Hannah ~



- Então você está me dizendo que o motivo da rixa entre os dois foi essa tal Hannah? Muito interessante... Você sabe que os meninos têm essa coisa de provarem que são homens, e gostam de disputar entre si... – o rosto de Emily continha um sorriso, como se achasse tudo aquilo uma besteira.



               - Sabe o que é pior? – suspirou – eu ainda vou acabar entrando nessa rixa... É tão... Clichê. Simplesmente não quero fazer parte disso, Emmy.

               - Como assim, Elle? Você disse que era apenas amiga do Chuck.

               - E sou... Pelomenos eu sou amiga. Não posso te garantir que as intenções dele sejam as melhores. Sabe por que ele está saindo com Felicia?

               - Porque Felicia é simplesmente deslumbrante e qualquer cara mataria pra sair com ela?

              - É, isso também. Principalmente. Mas também tem outra coisa: Chuck encrencou comigo na primeira vez que me viu, porque não me derreti por ele. E geralmente o que acontece é o oposto: As garotas caem aos pés dele. Mas não foi assim, então ele tomou isso como seu próximo joguinho. E pra coincidir, e piorar minha vida, Jimmy se interessou em mim.

              - E o que tem? Melhor pra você... Escuta, se você não estiver interessada no Chuck, não vai adiantar nada.

             - Não Emmy... É pior, você não percebe? – Gabrielle balançou a cabeça negativamente, abrindo um buraco no meio da terra de um vaso, no meio da aula de Herbologia. – Ai deus, por que isso acontece justo comigo?

              - Ok, não estou entendendo, qual é o seu problema?

             
Gabrielle ergueu os olhos da terra e encontrou os lindos olhos azuis de Emily fitando-a por trás dos óculos de aro grosso, pensou em como ela ficaria bonita se cuidasse mais do cabelo. Wes tem muito bom gosto... Emily colocou as sementes no meio do buraco e Gabrielle colocou-se a fechá-lo.


             - Você sabe como os são... – suspirou. – Eu vou ser um motivo pros dois começarem a brigar novamente, e vai começar outra disputa idiota pra ver quem fica com a garota. Eu não gosto do Chuck... Quer dizer, até gosto, como um amigo. Ele vai começar a me assediar mais do que já estava fazendo... – Passou o braço na testa, evitando encostar as luvas sujas de terra no rosto.

             - O Black tá dando em cima de você? Pasmei.

            - É o que eu disse Emmy... Ele não se conformou que uma garota não está se derretendo e quer provar que ele é bom demais pra deixar de chamar a atenção de alguém. Por mais que esse alguém seja eu. – E apontou para o próprio corpo com a luva suja.

             - Não diga besteiras, você está longe de ser feia... – Emily balançou a cabeça negativamente, assumindo uma expressão triste – Vai ter dois caras bonitos disputando por sua atenção. Enquanto eu não consigo...

             - Emily pare com isso. Você é muito linda. Escuta aqui, o que está te impedindo de ir falar com Wes? Já estou de saco cheio de vocês dois se matando, quando tenho certeza de que queriam mesmo é estar dando uns amassos na sala comunal.

             - GABRIELLE!

             Gabrielle ria divertidamente por cima do vaso.


             - Pare de ser boba, Wes é louco por você. – piscou.

             - Não gosto do Wes! Estou falando sério. Não queria comentar nada, porque sou discreta. Mas meu coração pertence a um menino da Lufa-Lufa.

             - Ah é? Gostaria que me mostrasse quem é. Ele já sabe que tem uma gatona de olho nele? – sorriu.

             - Não. E não vou mostrá-lo a você. Não quero passar vergonha... Louca do jeito que é, é capaz de ir falar com o menino.

             - Muito bem meus queridos, guardem as luvas onde as encontraram e até a próxima aula. – Anunciou a Professora Sprout.

             Gabrielle e Emily voltavam para o castelo, atravessando as propriedades.


             - Então... O que você planeja fazer com aqueles dois?

             - Hm, não sei. Acho que vou falar com Chuck sobre essa tal Hannah, pedir pra ele me contar o que houve, mas sem mencionar de Jimmy já me contou. Vou dizer que só comentou brevemente uma namorada do ano passado que se interessou por Chuck.

