Capitulo VI
CAPÍTULO VI
O olhar de Gina manteve Harry magnetizado por alguns momentos, até que ela aninhou o rosto na mão dele. Um movimento extraordinariamente simples, porém capaz de intensificar o desejo que sentia por ela. Restavam barreiras entre os dois, como a distância que a sociedade impunha entre um cocheiro e sua patroa.
De qualquer modo, ansiava por prendê-la a si, por imprimir a imagem de Gina no coração e na alma, por cingi-la até instaurar o mais delicioso calor entre ambos. Quando fora que ele perdera o controle de suas emoções e de seus anseios? A realidade dos fatos, as consequências já não o importunavam. Loucura ou não, precisava possuí-la como necessitava de ar para respirar.
Quando teria outra oportunidade como aquela?
Encontravam-se numa cabana de caçador, escondida na floresta que margeava a trilha barrenta. Não obstante o frio que sentia, ele transpirava sob o efeito das perigosas fantasias que Gina lhe suscitava.
Havia superado o medo ao salvá-la da tempestade, da correnteza do rio. Faltava vencer o desamor que o tinha separado da família durante os últimos quinze anos pelo menos.
O coração de Harry acelerou-se antes que ele domasse o selvagem arrebatamento que Gina inspirava.
Experimentou uma estranha metamorfose, uma mistura de renovação interior e de certeza quanto a ser o mesmo homem de antes da travessia. Tal condição, porém, era proporcionada pela presença de Gina. Ao lado daquela mulher, Harry sentia-se outro, sentia-se mudado.
Como na noite em que o iate em movimento batera nas rochas, adiando os sonhos de Neville, Carlos e de seu pai, que comandava a embarcação. Na ocasião, sua vida tinha mudado, para pior. Agora, a mudança era mais leve, mais prazerosa e ainda assim ambivalente.
— Então, é melhor se trocar — ela repetiu, tocando-o no ombro e o fazendo estremecer.
O contato da mão de Gina lhe sugeria uma reação ousada, definitiva.
Ele jogou a camisa ensopada no chão, sem se livrar dos demónios que incitavam uma atitude que não teria volta. Cerrando os punhos ao longo do corpo, empenhou-se em recordar os motivos pelos quais deveria manter distância dela. Até então, não se deixara desviar de seus sonhos por nenhuma mulher, por mais fascinante que fosse.
Tal promessa vinha sofrendo um abalo. Seus sentimentos por Gina exigiam ação, causando dor e confusão mental. Estava tentado a maldizer a bênção dos Potter e ignorar a tradição da família, descendente de corajosos guerreiros druidas. Fechando os olhos, imaginou-a nua sob a toalha. Nua e linda.
O desejo lhe rasgava o ventre como vingança. Talvez a maldição contraposta à bênção fosse exatamente aquilo: permanecer inerte diante da mulher desejada, incapaz de reivindicá-la para si conforme o corpo e o coração exigiam.
Excesso de respeito ou falta de coragem?
Ambos os cenários criavam um inferno em seu íntimo. contudo, não importava qual sombria profundeza sua alma percorresse, era uma dor mais doce e gratificante do que imnais pudera supor.
Também era fácil imaginá-la em seus braços, ouvir-lhe os gemidos de prazer enquanto o recebia dentro de si, como se sempre o tivesse esperado.
Os lábios de mel, ele já conhecia. Mas, se tocasse o corpo de Gina naquele momento, após arrancar-lhe a toalha, os dois estariam perdidos. Aquilo, sim, configurava uma maldição.
— Se não pretende trocar de roupa, ao menos acenda o fogo e procure secar-se — ela propôs em tom suave.
Ele estava delirando, ou Gina dava mostras de querer vê-lo totalmente nu, de abrir mão de sua pretensa inocência? O peito de Harry estava descoberto, no entanto não considerava mais a ideia de tirar a calça molhada e deixar sua virilidade ao alcance da mão macia. A duras penas, conseguira sufocar o desejo carnal que o torturava.
— Estou bem assim — disse, contrito.
— Mas não pode ficar com a calça molhada, arriscando-se a pegar uma gripe.—Argumento pouco razoável, levando em conta que Gina estava sem roupa, protegida somente pela toalha de banho.
— Vou acender o fogo — ele murmurou, já acalorado.
