Noite




N/A: Capitulo postado ^^ COMENTEM !!!
Bjoss
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CAPÍTULO IV


NOITE


 


Um baque, um ataque... Fez-se então um tique, um frio, parou-se e respirou-se fundo. A mente a mil, barulhos e mais barulhos, coisas a quebrar-se ao chocar-se com o chão e com a parede sólida. Suspirou-se, tocou-se e rendeu-se, unicamente unida e sentida, contradições durante o afável, ingênuos pensamentos oprimidos pelo tempo isento.


 


Antíteses breves, seguidas de sínteses amenas e ferrenhas.


 


 Parada, frustrada, e giram mais uma vez a tal roleta do destino. Um vaso, um caso, tudo se quebra com a facilidade do acaso. Inoportunas vezes, pegou-se esbravejando, gritando aos sete ventos suas míseras reclamações de frente a algo maior que a si mesma. Ponderou-se, calou-se, ela foi-se, ela adentrou a casa, arredia.


 


Raiva. Era raiva o que sentia.


 


Os cacos de vidro no chão, a mãe na cadeira, o sangue a escorrer pelo corte formado na mão, crianças empoleiradas na escada tentando esconder-se da fúria desconhecida. Engoliu em seco, olhares ferrenhos, olhos desconhecidos.


 


- Qual a desculpa agora?


 


Pergunta feita, ironia a mil, um olhar chateado. Não houve resposta, nunca havia. Irritou-se mais ainda. Por que ainda se importava com tudo aquilo?


 


- Precisa chegar destruindo a casa?!


 


Elevou-se o tom enquanto recolhiam-se os cacos no chão, um suspiro cansado, irmã gêmea à porta, um homem atrás da mesma, alto de cabelos negros e barba mal feita. Olharam-se desafiantes, quem ele pensava que era? Seu pai? Seu dono? Ah, não...


 


- Como vai Mi?


 


Bateu-se a tolha na mesa, aquilo era ridículo. Ridículo demais para se agüentar.


 


- O gato comeu a língua menina?


 


Elizabeth afastou-se indo na direção das crianças menores. Hermione sorriu debochada. Tinha que manter a postura que ganhara com o decorrer do tempo, já que era e seria ela a resolver os problemas, as desavenças e a manter unida aquela família um tanto descompensada. Ela era uma menina, uma menina com alma e grandeza de uma mulher adulta e segura, o que ela temia era apenas o esquecimento de si mesma.


 


- O que faz aqui?


 


- Vim fazer uma visita aos meus entes queridos, não posso?


 


Ela riu, riu e riu. As pessoas podiam tornar-se cínicas com o tempo, no seu caso foi em dois anos, dois anos de revolta e opressão. Dois anos que a fizeram enxergar parte de sua mísera realidade.


 


- Entes? Desde quando um caso passageiro ganha tamanha importância?


 


- Desde que eu pago as contas de sua humilde residência.


 


Engoliu-se em seco. Olhou para a mãe. Raios! Ela prometera parar com aquilo.


 


- Diga que isto é mentira, diga que não fez isso!


 


Cabeça baixa enquanto se apertava mais o corte para que o sangue parasse de escorrer. Incrédula, sim, incrédula. Como podia, como seria, como acontecia?  Céus! Como ela queria gritar, gritar e gritar. Mas não. Não o faria. Não o podia, por hora.


 


Passou a mão pelos cabelos e jogou-se na cadeira.


 


- Que seja.


 


O que dizer? Era a vida, era fato. Era, sempre era. De fato não seria, ela daria um jeito, ah sim, ela daria um jeito de livrar-se deste problema inoportuno. Um pensamento, um plano.


 


- Será que a janta sai ou não sai?


 


Hermione deu um meio sorriso irônico, enrolou um pano na mão de sua mãe e jogou os cacos de vidro fora, respirou fundo.


 


Paciência, ela precisava era de paciência.


 


Ajeitou-se e se pôs a arrumar a cozinha para cozinhar mais uma vez, cozinhar para mais um amante rentável de sua mãe. Olhos em chama, como sua mãe havia chegado a tal ponto? Como?Como?


 


Esquecer, ela devia esquecer...Esquecer que era um frágil cristal e tornar-se uma rocha impermeável, que não deixa transparecer suas dúvidas, mas sim seus quereres por mais que doa e venha a ferir as pessoas a sua volta. Ela não seria mais um hipócrita no mundo, ah não, ela não seria.


 


Um segundo e ela sabia que havia perdido tempo demais negando o obvio. Um suspiro. Uma olhadela de canto e encontrou os olhos castanhos de sua irmã gêmea, deu-lhe o recado e então observou os irmãos a subir para vossos quartos.


 


O céu jazia alaranjado, a tarde ia-se embora e a noite logo cairia, e com ela logo viria a libertação. Ainda sim havia um fio de fuga dentro daquele corpo franzino que abrigava sua tão suntuosa alma.


 


Porque vale mais fazer e arrepender-se, que não fazer e arrepender-se.


 


Um suspiro cansado, enquanto ouvia-se o tic-tac do relógio a ecoar pela casa silenciosa.


 


 


Azul marinho febril unindo as cintilantes acolá.


Nebulosas e ociosas, definitivamente graciosas e impetuosas.


Antigas medidas interinas e abrangentes dos ócios, rigorosos mandantes ambulantes.


 


Céus! Olhais o infinito e contai todas as brilhosas que conseguiste lembrar-se depois de certo tempo vagando entre as galáxias interinas do azul marinho arrebatador das noites aluadas que compõe as diligencias de nossos pensamentos. Fagulhas interinas no ar, ao alto e avante! Ou seria ao fim em diante? Ao seu, ao meu... Mãos a brincar, dedos a apontar... Pois Amar-te irei, a Perdoar-te o farei, a Proteger-te começarei... Promessas ao relento, encabuladas diante do nostálgico ser do ir e vir. Imitações baratas de algo que vai além do dizer.


 


E então se formou um risco luminoso nos céus, único e divino a misturarem-se entre as pérolas brancas da serenidade natural do ambiente introspectivo, olhos a brilhar, momentos sublimes.


 


Desfrutes, oh sim, truques. A velar, a pestanejar.


 


- Uau!


 


- Faça um pedido Ben.


 


Um pedido. Um reles pedido, mas pedir o que? Era pergunta em sua mente. Era a mais pura indecisão. Ela olhou para o lado, olhos fechados, expressão serena, costas a descansar na grama, um sorriso inocente. Estava feito. Um menininho pequenino a rogar aos céus que talvez nem o ouça. Ilusórios pensamentos ambíguos.


 


- E então?


 


- Feito.


 


- Ótimo, vamos entrar agora, ok?


 


O menino assentiu com a cabeça e então rumou para casa, Hermione ainda permanecera no quintal, sentada na grama olhando aquele pingo de gente adentrar contente sua humilde residência. O vento soprou uniforme, bateu-lhe o corpo, acariciando-o como um tecido de seda a deslizar sobre o corpo nu. Um campo elétrico, uma sensação, um arrepio, segundos exorbitantes e fatídicos.


 


Ah, doce sereno a banhar a noite iluminada pela lua cheia.


 


Instinto, finito... Pois abriu os olhos que fatalmente encontraram algo tão inusitado para observar fervorosamente.


 


Olho no olho, verde no castanho, castanho no verde... E dizem que a curiosidade matou o gato. Risos. Será que ele era capaz de ler mentes? Enfim, o novato jazia detrás da cerca da casa ao lado, Harry Potter, raios! Ele era seu vizinho! 

 

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