigo, e no outro a usava como um poste de afiar garras privado. Ele era independente, persistente e até agressivo às vezes, mas ele era dela e ela o amava apesar de seus defeitos, e por causa dos seus defeitos. Quando ela o viu na loja de animais mágicos, ela teve que comprá-lo. Ele a lembrava muito de uma outra pessoa.
“Oi baby,” ela sussurrou, enquando o pegava no colo e abria a porta de sua casa. “Isto é estranho, eu não me lembro de tê-lo deixado para fora nesta manhã.”
Ela o colocou no chão e acendeu o fogo antes de caminhar até a cozinha. Ela ia pegar o suco de abóbora, mas recuou. “Caralho, se tem um dia propício a um whisky de fogo, esse dia é hoje.” Ela dirigiu-se ao outro armário e o puxou de seu esconderijo, um presente de Fred e Jorge pela inauguração da nova casa. Eles haviam mandado a garrafa para ela pelo correio-coruja, de onde só Merlim sabe, e o rótulo sequer era escrito em inglês, mas ela não se importou. Ela serviu-se de uma dose e a virou de uma só vez, recuando como se aquilo a queimasse. Ela sentiu-se um imediatamente um pouco tonta e decidiu que o copo não era mais necessário. A garrafa bastaria. Virando a garrafa, ela andou pela sua sala e olhou ao seu redor. Ela estava só, completamente só. Hermione certamente iria querer viver com o seu marido, agora que ele estava se volta; ela tomou mais um gole. Ela ainda não tinha se deixado pensar em Draco, não, ela ainda não estava pronta; ela tomou outro gole. Seriam apenas ela e Ladon, ela poderia ser como aquela senhora amante dos gatos, amiga de Harry, Sra. Figg. Mais um gole. Ela olhou ao seu redor e viu a caixa em que ela mantinha guardadas todas as cartas de Draco. Foi a gota d’água, o choque desapareceu naquele momento e ela não pôde agüentar mais. Num ataque de histeria, ela gritou e arremessou a garrafa pelo quarto, e ela se espatifou na parede. Ela queria bater em alguma coisa, qualquer coisa, qualquer um, mas não havia ninguém para atingir. Ela chutou a cadeira para a porta e procurou ao seu redor alguma outra coisa para chutar. Ladon aparentemente não quis tentar a sorte e subiu para o andar de cima; depois de puxar a corrente de seu pescoço e atirá-la pelo quarto, ela desmoronou em soluços de cortar o coração e caiu no chão.
Ela não ouviu, no meio do seu choro, o clique na porta, e nem ouviu o barulho de passos no assoalho, indo ao encontro dela, mas ela sentiu os braços. Aqueles braços fortes com os quais ela sonhava envolveram-na e levantaram-na do chão.
~*~
Ela devia estar tendo alucinações, devia ser efeito do whisky de fogo. A não ser que... não, seria demais esperar por isso. “Draco,” ela mal conseguiu sussurrar o nome dele, “é você mesmo?”
Ele encostou sua testa na dela e sorriu. “Sou eu, embora eu ache que a melhor pergunta é, mulher, onde é que você esteve? Eu procurei por você em todo lugar! Harry não disse pra você vir para casa?”
Gina afastou-se um pouco e disse, “Como você sabe que Harry disse para eu vir para casa, Draco?”
