Capítulo 2

Capítulo 2

 Em um fim de tarde chuvoso, poucas pessoas pensam em sair do refúgio de suas salas comunais para admirar a tempestade que encharcava os terrenos do colégio.

Harry James Potter estava nesse grupo seleto de pessoas que gostavam de admirar a natureza. Aproveitando o fato de que suas aulas naquele dia haviam chegado ao fim, o rapaz foi para a Torre de Astronomia a fim de ficar a sós com seus pensamentos. Ali, sem ninguém fazendo perguntas sobre sua vida e seu passado, era quase fácil esquecer toda a loucura que aquilo significava.

Estava há tanto tempo “fora” de casa... Como será que seus amigos reagiram a sua ausência? Será que estavam desesperados ou o retrato de Dumbledore havia alertado Minerva sobre o que fizera, e ela resolvera tudo? Bom, isso ele só iria descobrir quando voltasse. Por hora, Harry tinha mesmo que se preocupar com esconder os conhecimentos que possuía a respeito dos novos amigos ou a coisa iria realmente ficar feia. Precisava ser mais cauteloso se quisesse evitar que todos desconfiassem de sua presença, ou pior, evitar que qualquer ação sua interferisse no passado e condenasse alguém que amava. Não se perdoaria se qualquer um de seus amigos ou Gina se ferissem por sua culpa.

- Gina... – Harry suspirou, sentindo um vazio esquisito dentro de si. Era a primeira vez, depois da Guerra, que ele ficava longe da namorada – Sinto sua falta.

- Pelo suspiro prolongado, ela deve ser uma garota muito especial. – Marlene comentou e riu ao ver Harry se sobressaltar com o susto – Oh, me desculpe, não queria te assustar!

Harry respirou fundo, tentando acalmar as batidas aceleradas de seu coração, e então abriu um sorriso.

- Tudo bem! – ele disse – E sim, ela é uma garota muito especial! – sorriu. Especial era pouco para definir a menina que entrou na sua vida como simples irmã de seu melhor amigo, e se tornou o centro de seu mundo. – Ela é minha namorada.

Marlene abriu um sorriso e caminhou até ficar ao lado do menino. Diferente de Harry, ela não gostava muito da chuva, mas gostava de ficar sozinha com seus pensamentos, por isso sempre recorria a Torre de Astronomia quando queria colocar a cabeça em ordem.

- Foi o que eu pensei. – Marlene disse.

Harry balançou a cabeça e houve um momento de silêncio. Os dois não tinham nada de importante para falar e não procuravam preencher o silêncio com assuntos banais.

A chuva forte fazia pequenas ondas no Lago Negro, e, se eles observassem bem, podiam ver desenhos involuntários se formarem no local; os galhos das árvores balançavam forte por causa do vento, que fazia um barulho estranho. Era como se ele cantasse uma melodia estranha, que só a natureza fosse capaz de entender.

- E então, - Marlene quebrou o assunto – por que está aqui?

- Aqui é um bom lugar para pensar... e eu também gosto da chuva. – Harry respondeu simplesmente – E você? O que faz aqui?

- Aqui sempre foi meu lugar favorito do Castelo. Todas as vezes que preciso colocar meus pensamentos em ordem corro para cá. – ela respondeu – Mas, diferente de você, não gosto da chuva. Argh, se não fosse a Lily me lembrar do feitiço de impermeabilidade, toda essa água teria estragado o meu cabelo.

Harry riu e balançou a cabeça. Meninas, ele pensou, sempre preocupadas com a aparência.

- Vai ao passeio em Hogsmeade amanhã? 

- Aham, com o Amos. – ela respondeu com uma careta.

Harry riu.

- Não me parece muito animada por sair com o Diggory.

Marlene deu de ombros.

- Não é isso... É que...

- É que...?

Marlene se virou para encarar Harry, com uma expressão estranha.

- Promete que não vai contar isso para ninguém, Rony? – Marlene pediu séria.

- Tem a minha palavra! – Harry garantiu – O que houve?

- Bom, as meninas me acham um pouco namoradeira sabe? – Marlene começou – Quer dizer, não é como se elas estivessem erradas ou coisa do tipo, já que em menos de três meses saí com cinco garotos e... Ei, não me olhe assim, eu não saí beijando um garoto em cima do outro ok?! – ela se defendeu ao ver o olhar de espanto do amigo.

