Metade





Cap 2 - Metade


Acordei exausta no dia seguinte, estava com uma enorme dor na cabeça e acho que se deve ao meu desmaio na noite passada.
Levanto rapidamente de onde estou, uma das camas da Ala-hospitalar, tudo que aconteceu indo de encontro a mim com a velocidade de um raio. Na minha cabeça, que não sinto mais doer, só me vem um nome e uma pergunta, respectivamente, Harry e onde ele está.


Andando naquele lugar não tenho sinal dele...


-Vejo que já está melhor.


Na porta se encontrava o diretor. – Eu não estava doente.


-Oh! Claro que não. – ele sorriu. – Só precisava de um descanso. – ele adentrou o aposento.


Fiquei calada, em dúvida se perguntava ou não por Harry, antes que me decidisse Alvo falou outra vez:


-Foi transferido para St. Mungos. Lá poderá ter mais assistência médica. – óbvio que estava falando de Harry.


Franzi a testa, me perguntando se ele está lendo minha mente. Deixei esse pensamento para depois, não importava, de qualquer modo.


-Co, - tentei respirar fundo. – Como ele estava quando... Quando saiu daqui.


Alvo parou de sorrir, não devia significar boa coisa. Então ele foi até a janela, suas mãos nas costas. Ele deu um longo suspiro. – Harry é um rapaz forte e...


-Como Hary está professor Dumbledore? – perguntei o cortando, meu coração pulsando cada vez mais descompassado.


-Poderia lhe falar que estava melhor, mas não é verdade... – ele me olhou. – Quando saiu daqui, ontem de madrugada, Harry estava pálido e havia tido convulsões...


-O que está tentando me dizer? – arfei me apoiando a uma coluna próxima. Estava difícil me sustentar nas minhas pernas, principalmente porque essas não paravam de tremer.


-Nada. – ele balançou a cabeça. – Apenas que tenha fé e reze por ele.


Alvo estava indo, quando parou e recuou até mim. – Eu também tenho medo, Hermione. Todavia tenho que continuar a exercer meus deveres. – parecia calmo. - Tome seu café da manhã, não gostaria de ter mais um aluno internado. – aí o senhor com cabelo e barba brancos afastou-se.


Inexplicavelmente aquilo não me acalmou, na verdade, nunca estive tão irritada. Cólera era o ínfimo que se podia comparar para as sensações no meu corpo, que já estavam sendo facilmente observadas ao meu redor. Acabei de quebrar um vaso de flores perto de mim.

Como Alvo poderia ser tão frio ?

Medo ele disse sentir...

Não sabe o que estava falando. Temor é o que eu passo desde que me tornei amiga do herói Potter... Receio é quando meu corpo não quer ou não tem ânimo para responder aos meus comandos, a vida não tem sentido, e acho que quero morrer, é o momento em que fico imaginando se ele estivesse aqui (a esperança às vezes tenta me controlar). Medo é quando minha noite parece mais fria e escura do que é realmente, quando o silêncio é perturbador e meu corpo sente freqüentes choques, que me deixam acordada por medo de dormir e acordar sem Harry... É uma reação natural, quando tudo está assim, frigido...

Tentando secar minhas lágrimas debilmente, ouço mais alguma coisa se partir em cacos.


-Não! – Fechei meus olhos tentando buscar o resquício de controle que imagino ter. – Ele me entende, Alvo também sofre, Harry é como um neto para ele... – Tento me convencer, falando mais alto pode aumentar as probabilidades de crer no que falo... Mais está complicado e fatigante.


*****




Os dias passavam arrastados, não tinha nenhum recado do hospital.

Me deixando relativamente mais tranqüilizada. Já teria comunicado se algo ruim tivesse acontecido, não é? Espero que sim.

Suspeito que Rony pôs sedativos no meu suco a mando de madame Pomfrey. Estou sentindo muito sono, e grogue, desorientada, além de dormência em certas partes do meu corpo.

Os professores me deram alguns dias de ‘folga’, mas eles não entendem que eu não quero folga nenhuma! Eu quero continuar o fim dos meus estudos, não quero que sintam pena de mim por estar assim, como uma morta-viva. Vou terminar meus estudos para, quem sabe, me tornar uma morta completa, me trucidar de estudar seria boa idéia.

