Presa
Presa em um calabouço, frio cortante, mal consigo movimentar um músculo, o momento final está próximo, presa há dias, que por minhas contas fazem 10 dias, mas a razão pequena e apagada que me resta não está sendo usada para contar os meus últimos dias, e sim na concentração de não dizer uma só palavra.
Não sou forte como os outros, mas graças a Merlin, exigi um um treinamento diferencial dos outros.
Já havia passado por todas as Maldições de tortura, meus treinadores conheciam a Magia Negra, e ser torturada agora fez-me ver o quão irônico é. A Magia negra na época me ajudou.
Tentei inspirar mais um pouco daquele ar pesado e com odor indescritível, iria morrer, mas não como uma traidora, isso nunca, não iriam saber do paradeiro e nem das fraquezas de ninguém. Odeio minhas intuições, meus 'feelings'. Avisei aos outros, que não sabia por que, mas seria capturada.
A razão sempre fora minha amiga, minha companheira e sentir que ela não é menos que um grão de poeira, machuca e perturba.
A única vez que ela esvaiu-se do meu ser, faz tanto tempo...Foi umas das primeiras vezes que fiz algo considerado errado, considerado, pelo menos sem o Ron ou o Harry. E só de pensar que foi com ele, pelos nossos quartos, corredores.Não deixa de ser irônico, com ele...Meu treinador favorito.Ele não tinha pena, pelo menos no começo, depois dizia que eu era louca, e que deveria descansar, mas eu sempre deixava-o irritado para que ele condensasse seu ódio e conseguisse usá-lo em mim, falar de seu pai sempre o irritava mais, outra ironia, quem me tortura agora é ele.
Por que será que ele não continuou as sessões de tortura hoje? Ele acha mesmo que deixando eu quieta, por um tempo fará com que eu comece a pensar na dor, prefiro sentir a dor haver alguém que amo sofrendo, ele está muito enganado, eu nunca trairia alguém, nem a lâmina desta negra espada presa a minha perna fará com que eu mude de ideia.
Escuto um barulho distante no corredor, será agora? Merlin poderia fazê-lo? E rápido?
Fecho os meus olhos diante da pequena claridade que entra na minha cela, que nem minha é, há mais dos ratos do que minha.
- Hora de comer sangue - ruim! E dessa vez você vai comer.
Ele entrou com uma bandeja cheia de comida, mas por quê?
Nunca havia trazido tantos alimentos, e em perfeitos estados.E parece que leu minha mente, são meus prediletos.Mas isso seria impossível, afinal Snape ensinou-me muito bem a arte da oclumência e legilimência.Nem a mente dele era capaz para a minha, e o tolo Lúcio sabia disso, do poder da minha mente, por isso que nunca olhava nos meus olhos.
Ele deixou a bandeja de lado e tocou no meu pulso, sua pele quente de encontro com a minha gelada assustou-me.
- Ainda tem pulso, fraco, mas tem.
Retirou a faca da minha perna, algo que fez-me urrar de dor.Com sua varinha limpou o sangramento e cicatrizou um pouco o machucado.
- Agora você vai comer. Pela última vez.
Então era isso, queriam tentar pela última vez.Mais uma tortura depois disso.
Ele me deu uma poção, que pelo gosto senti que era uma poção revigorante.
Nem o veritasserium, tinha poder na minha mente, Snape é um grande Mestre.
Comecei a comer e ele não parava de me analisar, enquanto minha mente não parava de arquitetar um plano, eu não iria morrer assim. Tinha que vê-lo, nem que fosse pela última vez.
O homem alto e com uma elegância desejável, não conseguiu conter-se na frente dela.
- Na 1ª vez que te vi , quando a capturamos, pensei no que o meu filho havia visto em você? Mas, agora eu o entendo.
Lúcio acariciou a perna que antes tinha a espada fincada.Hermione encolheu-se diante deste carinho.Usava um vestido vermelho sujo e rasgado, que um dia foi muito bonito e elegante.
Quando foi capturada, todos estavam comemorando a formatura de Hogwarts.
Houve a invasão, a batalha, o último beijo, o olhar de adeus e Lúcio apareceu, esvaindo com o encanto.
Um momento de razão resplandeceu na mente de nossa prisioneira.
- Você nem faz ideia do que ele viu!
Largou o que estava comendo e endireitou-se diante do seu carrasco.
Lúcio aproveitou a deixa da mulher e passou a mãe sedenta e agressiva pelo ombro em direção ao seio esquerdo da mulher.
Distraído com a sensação do toque, nem reparou do objeto cortante que havia deixado ao lado de Hermione (a espada) porém não era apenas a lâmina que era enfeitiçada, nenhum sangue-ruim poderia tocá-la, mas diante do desespero de uma fuga, a queimadura não prejudicaria seu raciocino,teria que ser rápida e com um golpe diferiu a arma nas costas de seu agressor que arqueou as costas diante da dor e mordeu o ombro de Hermione como reflexo.
Caiu no chão enquanto via Hermione tentar levantar-se, pegou a varinha de Lúcio e petrificou-o.
Abriu a porta com o feitiço, que já tinha lido em sua mente uma das vezes que este a torturava.Saiu correndo pelo corredor, mas sabia que se fosse vista, não poderia nunca mais escapar.
Aluna aplicada aos estudos, como transfiguração, transforma-se em algoz, afinal sabia cada detalhe de seus rosto o via quase todos os dias.
Passou por vários comensais que conheciam seu rosto e ficou cada vez mais feliz de ver que ninguém a reconhecia, e que alguns a temiam.
Precisava sair dali.Mas, não poderia aparatar estava cansada, machucada, debilitada.
Passou por vários cômodos até que encontrou uma lareira, pegou um pouco de pó de flu que estava jogado na frente da mesma.
Isso vai ter que dar.
Com forte dificuldade passou a perna que ficara dias com a lâmina para dentro da lareira e jogou o pó dizendo:
- TOCA!
Porém, no momento que dizia a segunda sílaba, Lúcio havia jogado um feitiço, com uma varinha que provavelmente teria pego de outro comensal, tudo ocorrerá tão rápido que s´sentiu a dor do ferimento aumentar e sangrar e a voz tão arrastada e conhecida dizer enquanto caia no chão:
- Amor! Estrela, acorda!
- Draco...
E os olhos dele foram a sua visão, até que sua mente assim como o seu corpo se apagassem.
N/A: FIM!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!