Ele detectou uma nota de ira na voz dela e hesitou, considerando qual resposta que ele poderia dar causaria menos problemas. Ele decidiu que não havia uma, então ele disse a verdade. Ele e Harry chegaram ao St. Mungos juntos, com os dois irmãos dela a tiracolo. Uma vez que eles descobriram o que estava acontecendo com Hermione, Harry partiu para Hogwarts e Draco partiu para a casa de Gina, então ele poderia fazer uma surpresa quando ela chegasse. Harry avisou Draco, via rede de flu, que Gina estava indo para casa. Depois de esperar por mais de uma hora ele começou a ficar preocupado e voltou ao St. Mungos, achando que talvez ela tivesse ido para lá para procurá-lo. Ela falou com Krantz, que já estava envolvido no “plano” e ele disse que Gina havia passado lá, mas que ele a havia liberado e que ela deveria estar indo para casa. Draco voltou para o apartamento dela, esperou novamente, ficou ainda mais preocupado e decidiu começar a vasculhar as ruas a pé, procurando por ela. Depois de uma busca infrutífera, ele resolveu voltar ao apartamento, então poderia contactar Harry via flu e avisá-lo que Gina estava desaparecida. Ele estava a poucos metros da casa dela quando ele ouviu o barulho vindo de dentro. Ele correu para a porta e foi então que a encontrou, deitada no chão.
“Desculpa, Gina. Eu queria fazer uma surpresa e eu achei que mesmo que você fosse voltar para o St. Mungos você pelo menos faria uma parada na sua casa primeiro. Você já foi ao andar de cima?”
“Não,” ela balançou a cabeça, “por quê?” Sua voz havia se suavizado. Não havia como ela ficar brava com ele. Não depois de esperar tanto tempo para vê-lo e de se sentir tão bem nos braços dele. Ela não queria dizer nada que o fizesse ir embora.
“Vamos lá.” Ele acenou para o andar de cima e a soltou, apenas para pegar a mão dela e conduzi-la. Eles estavam quase abrindo a porta do quarto dela quando Draco disse, “Eu assumi que este era o seu quarto, e não aquele com o berço.”
“Não, eu não preciso de um berço no meu quarto,” pelo menos por enquanto, ela adicionou mentalmente.
Draco empurrou a porta e Gina encontrou uma visão surpreendente. O teto havia sido enfeitiçado como o céu da noite, estrelas luminosas cintilando sobre eles. Velas haviam sido colocadas em cada lugar disponível. A maioria já havia sido queimada pelo menos até a metade, o que as fez parecer mais bonitas, com a cera escorrendo pelas laterais. Eles estavam parados na porta e Gina olhou para ele. “É lindo.”
“Sim, é mesmo,” ele disse encarando-a intensamente antes de inclinar-se para beijá-la pela primeira vez em meses. Era um beijo tão suave e termo que ela poderia ter chorado. Os dedos dela automaticamente acariciaram os cabelos dele, enquanto os braços dele enlaçavam sua cintura, puxando-a mais para perto. Aquilo era tudo o que ela se lembrava e tudo o que ela sabia que sentia falta, mas não era o suficiente. Um senso de urgência e desejo incontroláveis tomou conta dela enquanto ela aprofundava o beijo.
Sua língua procurava pela dele, lembrando de todas as coisas surpreendentes sobre a boca de Draco. Ela precisava senti-lo, precisava saber que ele estava bem e com ela, que aquilo não era apenas outro sonho cruel, onde ela acordaria sentindo-se mais sozinha do que nunca. Deslizando suas mãos pelas costas dele, ela soltou a sua camiseta e o despiu dela, um suave suspiro escapando de seus lábios quando ela pôde deslizar seus dedos pelas costas nuas dele.
Draco estava tendo problemas em tirar seus lábios do corpo dela. Não havia uma polegada dela que ele quisesse deixar intocada pelos seus lábios. Num sacrifício momentâneo, ele afastou-se para ajudá-la a tirar a camiseta, e então sua boca voltou ao pescoço dela, sugando e banhando-a com a língua até chegar aos seus seios. Ela sentiu a pedra gelada do seu colar pendurada no pescoço dele, quando ele pressionava seu corpo contra o dela.
[Nã, nã, nã, se você não é maior de idade, ou se você não gosta de NC-17, não leia o texto abaixo... Caso contrário, go ahead!!! (N.T.)]