— Poderia fazê-lo só de toalha. Mas os homens são teimosos, obstinados, irracionais. Como meu pai.
Ela ousava compará-lo com o preconceituoso Arthur Weasley? Tal ideia doeu em Harry como sal numa ferida. Avançou para ela mecanicamente, sem pensar. A maneira como Gina prendera a toalha em um nó sobre um dos ombros, deixando o outro descoberto, remetia à figura de uma deusa ou sacerdotisa grega.
Ele se negou a considerar a possibilidade de tirar a calça encharcada. Já estava de torso nu, a exibir a musculatura do peito, e a calça era provavelmente a única defesa que lhe restava contra os próprios impulsos, diante de uma mulher tão desejável quanto aquela.
— Prefiro dar conta das tarefas do modo como estou — ele se justificou, estranhando a própria voz tímida.
A centímetros de Harry, Gina riu, num tom que ameaçou a sanidade dele e a própria virtude ao mesmo tempo.
— Não deve ficar de calça e... roupa de baixo molhadas, eu já disse. Imagino que faça mal para... sua saúde. Posso virar de costas enquanto se troca.
—Acho melhor ficar assim mesmo. — Ele se valeu de um tom racional para defender algo irracional.
O que fazer, porém, se sentia as chamas do desejo crescendo nas veias e descendo até a virilha?
A toalha que a envolvia, progressivamente úmida das gotas que cobriam seu corpo, colou-se à pele de Gina, revelando curvas tentadoras. Não era fácil para Harry contemplar tanta beleza e sensualidade sem perder a calma. Imaginou se a calça encharcada também expunha o conteúdo rígido de sua virilha, se ela sabia do que se tratava e da possibilidade de obter prazer, todo o prazer que uma deusa merecia.
Resmungando, tentou afastar-se a fim de realizar o trabalho que lhe cabia, porém ela o reteve pelo braço, com tal força que seus dedos pareceram imprimir-se em sua pele. Destino anunciado.
— Harry... — ela falou entre os dentes, com um véu de volúpia a embaçar seus olhos. — Eu quero... Eu preciso...
O quê, Deus do Céu?! A ternura equiparou-se ao desejo dentro dele. Gina almejava ser beijada e acariciada? Ou, além disso, pretendia conhecer a melhor maneira de um casal combater o frio conjuntamente?
Uma alfinetada de raiva o atingiu. Com certeza, não fazia parte de seu destino ficar ali calado, incapaz de obrigá-la a manter distância. Seria ela tão inocente a ponto de ignorar o que podia acontecer entre um homem e uma mulher? Deveria preveni-la do perigo que corria?
—Você me salvou mais de uma vez, Harry — ela desatou a língua. — Hoje, escorregando na lama rumo ao leito do rio, eu sabia que você não deixaria que eu me afogasse. — Sorriu de leve, lembrando a cena aterradora. — Obrigada.
Ela ficou na ponta dos pés a fim de roçar os lábios na face levemente barbada.
— Gina, acho que não faz ideia de quanto é tentadora.
Harry tinha vontade de gritar de tensão e liberar a força de seu desejo. Agradecimentos eram completamente dispensáveis naquele instante.
Erguendo o queixo, ela revelou a pele branca e suave de seu pescoço. Céus! Harry sofreu para não acariciá-la com a boca.
— Creio que está sendo recatado ou tem medo de mostrar-se. Se posso me cobrir assim, você também pode, sem maior problema. Ou acha confortável permanecer molhado? Arrisca-se a ficar doente.
De novo uma pontada de rancor o feriu. A preocupação de Gina era ao mesmo tempo impessoal e demasiado pessoal.
— Você não compreende...
— O quê? — Ela levou as mãos à cintura, apertando a toalha contra si e enfatizando as curvas suaves dos seios e dos quadris. — Tem medo de alguma coisa?
— Não, em absoluto — Harry mentiu.
— Então, seja sensato. Precisa estar saudável para me levar até Somerset e à minha avó. — Gina pareceu satisfeita com o novo e forte argumento. Afastou do ombro alguns cachos teimosos, com o costumeiro gesto encantador e inocentemente sensual. — Vou ver o que sobrou nos cestos. Se você acender o fogo, talvez eu consiga fazer uma sopa.
