De volta à Mansão MAlfoy



__ Malfoy, como você sabe onde ela está?- perguntou Gui dirigindo-se ao loiro.- Diga-nos exatamente o que você sabe?
__ Não tenho certeza...- começou ele abaixando a cabeça.- Tenho... é... complicado!
__ E por que você disse que sabe onde ela está?- indagou Hermione entre os soluços que ainda insistiam em se sobrepor às lágrimas em seus olhos. Não estava mais agüentando aquele olhar de Rony sobre si. O Ruivo estava visivelmente magoado e desapontado, se ao menos ela soubesse onde isso tudo acabaria...
__ Um sonho.- murmurou ele.- Um longo corredor, muito mal iluminado, as únicas coisas que eu podia ver eram as manchas de sangue nas paredes...
__ Muito sangue. E cacos de vidros pelo chão, no fim do corredor uma enorme porta, entreaberta- continuou Harry, as palavras praticamente pulando de sua boca, surpreendendo-o e surpreendendo aos demais.- Dava pra ouvir a respiração pesada dela... havia tanto sangue...
__ Mas ela estava viva!- afirmou Draco encarando a íris verde que agora estava sobre si, num brilho incandescente.
__ Mas isso não explica como você sabe onde é...- ressaltou Harry impaciente.
__ Eu sei.- disse Draco seca e amargamente.- Aquele corredor fica na mansão...
__ Lúcius!- exclamou Narcisa soltando a senhora Weasley que a essa altura permanecia estática, como num estado de choque.- Ele não...
__ Malfoy a levou?- indagou Gui.- Mas porquê na mansão Malfoy?
__ Provavelmente eles a levarão para outro lugar.- disse Snape tentando não encarar Narcisa que agora estava a sua frente, leves tremores em suas mãos, tentando buscar alguma resposta negativa sobre tudo o que estava sendo dito.
__ Mas como...?



A pergunta que Rony estava prestes a fazer foi abafada pela forte trovoada que ecoou agourentamente pelo quarto, iluminando-o mais ainda com o clarão de um raio que antecederia um novo trovão. A atenção dos ali presentes foi atraída para a janela do quarto. Nela, uma enorme coruja negra, os olhos âmbar, algumas poucas pintas brancas em suas penas, bicava com força a janela trazendo consigo o que parecia ser um rolo de pergaminho. Draco e Harry, simultaneamente, correram para abrir a janela, deixando o animal entrar graciosamente e pousar na cama.



Lupin estendeu a mão para soltar o pergaminho da perna da ave, mas esta tentou bicá-lo, seus olhos fixos em Harry.
Suspirando pesadamente, um Harry de mãos trêmulas e coração apertado enfim desprendeu o pergaminho desenrolando-o logo em seguida, ignorando os avisos de Lupin de que ali poderia haver algum feitiço ou veneno.
Sabia que não tinha nada ali, Voldemort não agiria daquela maneira... ele antes iria fazê-lo sofrer, brincaria com seu desespero, sua dor. Sete anos de perseguição o ensinaram como aquele ser inescrupuloso preferia agir.



“Acho que tenho algo de seu interesse em minhas mãos... algo ruivo, e devo acrescentar, muito diferente daquela menininha boba que enfeitava seus pensamentos. É com grande prazer que convido-lhe a juntar-se ao seu amor, para juntos viverem felizes eternamente, ou seria melhor morrerem... Seja o que for, desde que seja bem longe do meu caminho. É claro que ela irá à frente... Caso queira se despedir...”



Harry não teve mais forças para continuar a ler aquele pedaço de pergaminho com aquela letra floreada, as palavras sarcásticas, cheias de veneno e maldade... as lágrimas de fúria e dor já o cegavam. De nada adiantou tentar mantê-la afastada, não mostrar o que realmente sentia, que a amava, na tentativa de protegê-la, de tirá-la daquele círculo de desgraças que parecia se formar em torno daqueles que amava. Estava cansado de tudo aquilo...



