[3] Satisfy My Soul (R/Hr)

[3] Satisfy My Soul (R/Hr)



Satisfy My Soul
Autora: Priscila Louredo
Conteúdo: O retorno para A Toca, depois da Batalha de Hogwarts
Sinopse: Depois da Batalha de Hogwarts, durante o tempo que passam n’A Toca, Rony e Hermione enfim tem um tempo para estarem juntos e redescobrirem a segurança nos braços um do outro.


Parte I

O sol já começava a baixar quando Molly Weasley enxotou os jovens para fora da Toca, alegando que precisavam aproveitar o resto do dia, depois de terem ficado ajudando-a com os afazeres da casa. Todos sabiam que, na verdade, a senhora precisava de alguns momentos sozinha, para derramar livremente as lágrimas que assomavam em seus olhos, ao recordar o filho morto.

O funeral dos mortos na Batalha de Hogwarts havia acontecido há menos de uma semana e ainda levaria tempo para que todos ali se acostumassem com a morte de Fred.

Enquanto Harry e Gina se afastavam na direção aos fundos da casa, Rony e Hermione vagaram pelo jardim até o banco próximo a uns canteiros que, nitidamente, precisavam ser desgnomizados.

_ Você parece cansada – Rony declarou, quando Hermione encostou a cabeça em seu ombro.

_ Eu não tenho conseguido dormir direito.

_ Os pesadelos continuam? – Perguntou, apoiando a cabeça sobre a dela e abraçando-a.

_ Como você...? – Hermione estreitou os olhos ao mirá-lo, confusa.

Com o rosto levemente vermelho, Rony deu de ombros e admitiu:

_ Eu costumava ir ver você dormir, na casa do Gui, você sabe... para ter certeza de que estava tudo bem. Então, via o modo como você acordava assustada, a Luna te consolando...

_ Os pesadelos irão acabar, agora que o perigo maior já passou.

_ Acho que a minha mãe tem mais daquela poção para dormir sem sonhar, se você quiser.

_ Eu não gosto muito daquela poção.

_ Mas você precisa descansar, senão vai acabar doente.

_ Eu vou ficar bem, não se preocupe – Hermione concluiu beijando-o ternamente. – Sabe, eu não me lembro quando foi a última vez que me senti tão em paz, quanto agora.

Com um sorriso triste, Rony desviou o olhar para observar as montanhas ao longe e disse:

_ Eu queria poder dizer o mesmo.

_ Ah nossa, me desculpe, Rony. Como eu pude dizer algo assim, com a morte de Fred e tudo mais... Eu fui tão insensível! Me perdoe, não foi isso que eu quis dizer, é só que...

_ Está tudo bem, Mione. Eu entendi – anuiu, beijando os cabelos dela. – Eu também não lembro quando foi a última vez que nós não estivemos em perigo.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos até que Hermione sentiu Rony prendendo o riso.

_ O que foi? – Perguntou, voltando a encará-lo.

_ Nada de mais. É só que... Bom, não é todo o dia que você banca a insensível e eu o compreensivo, não é verdade?

_ Você é um bobo, sabia? – Hermione brincou, batendo de leve no braço que a envolvia. – Não sei por que dou atenção a você.

A garota percebeu que falara algo errado ao ver o traço de sorriso sumir do rosto de Ronald. Ele manteve os olhos azuis fixos nos dela, até criar coragem para fazer uma pergunta que há muito o incomodava.

_ Mione, eu queria te perguntar... Na verdade, eu preciso perguntar, ou sempre vou ficar com isso na minha cabeça, ok? Você, alguma vez, esteve interessada... no Harry? – Ao ver a expressão assombrada que ela fez, Rony continuou. – Eu sei que vocês nunca tiveram nada. Eu sei. E o Harry me garantiu que sempre viu você como amiga, como uma irmã...

_ E o mesmo sempre aconteceu comigo! De onde você tirou essa ideia maluca?

_ Inferno sangrento...

Com um suspiro atormentado, Rony se desvencilhou de Hermione, ficou de pé e caminhou uns poucos passos, ficando de costas para ela. Era penoso admitir, mas a lembrança das palavras (e dos atos) do medalhão ainda torturava sua mente.