Ela foi até a porta, ao lado da qual Harry depositara os mantimentos. Ele nunca havia sido tão sensível à graça com que ela se movimentava. Como explicar que, meramente por andar naquele espaço confinado, Gina pudesse enlouquecê-lo de desejo? Sem falar na tentação de despir-se diante dela?
Úm arrepio desafiou sua prudência. A roupa molhada, incluindo o calção de baixo, era mais do que um homem poderia suportar. Ele removeu tudo ao vê-la de costas junto ao fogão e enrolou a toalha na cintura. Não era perito, porém, com nós de marinheiro, que garantiriam a segurança de estar coberto. Improvisou, do melhor modo possível, e o pano acomodou-se às formas viris.
— Encontrei o suficiente para... — Ela se voltou, mostrando nas mãos um naco de carne defumada e um queijo duro.
A surpresa a emudeceu. Os olhos correram dos ombros de Harry até a cintura, e mais abaixo.
Cada toque, cada beijo já trocado entre os dois, pareceu ílutuar no ar úmido da cabana. Fantasmas da atração que os unira. Prenúncios do que poderia acontecer.
— Oh, meu... — Ela ficou rubra. — Você... está com fome?
— Sim, claro — ele rosnou, diante do estranho sorriso que marcou a expressão de Gina, ao livrar-se da carne e do queijo que tinha nas mãos.
Apesar do brilho nos olhos, ela parecia precaver-se de qualquer iniciativa, enquanto ele dominava suas sensações com esforço. Ele se propunha a suportar a tempestade, do lado de fora, a fim de protegê-la dos impulsos que rolavam como labaredas pelo próprio corpo. De que modo dizer-lhe isso?
— Gina... você é linda. — As palavras contrariaram sua vontade.
Reprimindo um suspiro, ele se acercou da figura que lhe torturava os sentidos. Um relâmpago e um trovão frisaram a eletricidade que dominava o ambiente. E havia ainda aquele aroma inebriante de gengibre e camomila que dela exalava.
— Harry... — ela se limitou a balbuciar-lhe o nome, com uma ternura capaz de romper a muralha de autocontrole que ele tinha erguido.
Estendendo o braço, acariciou-a no rosto, a partir da curva do queixo.
— Meu Deus! — O tom que ele imprimiu na voz foi grave a bastante para denotar todas as suas intenções ocultas.
De maneira convidativa, Gina pousou a cabeça no peito musculoso e desnudo.
O que fazer? Ele era homem...
Agarrou-a de tal modo que os corpos ficaram colados. Procurou-lhe a boca para uma serie de beijos sem pausa, moldando os lábios à carne suave que lhe propiciava um contato vulcânico, sobretudo depois que as línguas se encontraram.
Gina não só cheirava bem como tinha um sabor de morangos silvestres.
Era a bênção, Harry não teve dúvidas, desfazendo suas últimas amarras com a sanidade mental e as conveniências sociais, esvaziando o senso de pudor que ainda o impedia de agir como homem.
Os seios de Gina, pressionados contra o peito rijo, ofereceram uma frágil resistência à carícia das mãos másculas e, depois, dos lábios famintos, quando a toalha que a cobria veio ao chão.
Harry se arqueou sobre ela, cuidadoso para não assustá-la nem escandalizá-la. No entanto, ela correspondia a seus toques como se fosse uma amante experiente, o que lhe acendeu ainda mais a volúpia.
Deitando-a na cama, deslizou as mãos por todo o corpo feminino. Cada contato deixava uma trilha de calor pelo caminho. Ele levantou a cabeça, quebrando momentaneamente o clima de lascívia. Notou que entre ambos já não existia nenhum traço de medo nem de hesitação. Ela lhe entregava o corpo e também a alma.
— Gina! Mo chroíl — A exclamação em gaélico veio do fundo de seu ser. — Meu coração!
Harry ainda não se atrevera a explorar-lhe a intimidade, mas era uma questão de minutos. Estranhamente, foi detido pela disponibilidade que ela demonstrava e pelo olhar brilhante que parecia esperar pelos dedos dele e algo mais.
Tão vulnerável estava ela e tão alterado se achava ele que escutou um alarme soar em suas terminações nervosas. Caiu para o lado, saindo de cima de Gina.