Por mais que tentasse, não conseguia ver qualquer vestígio de “luz no fim do túnel”, Voldemort sempre conseguia o que queria, sempre estaria lá para assombrá-lo, para destruir o que quer que fosse que estivesse em sua vida, tudo por causa de uma profecia idiota..., pensou amargamente, as unhas já encravadas nas palmas de suas mãos agora fechadas tensamente, por elas seu próprio sangue escorrendo livremente. Estava alheio a tudo e todos naquele momento. Em sua mente, uma única certeza se formando: Aquilo tudo acabaria aquela noite. Se fosse para abraçar a morte ele abraçaria, de peito aberto, desde que tivesse a certeza de que ela, Gina, sua amada Gina, estaria bem.




__ Esta noite...- começou ele, a voz firme e decidida que não escondia um certo cansaço.
__ Potter.-chamou Snape friamente.
__ Como eu chego até lá?- perguntou ele apontando o pergaminho nas mãos do professor.
__ Você não vai a lugar algum.- afirmou Lupin tranqüilamente.Harry bufou mostrando exatamente o contrário.
__ Se eu não for quem irá?- perguntou ele entredentes.- Está óbvio que...
__ Você não vai.- interrompeu Draco.- Não posso deixar.
__ Eu não vou ficar aqui de mãos atadas sabendo que a vida dela está em jogo- retrucou ele.- Se você pode ver a mulher que você diz amar a mercê daquele lunático, o problema é seu. Eu não posso... viver com isso...
__ Nem eu.- disse Draco alteando a voz ligeiramente.
__ Eu jamais me perdoaria...
__ E ela jamais me perdoaria por deixar você fazer essa loucura.- disse Draco, tentando ignorar a intensidade daquelas palavras que diria a seguir.- Ela te ama.
__ Não mais que a você- disse Harry amargamente.
__ Não tenha tanta certeza- retrucou Draco.



Um silêncio tenso se formou naquele instante nos quais a chuva pareceu finalmente aliviar um pouco. A janela permanecia aberta, dela o vento gelado e cortante entrava sem nenhum traço do verão e do calor que deveria estar ali. As palavras de Draco ecoando altamente em sua mente, não sabia o que pensar... não queria pensar naquilo, não naquele momento. Estavam perdendo tempo demais com toda aquela conversa, a essa altura Gina poderia estar...
Como um raio, bem diante de seus olhos, uma coruja das torres passou por ele, quebrando a linha mórbida de raciocínio que se formava em sua mente. Desta vez, a coruja apenas largou um pergaminho sobre Narcisa que aparentemente reconhecera a coruja. Seus olhos azuis intensos ficaram repentinamente frios e sem emoção, como se uma máscara cobrisse seu rosto naquele momento. Snape sabia exatamente o que aquilo significava...



__ Não faça isso.- pediu Snape, uma nota de desespero em seu tom de voz.
__ Sinto muito- suspirou ela antes de abrir o pergaminho e começar a lê-lo.



“Meu amor,
Mal posso esperar para estar novamente contigo. As saudades estão me matando, creio que o mesmo aconteça com você. Mas em breve estaremos juntos, depende somente de você. As portas da casa estão abertas, esperando por sua dona, esperando pela alegria que você levou quando foi injustamente levada de minha vida, de meu domínio. Esses canalhas irão pagar...e não pense que aquele bastardo fugirá a punição pois ele não vai, não me peça isso meu bem; Um filho tem que saber respeitar o próprio pai e obedecê-lo. Mas isso não vem ao caso...
Quem sabe? Você voltando para mim as coisas podem se acertar, não?



