CAPÍTULO I



Harry tinha acabado de sair com Luna em direção ao Salão Comunal da Corvinal. A sala precisa estava tão barulhenta que se uma bomba explodisse lá dentro ninguém ouviria.


            Ron e Hermione estavam em pé perto do quadro de onde havia entrado. Eles eram os únicos que não falavam. A garota rezava silenciosamente para que Harry e Luna não encontrassem ninguém indesejável no caminho. Ron não sabia direito no que pensar. Vários assuntos passavam como as páginas de um livro em sua cabeça, e Hermione era um desses pensamentos constantes. Sabia que não podia pensar nisso agora. Estavam em uma guerra e se continuasse com isso, ficaria desconcentrado, não teria condições de lutar.


            Começou, então, a pensar em um meio de destruir as Horcrux, já que haviam perdido a espada para Grampo. Hermione havia lhe dito que veneno de basilisco acabava com eles. Mas aonde conseguiria isso?  O único lugar em que sabia que havia um basislisco era na Câmara Secreta. Espera aí...


            -É isso! – exclamou o ruivo.


            -Ron? Você está bem? – Hermione perguntou preocupada.


            -Hermione, onde é o único lugar no castelo que há um basislisco?


            -Mas por que você quer saber isso agora?


            -Vamos lá Hermione, só me responda!


            -Na Câmara Sec... – a morena deixou de completar a frase, o entendimento surgindo diante de seus olhos.


            A ficha havia caído para Hermione. Sua boca se escancarou e olhou abobalhada para o ruivo, soltando um palavrão baixinho, mas que mesmo assim não passou despercebido pelo ruivo.


            -Como foi que eu não pensei nisso antes? Era tão óbvio!


            -Hermione...


            -Merlin, mas como nós...


            -Hermione...


            -... Mas desse jeito seremos pegos...


            -Hermione...


            -... E quando eu encontrar aquele duende desgraçado eu vou...


            Ron não agüentava mais, então segurou a garota pelos ombros e virou-a para si, ficando cara a cara. Apenas nesse instante a garota parara de falar.


            -Hermione – o ruivo começou – será que você poderia me ouvir um minuto? – ele perguntou e quando ela assentiu, ele continuou – A gente tem que achar um jeito que chegar ao banheiro da Murta, ok, mas nós não vamos conseguir se você entrar em pânico. – terminou Ron, calmamente.


            Hermione assentiu mais uma vez, abaixando a cabeça e respirando fundo. Quando levantou o rosto novamente em direção ao garoto, tinha uma expressão determinada na face.


            -Certo, então vamos lá!


            Os dois saíram correndo da sala precisa, não antes de ouvir Gina perguntar aonde eles iam. Ron gritou rapidamente alguma coisa sobre um ‘banheiro’ e depois disso, não escutaram mais nada.


            Estavam correndo feito doidos em direção ao banheiro. Tiveram muita sorte de não terem encontrado nenhum comensal no caminho. ‘Espero que Harry também tenha tido essa sorte’ Hermione pensou.


            A morena já estava ofegante enquanto Ron tinha fôlego para dar e vender. ‘Talvez o quadribol o tivesse ajudado a não se cansar tão rápido’. Pensando isso, a mente de Hermione começou a vagar para outros pensamentos. Percebeu as mudanças que haviam acontecido a Ron, tanto físicas como emocionais. O ruivo estava mais alto e forte, com os ombros mais largos. Os cabelos também estavam mais compridos, talvez pelo fato de estarem a tanto tempo longe da civilização, que agora chegavam aos ombros. Ela pode notar que os seus também não estavam em melhores condições, quase chegavam ao final de suas costas. Os dois também estavam muito magros.


            O modo de pensar de Ron também havia mudado, estava mais controlado desde a sua volta. Eles continuavam brigando, claro, mas o ruivo não era tão explosivo quanto antes, Agora ele compreendia os seus erros e pedia desculpas mais freqüentemente. E ela tinha que admitir que aquele Ron menos briguento e mais gentil era melhor que o Ron chato e ignorante.