— Não é sensato agirmos desta forma, querida — disse. — Embora seja difícil um homem resistir, você está pedindo demais de mim.
— O que foi que eu pedi? — ela perguntou, intrigada. Harry resmungou, incapaz de responder, quanto mais de raciocinar. A tempestade lá fora encontrava, naquele santuário em que se transformara a cabana, um concorrente no sangue que corria furiosamente por suas veias.
— Você realmente não sabe? — Ele comprimiu a boca de frustração. Teria de explicar a ela?
— Conte-me.
— Não — ele se negou. — Está brincando com fogo. O que ia acontecer aqui não seria nenhum conto de fadas.
— Não gosto de contos de fadas — declarou Gina, segura de si, mas ainda sem compreender no todo aquele tipo de experiência, da qual só tivera informação esparsa e fantasiosa.
— Quero que entenda que eu a desejo, Gina. Tanto quanto um homem pode desejar uma mulher.
Harry rilhou os dentes, agoniado. Agora, ofendida, ela o desprezaria para sempre. Lidar com uma donzela talvez fosse o maior teste de sua vida. A pele feminina era quente sob os dedos que ele ainda mantinha sobre o ventre delicado, mas evitando as regiões sensíveis.
O coração de Gina batia forte. Ela queria tocá-lo por inteiro, descobrir os segredos do corpo de um homem, que as Filhas da Graça por vezes mencionavam, entre risos envergonhados, sem entrar em detalhes que obviamente desconheciam.
Enquanto ela se recobria com a toalha, almejando retomar a sequência de beijos na boca, Harry a desejava com ardente lascívia. Na mente de Gina, surgiram questões atordoantes. Mesmo sem entender o que se passava consigo, tinha vontade de senti-lo o mais próximo possível, satisfazendo-a. Tinha vontade, sim, mesmo confrontada com os abalos em seu futuro e a incerteza de seu destino.
Observando-o, ela pôde notar um terrível conflito nos olhos verdes. A tensão e o esforço para superá-lo eram evidentes. Generosa, imaginou o que deveria fazer para ajudá-lo a aliviar o problema. Aquilo não era o que tinha sonhado receber de um homem.
Com assombro, quase choque, ela percebeu que o amava o suficiente para seguir seu coração, em vez da mente. Amava o suficiente para acreditar apenas naquele momento de cumplicidade, deixando que o futuro se encarregasse do resto.
Espalmou as mãos no peito de Harry, acariciando-o com a ponta dos dedos. Um sopro de excitação atravessou os dentes cerrados dele.
— Gina... — O nome soou como uma súplica, uma promessa.
Ela nunca escutara nada semelhante. Mas, e agora?
— Harry... — ela retribuiu o chamado no mesmo tom, trémulo e apaixonado.
— Moça, não sabe o que está fazendo...
— Sei que o desejo, Harry Potter. E estou pronta para pertencer a você.
— Não. — Ele levou dois dedos aos lábios dela, selando-os. — Não diga isso.
Ela beijou as pontas daqueles dedos, sugou-os com a boca ávida, como se fosse uma amante experiente, a mostrar seu poder de excitar o parceiro. Talvez aquilo representasse o que a avó de Harry queria ensinar, quando dizia que todo homem sábio devia aceitar o que lhe era oferecido de graça.
Gina sorriu, desistindo de aplacar o coração disparado e os sentidos em fogo.
— Minha avó sempre fala que não podemos nos furtar àquilo que precisa acontecer, mesmo que esteja além de nossa compreensão.
— Além de nossa compreensão... — ele repetiu, franzindo a testa. — Se é assim, Gina, farei amor com você. Beijarei seu corpo centímetro por centímetro, e terá sensações que jamais experimentou. Amarei você de tal modo que não haverá espaço entre nossas peles, nem limite ao nosso prazer.
Ela engoliu em seco e a expectativa dominou-a. Sabia que a parte mais profunda de seu ser vibraria com as carícias ousadas de Harry e, finalmente, conheceria um êxtase real, mais do que fantasiado. Só na manhã seguinte trataria de racionalizar o que estava prestes a acontecer.
— Já compreendi tudo — assegurou, a fim de livrá-lo de tantas precauções.