Ela usava um sutiã de algodão branco com o fecho frontal, e naquele momento aquela era a peça de vestuário mais sexy que ele já havia visto, mas ela teria que ir embora. Agradecendo silenciosamente aos deuses pelos fechos frontais, ele tirou o fino material do corpo dela e jogou-o ao chão. Ele não perdeu tempo e tomou um de seus seios em sua boca, roçando seus dentes no mamilo dela e arrancando um gemido. Draco ajoelhou-se para passear com sua língua pelo estômago dela, e quando suas mão passaram pela abertura da calça dela, ele a olhou, seus olhos num silencioso pedido de consentimento.
“Não ouse começar a pedir permissão agora. Faça o que quiser, eu sou sua,” ela disse com uma voz quente.
Quem era ela para desobedecer? O que a bruxa quer, ela consegue. Ele a libertou de suas calças, sapatos e meias e então suas mãos percorreram suas pernas, parando atrás dos joelhos. Agora ela estava apenas com uma calcinha de algodão branca, os cabelos bagunçados que as mãos dele tinham despenteado antes, com um olhar de puro amor e desejo nos olhos quando ela o encarava. As mãos dele agarraram o fino material da calcinha dela em um lado, mas ele ainda olhava para ela intensamente. “Eu te amo, Gina,” ele disse, sem fôlego, “e eu quero lhe mostrar o quanto” Então ele rasgou o frágil material.
Gina estava achando difícil se concentrar em qualquer outra coisa depois disso. A próxima coisa que ela percebeu é que ele a tinha em seu braços e a levava para a cama. Ele a deitou sutilmente do meio da cama antes de se afastar e se livrar do resto de suas próprias roupas, nunca tirando os olhos dela. Ela ruborizou sob a atenção e o detalhismo visíveis no olhar dele quando aqueles olhos sondavam todo o seu corpo, mas, pela impressão que ela teve do ‘corpo’ dele, aparentemente ele gostava do que via.
Ele reclinou-se na cama, metade de seu corpo apoiado sobre ela enquanto a sua mão deslizava por todo o corpo de Gina, fazendo-a estremecer. “Eu senti tanto a sua falta. Houve tempos em que apenas o pensamento em você me fazia prosseguir” ele sussurrou no ouvido dela enquanto suas mãos passeavam nos seios de Gina e os seus dedos pressionavam o mamilo dela delicadamente. Ele continuou a tortura com palavras gentis sussurradas e dedos provocantes, dedos estes que começavam a caminhar para baixo, passando suas costelas, deslizando sobre o umbigo e parando no meio das coxas dela. Ele não tirou os olhos dos dela, e deslizou um dedo para dentro da sua intimidade quente e úmida, e então o outro, girando-os lentamente, cada vez mais profundamente dentro dela.
Gina inclinou sua cabeça para trás, soltando um gemido de contentamento, e fechou seus olhos. Ela deliciava-se com cada movimento, cada dor particularmente prazeirosa que o toque dele desencadeava em seu corpo. Ela então começou a sentir uma contração em seu estômago, e a necessidade de algo que ela não saberia nomear. Seus quadris começaram a dançar no ritmo das mãos dele, tentando encontrar aquele alívio pelo qual o corpo dela implorava.
Ele continuou a provocá-la com palavras apenas para excitá-la. Ele tomou o seio dela em sua boca novamente, mordendo-o de modo particularmente rude, fazendo com que ela chamasse pelo seu nome. “Eu adoro o jeito com que você chama pelo meu nome.” Ele percorreu sua mão livre pela cintura dela, e disse “Eu adoro sentir você, sua pele macia sob as minhas mãos grossas.” Ela podia sentir a respiração quente pairando sobre ela, e olhou para baixo para vê-lo contemplando-a, hipnotizado, enquanto os dedos dele moviam-se no ritmo do seu próprio corpo. Ele mergulhou sua cabeça e sugou-a delicadamente em sua área mais íntima e sensível, e ele instantaneamente sentiu-a contraindo-se em suas mãos, derramando palavras incoerentes de sua boca enquanto o corpo dela estremecia. As mãos dela enterraram-se nos cabelos dele, segurando-o num determinado lugar enquanto ela mergulhava onda após onda, até que ela não pôde mais aguentar. Os dedos dele substituíram sua boca, e ele continuou a acariciá-la delicadamente.