“Bom, como eu dizia, as meninas me acham meio atiradinha, mas a verdade é que eu não sou assim. Quero dizer, tudo bem que nesses últimos meses eu tenho me comportado de maneira duvidosa, Rony, mas estou meio desesperada...”

A voz de Marlene estava meio esganiçada enquanto colocava para fora aquilo que parecia estar lhe sufocando.

“Eu nem posso falar isso com as meninas, porque elas provavelmente vão rir de mim e a Alice com certeza vai dizer ‘eu te avise, Lene’, e...”

- Desculpe, Lene, mas estou perdido. Nós estamos falando do Amos ou dos seu cinco encontros anteriores? – Harry interrompeu, visivelmente confuso.

- Você já vai entender. – ela garantiu – Antes... Bom, antes de um acontecimento praticamente catastrófico, minha vida era ótima. Eu tinha um namorado e tudo estava perfeito. Mas ano passado as coisas começaram a afundar, ele se formou e nós terminamos... O problema é que depois dele, eu pensava que tudo ia realmente bem. Comecei a sair com Edgar Bones e tudo estava legal até...

- Até?

- Até o cachorro do Black me agarrar em um corredor e me beijar a força! – Marlene disse entre os dentes. Só de se lembrar daquele acontecimento, sentia vontade de arrancar a cabeça de Sirius com as próprias mãos.

Harry piscou algumas vezes, mais confuso do que antes, e encarou Marlene com as sobrancelhas erguidas.

- Por que o fato do Sirius te beijar fez com que tudo fosse por água abaixo?

- Primeiro porque o Edgar viu e começou a dizer que eu tinha um caso com o Black. Como se eu pudesse mesmo ter alguma coisa com ele – ela revirou os olhos – E, segundo, por que... Ai, Rony, depois que o Black fez isso, eu não consigo ter nenhum relacionamento decente. Tipo, por algum motivo sobrenatural, sempre acabo arrumando algum defeito nos caras, é horrível! Me enlouquece a forma como eles me olham, falam comigo, me beijam, e...

Foi nesse exato momento que Harry não conseguiu mais se segurar e acabou caindo na risada.

- Foi mal, Lene, mas é que... – ele não conseguiu formular uma frase que fizesse sentido em meio a tantas gargalhadas.

- Quer parar de rir, por favor? – Marlene pediu irritada.

- Desculpe, Lene, é só que não é possível que você não enxergue o que está havendo! – Harry disse assim que se recuperou – Quero dizer, é tão óbvio!

- O que é óbvio, Rony?

- Você está apaixonada pelo Almofadinhas. – Harry deu de ombros, como se aquela resposta fosse simples e capaz de deixar Marlene mais tranquila.

- EU O QUE? – a voz da jovem ecoou pelo local – Pelo amor de Merlin, Rony, você só pode estar brincando! Em que Universo você vive? Só pode ser em um paralelo, onde a realidade alternativa altera sua visão das coisas. Eu não sou apaixonada pelo Black e jamais serei.

Harry cruzou os braços em frente ao corpo e ergueu as sobrancelhas, como se estivesse desafiando a jovem a prosseguir com aquela mentira que nem ela mesma acreditava. Tudo bem que ela não podia estar cem por cento apaixonada por seu padrinho, mas era óbvio que sentia alguma coisa por ele. Alguma coisa bem forte.

 - Você pode mentir o quanto quiser para as meninas e até mesmo para os caras, Lene, mas não vai mentir para mim. – Harry falou – Podemos não nos conhecer a tanto tempo, mas eu sou observador, e, acredite minha amiga, já reparei muito bem a forma como olha para o Sirius. Principalmente quando pensa que não tem ninguém olhando.

Marlene sentiu suas bochechas corarem furiosamente e desviou o olhar do rosto de Harry. Isso fez com que ele sentisse um leve peso na consciência.

- Desculpe por falar assim, mas eu só não entendo o motivo que leva você a negar sempre os pedidos dele para ir à Hogsmeade... Principalmente quando está mais do que claro que o Sirius também está apaixonado por você.

- Eu não quero ser mais um número na lista do Black, entende? – Marlene confessou em voz baixa.