Harry passou a agir, principiando por mais um beijo tórrido na boca de Gina, que voltara a se deitar sob seu corpo. Se o gosto dela era adocicado, o dele era indefinível, porém causava nela a mesma volúpia que, em seguida, tomou seus mamilos. Ela reprimiu um gemido, ignorando se tal atitude poderia intimidar um homem.
Harry apertou-a contra si, e ela apreciou a pressão daqueles músculos na pele macia dos seios comprimidos. De alguma forma, ansiava por ficar ainda mais unida a ele. estranhou, mas antecipou um prazer insano quando ele deslizou os lábios de seu ventre liso até as partes íntimas.
— Mo chroí! — As palavras dele soaram como uma suave carícia.
Com os dedos, ela ousou tocar o membro ereto, e a descoberta da carne rígida a atordoou tanto quanto a aqueceu.
— Isto é mais do que fazer amor, querida. Preciso desesperadamente de você. — Ele traçou de novo com a língua as linhas ocultas da intimidade de Gina. Preparou-a para uma conexão definitiva, apartando-lhe as pernas. — Você vai ser minha, e eu vou ser seu.
— Sim — ela murmurou.
Naquele momento, compreendia tudo: o antes, o durante, e depois. Excitada além da fronteira da razão, contra qualquer eventual problema futuro, ansiava por ser possuída pelo estranho cavalheiro que tanto dependia dela, física e emocionalmente. Afinal, Harry colocava a própria existência de lado para acudi-la em tudo, desde o momento em que haviam se conhecido.
— Faça amor comigo, Harry — pediu com espontaneidade, mas também com urgência.
Ele voltou a beijá-la e sugá-la, até que a primeira invasão total a arrebatasse. Os dedos dele a afagavam com ansiedade, enquanto as investidas se sucediam e aprofundavam, ao som do temporal.
— Você é maravilhosa — balbuciou, sem perder o ritmo. Gina sentia-se bonita, amada. Por um átimo, pensou em Pancy, Luna o Hermione. Imaginou se, em nome da beleza que buscavam, elas se entregariam do mesmo modo a um homem sedutor. Experimentou certo orgulho de si mesma, pela coragem, pela independência, pela disponibilidade para a paixão.
Tal sentimento, porém, logo passou para o tormento. Com a respiração ofegante, desejava a conclusão de tudo, o clímax que aplacaria seus instintos e traria o relaxamento dos nervos, ao dormir abraçada com Harry.
A plenitude do ato de amor não tardou. A princípio, ele a penetrou com cuidado para não machucá-la. Porém, ao notar que Gina correspondia, completamente extasiada, às investidas, ele foi imprimindo um ritmo cada vez mais intenso aos movimentos que certamente os levaria à loucura.
— Solte-se, que será melhor — ele aconselhou, ofegante. De repente, Gina gritou, em parte de prazer, em parte de dor.
— Harry... — Ela se rendeu ao ritmo do companheiro, sentiu-o por inteiro dentro de si como prémio à longa espera, de anos, por aquela espécie de conjunção.
— Oh, Harry! — Estremeceu debaixo dele, assaltada por espasmos de prazer que pareciam não mais terminar.
Percebeu que se descobrira como mulher.
As formas nuas de Gina foram afagadas por Harry numa estranha mistura de ternura e volúpia. Ele a beijou, sufocando seu último gemido, depois se acomodou ao lado dela, na cama estreita que se aquecera em poucos minutos ao calor de seus corpos.
— Eu não imaginava que fosse assim... — ela murmurou, despertando um sorriso de triunfo nos lábios de Harry.
— Nem eu, de certa maneira.
Ele não havia se dado conta de que, com Gina, poderia não apenas dividir a força de sua paixão como satisfazer tão intensamente suas necessidades. Nunca lhe acontecera de ter uma mulher como ela, virgem ou não.
Enquanto usava a toalha amassada, Gina espiou a virilidade masculina, como se quisesse conhecer melhor o instrumento de seu prazer. Esticou o mão para explorá-lo. Harry arrepiou-se sob o contato suave, ainda cálido.
— Gina... — ele grunhiu, livrando-se da tortura daquele toque.
— Sente dor? — ela inquiriu, curiosa.
— Somente a dor de desejá-la.
— Mas o que nós... o que você fez...
— Mo chroí! — ele exclamou. — Foi apenas o começo. Quando me toca assim, alimenta meu fogo.