Ansiosamente... saudades do seu corpo, usado, dilacerado, maltratado por ele, do seu cheiro...de sangue? Sentia saudade de sua dor, de seu brinquedinho...isso sim! Narcisa ainda olhava a letra garranchosa de seu “marido”, claramente ele estava bêbado ao escrevê-la, concluiu, o cheiro do whisky de fogo impregnando em suas narinas, trazendo consigo toda a angústia, as dolorosas lembranças até então mantidas no fundo de sua mente, trancadas a sete chaves vindo à tona em flashes e espasmos de dor. Não podia negar, não podia seguir adiante com aquele “conto de fadas” que voltara a viver naquelas semanas ao lado de Snape, na Ordem, aquela não era a sua vida, não era seu destino.



E não posso me esquecer, venha vestida propriamente para a ocasião. Teremos um jantar, uma grande comemoração pela volta de minha mulher e seu filho a nossa casa, sem contar com as ilustres presenças da possível nova integrante da família Malfoy...



__ Ele está com ela,- exclamou Narcisa, de repente, sobressaltando a todos que mantinham os olhos fixos em si.- Malfoy. Ela inda está na mansão.
__ É pra lá que já devíamos ter ido há muito tempo- resmungou Harry dirigindo-se a porta.
__ Ele também está indo pra lá Harry.- começou Narcisa.
__ Eu sei, e pelo visto já temos como entrar na mansão- disse ele indicando o pergaminho agora nas mãos de Draco que exibia um ar de profundo desgosto.
__ O Potter tem razão- disse ele também se dirigindo a porta.
__ Narcisa...- Snape enfim buscou o olhar dela que prontamente desviou.
__ Não há mais nada que eu possa fazer.- cortou ela.- Não vou deixá-los sofrer por causa da insanidade dele, e muito menos fugirei ao meu destino.
__ Você tem noção do que você está dizendo?!- perguntou ele sem esconder a irritação em sua voz. Aquilo soou familiar a Narcisa que pôde ouvir claramente a voz de Lily em sua mente:


“Você tem noção da loucura que estás prestes a fazer?! Realmente não há mais anda a ser feito?! Rebele-se! Grite! Esperneie!
Seja forte minha amiga.”




__ Severo...- Narcisa suspirou tentando conter as lágrimas que se formavam em seus olhos.
__ Porque se você está pensando que eu vou deixar você...
__ Me ouve!- cortou ela imperativamente, enfim encarando-o, o coração falhando um batimento ao ver o semblante transtornado dele.- Eu sei o que estou fazendo... é o que eu precisava ter feito há anos atrás, não me peça pra desistir. Eu preciso dar um fim nisso, o que peço a você é que cuide do Draco e do Harry. Não os deixe cometerem nenhuma bobagem. Temos que ir logo...
__ Vamos todos.- sentencionou Lupin.- Ron, avise a Tonks e aos aurores. Nós vamos indo na frente por precaução, tiraremos Gina de lá antes de Voldemort chegar lá, todos vamos sair de lá antes dele. Ele que se entenda com Malfoy depois. O que estão esperando andem!
__ Fique com a mamãe Hermione, e avisem a Dumbledore também- continuou Gui seguindo os demais que já venciam os degraus das escadarias da mansão.
__ Mas...?- começou Hermione.
__ Vamos logo.- cortou Rony passando reto por ela, de uma maneira brusca. Hermione segurou a respiração, buscando algum vestígio de auto controle presente em si naquele momento. Não iria chorar, não mais, havia coisas mais urgentes a fazer, estavam contando com eles.



Em pouco tempo Narcisa, Snape, Draco, Harry Gui e Lupin chegavam a mal cuidada Grimmauldplace, deixando pra trás o número doze que ia desaparecendo aos poucos sob a grossa camada de chuva que continuava a cair, voltando a ganhar intensidade. Narcisa parecia a mais decidida do grupo, a pose aristocrática, alheia aos pingos de chuva que molhava seus longos cabelos loiros e o rosto de expressão impassível. Snape a seguia com a pior das piores caras de poucos amigos, as sobrancelhas quase se unindo, uma estranha e carregada energia emanando de seu corpo, estava perdendo o controle... mas a possibilidade de ver tudo indo por água abaixo era desesperadora! Tinha que agir!