Além de poder encontrar muita gente legal... Será que se eu morrer vou pro mesmo lugar de Hagrid? Ou dos pais de Harry? Como será é? Será que...


Gina tentou argumentar comigo, me tirando dos pensamentos mórbidos e até sórdidos:


-Harry não gostaria de te ver assim, Mione.


-Eu não sei nem ao menos se ele continua vivo. – disse seca. – Se ele estivesse aqui poderia falar se gostaria ou não.


Gina me olhou horrorizada. – Não fale assim! Você sabe que Alvo nos diria se... Se isto tivesse acontecido.


-Tem certeza? – perguntei com uma sobrancelha erguida.


A boca de Gina tremeu. – Hermione... Só não quero que você morra.


-Eu já morri Gina. Não está vendo? Isso aqui na sua frente – Apontei pra mim de cima a baixo. – é só uma casca, é só algo sem alma, sem nenhuma razão.


-Como não?! E a sua carreira? Hermione você tem um futuro brilhante!


-Não tenho mais... Para que pensar em futuro? O que ganhei planejando tudo? Nada aconteceu como eu queria.


-Mas você não pode desistir. Lembra do que você me ensinou? – indagou alterada. – Nunca desistir! Por que não segue isso?


-Você não entende!


-Então me explique – ela gritou de volta.


-Gina... – minha garganta ficou seca. - O Harry é a pessoa mais importante pra mim nesse mundo, você não percebe? Se eu o perder, eu morro... – chorei angustiada, escorregando da parede, onde eu estava, ao chão. – Eu o amo tanto... Tem horas que perco todo minha credibilidade (será mesmo que ainda está vivo?), não tenho noção, não sei se é dia ou noite... Posso estar enlouquecendo. E me assusta tanto a quantidade de amor que tenho e guardo por ele...


-E seus pais, Hermione? Você já pensou em como eles ficariam? É a única filha deles.


Minha cabeça pendeu para o lado:

-Você, por acaso, ouviu alguma palavra do que falei? Você pensa o que Gina? É claro que eu penso neles, todo tempo, mas eu não, escute bem, NÃO, agüento mais tudo. Eu não sou o que você pensa ou o que querem que seja, eu não sou uma menina que só pensa em seu umbigo, eu não sou aquela que só quer estudos e acha que isto vai revolucionar o mundo, Agora , estou pouco me lixando com os elfos e seus direitos, e você percebe o quando isso soa egoísta? Não viu nem a metade... – balancei a cabeça. Estava irreconhecível e talvez esse seja meu verdadeiro ‘eu’. – Eu não sou corajosa e não vou agüentar tudo como esperam que eu faça: como uma verdadeira mocinha educada que é muito forte e confiante e acha que vai dar tudo certo. Em que mundo você se encontra? Acham que sou um pilar não é, e o que aconteceria se esse pilar, de uma vez, desmoronasse? Com certeza o universo não sentiria minha falta. Afinal, quem é Hermione Granger? Você sabe? Porque eu esqueci... Não sei mais onde se encontra aquela sabe-tudo *irritante* que sempre queria que o Rony terminasse os exercícios mais cedo. Ou que queria simplesmente tirar notas altas, ou ainda, que ficou tão feliz quando descobriu ser uma bruxa. Enumeraria pra você, Gina, no entanto estou esgotada... – Sequei o rosto com força, tentava, em vão, controlar a ânsia de destruir o que estivesse na minha frente, principalmente aqueles que vinham até mim, incluindo Gina. Dei um suspiro longo.

Ficamos em silêncio tempo suficiente para aplacar minha alma.


-Hermione. – Gina chamou timidamente. - Ele vai conseguir, Harry é forte.


-Não! Ele é só um rapaz! Ele é um cara normal que teve a infelicidade de ser escolhido por Voldemort. – funguei. - Harry não é imortal ou um ser sobrenatural, é só... É só um garoto muito corajoso. Por isso sofro...


*****




Amar-te é o que devo chamar de ‘presente de grego’.

É crer em algo impossível e ser tão fiel a isto que realmente acontece. É viver no paraíso lidando com a tentação...

Às vezes parece um erro, mas quando você me abraça... Ah! Faz-me lembrar o por quê de eu suportar tudo desse jeito, que machuca e caleja.