— Por quê?
— Assim é a natureza, assim é você...
Ela suspirou, envaidecida, e pousou os lábios no peito nu de Harry.
— Você disse que era apenas o começo... — instigou-o e depois apertou os seios contra ele, julgando provocar uma tensão maior do que um simples beijo.
— Não é mentira — disse ele, com voz rouca.
— Então me mostre, Harry Potter. Mostre-me tudo o que devo saber.
— Como quiser, querida. — Ele ancorou as mãos na cintura fina, indeciso quanto a subir ou descer os dedos pelo corpo de Gina.
Optou pelas duas coisas, entremeadas por uma fricção ardente dos lábios.
— Ah! — ela exclamou, novamente acalorada com a ex-pectativa de novos e desconhecidos prazeres.
Após sugar-lhe os seios, massageou-a suavemente nas nádegas, seguindo até a feminilidade entre as pernas. A quente umidade da região lhe causou uma desmedida ex-citação, a qual demandava pronto alívio. Mas ele demorou-se naqueles afagos especiais, com a intenção de agradar a Gina tanto quanto ela o satisfazia. Em seguida, ante os gemidos encorajudores que ela emitia, os corpos voltaram a unir-se numa fruição mútua o completa.
A posse foi incrivelmente voluptuosa, mas também doce, suave como veludo.
Uma união de corpos e almas. Comunhão de carne e espírito.
Os olhos de Gina estavam arregalados, de surpresa e de prazer. Para Harry, a satisfação era tão intensa que ele não queria que ela parasse de se mexer, fosse por receio, fosse por algum resquício de dor.
— Parece que somos um só — ela balbuciou. — Eu sou sua, assim como você é meu.
— Hum...
Ele vibrou com a mistura de êxtase e tortura que experimentava. Segurou Gina pelos quadris, movendo-a contra si, e sentiu a leve dolência que o ato de amor acarretava nele também. A dança da paixão terminou em gemidos e gritos, cada qual bradando o nome do outro, até que se abraçaram, exaustos.
— Oh, querido... — Toda sensível, ela passou para cima dele e moveu a cabeça, fazendo com que seus cabelos espanassem de leve o peito de Harry.
Tal gesto foi uma nova tortura para ele. Parecia interminável a excitação que Gina lhe propiciava.
— Não consigo me fartar de você — falou, contrito. — Isso nunca me aconteceu antes.
— Agora pode acontecer sempre... — sussurrou Gina, arfando, enquanto as mãos deslizavam pelo corpo bem definido, do pescoço até a virilha.
Instintivamente, ela se agachou sobre ele, promovendo um novo encontro entre os pontos mais sensíveis dos dois. Quando a conhecera, Harry não havia esperado nada da jovem bem-nascida e educada de Boston, além de alguns beijos roubados. Depois, nutrira a fantasia de torná-la sua. O destino, ou a bênção dos Potter, tinha agido no sentido de aproximá-los intimamente, com tal intensidade que ele se transformara no primeiro homem de Gina, e ela em sua última amante.
Gina, por sua vez, não conseguiu deixar de pensar no que a mãe diria se tomasse conhecimento daquela situação escandalosa. Olhou para a parede de madeira da cabana, evitando os olhos de Harry. Por impulso, logo voltou a fitá-lo e sentiu uma emoção inesperada, um misto de prazer e culpa.
"Remorso" era o termo. Arrependimento. Embaraço. Não por ter se entregado a ele, mas porque, sem explicação, temeu que algum parente próximo, o próprio pai ou mesmo Draco Malfoy, desse um tiro fatal em Harry, ao saber que ele a havia deflorado após outra transgressão grave: acompanhá-la numa viagem não autorizada.
Apesar de tudo, amar Harry Potter parecia a Gina a coisa mais natural do mundo, mais correia do que as barreiras sociais ou morais deixariam prever. Depois da noite tão estimulante e reveladora que vivera, nada a impediria de gostar daquele homem e de chegar à casa da avó no Maine.
Adorá-lo e tê-lo como amante era inevitável. Desde o primeiro beijo nas docas, praticamente em público, ela soubera que pertenceriam um ao outro. Seu único pesar consistia na certeza de que estavam desfrutando um sonho frágil, passageiro.