__ Tome.- disse Narcisa voltando-se para Lupin, estendendo-lhe uma pequena moeda.- Assim que ela esquentar vocês podem aparatar na mansão, com certeza ele ativou todos os feitiços de proteção... eu posso desativá-los.
__ Certo.- assentiu Lupin olhando de esgueira para um Snape anormalmente pálido.
__ Vocês. Usem um portal- disse ela dirigindo-se ao filho e ao afilhado.- Cuidem-se.
__ Não se demore- pediu Draco, o tom de voz sério não encobria sua preocupação.
__ Não vou.- disse ela. Seus olhos azuis se encontraram com os olhos escuros e tempestuosos de Snape. Conseguiu distinguir nitidamente uma lágrima solitária escorrer por sua face, juntando-se às gotas da chuva que os encharcavam.



Sem mais nenhuma palavra ela desaparatou. Ao abrir os olhos foi inevitável a onda de pânico e angústia que percorreram seu corpo ao ver a imensa mansão recortando o triste horizonte a sua frente, iluminada sombriamente por um raio. O trovão que se ouviu logo em seguida foi o impulso para suas pernas começarem a se mexer, levando-a para as portas de entrada da mansão pelo caminho de pedras que se formava no imenso e suntuoso jardim de entrada; Sua mente levando-a para a triste lembrança da primeira vez que cruzara aquele mesmo caminho. A sensação não era muito diferente...



Parou no primeiro degrau da imponente escadaria que levavam as enormes portas duplas da mansão, exatamente como fizera da primeira vez, o vento trazendo um ar agourento e pesado. Sacudiu a cabeça tentando espantar as lembranças, concentrando-se para identificar os feitiços de proteção que estavam sobre a casa. Na certa Lúcio já sabia de sua chegada. Teria pouco tempo. Tirou a varinha do bolso e começou a lançar alguns contra feitiços e desativar outros, tendo o cuidado de criar alguns artifícios que facilitassem o acesso dos aurores à mansão, certificando-se de que realmente não havia comensal algum naquele perímetro. Ao terminar, voltou a encarar as portas maciças a sua frente, engoliu em seco, e enfim dirigiu-se a elas.



__ Milady!- saudou um pequeno elfo abrindo a porta para Narcisa, sobressaltando-a.
__ Belck- ela sorriu tristemente.
__ A senhora fez falta nessa casa, minha senhora.- Continuou o elfo numa voz cansada porém sincera.- Mas não devia ter voltado...
__ Eu sei Belck, não pretendo me demorar.- disse ela entrando enfim na mansão. Buscou um lenço num dos bolsos de suas vestes.- Tome.
__ A senhora está dando uma peça para Belck?- estranhou o elfo.
__ Considere-se livre.- disse ela bondosamente.- Vá, seja feliz.
__ Mas...- gaguejou o pequeno ser.
__ Vá Belck.- disse ela firmemente ao ouvir passos se aproximando.- Depois você pode me procurar, mas agora quero que atenda a uma última ordem minha.
__ O que a senhora desejar, minha senhora.- assentiu ele prontamente.
__ Saia daqui da mansão.- insistiu ela vendo-o negar balançando as enormes orelhas de um lado para o outro.- Saia mas antes mande os outro fazerem o mesmo. Agora!
__ Coração!!!