             - De que adiantaria hein?

             - É. Também acho que não vai dar em nada. Mas não custa tentar.

             - Por outro lado, acho que você deveria deixar, e ter um pouco de diversão. – Emily sorria como Gabrielle nunca a vira fazer antes.

             - Não sabia que você era tão má... – Arqueou as sobrancelhas.

            
Emily deu de ombros.

            
- Não é sempre que se tem uma coisa tão interessante pra observar, principalmente quando dois garotos lindos se matam por você.

             - É só uma teoria, Emmy. Não tenho certeza de que isso vai acontecer. – suspirou.

             - Felicia me disse que você beijou Chuck.

             - Disse?

            
Emily assentiu.

          
   - Pois é, beijei. Mas não porque eu quisesse alguma coisa, foi só pra deixá-la nervosa.

             - Não sabia que você era tão má... – devolveu, sorrindo.

             - Não sou má, sou estressada quando se trata de gente falsa.

             - Foi bom?
          
   Gabrielle fulminou Emily com os olhos.

            
- O que você quer que eu pergunte? Ele deve ter gostado, se não tivesse gostado não ficaria te enchendo o saco. Concorda?

            - A questão não é gostar ou não... A questão é o ego dele. Você não sabe o que aquele rapaz é capaz de fazer pra provar o quanto é bom.

             - Pra que ele precisa mostrar isso pra alguém?
             - Porque de fato, Emmy, ele é muito bom.




_________




            
Uma semana depois.

            Os alunos saíam de mais uma aula de Feitiços. Jimmy estava parado no corredor segurando um buquê de orquídeas maravilhosas. Gabrielle sorriu, adorava surpresas. Recebeu Jimmy com um abraço.
           
  - Só vim dar uma passada pra ver como você está... Senti saudades.

             - Saudades? Acabamos de nos ver... – e riu.

             - Não me canso de ficar perto de você... – sussurrava ele, afagando a pele da menina delicadamente, com os olhos fixos em seu rosto. Gabrielle corava.

           
  À noite, quando a sala comunal começava a esvaziar, Gabrielle sabia onde encontrar Chuck. Se não estivesse beijando Felicia no sofá, estava lendo no sofá. Se não estivesse lendo, estava num grupo de garotos, contando seus grandes feitos com as mulheres. E o mais difícil de engolir, é que os garotos sabiam que ele não estava mentindo. Porque ele não precisava mentir. Dito e feito, ali estava ele, sentado confortavelmente numa poltrona, com os outros rapazes em volta, observando-o com admiração, contar mais uma de suas vitórias.

             Tinha os cabelos penteados cuidadosamente, a roupa impecável, formal. Um cachecol azul marinho no pescoço, luvas de couro preto, sapatos lustrosos e bonitos. Sua postura era incrível, e mantinha as pernas cruzadas elegantemente, emanando um ar de superioridade, sugando a energia das pessoas em volta com um simples olhar. E o mesmo sorriso de sempre.

            Gabrielle parou em frente à poltrona, e os rapazes só perceberam sua presença quando Chuck parou de falar para encarar a garota.

           
  - A que devo sua presença aqui depois de tanto tempo? – Ele franziu a testa, como se tentasse pensar num motivo pra tal aparição repentina.

             - Caso não se lembre, eu também sou da Grifinória... – revirou os olhos – Posso falar com você?

          
   Os meninos olharam pra Chuck, achando que Gabrielle era mais um de seus projetos bem sucedidos. E sorriam feito bestas, desejando ser como Chuck.

          
    - Claro. – sorriu e olhou para os garotos – Vão. Vou ficar ocupado.

          
    Os meninos se retiraram imediatamente.

           
   - Diga, o que você quer?

           
  Gabrielle deu de ombros, se acomodando no sofá próximo à poltrona. Tinha de ser cuidadosa, não poderia ser direta.

           
   - Faz tempo que não conversamos, não quero pensar que há algo de errado.

              - Sentiu minha falta?

              - Você é meu amigo... Sei lá. Você some. Te vejo com todo mundo ou te vejo com ninguém...

              - Prefiro assim. – tamborilou os dedos no braço da poltrona. – ser inconstante.