Harry tinha uma missão a cumprir, em nome da família, um objetivo que Gina não se julgava no direito de tolher. Em contrapartida, ela alimentava a perspectiva de ter uma vida independente, assim que chegasse a Somerset e ao sítio da avó.
Com esses pensamentos, adormeceu confortavelmente abrigada nos braços fortes que a envolviam.
De manhã, a chuva havia dado uma trégua. Gina acordou e deparou com Harry examinando-a com uma sombra de remorso no olhar. Estaria lamentando as intimidades que tinham partilhado?
— Bom dia — ela desejou, entre animada e aflita. Sentia-se dolorida, por conta dos excessos da noite anterior.
— Olá, Gina querida!
Ele falou em tom tão caloroso que ela se censurou mentalmente por ter pensado no fim do relacionamento, e não em sua continuidade. Talvez fosse mais produtivo conversar, acertar as diferenças.
— No que está pensando?
— Eu... — O que ela deveria responder? Que estava justificando para si mesma as loucuras de amor da noite anterior e imaginando se a avó as aprovaria, em vez de considerá-las desavergonhadas?
Os dedos de Harry afagaram-lhe as faces e os lábios. Ela se recordava bem daquela mão forte explorando as partes mais recônditas de seu corpo.
— Você tem um olhar sério demais, Ginevra Molly Weasley.
O som de seu nome completo, vindo de Harry, conferiu à situação um aspecto normal, como se os dois conversassem socialmente durante um jantar. Porém, ela precisou fazer um grande esforço para desviar os olhos dele, incapaz de fruir o calor do toque e, na prática, desencorajando novas perguntas.
Sentiu-se frágil ao lado dele, incrivelmente feminina, e predisposta a partilhar outros momentos de prazer. Seu pensamento, contudo, viajou até a avó, que, enferma, aguardava sua chegada.
— Pensava se minha avó melhorou e se já podemos partir — disse, disfarçando a ansiedade.
Lá fora, o sol fraco que despontava logo secaria a trilha encharcada, e o galope dos cavalos ganharia um ritmo mais veloz. Tal fato a tranquilizou, sem afetar a repentina pressa que revelava. Harry tomou a palavra:
— Só vou me arrepender do que ocorreu entre nós se você tiver alguma ressalva.
Como? O rubor das faces de Gina denotava sua disposição de repetir os eventos da noite passada. Todavia, Harry falava do assunto com uma informalidade que ela jamais poderia demonstrar. Ele não havia possuído somente seu corpo, mas também a alma. Não existiam palavras para descrever tal sentimento. Por isso, permaneceu calada.
Então, ele a beijou com certa rudeza. Que estranho! Ela não desejava desculpas nem lamentações por parte dele. Queria esquentar água, tomar um banho de tina, vestir-se e retornar à estrada. Mas ao mesmo tempo ansiava por deitar-se com Harry e desfrutar de novo as sensações que a haviam levado ao paraíso, apagando todas as imposições do mundo real.
Harry se posicionou sobre o corpo de Gina, e o olhar que ela lhe enviou demonstrava expectativa, graças a esse movimento cheio de promessas luxuriosas. Por um segundo, ela avaliou a fabulosa sofisticação que a mãe tentara lhe incutir, mas nada havia, nas regras da sociedade, que preparasse uma mulher para enfrentar um homem tão forte e sedutor, que a solicitava outra vez, com a pele quente e os olhos verdes brilhantes.
Ela o abraçou, vulnerável, porém ergueu o queixo com altivez.
— Não lhe pedi que se desculpasse, nem que desse provas de virilidade.
— Por que não? — A pergunta, seguida de um sorriso, soou espontânea.
Gina estremeceu quando a língua invadiu-lhe os lábios e a boca. Fechou os olhos na antecipação do prazer completo, e então um raciocínio claro formou-se em sua mente.
— Devemos admitir que não temos um futuro em comum, Harry. Eu no Maine, você na Califórnia, e todos os meus parentes contrários a qualquer aproximação entre nós. Talvez surjam ocasiões em que possamos nos ver e nos amar, mas...
— Como agora — ele disse com firmeza. — Por enquanto, estamos juntos, e é isso o que importa. Sem remorsos.
Um calor selvagem percorreu o ventre de Gina quando Harry correu os lábios por ali, até beijá-la no ponto mais secreto de seu corpo.