De todas as sensações ruins que sentira desde o momento em que pisara novamente naquela propriedade, aquela, no momento em que ouvira aquela voz foi a pior. Não saberia explicar o misto de medo, ódio, repulsa, dor e vários outros sentimentos ruim que lhe assaltaram naquele momento. Viu o pequeno elfo tremer, olhando para um ponto um pouco além de onde ela estava, e logo depois este saiu chispando sem nem olhar para trás. Sentiu um certo desespero, uma necessidade de pedir para que ele ficasse mas não podia, teria de lidar com aquela situação sozinha, por si e só.
Virou-se lentamente para encontrar um Lúcio com um sorriso sarcástico, o maldito copo de whisky na mão, sacudindo daquele jeito débil e nojento que tanto a desagradava.



__ Malfoy.- ela limitou-se a corresponder, dirigindo-se para a sala de estar com a risada debochada dele ecoando dolorosamente em seus ouvidos.
__ Que é isso coração- riu ele.- Onde está o meu abraço? Meus beijos?
__ Vamos acabar logo com isso Lúcio, onde ela está?- cortou ela, uma coragem surgindo repentinamente em seu peito.
__ A nossa hóspede? Provavelmente se aprontando para o jantar...- continuou ele largando-se num dos sofás vermelhos, ficando na frente dela.- Falando nisso que trajes são esses coração?
__ Lúcio...- começou ela. Mas sua frase foi abafada pelo som da campainha que anunciava a chegada de alguma visita. Estranhou, não era para ela ter tocado.
__ Hm...- fez ele levantando-se.- Acho que os convidados estão chegando. O que estás esperando? Abra a porta!- mandou ele, mudando repentinamente o tom debochado para um tom ameaçador e rude.



Revirando os olhos em total impaciência e respirando fundo algumas vezes, Narcisa seguiu para a porta por onde há pouco havia entrado. Seus olhos se arregalaram em inevitável surpresa ao ver que na soleira da porta estavam Draco e Snape, vestidos com aquelas malditas capas dos comensais da morte, capa que ela tanto odiava e que lhe traziam mais e mais amargas lembranças. Sentiu o estômago afundar ao encontrar o olhar do filho, abriu e fechou a boca diversas vezes até que Draco quebrou o contato visual, precipitando-se seguido por Snape para a sala onde Lúcio via seu sorriso irônico ser substituído por um semblante de puro ódio.



__ Pai- saudou Draco friamente, uma nota de ironia em seu tom.
__ Não ouse me chamar assim seu moleque- rosnou Lúcio.
__ Sem cenas- cortou Draco friamente.- Onde está a garota?
__ A garota?- retruco Lucio fazendo-se desentendido.
__ A Weasley.- insistiu Draco.- Ou você realmente achou que Milorde acreditaria nessa sua tentativa inútil de voltar a ordem? Sem nem mesmo confirmar se era verdade ou não?
__ Oh! Weasley... está se referindo a nossa adorável hospede?- ironizou Lucio num tom de puro desdém.- Creio que ela se encontra um pouco...ocupada, por assim dizer.
__ Lúcio...- começou Narcisa.
__ Coração!- chamou ele num de um jeito doentio, os olhos arregalando-se ligeiramente dando-lhe um ar de loucura.- Vá se vestir, você não vai querer se atrasar para o banquete. Nicolai poderá te acompanhar, diretamente para o seu quarto- emendou ele voltando ao tom rude e cruel, quase venenoso.- Sem escalas por outros aposentos de minha mansão.
__ Ela não vai a lugar algum.- afirmou Draco.
__ Não se meta Moleque.!- rosnou Lúcio.
__ Tudo bem Draco, eu voltarei logo.- disse Narcisa adiantando-se para a enorme escada que dava acesso aos cômodos dos demais andares da mansão.
__ Fique onde está.- ordenou Lúcio, secamente. Depois de bebericar o whisky ele continuou voltando ao tom irritante de voz, fazendo-a se arrepiar completamente.- Coração, espere o seu sobrinho, ele te levará. NICOLAI!