_ Eu nunca fui a primeira escolha de ninguém, Hermione, até aquele medalhão idiota sabia disso. Então, eu sei, eu sinto, que você gosta de mim, mas é difícil acreditar que, podendo escolher, você tenha preferido...

_ Quer parar com isso! – Num instante, Hermione estava novamente na frente dele, com uma expressão furiosa no rosto. - Francamente, Ronald, eu achei que você já tinha superado essa insegurança tola. Você não é pior do que ninguém! O Harry não é melhor do que ninguém. Tudo bem, ele é mais famoso, ou era, não importa. Eu gosto de você. Muito! E não foi uma questão de escolher ou preferir, essas coisas não são assim...

_ Eu sei, foi só um jeito de falar.

_ Certo, o fato é, por que eu não teria me apaixonado por você? Você tem tantas qualidades... – disse com a voz suave, enquanto entrelaçava seus dedos nos dele. – Amigo, leal, corajoso, inteligente...

Ela foi interrompida bruscamente, quando Rony a envolveu novamente em seus braços e tomou seus lábios num beijo apaixonado. Hermione precisou enlaçá-lo pela nuca para manter o equilíbrio e logo suas mãos deslizavam pelos cabelos vermelhos.

Já era noite, quando Rony e Hermione voltaram para dentro de casa, quase ao mesmo tempo em que Harry e Gina. E com as roupas tão desalinhadas quanto.



A noite estava particularmente quente, mas, não era isso que impedia Rony Weasley de dormir. O rapaz rolara de um lado ao outro da cama durante boa parte do tempo, até admitir o fracasso. Foi até a cozinha, tomando cuidado para não fazer muito barulho, e esquentou um copo de leite. Tomou-o devagar, sentindo o corpo começar a relaxar.

Contudo, toda tranqüilidade que conseguira, sumiu quando, ao subir as escadas para voltar ao quarto, ouviu alguns murmúrios angustiados se transformarem num grito abafado de Hermione.

No instante seguinte, Rony já tinha entrado no quarto da irmã – onde Hermione dormia – e estreitava a namorada nos braços, consolando-a. Ela chorava copiosamente, enquanto ele afagava seus cabelos.

_ Meus pais... Tanto sangue... Eu-eu não conseguia... – Hermione resmungou entre soluços.

_ Calma... Foi só um pesadelo...

_ Rony...? – Gina perguntou sonolenta, fazendo menção de se levantar para ajudar.

_ Pode voltar a dormir, Gin. Eu vou ficar aqui, com ela, mais um pouco, ok?

_ ‘Tá. Por mim tudo bem. Tem certeza que não quer que eu pegue um pouco de água pra ela?

_ Não precisa.

Com um floreio da varinha de Hermione, que descansava sobre a mesinha de cabeceira entre as duas camas, Rony providenciou um copo com água, que Hermione bebeu aos poucos, se acalmando.

_ Obrigada, Rony.

_ Está se sentindo melhor? – Perguntou preocupado.

A garota assentiu, mesmo ainda estando visivelmente abalada, com os olhos cheios de água e o corpo trêmulo.

Mesmo que quisesse, ele não iria conseguir deixá-la naquele momento. Provavelmente ele enfrentaria o mundo, se tentassem fazê-lo sair daquele quarto. Limpou as lágrimas que haviam escorrido pelo rosto de Hermione e beijou-a carinhosamente, antes de ajeitar-se na cama ao lado dela, aconchegando-a em seus braços.

Um sono tranquilo chegou, para os dois, em minutos.




Se a sua mãe notara que ele havia dormido no quarto de Gina, junto com Hermione, Rony não saberia afirmar, mas pelos olhares demorados com que a senhora Weasley os brindava, existia uma grande possibilidade.

Porém, fora algo tão natural, acordar com ela em seus braços, aspirar seu perfume antes mesmo de abrir os olhos, que nem passou por sua cabeça, ter deixado-a sozinha no meio da noite. Ainda mais, depois que Hermione lhe sorriu carinhosamente e apoiou a cabeça em seu peito, murmurando um singelo “bom dia”.