"Gina, abra seus olhos," comandou. O corpo dela ainda tremia pelos seus ‘esforços’ anteriores, mas os olhos dela se abriram. Ele estava sobre ela, seu rosto a centímetros do dela. Ela pôs sua língua para fora e lambeu os lábios dele, sentindo o seu próprio gosto nele. Draco devorou a sua boca, e aquilo somente aumentava a necessidade que tinham um do outro, ele não poderia esperar por muito mais tempo. "Você tem um gosto tão bom, Gina."
A mão dela desceu entre eles, e ela agarrou seu membro duro, massangeando-o antes de guiá-lo para dentro dela. "Por favor, Draco. Eu preciso de você dentro de mim."
Num movimento rápido e preciso, ele já estava dentro dela, um sussurro escapou de seus lábios enquanto ele suavizava seus movimentos e permitia ao dois a completa percepção de que estavam juntos. Gina tomou o rosto dele em suas mãos e sussurrou o que o coração dela estava explodindo para dizer. “Eu te amo tanto. Não me deixe novamente.”
Ele sorriu e pressionou seus lábios contra os dela. “Nunca,” ele disse, antes de penetrá-la lentamente. As mãos dela começaram a passear sobre o peito e as costas dele e ela entrou naquele ritmo lento e doloroso. Seus movimentos eram controlados e precisos, cada um deles fazendo com que Gina gemesse. Ela tentou acelerar o ritmo, tomar um pouco de controle da situação, mas ele não cedia.
“Mais rápido, Draco,” ela implorou. Ele inclinou-se para ela e capturou seus lábios num beijo rude, enquanto a penetrava, acelerando seus movimentos e prontamente sincronizando-os com os dela. Ela cravou os dentes das costas dele para tentar parar de gemer, enquanto ele entrava e saía furiosamente do corpo dela. Ela não se importava se ficaria machucada com aquela força que trazia tamanho prazer, ou se ele deixaria arranhões no seu corpo com as mãos que agarravam a pele dela. Ela queria lembranças, a força que era Draco era bem vinda.
Ele podia sentir o corpo dela começar a se contrair e relaxar ao redor do dele enquanto ele chegava ao seu ápice, não havia como adiar mais. Não depois de estarem separados por tanto tempo, ela sendo tão deliciosa. Seu precioso controle fora perdido, enquanto bombeava espasmodicamente seus quadris dentro dela, derramando-se com um rosnado de profunda satisfação. Ele mordeu o pescoço dela e amenizou a mordida com sua língua, antes de desabar sobre ela, ela recebendo a sua marca, recebendo o seu peso, envolvendo-o com seus braços firmemente, de modo que ele não poderia se afastar. Em algum momento da noite, depois da última vela ter se queimado por completo e depois das doces palavras sussurradas se esgotarem, ambos adormeceram, envolvidos seguramente no abraço um do outro.
~*~
[Fim do NC-17 (N.T.)]
Gina acordou bem tarde na manhã seguinte. Raios de sol passavam pelas janelas, atingindo o pé da cama onde Ladon estava enrolado como uma bolinha. Gina espreguiçou-se com um sorriso no rosto, e então lembrou-se porque ela tinha acordado tão feliz. Ela virou-se para falar com o homem responsável por tamanha disposição, mas ela encontrou um espaço vazio. Nada de Draco, apenas um pergaminho dobrado com o nome dela escrito. Hesitante, ela abriu a nota e leu o seu conteúdo. Um sorriso agraciou os seus lábios.