A voz grave e raivosa de Lúcio chegou aos seus ouvidos. O loiro a sua frente encarava-a num misto de divertimento e superioridade, olhando furtivamente para parte de seu colo que estava a mostra, coberto pelo sangue das garrafas que quebrara sobre ele que encontrava-se igualmente ensangüentado. Todo aquele cheiro estaria lhe causando náuseas, de fato estava, mas nada mais lhe importava ou incomodava, estava entorpecida, paralisada, insensível, como se estivesse apenas de corpo presente, como se estivesse sedada. Não se sentia capaz de reagir, sequer tinha consciência do que se passava consigo naquele momento, em sua mente havia um único pensamento: Harry.



A verdade caíra sobre si como se o próprio céu tivesse desabado sobre sua cabeça. Todo esse tempo... e justo agora... e mais uma vez Riddle... Não. Não podia ser, simplesmente não podia! Jamais pensou no dia em que rezaria para que Harry não se importasse com ela,passara grande parte de sua infância sonhando com o dia em que ele demonstraria que se importava e, esse dia até chegou mas não exatamente como ela fantasiara. Decidira sair do caminho, ele tinha coisas mais importantes como salvar o mundo bruxo e a própria vida, a fazer, não havia espaço para irmãzinha chata que se metera com aquele maldito diário. Pelo menos fora esse pensamento que divagara em sua mente por um bom tempo.




Tempo suficiente para perceber e entender o seu amor por ele. Um amor que estava amadurecendo, solidificando-se. Não havia mais a necessidade de receber algo em troca, o desejo de ser correspondida, havia apenas a certeza de que queria estar ao lado dele, ajudando-o, confortando-o, apoiando-o, protegendo-o, certificando-se de que de algum jeito, mesmo que por alguns instantes, estaria bem. Compreendera que, mesmo que não pudesse viver aquele amor, amor que cada vez mais tornava-se incondicional, ele estaria para sempre lá, vivo em seu peito, dando-lhe forças para continuar.



E ela decidira continuar, seu coração abrira-se mais uma vez... dessa vez o sentimento viera de forma intensa, incontrolável, arrebatadora, e certa. Não havia dúvidas, não havia o anseio, já estava tudo lá, como que há muito tempo já estivessem predestinados. Algo novo, e diferente de tudo que já sentira: paixão. E sem que ela se desse conta, sem que ela pudesse controlar, a paixão se juntou ao amor, intensificando a chama acesa que ardia em seu peito a cada vez que sentia cada simples toque, cada olhar, que era correspondido, sem culpa e sem receios. Mas... agora só havia o medo, medo de perder, medo de ser o motivo, medo de aceitar que se enganara, medo de estar errada, o medo.



Temia pela vida dele. Sabia que ele não hesitaria em sacrificar a própria vida para salvar a dela... como faria para salvar a vida de qualquer outro, mas não poderia deixar, não ele, não a pessoa que lhe devolvera a vida diversas vezes, mesmo sem saber, não o seu amor. Precisava fazer, alguma coisa, precisava livrar-se daquelas cordas que mantinham-na presa, como um animal feroz que ao se soltar poderia fazer grandes estragos. Mas... por que não conseguia? Por que sequer conseguia se mexer? Estava machucada fisicamente mas tinha certeza de que não era nada grave...



__ NICOLAI!!!



A voz soou distante em seus ouvidos mais uma vez. O muxoxo impaciente de Nicolai também. Viu o loiro se aproximar lentamente, como que em câmera lenta, sentiu os dedos gelados, pegajosos e sujos de sangue se aproximando de seu rosto, segurando-o firmemente enquanto o rosto dele se aproximava do seu, exibindo um sorrisinho debochado, a respiração dele vindo de encontro a sua que quase já nem existia, envenenando-a... mas mais uma vez, nada daquilo pareceu lhe atingir. Em seu rosto, sabia que não havia expressão alguma, nem dor, nem medo, apenas o vazio.