“Se você é tão observador quanto diz, já percebeu que Sirius Black é o objeto de desejo de nove entre dez garotas dessa escola. Ele sai com todas, as larga, e depois pega de volta quando bem entende. E eu sei que ele vai fazer isso comigo também, porque não há nada que me torne diferente delas.”

Harry se sentiu triste por Marlene, naquele momento. De fato, seu padrinho fazia jus a sua forma animaga de cachorro, e ouvindo a explicação da amiga, pode entender perfeitamente o motivo que ela não se entregava totalmente ao que sentia. Tinha medo de se magoar, o que não era de se espantar, já que todas as meninas que saíam com Black terminavam chorando em algum canto da escola.

- Você está errada! Se ele insiste tanto nisso é porque enxergou em você, algo que não consegue ver nas outras. – Harry disse – E eu não quero defender ele só porque é meu amigo, mas... Lene, ele também olha de um jeito pateticamente romântico quando pensa que ninguém está olhando.

- Você está dizendo isso só para que eu desista de sair com o Amos e aceite sair com o seu amiguinho.

- Não, é claro que não. Por mim você pode sair com o Amos sim, tanto faz. Eu só não quero que você pense que vai sentir algo diferente com ele, porque vai se decepcionar. No final, o jeito que ele fala, age ou beija vai te irritar da mesma forma que os outros te irritaram, e sua busca só vai ter sucesso quando você deixar de gostar do Sirius, é isso.

Marlene encarou Harry por um longo tempo, séria. Seu cenho estava franzido e ela parecia estar louca de vontade de dar uma boa resposta para ele, mas se conteve. O rapaz só estava tentando ajudá-la e seria errado de sua parte mandá-lo ir catar bosta de hipogrifo na chuva.

- Talvez você tenha razão. – ela disse finalmente – E, só para que saiba, não vai rolar nada entre o Amos e eu.

- Como você tem tanta certeza?

- Porque ele é apaixonado pela Dorcas, duh! – Marlene respondeu como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Eu achei que ele gostasse da Emme. – Harry disse, visivelmente perdido naquela confusão de sentimentos.

Marlene deu uma risada alta.

- Não, vamos lá, tente me acompanhar – Marlene disse – O Amos gosta da Dorcas, que gosta do Remus, que gosta da Emmeline, que não sabe de quem gosta.

“Eu sei que eu não gosto do Amos e não sei de quem diabos a Emme gosta. O que torna toda essa confusão um retângulo amoroso mais um, seja lá o que for isso.”¹

Harry balançou a cabeça, tentando absorver aquela informação confusa, mas desistiu. Exceto Hermione e Gina, ele jamais conseguiria acompanhar o raciocínio feminino.

- Hmmm... Ok, eu acho que entendi – Harry mentiu.

Marlene abriu um sorriso.

- Você é um bom amigo, Rony. – ela disse, indo embora. Finalmente a chuva estava mais fraca – Obrigada por me ouvir!

- De nada, sempre que precisar é só chamar.

- Certo! – Marlene sorriu mais uma vez – E sabe de uma coisa? Essa menina, a Gina, tem muita sorte de ter um cara como você!

Marlene finalmente deu as costas e foi embora, deixando para trás um Harry ruborizado.

 

 

 

~*~

 

 

Lily estava sentada um pouco afastada dos demais alunos, lendo um livro qualquer a fim de se distrair. Ao seu lado, Emmeline folheava uma revista que encontrara nas coisas da amiga, enquanto tentava entender os “absurdos” que os trouxas falavam e usavam em seu dia a dia.

- Eu nunca vou entender a finalidade disso aqui – Emmeline apontou para a figura de uma geladeira – Esse negócio é grande, feio e ocupa um espaço desnecessário na cozinha.

Lily riu e balançou a cabeça.

- Sabe, minha amiga, nem todo mundo tem uma varinha mágica em casa. Para gelar as coisas, precisam desse “negócio grande e feio”, que por sinal se chama geladeira.

Emmeline fez uma careta e jogou a revista de lado. Não era como se ela fosse concordar que aquele eletrodoméstico era realmente necessário. Seus olhos azuis varreram todo o Salão Comunal, e de repente ela se viu presa ao olhar dele.