            A morena estava tão absorta em seus pensamentos que nem notara que já haviam chegado e que Ron a observava.


-‘Mione, você está bem? – o ruivo perguntou preocupado.


            -Huum, estou bem, só estava me perguntando como iremos entrar aí, afinal, é necessário ser ofidioglota para abrir a passagem para a Câmara. Ou será que o Senhor ‘Eu tenho um plano’ Weasley sabe como fazer?


            Ron parecia meio envergonhado. Tinha a cabeça voltada para o chão e remexia no cabelo, deixando ele ainda mais bagunçado.


            -Bem, desde que o Harry abriu o medalhão eu tenho treinado para o caso de ele não estar conosco se precisássemos dele.


            Depois daquela confissão a morena ficou maravilhada. Aquele era o mesmo Ron? O mesmo que fazia de tudo para não assistir às aulas? Ela sabia que ele havia mudado, mas esse Ron estava saindo muito melhor que a encomenda.


            -Huum, certo, então por que você não tenta?  - perguntou a garota, incerta.


            Ron logo se apoiou em uma pia que tinha uma cobra esculpida na torneira. Depois soltou um silvo longo e estridente. Nada aconteceu. Tentou mais uma vez. Nada, E mais outra. E outra. O ruivo já tinha desistido. Saiu de frente da pia e sentou-se no chão. Hermione copiou seu ato e sentou-se ao seu lado olhando penalizada para ele, sem saber o que dizer ou fazer para ajudá-lo.  Quando abriu a boca para dizer-lhe que não tinha problema, que eles encontrariam outro jeito, ele foi mais rápido.


            -Sabe o que mais me deixa irritado? É que, por mais que eu me esforce para fazer o meu melhor, nunca é o bastante. Às vezes eu queria ser igual a você ou ao Harry. Tão inteligente quanto você ou tão corajoso quanto o Harry. Mas eu sou só eu. – nisso o ruivo deu um sorriso debochado – Só um filho de sete irmãos, ou só um goleiro da Grifinória, ou só o amigo do menino que sobreviveu e da menina mais inteligente de Hogwarts. E às vezes isso cansa.


            Hermione estava tão horrorizada com o que Ron dissera que olhava para ele de boca aberta e olhos arregalados. Por um instante ficou com pena, e então, com raiva. Quem ele pensava que era para pensar tão mal de si mesmo?


            -Será que você pode me ouvir agora? – a garota nem esperou a resposta – Como você pode falar uma coisa dessas? Se menosprezando desse jeito. Falando mal de si mesmo sem nem ao menos pensar no que está dizendo. Você não faz a mínima idéia do que é. Você não SÓ o Ron. Você é O Ron, é O sexto filho e O sexto irmão, esse lugar a sua família é SÓ seu. Você é O goleiro da Grifinória que ajudou a ganhar a Taça de Quadribol! E não é SÓ o amigo do garoto que sobreviveu e da menina inteligente, na verdade, NÓS é que somos honrados de ter O amigo mais leal e fiel que alguém poderia ter. Você é O garoto que eu adoro. Isso já não é o bastante para você?


            O garoto se atreveu a dar uma olhada em direção à amiga e viu que ela tinha lágrimas nos olhos.


            -Eu acho que isso é o melhor incentivo que alguém poderia ter. – e levantou-se acompanha de Hermione, postando-se em frente a pia.


            Respirou fundo e soltou um silvo similar aos primeiros, mas podia-se notar o olhar determinada no rosto do ruivo. No mesmo instante que o som se dissipou, ouviu-se um barulho e os dois viram as pias sumindo como um passe de mágica e no lugar abrir-se um buraco gigantesco no chão.


            A Câmara Secreta fora aberta.


           

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