CAPÍTULO II



-Você conseguiu! – exclamou Hermione, que pela empolgação, abraçou o garoto fortemente – eu te disse que você era capaz!


            Mas quando o ruivo ia começar a corresponder ao abraço, a garota despertou e percebeu o que estava fazendo, se afastando rapidamente.


            -Ah, me desculpe, é que eu fiquei tão feliz por você! Vou tentar me controlar da próxima vez. – disse ela, articulando as mãos como se fosse para espantar uma mosca.


            Depois de um momento um tanto constrangedor, ambos olharam para um buraco longo de onde vinha um cheiro de podridão.


            Ron percebeu que Hermione estava apreensiva, segurando as mãos e mordendo os lábios. Tomando coragem, Ron virou-lhe o rosto para que pudesse olhar diretamente nos olhos castanhos da menina.


            -Não precisa ficar com medo, vai dar tudo certo. E se qualquer coisa acontecer eu estou aqui pra cuidar de você. Eu vou na frente, ok?


            A garota assentiu e observou Ron pular dentro do buraco. Depois de algum tempo ela ouviu Ron dizendo que poderia pular, e assim o fez. Com os olhos fechados enquanto escorregava, pensou em como seria doloroso o choque com o chão, mas ela não pode descobrir como seria, pois Ron a esperava com os braços abertos. Só abriu os olhos quando sentiu ser segurada pelos braços fortes. Deparou-se com aquelas íris azuis fitando-a. Naquele momento, Hermione sentiu como se nunca tivesse existido uma guerra, pois estava em uma paz que nada poderia atrapalhar. Parecia que estava em um sonho e sentiu seus lábios formando um sorriso tímido e sem jeito, que foi copiado pelo ruivo. Não queria solta-la, mas tempo era algo que não podiam perder, então a colocou de pé no chão. As orelhas de Ron estavam vermelhas e o rosto da garota um tanto corado.


            -Bem, qual é o caminho? – perguntou a morena, já que na ocasião em que Harry e Ron estiveram na câmara ela se encontrava petrificada na Ala Hospitalar.


            -É por aqui, vamos lá. – dizendo isso, segurou a mão de Hermione e a guiou pelo caminho escuro.


            Chegaram a uma porta circular na qual havia serpentes encravadas. O rapaz soltou o mesmo ruído que havia feito mais cedo no banheiro da Murta. A porta se abriu e mostrou uma enorme câmara. Hermione notou que ao fundo havia a estátua de um homem, mas ao perceber o que jazia no centro da câmara, a única coisa que pode fazer foi se controlar para não vomitar qualquer coisa que havia comido mais cedo. Lá estava o que procuravam.


           


Podre. Essa era a palavra exata para descrever aquela imagem. O basilisco que Harry matara anos antes estava, bem, nojento. Continuava grande, claro, mas sua cabeça estava totalmente deformada. Além de soltar um cheiro desprezível, os olhos do animal estavam pretos, cheios de vermes, que habitavam todo o corpo do animal. Mas a boca era a pior. Estava aberta, com a língua para fora. Alguns dentes haviam caído e os que continuavam presos estavam podres. Havia sangue e também um tipo de gosma branca.


Ron olhou para Hermione e percebeu que ela tinha a face contorcida, como que fazendo força para não respirar. Ele não podia culpá-la, já que segurava o nariz com os dedos. Os dois se olharam e, como se tivessem combinado, foram em direção à cobra, Lá o cheiro estava muito mais insuportável. Tentando lembrar de alguma coisa que isolasse o fedor por algum tempo, Hermione puxou a varinha e lançou um feitiço que afastasse o cheiro por algum tempo para que pudessem respirar em paz. Ron tirou sua capa e a transfigurou em uma bolsa para que colocassem os dentes lá dentro.


-Vamos pegar alguns. Não sabemos ao certo quantos vamos usar. – disse Hermione, pegando dois dentes e colocando na mochila.


-Certo. O que você acha de acabarmos com a taça aqui mesmo? Não sabemos o que vamos encontrar quando sairmos daqui. É melhor não arriscar, não é?


-Você tem razão. – respondeu a menina, tirando a taça de sua bolsinha de contas, colocando-a no chão.


-Acho que você deveria fazer isso. Só você não sabe como é, e você tem esse direito depois de tudo que fez para nos ajudar.


-Tem certeza? Não que eu esteja com medo, mas... Não sei o que fazer. – Hermione disse baixinho, envergonhada.


-Você só precisa cravar o dente na taça. Hã, talvez alguma coisa aconteça, mas você não pode perder o foco.


Hermione respirou fundo e esticou a mão para que o amigo lhe desse um dos dentes.


A garota parecia ter comido algo estragado. Sua face, antes pálida, agora se encontrava esverdeada. Ron até pensou em pegar-lhe o dente da mão e acabar com a Horcrux ele mesmo, mas antes de mexer um músculo sequer, a garota já havia cravado o canino na taça. No mesmo momento em que a ponta tocou o fundo do objeto de ouro, uma forte luz brilhou dele e inundou todo o local. Ron teve que colocar a mão em frente ao rosto e quando conseguiu enxergar algo a sua frente, viu que Hermione estava com os olhos arregalados, chegando até a lembrar Luna. Mas a morena não estava com o jeito sonhador da loira, e sim com o rosto contorcido em puro medo.


Foi quando o garoto viu uma figura não muito definida em meio à fumaça que se formava em volta de Hermione e da taça. Notou depois que essa figura tomava a forma de um homem. Horrorizado, percebeu que esse homem era Tom Riddle.

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