Remus Lupin estava sentado um pouco distante de onde as amigas se encontravam, e até aquele exato momento tentava ajudar os amigos dando algumas idéias para sabotar os sonserinos. Não que ele fosse totalmente a favor de sacanear os colegas de escola, mas não podia negar que era bem engraçado ver a cara daquela gente metida se dando mal.

Seus pensamentos estavam totalmente voltados para aquela conversa de meninos, quando ergueu seu olhar e se deparou com Emmeline Vance, olhando em sua direção. Quis desviar os olhos dos dela, mas foi impossível. Algo nela o atraía de forma quase magnética, e ele não tinha forças para lutar contra aquilo.

- Vai um babador aí, Aluado? – Sirius brincou, tirando o amigo do transe – Merlin, me digam que eu não faço essa cara de idiota quando encaro a Marlene – ele arregalou os olhos em falso espanto.

- Eu não estou babando pela Vance, só para constar. – Remus ficou totalmente sem graça – Quero dizer, mesmo se estivesse, seria loucura minha tentar algo, sabendo que eu...

- Sabendo que você é um cara legal e absolutamente normal. – James completou a frase.

Remus estreitou os olhos, de repente irritado com aquela declaração.

- Ah, claro, porque se transformar em lobo na lua cheia é algo absolutamente comum – Remus disse em voz baixa – Eu sou um monstro!

Sirius revirou os olhos e se colocou de pé, cansado daquela auto-piedade.

- Sabe o que eu acho? – ele começou a dizer, sério – Acho que você fica inventando desculpas só porque tem medo de ser rejeitado. A Vance é linda e a beleza loira dela intimida você, admita. Seu problema peludo não tem nada a ver com isso. Você deveria deixar de ser frouxo, levantar essa bunda peluda daí e ir até ela convidá-la para ir a Hogsmeade de uma vez.

- Meu problema peludo tem tudo a ver com isso. Eu sou uma completa aberração  – Remus disse e James lhe deu um tapa na cabeça – Ouch, não me condene por dizer a verdade. Eu só... Ei, Sirius, o que você vai fazer?

- Aquilo que você parece ser bundão demais para fazer. – Sirius disse em voz alta e caminhou até onde Emmeline e Lily estavam sentadas.

Lily fez uma careta no mesmo instante que ele se aproximou, enquanto Emmeline franziu o cenho, curiosa por aquela aproximação.

- O que você quer, Black? – Lily perguntou a contragosto.

Sirius riu.

- Não se preocupe, ruiva, o papo hoje não é com você. – ele piscou para a menina e encarou Emmeline – Certo, vou ser bem direto. O Remus é um bunda-mole, e você deveria... AI! – gritou ao sentir um livro bater em sua cabeça.

- Eu não vou dizer quem é bunda mole, em respeito a sua...

- Ah, não, se você quiser pode falar da minha amada mãe. Não estou nem aí! – ele deu de ombros, e se afastou de Remus, a fim de deixá-lo mais a vontade.

- Ok, eu tenho que ir... Ah, eu não vou mentir. Conversem enquanto eu vou sentar em outro canto do salão, adeus!

Emmeline riu da amiga, e apontou o lugar vago ao seu lado para que Remus se sentasse. Sentiu seu rosto corar levemente, mas ignorou isso, torcendo para que ele fizesse o mesmo.

- Foi mal pelo Sirius, ele sofre de retardo. – Remus disse, tentando ser engraçado.

Emmeline riu alto, e encarou o rapaz ao seu lado.

- Sempre desconfiei disso, mas achei que seria feio da minha parte perguntar. – Emmeline entrou na brincadeira – E então, o que o Sirius ia me dizer?

Remus levou a mão direita até sua nuca e coçou, levemente sem graça por aquela situação. Fez uma nota mental de descontar esse momento constrangedor em Sirius, quando estivessem em suas formas animagas.

- O imbecil do meu amigo ia falar para você me convidar para sair, porque, segundo ele, sou meio devagar com isso.

- E é mesmo! – Emmeline concordou, fazendo com que Remus corasse furiosamente – Quero dizer, eu já estava me perguntando quando você ia finalmente parar só de me olhar e ia pedir para sair comigo.

Emmeline disse, e mal acreditou que aquelas palavras saíram de sua boca. Até o dia anterior, estava debatendo com Marlene sobre seus sentimentos confusos com relação ao Remus, mas aparentemente toda a confusão tinha desaparecido.