E o dia teria sido realmente bom, se as notícias trazidas por seu pai, ao voltar do Ministério no final da tarde tivessem sido melhores. O perigo não terminara com a queda de Voldemort e de alguns dos seus principais seguidores. Haviam aqueles que conseguiram escapar e outros tantos que agora achavam que poderiam ascender ao posto de novo Lord das Trevas.

Com tantos funcionários tendo sido manipulados por maldições Imperius, ou mesmo seguindo as ordens de Voldemort por vontade própria, o Ministério da Magia passava por um momento complicado de grandes mudanças e muito trabalho. Os julgamentos dos bruxos presos durante a Batalha de Hogwarts, ou nas outras contendas que surgiram em seguida, iriam começar na semana seguinte, a caçada aos bruxos das trevas tinha sido intensificada e por causa disso tudo, a localização dos pais de Hermione não era uma prioridade e deveria levar mais tempo do que eles previram.

Rony ficara ainda mais preocupado com Hermione desde então. Ela tinha esperanças de logo rever os pais e a notícia a deixara abalada. Estava terminando de trocar sua roupa, com a intenção de descer e ver como a namorada estava, antes de dormir, quando a porta de seu quarto se abriu e Hermione perguntou hesitante:

_ Posso entrar?

_ Claro, - ele respondeu colocando a camiseta que usaria para dormir - já ia descer para ver como você estava.

Hermione fechou a porta atrás dela e andou pelo quarto, passando por ele sem olhá-lo, até chegar à gaiola de Pichitinho e fazer carinho nas penas da pequena coruja que piou satisfeita.

_ Eu estou bem.

_ Não está não, que eu sei - Rony disse sério, alcançando-a em poucos passos. Segurou-a pelo braço e fez com que ela o olhasse, enquanto continuava. - Mas vai dar tudo certo, você vai ver. Logo o pessoal do Ministério vai arrumar uma brecha e encontrar os seus pais ent...

_ E se for tarde demais e eles não conseguirem? - ela interrompeu. O medo estava estampado em seu rosto. - O que eu vou fazer, Rony? É minha culpa. Fui eu quem modificou a vida deles.

Ronald a abraçou carinhosamente e fez com que Hermione se sentasse ao seu lado na cama, onde se aconchegou a ele, encostando a cabeça em seu ombro.

_ Você fez isso para que eles ficassem em segurança, não foi uma atitude irresponsável, você não tem que se culpar de nada.

_ Eu pensei em ir atrás deles, sabe... sozinha.

_ Você ficou maluca? - ele perguntou afastando-a o suficiente para olhar em seus olhos. - Como você vai saber onde achá-los? A Austrália não é ali na esquina, e nem assim tão pequena. Isso sem falar nos comensais que estão soltos e podem estar atrás de nós, só aguardando uma oportunidade para nos atacar.

_ Eu sei que é loucura, mas... sinto tantas saudades deles...

As palavras de Hermione saíram num sussurro, embargadas pelas lágrimas que ela agora não mais conseguia segurar. Ronald estreitou-a ainda mais em seus braços, enquanto dizia baixinho de encontro aos cabelos dela:

_ Eu imagino... Mas tenha calma, tudo vai dar certo. A gente vai encontrar uma saída...

Passaram alguns minutos abraçados até que Hermione pareceu se acalmar. Rony passou as costas da mão pelo rosto dela, para limpar as lágrimas e acariciou-a com a ponta dos dedos.

_ Rony - Hermione chamou, perdida nos olhos azuis. - Eu posso ficar aqui, essa noite?

_ A-aqui?

_ É. Eu estou um pouco nervosa e... bem, eu sempre consigo dormir melhor quando estou com você - admitiu, baixando os olhos.

Rony sentiu um solavanco em seu estômago. Não era mais tão fácil dormir ao lado de Hermione, principalmente quando não tinham a presença de outra pessoa para por um freio em seus atos. Contudo, não tinha coragem, nem vontade, de deixar de atender ao pedido dela, por isso, puxou o lençol que cobria a cama e meneou a cabeça, convidando-a a deitar.