Siga as flores
Ela espreitou-se pelo outro lado da cama, e havia um caminho de pétalas de flores que seguia em direção à porta. Rapidamente, ela foi pegar o seu robe, mas notou que a camiseta de Draco estava sobre a cadeira. Um Draco sem camisa vagando pela casa: este jogo estava ficando mais interessante. Ao invés de pegar o robe, ela vestiu a camiseta, sentindo o cheiro dele antes de seguir o caminho florido. As flores acabavam na cozinha e um outro bilhete fora deixado no balcão.
Acabei de lembrar que eu não sei cozinhar. Fui buscar reforços. Que tal acender a lareira?
Ela arrastou os pés até o living, em direção à lareira. Havia uma outra nota pregada na grade. Ela continha duas palavras.
A Mansão
Ela realmente não queria ir à Mansão Malfoy via flu, mas então seus pensamentos foram levados direto para um loiro sem camisa, e então ela se convenceu. Ela entrou na lareira e gritou, “Mansão Malfoy,” e teve que conter as risadinhas enquanto as chamas batiam em seu corpo fazendo cócegas durante o transporte pela rede de flu. Ela aterrissou com uma batida e tropeçou desengonçadamente quando saia da lareira, entrando na biblioteca. Ela examinou o vasto número de livros que a cercava antes de notar um outro trajeto feito de pétalas de flores. Decidindo que ela já estava cheia daquele jogo, ela gritou "Droga, Draco. Onde você está?". O silêncio era sua resposta. Resignada ao fato de ter que continuar o jogo dele, seguiu o trajeto para fora da biblioteca e subiu as escadas. “É melhor que tenha alguma comida no fim desta trilha,” ela pensou irritadamente. Ela virou uma esquina e encontrou, contudo, uma outra nota, que levitava em frente a ela. Ela pegou-a do ar e leu a única palavra que ela continha.
Seja
‘Seja o quê? Seja gentil com o meu pobre traseiro pelos joguinhos que eu faço?’ ela pensou enquanto continuava seguindo as flores. Ela virou a esquina e, surpresa, havia uma outra nota flutuando no meio do caminho.
Minha
Aquilo chamou a atenção dela. Seja minha o quê? Ele perdeu o Dia dos Namorados, então talvez esse fosse o jeito dele compensar. Ela continuou o caminho com um pouco mais de entusiasmo, sua curiosidade fazendo aflorar o melhor de si, e então ela percebeu que as flores desapareciam atrás de uma porta. Lentamente, ela empurrou a porta e foi encontrada por quem ela buscava. Draco estava ajoelhado do outro lado da porta, com um anel na sua mão. Havia um outro pedaço de pergaminho flutuando da cabeça de Gina com a palavra Esposa escrita nele.
Ela não pôde parar as lágrimas ou o sorriso quando olhou para ele. Ele estava ajoelhado à sua frente, de calça, sem meias, o peito nu, exceto pelo cordão de couro e pedra pendurado no pescoço, mas ainda assim parecendo mais Malfoy do que nunca.
“Então?” ele perguntou.
“Você está me pedindo ou me dizendo?” ela perguntou, afastando uma lágrima errante e pensando nas palavras que ele escolheu, ‘Seja minha esposa.’
Draco levantou-se para encará-la e tomou o seu rosto em suas mãos. “Tanto faz, desde que você diga ‘sim’.”
“Sim, Draco, claro que eu me caso com você.”
Ele deslizou o anel de diamantes no dedo de Gina e a puxou para um longo beijo, de tirar o fôlego. Passou os dedos pelos seus cabelos ainda embaraçados pela noite, até que eles encontraram um grande nó. Gina se afastou dele e sorriu. “Por que você teve que armar tudo isso para me pedir em casamento? Eu tenho cinzas no meu rosto, meu cabelo definitivamente já teve dias melhores, eu estou semi nua e ...”
“Você nunca esteve tão bonita,” Draco finalizou.
~fin
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N/T: Pessoal, obrigada pelas reviews e pelo incentivo e, por Merlin, MIL DESCULPAS PELA DEMORA. Estava num período difícil aqui no escritório, e não tinha tempo para terminar a tradução.
A fic não foi betada, então perdoem meus erros...
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