- Sirius e James estão certos quando me chamam de lerdo então.

- Sim! – Emmeline concordou com outra risada – Mas nós podemos fazê-los engolir essa acusação se você quiser.

- Ah é? – Remus perguntou com um sorriso – E como, posso saber?

- Simples, me convide para ir com você ao passeio amanhã.

Remus abriu um largo sorriso e encarou os olhos azuis da garota a sua frente. Tão profundos e tão sinceros, que ele podia se perder ali se quisesse.

- Quer ir comigo à Hogsmeade amanhã, Emmeline?

- Eu adoraria! – Emme sorriu.

- Ótimo! – Remus disse satisfeito – Nos falamos melhor depois, ok?!

- Ok!

 

 

 

~*~

 

 

 

Harry caminhava sozinho pelos corredores do castelo, sentindo-se imensamente grato por nada ter sido mudado ao longo dos anos. Seria bem constrangedor ter que pedir aos amigos um mapa que o guiasse pelo local. Tal pensamento fez o jovem dar uma risada. A ideia de ter um mapa que não o deixasse se perder era hilária, considerando que a essa altura Os Marotos já usavam e abusavam do “Mapa do Maroto”.

O rapaz se distraiu com seus próprios pensamentos e deixou que seus pés o guiassem pelo caminho já conhecido. Não percebeu que o corredor, antes vazio, agora contava com a presença insuportável de Bartolomeu Crouch Jr. e Amico Carrow. Dois comensais da morte bastante conhecidos por ele.

- Ora, ora, ora – Bartô começou a falar, despertando Harry de seus devaneios – Se não é o novato da Grifinória.

Amico deu uma risada estúpida de trasgo, fazendo com que Harry revirasse os olhos. Já havia enfrentado ele no futuro, vencê-lo agora seria fácil.

- Eu sei que a emoção em me ver é grande, e eu gostaria muito de parar e conversar, mas a verdade é que não quero parar e conversar. – a voz de Harry estava carregada de ironia.

- Pouco tempo com o grupinho ridículo da sua Casa te fez ficar corajoso, não Granger? – Bartô provocou.

- Corajoso eu sempre fui, caso contrário estaria na Sonserina e não na Grifinória – Harry rebateu.

- Escute aqui seu...

- Cale a boca, Carrow! – Bartô ordenou e deu dois passos até que ficasse frente a frente com Harry – Eu não gosto de você.

- Que bom! A recíproca é verdadeira. – Harry sorriu – Agora se me der...

Ele não conseguiu completar a frase, pois foi atingido em cheio por um soco vindo de Amico. Cambaleou para trás, mas conseguiu recuperar seu equilíbrio bem a tempo de revidar e então a briga explodiu.

- Eu sempre quis dar uma surra em um Grifinório. - Bartô disse, enquanto socava o rosto de Harry, aproveitando que Amico o segurava. – Você aparecer aqui sozinho foi ótimo para realização do meu sonho.

Harry cuspiu na cara de Bartô e chutou suas partes baixas, livrando-se logo em seguida de Amico. Não havia saído de uma guerra para terminar quebrado ali em Hogwarts, quando tecnicamente nem havia nascido.

Conseguiu dar mais alguns socos antes de ser novamente imobilizado. Por mais que tentasse, dois contra um era covardia, ainda mais se fosse levar em consideração o tamanho exagerado de Amico.

Já estava prevendo seu futuro na enfermaria com algumas costelas fraturadas, quando o que menos esperava aconteceu.

- VOCÊS ENLOUQUECERAM?

A voz estressada vinha de Severo Snape, parado a alguns metros da briga. Bartô e Amico pararam instantaneamente.

- Brigando de modo trouxa? Isso é tão patético quanto o comportamento de vocês. – Snape falava sem piedade – Já estamos atrás na pontuação das Casas, querem mesmo dar motivos para descontarem mais pontos da Sonserina?

- O que deu em você, Severo? Defendendo Grifinórios, é isso mesmo? – Bartô perguntou irritado.

Harry aproveitou o momento para se levantar e limpar o sangue que escorria pelo canto de sua boca.