Depois de deitarem, Rony acomodou-se de frente para ela, fazendo pequenos carinhos em seu rosto. Hermione fechou os olhos e suspirou de leve. Mas foi quando ela o abraçou, chegando mais perto, que ele não resistiu e a beijou.

Os beijos se multiplicaram, ficando cada vez mais intensos e logo sendo acompanhados de carícias tímidas. Ronald sabia que deveria parar, mas seu corpo e sua mente não compartilhavam da mesma opinião. Então, aproveitando uma pausa mínima entre os beijos, ele encostou sua testa na de Hermione, respirou fundo para controlar-se e falou com a voz rouca de desejo:

_ Acho que é melhor nós dormirmos agora.

Levou um pouco de tempo, mas finalmente Rony e Hermione conseguiram dormir. Já começava a clarear quando Hermione abriu os olhos, ainda sonolenta. Por alguns segundos, se perguntou o que aqueles pôsteres do Chudley Canons faziam no quarto de Gina, até lembrar de onde estava, ao mesmo tempo que sentia o braço de Rony pesar sobre sua cintura. Em seguida, tomou consciência do corpo quente do namorado encostado ao seu. A respiração pesada de Rony em seu pescoço, fazendo-a tremer involuntariamente.

Lutou contra a vontade de continuar ali, nos braços de Rony, mas enfim começou a se levantar, para voltar ao quarto de Gina. Antes que conseguisse, porém, sentiu o braço dele retesar-se e ele pedir:

_ Não vai.

_ Daqui a pouco a sua mãe levanta. É melhor ela não me encontrar aqui.

Ronald mastigou uma imprecação antes de Hermione beijá-lo rapidamente nos lábios e sair rumo ao quarto de Gina.



Nos dias que se seguiram, o senhor Weasley trouxe poucas novidades do Ministério, além de um pedido formal do Ministro interino – Kingsley Schackelbolt -, para que Harry fosse até lá, conversar com ele sobre os acontecimentos que precederam a Batalha de Hogwarts, bem como sobre a batalha em si.

Fora isso, tanto ele quanto Rony e Hermione, procuravam passar os dias como jovens comuns, na medida do possível. Coisa que lhes fora negada durante praticamente toda a adolescência. Jogos de quadribol no pomar e passeios até o pequeno lago perto da propriedade eram ideias bem vindas até pela senhora Weasley, empenhada em fazer toda a família voltar à rotina. Mesmo que isso significasse fazer vista grossa às faces ruborizadas e às roupas amassadas com que eles retornavam.

Carlinhos surpreendeu-os, chegando sem avisar para passar férias em casa, no final de semana, para alegria da senhora Weasley. Toda família parecia empenhada em se mostrar ainda mais unida depois da perda sofrida e com isso, a presença de Carlinhos, Gui e Percy eram agora tão constantes que parecia a época em que eles ainda moravam ali.

Logo na manhã de segunda, Harry, Rony e Hermione, acompanharam o senhor Weasley ao Ministério, para atenderem ao convite de Kingsley. Lá, sob total atenção do novo ministro, bem como do novo chefe dos aurores, o trio contou sobre o período que haviam passado escondido. Alguns detalhes, como a busca pelas Relíquias, foram devidamente omitidos, não por desconfiança, mas por cautela. Porém, contaram tudo que acreditaram ser de utilidade.

Reviver, mesmo que por alguns instantes, tudo que haviam passado na Mansão dos Malfoy, a invasão e fuga do Gringotes e na Batalha de Hogwarts, não foi agradável para nenhum deles.

Sem fome, Hermione brincou com a comida que a senhora Weasley insistiu que colocasse em seu prato, até o momento em que Rony começou a se servir pela segunda vez. Em seguida, alegou estar muito cansada e, sob o olhar atento do namorado, foi para o quarto tentar descansar.