É querer senti-lo perto, mesmo que como um amigo querido, é querer te beijar a qualquer hora em qualquer lugar, independente das pessoas ou coisas a nossa volta. E sentir uma vontade louca de pular no seu pescoço, querer que você me olhe, me chame e diga que também me ama.

É acreditar em contos de fadas, porém só naqueles que terminam com o príncipe e a princesa ficando juntos, que os mocinhos ficam juntos no final.

É idolatrar o seu ar rebelde e fingir reprovar cada ação sua, mas no fundo desejando que você me puxe para onde você for... É brincar em momentos sérios, e pensar que a vida é um parque de diversões. E que estamos controlando o destino como em ‘carinhos de bate-bate’...

Se o lugar não é bom, você faz com que ele seja o melhor, me dando uma linda rosa. Se talvez, não te amasse tanto, poderia não me considerar completa. Se por qualquer motivo, derramasse uma lágrima, sei que um dia você irá secá-la e transformá-la no mais belo sorriso. Se algum dia disser que não te amo mais, acredite, é mentira...


Dobrei a carta com cuidado, posso nem entregá-la para o destinatário. Contudo escreve-la me deu uma certa calma no coração, que convenhamos, precisava. A guardei na minha mochila.


-O que estava escrevendo Mione? – Rony perguntou me olhando curioso.


-Não é por nada não Rony, mas não te interessa...


-É, eu já sabia a resposta. Só fiz tentar conversar, você está bem?


-Poderia estar melhor. Obrigada pela sua preocupação. – falei recolhendo meus livros e mochila. - Boa noite.


-Hum... Noite.


Esperando que o sono viesse com o tempo, fui pro meu quarto. E também pelo falo de não querer conversar com ninguém.

Tudo bem que o Rony só queria ajudar, entretanto ele não é das pessoas mais indicadas... Ainda mais quando se trata de mim.


Idealizava dormir sem precisar de remédios, não sei onde estava com a cabeça. Era melhor ter pedido mais uma daquelas poções que dormimos sem sonhar...

E com a janela rangendo e batendo, ficava impossível ter uma noite confortável, não que eu fosse tê-la se a janela estivesse sem esses barulhos...


–Não vá ainda...


-Eu preciso, tente entender.


-Eu tento! Mas não consigo... Por que não pode ficar?


-Está além de mim, Mione.


-Não quer ariscar? Não pode ir agora!


Ele ficou calado.


-Você prometeu pra mim. Não pode quebrar isso. – a garota levou as mãos ao rosto.


-Não fique assim. Me deixa triste... Por favor.


-Prometa, prometa então, que não vai embora. Prometa e eu paro.


Ele ofegou. – Não posso garantir isso...


-É um falso. Eu odeio você. – ela fechou os olhos para que esses não deixassem escapar nenhuma gotícula de lágrima. – E sabe por quê? – não esperou resposta. -Porque sem você – ela o fitou. - Eu perco o tino. Porque, sem você, não consigo viver. Porque sem você não sou nada. Porque te amo tanto que não conseguiria imaginar...


Busquei ar, como se estivesse o prendendo a tanto que estava preste a desmaiar...


-Ai... –meu peito doía como se estivessem martelando com força meu coração. Parecia uma maldição. Até pra respirar estava tendo dificuldade. – Você vai voltar... De onde... Quer que esteja.


Com dificuldade levantei, tomar banho amenizaria a dor...


*****




Olhando pela janela, aquelas crianças brincando sem preocupação com a lula gigante, umas correndo e sorrindo, quadro tão irreal e longínquo...

Eu estava em pedaços e eles ali, a metros de distância de mim, e tão inconseqüentes e inocentes, era um paradoxo. Como eles não conseguiam sentir minha profunda agonia?

Simples, eles não sabem o é o medo de perder algo realmente precioso e que não tenha a ver com dinheiro e pertences.

Tenho, admito, inveja dessa ignorância deles...


Então Rony bateu em meus ombros. Virei-me.


-Nossa Rony! O que é? Assim você me assusta. – Reclamei nervosa.


Rony tomou fôlego, os orbes dele estavam mais acesos e maiores, o que quer que esteja acontecendo, é importante.


-Ele acordou!

(continua)

*****


Bem, eu espero que comentem, né?

Beijo!

Desculpem qualquer erro.

E valeu pelos comentários! Fico feliz que tenham gostado!^^

Acho que esse cap responde a pergunta que me fez certo?

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