- Ele deve ter bandeado para o outro lado, Bartô. Já sente até compaixão pelo verme de cabelo arrepiado.

- Verme? Sério? Alguém explica para esse imbecil que vermes não têm cabelo? – Harry disse.

Snape lhe encarou, sério, mas nada comentou. Apenas virou para seus companheiros de Casa e, furioso, começou a falar:

- Vocês são dois idiotas. Estamos perdendo na competição das Casas, e agir assim só dará motivos para que ele corra, conte tudo a McGonagall e nos faça perder ainda mais pontos. E, sério, vocês nunca ouviram falar em duelo? Varinhas? Magia? É tão absurdo ver três bruxos se estapeando ao invés de agirem com o cérebro e duelarem de forma digna! – Snape sacou sua varinha e apontou para Harry, que fez menção de fazer o mesmo, mas foi surpreendido quando o feitiço lançado pelo Sonserino fez com que seus machucados ficassem consideravelmente melhor.

Aproveitando o momento de distração, Amico e Bartô correram dali. Não queriam mais levar broncas na frente de um Grifinório.

- Obrigado! – Harry murmurou.

Snape fez uma careta e o encarou com um ar superior.

- Não fiz isso por você. – Snape respondeu – Fiz por mim. Acha mesmo que eu...

- O que está acontecendo aqui? Se metendo com um amigo nosso de novo, Seboso?

James e Sirius haviam acabado de aparecer no corredor, e já começavam a sacar suas varinhas, quando Harry interveio.

- Na verdade ele me ajudou. – disse rapidamente – Está tudo bem!

- Não preciso que me defenda! – Snape disse entre os dentes – Vocês todos são uns verdadeiros inúteis que só sabem arrumar confusão. Um dia, um por um irá pagar por isso, incluindo você novato!

E, antes que Harry pudesse impedir, uma nova briga começou. Mas dessa vez com varinhas, ao invés de socos.

Foi nesse momento que Minerva McGonagall, acompanhada pelo por Horácio Slughorn, apareceu.

- Posso saber o que está havendo aqui?

- Ah não, esse corredor ‘tá ficando lotado demais. – Harry murmurou.

- Desculpe, Sr.Granger, disse alguma coisa?

- Não senhora. – Harry disse.

- Foi o que pensei. – Minerva olhou para todos os rapazes e lançou um breve olhar para Horácio, que não estava nada satisfeito com o comportamento de Snape – Nem vou perder meu tempo perguntando o que houve aqui, só quero...

Harry parou de ouvir o discurso nesse exato momento. Já conhecia os sermões de Minerva o suficiente para saber como aquilo iria terminar, e, se bem conhecia o professor Slughorn, apesar de toda sua obsessão por alunos geniais, não deixaria de punir aqueles que se comportavam mal.

- ...vocês estão em detenção!

Harry quase sentiu vontade de rir. De fato, se não fosse por toda aquela confusão, ele riria mesmo. Nem voltando ao passado conseguia se livrar das encrencas.

“Hogwarts sem detenção, não é Hogwarts!” ele pensou e concluiu que, definitivamente, as coisas não eram tão diferentes do que costumam ser em seu tempo.

 

¹ frase memorável de Brooke Davis da série “One Tree Hill”.

 

 

~~

 

N/A: Heeeeeey!

Finalmente terminei o capítulo. O que acharam? Espero que tenham gostado.

Sinceramente não ficou tão bom quanto eu achei que fosse ficar, mas ‘tá aí.

Para variar o Harry ‘tá se metendo em confusão. Isso nunca vai mudar para ele, não é? HAUHAUAH

Galera, eu coloquei o Bartô e o Amico como sendo da mesma época que Os Marotos, porque os livros não citam a época deles em Hogwarts, e como eu precisava de meninos insuportáveis, apelei para esses dois.

No próximo capítulo a turma vai ir à Hogsmeade, e posso adiantar para vocês é que romance, comédia e diversão não vai faltar.

Enfim, é isso. Comentem e digam o que acharam ok?!

Xoxo,

Mily.

 

 

Ps.: Sou só eu ou mais alguém já está com aquela sensação de vazio, por saber que HP tá MESMO chegando ao fim? Vi o filme e tô emo até hoje, gente. Quando a segunda parte for lançada, vou morrer de tristeza HAUAHUA =(

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