Bem que Rony tentou, mas parecia que toda a sua família havia formado um complô para não deixá-lo ir ver como Hermione estava. Ele mesmo queria um pouco de tempo sozinho, mas tudo que conseguiu foi ser desafiado por Percy e em seguida por Carlinhos, para um jogo de xadrez de bruxo. Assim que derrotou seus irmãos e não aceitou o pedido de revanche de Percy, sua mãe brindou-os com uma ladainha interminável sobre cortes de cabelo, no qual apenas Percy, sempre com sua aparência de almofadinha, e Harry, cujos cabelos indomáveis a senhora parecia simplesmente ignorar, se livraram. Rony e Carlinhos somente foram poupados da fúria da tesoura materna após a intervenção do senhor Weasley, que lembrou-a que eles já eram adultos e podiam decidir sobre o próprio corte de cabelo.

Quando Rony finalmente conseguiu ir até o quarto da irmã, Hermione já estava dormindo, por isso, rumou até o próprio quarto, soltou Pichitinho para que a coruja pudesse dar seus passeios noturnos e se aprontou para dormir.

Sua mãe vinha montada em um dos cavalos brancos do tabuleiro de xadrez que McGonagall enfeitiçara em seu primeiro ano. Molly Weasley chorava, enquanto brandia uma tesoura em sua direção. Ela alegava estar muito desgostosa com os seus cabelos. Ela prometia que depois de cortados, seus cabelos vermelhos ficariam espetados iguais aos de Harry. Assustado, Rony se afastou depressa até o outro lado da sala, onde o amigo e Gina estavam enroscados, num amasso sem nenhum pudor. Ele esbravejava, mas Harry e sua irmã pareciam não enxergá-lo e, com a aproximação de sua mãe, Rony decidiu se esconder na barraca que usaram durante o tempo que fugiram do Lord das Trevas, armada do lado oposto em que ele estava. Correu para lá, agora sendo perseguido por diversas aranhas falantes e fechou-a um pouco antes de ser alcançado. Mas, antes que conseguisse se mexer, sentiu o chão sob seus pés desabar. Tentou encontrar algo em que pudesse se segurar, mas nada estava ao seu alcance e então...

_ Rony? - O sussurro urgente de Hermione tirou-o de seu sonho de repente. Respirou fundo e estreitou os olhos até perceber a namorada, de pé, inquieta, à sua frente.

_ Mione? O que você... - Rony recostou-se na cabeceira da cama, esfregando os olhos e afastando o lençol quando Hermione se aproximou e ele a viu com mais atenção. - O que aconteceu?

_ Eu tive outro pesadelo. Tentei dormir novamente, mas não consegui... Posso, ficar com você?

Rony apenas sorriu, concordando, antes que ela se acomodasse ao seu lado, na pequena cama em seu quarto.

Eles dormiram quase ao amanhecer. E não foi por causa do nervosismo de Hermione, esse foi esquecido após um tempo de beijos impetuosos. A urgência de sentirem um ao outro parecia maior e mais avassaladora, cada vez que eles ficavam sozinhos. Rony e Hermione haviam passado tempo demais se preocupando com a própria sobrevivência (sem mencionar o futuro do Mundo Bruxo) e pareciam dispostos a compensar o tempo perdido.

As mãos grandes de Rony, não eram ainda tão habilidosas, mas eram capazes de fazer Hermione tremer e suspirar, ao tocarem gentilmente cada pedaço de sua pele que conseguiam alcançar.

Para Rony, era uma deliciosa tortura, sentir a respiração de Hermione tocando seu rosto, quando ela beijava seus lábios e seu pescoço. Sua sanidade ficava seriamente comprometida, cada vez que a garota arranhava delicadamente seu corpo.

O calor que os queimava se tornou ainda mais intenso quando a camiseta que ele usava para dormir foi jogada no chão ao lado da cama. E no momento que os dedos de Rony roçaram os seios de Hermione, pela primeira vez, o mundo girou ainda mais rápido.
Foi preciso utilizarem toda fibra de coragem grifinória, para pararem antes que fosse tarde demais e quando conseguiram, adormeceram entrelaçados, já com o céu começando a clarear.




_ Rony, levante logo, a mamãe...