__ Creio que seus salvadores chegaram.- sussurrou Nicolai, brincando com algumas mechas rubras de Gina.- terei de me ausentar alguns instantes mas em breve voltarei, e aí poderemos começar a nossa... festa.



As palavras dele sobressaltaram-na. A impressão era a de que ele havia gritado a plenos pulmões em seus ouvidos, instaurando o pânico dentro de si, em cada milímetro de seu corpo uma repentina sensação de impotência. Ao vê-lo se afastar, juntando todas as forças que julgava Ter, Gina se sacudiu tentando se livrar das cordas que agora cortava-lhe os pulsos. Era inútil. Seus olhos começaram a arder intensamente, quase cegando-a até que sentiu, quente e úmida, uma lágrima escorrendo por seu rosto.
Com um grito de raiva, mais uma vez ela se sacudiu violentamente, vendo o loiro a porta se virar assustado para fitá-la. Conseguira romper o encantamento de uma das cordas que prendiam o seu pulso e estava prestes a romper outro quando gritos chegaram aos seus ouvidos, gritos que não eram os seus.



___ SEU BASTARDO!!!


Era Lúcio. Um forte estrondo seguido pelo grito desesperado de uma mulher a alarmaram ainda mais e o que parecia se mais estampidos de feitiços se chocando violentamente lhe deram a sensação de que seu estômago despencara bruscamente. Voltou a tentar se levantar com algum êxito mas sentiu um forte impacto em seu abdômen, sendo arremessada junto com a cadeira para a parede mais ao fundo do aposento. Respirando com dificuldade, paralisada pelo choque e pela dor que se alastraram em seu corpo Gina ainda registrou a última das várias palavras de Nicolai:


__ Estupefaça.


Ela assistiu, incapaz de gritar, seu mover ou até mesmo respirar, o raio vermelho vindo em sua direção, sentindo as cordas voltando se prenderem dolorosamente em torno de seu pulso, o sangue escorrendo por eles, e enfim a dor do choque do feitiço de encontro ao seu peito.
E tudo escureceu.




CONTINUA.







N/A: Tah... eu sei que vocês devem estar querendo me matar nesse exato momento mas... Juro, eu tive que terminar o cpt aki, ou v6 iriam querer me matar se eu continuasse pq as coisas realmente podem/poderiam vir a ficar confusas se eu continuasse. Taum me entendendo? Na verdade nem eu sei me explicar mas... enfim, não vou nem dizer que espero que tenha valido a pena vocês ficarem um mês esperando esse cpt torto e sem graça, e podem me xingar (*tah... não muito*) por que eu sei que eu mereço. Cpt 20, sem falta, no SÁBADO dia 17 e a partir daih voltaremos as atualizações semanais, rumo ao final da fic (*q bom q vocês não podem me matar de verdade, ou nem me jogar tomates pela rua, ou fazer sei lah o q...*). Atendendo a pedidos, e aproveitando uma súbita onda de inspiração, eu jah planejei mais alguns cpts (*repararam o plural???*) q não estavam nos meus planos, para incluir na reta final dessa fic mas NÃO RECLAMEM COMIGO, foram vocês que pediram. ^^’
Hm... só pra vocês saberem, a vida continua estranha mas tah voltando ao seu eixo. Não sei pq tow escrevendo isso mas...sei lá, é como seu eu pudesse escrever esse tipo d coisas pra v6 q acompanham a fic. =s É... complicado... mas me faz bem... Anyway...
Vou ficando por aki.
Ah! Não se incomodem em comentar, eu sei q pela demora e tudo mais, sem contar com o cpt em si, EU NÃO MEREÇO r4eceber coments enton... eh soh ixu.



Bjus e dsculpae qqr coisa ou todas elas.

BY Nani

Ah! Jah ia esquecendo. "O Cantinho das SONGS" jah tah no ar ^^
Fiz um cantinho pra botar as songs one shot q fiz, aki na floreios. Quem quiser passar por lah eh bem vindo ^^´

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