              - É, percebi. – suspirou. - Você e o Jimmy estão me incomodando.

              - Como assim? – Ele inclinou a cabeça para o lado, curiosamente interessado.

              - Jimmy me perguntou se te conhecia, mas não quis dizer por que. Só mencionou uma ex- namorada dele. Hannah. Você pode me contar essa história?

              - Não sei... Algumas coisas não valem a pena serem relembradas...

              - Por favor.

           
  Chuck olhou para Gabrielle. Reparou em seu rosto delicado e feminino, na expressão de interesse que mantinha. Tudo bem, não custava nada.

           
   - Tínhamos um interesse em comum ano passado. Essa Hannah. No final das contas a garota ficou com ele, mas na verdade gostava de mim.

              - Então por que ficou com ele?

              - Porque queria um namorado, alguém pra casar com ela e sustentá-la, como todas as mulheres. Quando viu que não queria compromisso do tipo filhos e casamento, caiu fora. Simples assim. Hannah ainda me procura de vez em quando, mas é claro que não é pra tratar de assuntos familiares. – ele sorriu.

              - Você não gostava dela Chuck?

            
 Gabrielle estava cansada daquilo, pensava que em algum lugar por baixo daquelas roupas caras devia existir um coração, mas quanto mais ficava perto de Chuck, mas sentia que se enganara.

            
  - Ela era legal.

            
  Ela revirou os olhos, inconformada.

            
  - Aposto que essa Hannah é uma garota realmente incrível. Afinal, Jimmy se interessou por ela.

              - Como anda aquele perdedor? – Chuck sentou-se ao lado de Gabrielle no grande sofá.

              - Bem... Sabe como é, muito ocupado. Não é fácil ser monitor chefe. Mas ainda consegue arrumar um tempo pra me ver.
            
  Chuck riu baixo.

            
  - Que foi, hein?

            
  Então ele se esticou no sofá preguiçosamente, sem tirar os olhos dela.

            
  - O que você viu num cara como ele?

              - Lá vai você. – revirou os olhos – Ele é muito legal, por que vocês não esquecem essa bobagem e voltam a se falar?

              - Quem disse que um dia nos falamos?

              - Tá na cara que vocês eram amigos. Nos seus olhos, na sua voz, Chucky.

              - Chucky? – Arqueou uma sobrancelha.

              - É. – cruzou as pernas. – Apesar desse seu jeito todo... Chuck Black de ser, gosto muito de você também, mas de outra forma, claro. Ia ser legal ver os dois de bem com a vida, podíamos até passear juntos.

              - Passear? Onde você está com a cabeça? Não quero ter nada com aquele cara.

              - Tudo por causa de uma menina? Você pode ter qualquer uma, que diferença faz? Só porque aquela foi a única que não ficou com você no fim? E olha que você ainda fala com ela de vez em quando.

              - Tanto faz. Não gosto do James. Se conforme. Não vamos todos sorrir e andar de mãos dadas só porque você quer, Gabrielle. Isso não tem nada a ver.

              - Tudo bem então. Vamos mudar de assunto se isso te incomoda.

             
Chuck puxou um livro da mesinha perto do sofá e alisou sua capa de couro.

             
- Gosta de ler que tipo de coisa?

              - Magia negra, história, poções, defesa contra a arte das trevas.

              - Muito bom. Também gosto de coisas assim...

              - Você também é muito talentosa com desenhos.

            
  Gabrielle riu ao lembrar-se do dia em que conheceu Chuck.

             
- E você tinha um cabelo muito bonito quando te conheci.

           
   Chuck riu, sentando-se ao lado de Gabrielle.

           
   - Não era bom pra minha imagem, infelizmente tive que me livrar dele.

           
   Os dois ficaram ali rindo feito idiotas.

          
    - Ei, por que você não sai mais dessa Sala comunal, hein? Devíamos ir desenhar à beira do lago num dia desses.

              - Não sei desenhar.

              - Posso te ensinar – sorriu

             - Não, obrigado. – Chuck tirou o cachecol do pescoço, deixando-o de lado. – esse lugar está quente demais.

             - Verdade.

            
Ficaram em silêncio por um longo tempo.





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