Carlinhos estancou assim que abriu a porta do pequeno quarto que seu irmão mais novo ocupava, no último andar da Toca. O chamado que iniciara, se perdeu ao ver Rony e Hermione deitados na pequena cama de solteiro. Percebendo que os acordara, pensou seriamente em dar meia volta e fingir que não tinha visto nada.

_ Inferno sangrento, Carlinhos. O que você está fazendo aqui?

_ Carlinhos? Ah, deus! – Hermione gemeu constrangida, enquanto tentava se cobrir melhor com o lençol.

_ Eu vim te acordar a pedido de mamãe que, pelo visto, vai ficar decepcionada por ter perdido essa cena.

_ Não enche, Carlinhos. Já vamos descer.

O irmão mais velho continuou observando o casal com os olhos estreitos, por alguns segundos, até que Ronald reclamou:

_ Você poderia, pelo menos, nos dar licença?

_ Acho bom nenhum dos dois demorar. Nunca se sabe quando a dona Molly vai aparecer para conferir o motivo do atraso.

Alguns minutos depois, ainda com sono e irritado, Rony sentou-se à frente de Gina na mesa da cozinha para tomar o café da manhã. Serviu-se de ovos mexidos e uma grande caneca de café sem dar atenção aos olhares que Carlinhos lhe dava por detrás do Profeta Diário que estava lendo.

Harry precisou chutar Rony por baixo da mesa para que o amigo lhe desse atenção.

_ O que houve? Cadê a Mione?

Desviando o olhar dos ovos em seu prato, para Carlinhos e desse para sua mãe, que cantarolava uma melodia junto com o canal da Rádio Bruxa que escutava, Rony murmurou:

_ Não houve nada. E como que eu vou sab...

Mas a explicação sobre Hermione foi cortada pela passagem da garota pela cozinha, que apenas deu uma desculpa qualquer sobre estar sem fome, antes de rumar para o quintal d’A Toca.

Gina não esperou que o irmão se manifestasse antes de seguir os passos de Hermione. E não demorou muito até que Rony e Harry a seguissem. Assim que Rony alcançou a grama alta do quintal, Gina, que os esperava, perguntou:

_ Ela teve outro pesadelo, não foi? – Rony concordou com um aceno. - Você devia tentar convencê-la a tomar a poção para dormir.

_ Você conseguiu convencer o Harry?

Com um esgar, Harry falou, antes que a namorada tivesse oportunidade de fazê-lo.

_ Eu não gosto do modo como meu cérebro fica, quando tomo aquilo.

_ Está vendo? – Rony disse, erguendo as sobrancelhas e depois continuando, com uma careta. - Eu também não gosto, fico meio zonzo, é estranho...

_ Eu sei, tive que tomar durante um tempo, depois do episódio da Câmara Secreta...

_ Acho que depois que os pais dela forem encontrados, ela finalmente vai conseguir dormir em paz.

_ Por que o Carlinhos estava olhando tanto pra você?

_ E por que a Hermione parece estar se escondendo? – completou Harry.

Rony pensou, por um momento, em não dizer a verdade. Mas como Hermione dormia, ao menos a maior parte das noites, no quarto da irmã, era impossível que esta não tivesse percebido nada. Então, apenas rolou os olhos e disse de forma categórica:

_ Por causa do pesadelo, Hermione dormiu no meu quarto e Carlinhos nos viu.

_ Você pretende velar pelo sono dela, todas as noites? – Gina questionou com um sorriso travesso.

_ Se ela quiser...

Rony respondeu dando de ombros e se apressando aos amigos para alcançar logo o lugar onde Hermione estava sentada.

_ Se eu começar a ter pesadelos, você vai velar meu sono também? - Harry perguntou à Gina, ao abraçá-la pelas costas.


_ Hahaha, muito engraçado, Potter – Rony falou por sobre o ombro, vendo o amigo e sua irmã, rindo.

_ Pode ficar tranquilo, Roniquinho, eu prefiro o Harry bem acordado.



Com muito custo, Rony, Gina e Harry convenceram Hermione a entrar para o almoço, afirmando que a senhora Weasley ia acabar desconfiando de alguma coisa e enchendo-os de perguntas, se ela não o fizesse.