— Harry... — sussurrou. O que havia imaginado ser uma queixa, pouco antes, soou como uma mostra de desejo.
O contato, cada vez mais ousado, reverberou uma necessidade imediata de êxtase total.
— Quero possuí-la mais uma vez antes de partirmos — ele afirmou, já ensaiando as estocadas que a tirariam do sério.
— Oh, sim! Sim! — ela exclamou, concentrada em oferecer-se na posição que havia aprendido. — Faça amor comigo!
Beijos famintos precederam a entrega e a posse, como na noite anterior.
Ele perdeu o controle da razão enquanto Gina reagia a suas carícias com exaltado despudor. Pensou no fato de que ela podia enlouquecer qualquer homem, sobretudo quando arqueava as pernas e se colocava pronta para entregar-se, transmitindo uma inocência que só aumentava sua excitação.
Harry julgou que desmaiaria de prazer. Gina contraía os músculos internos, apertando-o dentro de si. Ele a segurou por um longo e torturante momento, sem abrandar a ligação entre ambos. Ela tremia a cada investida, emitindo pequenos gritos que o estimulavam até a beira do descontrole.
A cadência dos movimentos levou a relação a um final portentoso. Mal respirando, os dois chegaram ao clímax em sincronia, abraçados e exaustos. Harry desabou ao lado de Gina, saciado, refletindo que nunca sentira tanto prazer. Era a diferença entre fazer amor com uma mulher maravilhosa e se valer dos favores de uma rameira no quartinho dos fundos de uma taverna.
Independentemente de suas intenções, ao conduzi-la à segurança do interior da cabana, jamais cogitara tirar-lhe a virgindade e gozar de tanta intimidade vezes seguidas.
E agora?
— Gina... — Sentia remorso e queria desculpar-se, mas ela pareceu ler seus pensamentos.
— Por favor, não me peça desculpas.
Uma sensação negativa avassalou o íntimo de Harry. Pouco antes, o que havia começado como uma tentativa de explicar seus sentimentos convertera-se na necessidade de desculpar-se pela invasão do corpo dela. Droga! Ele, supostamente, devia protegê-la, não seduzi-la.
Gina sorriu, demonstrando satisfação com tudo que havia acontecido.
— Harry, eu gostei do que aconteceu entre nós, tanto quanto você. Você não me deve nada. Exceto me escoltar até o Maine, conforme nosso acordo original.
Ele pousou a mão no rosto macio e afagou os cachos claros que lhe caíam pelos ombros.
— Muito bem, mo chroí — murmurou, tenso. — Vamos nos preparar para seguir viagem.
Pouco mais tarde, limpos e refrescados por um banho de tina — em separado, pois o recipiente não comportava os dois juntos —, alimentaram-se e saíram da cabana até a árvore à qual os cavalos tinham sido amarrados.
Gina caminhou com infinita graça, orgulhosa e sem arrependimento por ter se tornado mulher. Subiu no lombo de Missy, juntando com uma das mãos as camadas de tecido que agora a recobriam. Já não era donzela, porém continuava sendo a mesma Ginevra Weasley que Harry estava aprendendo a amar com intensidade.
A claridade da manhã ainda era maculada por alguns pingos de chuva, mas nada parecido com a enxurrada que quase a empurrara até o leito do rio, onde poderia afogar-se. Também havia uma brisa suave, e o sol ameaçava uma gloriosa aparição. O percurso seria tranquilo, embora longo, com duração prevista para mais um ou dois dias.
Harry verificou as selas, arreios e cascos das montarias. Por sua mente, desfilaram as minas de ouro da Califórnia. Precisava pôr de lado os delírios da paixão por Gina e concentrar-se em seus objetivos.
— No caminho, teremos de encontrar um ferreiro para trocar as ferraduras de Missy — informou, inspirando o cheiro da infusão de genbigre e camomila que, certamente, ola transportava num frasco.
Partilharam um olhar significativo e esporearam os cavalos, retomando a trilha um ao lado do outro. Mesmo com tanta roupa, Gina deixava entrever a suavidade de suas curvas, o calor de seu corpo...
Harry balançou a cabeça com o intuito de expulsar da mente essas imagens. Aquela seria uma longa cavalgada.
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