Durante o jantar, o senhor Weasley trouxe um pedido feito pela equipe encarregada de encontrar os pais de Hermione na Austrália: fotos do casal para ajudar na localização. Saber que o Ministério havia resolvido ajudá-la a procurar seus pais, mesmo com toda a balbúrdia interna, deu um novo ânimo à garota, que decidiu ir até sua casa em Londres, na manhã seguinte.

Logo ficou óbvio que ela não iria até lá sozinha. Rony fora claro ao afirmar que ela não sairia d’A Toca sem ele e Harry somente se convenceu de que não poderia acompanhar os amigos, quando o senhor Weasley lembrou-o da reunião agendada com a seção dos aurores sobre a participação dos Malfoy durante o período de domínio do Lord das Trevas, no mesmo horário.

Molly Weasley não estava nada satisfeita com a situação. Ela parecia esquecida do ano anterior, em que Rony, Hermione e Harry vagaram sozinhos por todo Reino Unido. Mesmo que muitas vezes, fizesse questão de ignorar certas coisas dentro de sua própria casa, como os sumiços dos jovens, às vezes durante horas, pois, com exceção de Gina, os demais já eram maiores de idade.

Mas seus cuidados maternos não a permitiam desconhecer os “perigos” existentes nesse simples passeio a dois. Molly percebia todos os sinais de um casal apaixonado, ao olhar para Rony e Hermione. Agora, sem terem que tomar cuidado com os perigos que haviam enfrentado, eles poderiam se deixar levar pelas emoções e acabar sendo imprudentes. E ela sabia, por experiência própria, como isso tudo poderia terminar. Suas preocupações somente diminuíram quando Carlinhos, por sinal mais silencioso que o costume, se voluntariou para ir junto.

Quando todos já se aprontavam para dormir, Rony aproveitou que Hermione sentara ao seu lado, coisa que a garota evitara durante todo o dia, e falou baixinho:

_ Vou esperar por você, lá em cima.

_ Não, Rony. – Hermione disse num sussurro urgente, olhando para os lados para ver se eram observados. – Acho que é melhor eu ficar no quarto da Gina.

_ Mas eu pensei...

_ Rony, não! Olha, eu não vou ter pesadelos, ok? E se tiver, e-eu consigo lidar com eles sozinha.

_ Inferno sangrento, Mione! Isso não é justo.

_ Se vocês dois pretendem sair cedo, não é melhor irem pra cama? Já está tarde, - a senhora Weasley falou, entrando na sala e enxotando-os para seus quartos, em seguida.

Rony não deixou que Hermione escapasse rapidamente para o quarto de Gina, como era a intenção. Agarrou em sua mão e subiu junto com ela, aproveitando para prensá-la contra a parede antes de chegarem ao patamar da escada.

A tensão em que Hermione estivera durante todo o dia começou a se desvanecer no momento em que os beijos e carinhos de Rony começaram a se intensificar. Já estava quase capitulando sua decisão, e acompanhando o namorado até o quarto dele, quando foram interrompidos, pela voz firme de Arthur Weasley.

_ Acho que já está bom por hoje, crianças. Vão dormir, está bem?

O jeito compreensivo do senhor Weasley fez com que Hermione ficasse ainda mais embaraçada. Tinham sido flagrados duas vezes no mesmo dia. Mais um pouco, a mãe de Rony a colocava para fora dali a pontapés. Murmurou um ‘boa noite’ ao acaso e terminou seu caminho até o quarto de Gina, de onde só sairia no dia seguinte.



--xx--

Amores, tá aí um pedaço do que eu acho que aconteceria durantes os 19 anos que separam a Batalha de Hogwarts do epílogo do 7o. livro, com Rony e Hermione. Essa short terá 2 capítulos e no segundo farei ligação com a fic George.
Um beijo ultra especial para a Kelly que me ajudou imensamente, inclusive com o título; a Lívia, Sonia e Lica, que pitaquearam.
Espero que gostem.
Bjks da Pri

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