Certa Compreensão.



Certa compreensão.


Muitas coisas podem se dizer a respeito de Hermione. Ela era uma aluna exemplo em Hogwarts, notas altíssimas e a sua ficha escolar só tinha alguns pesares, que de nada tiravam o brilho da aluna modelo, suas detenções por causa dos garotos. Ela era um exemplo de pessoa, também, ajudava os alunos, qualquer um que fosse, e sempre estava disposta a fazer algo – que fosse politicamente correto, a exceção de quando Harry e Ron vinham com alguma ideia absurda e ela tinha de ajuda-los, senão eles estariam ferrados. Muitos alunos a viam como uma rata de biblioteca ou a queridinha dos professores, mas todos não podiam deixar de dar os créditos pelos seus feitos, tanto pela escola, pelo mundo bruxo e pelas pessoas normais mesmo. Apesar de todos os elogios pelo seu brilhantismo e todos os carinhosos apelidos dados pelos colegas e pelos amigos, ela nunca se imaginou como uma covarde.


Como poderia ser uma covarde se estava na Grifinória?! Casa dos leões corajosos e leais aos amigos e naquilo que acredita! Estava sempre disposta e sem receio em ajudar Harry contra Voldemort, sem se importar que poderia perder a vida o ajudando. Mas talvez o problema fosse, mesmo, naquilo em que acreditava. Quando a morena a beijou, colocou tudo à bases de madeira, por mais que não quisesse acreditar e agora tudo lhe estava caindo aos pés.  Precisava se libertar das correntes que ela mesma havia se imposto para conseguir conviver sem se martirizar. Ela devia isso à Pheobe e a si. Porque toda vez que levantasse um firmamento, mais tarde quando o oposto dele lhe surgisse, se chocaria com seu firmamento e entraria de novo nessa guerra dentro de si.


Não estava disposta a guerrear a vida inteira consigo.


- Pheobe – o chamado foi quase inaudível.


Os olhos então azuis a fitaram, inexpressivos. Ela continuou calada, deixando Hermione nervosa.


- Posso… hm, conversar com você?


- Estou comendo – a resposta foi dura e a morena virou-se para seu desjejum novamente, voltando a comer.


- Eu acho que… hm… não vai fazer mal algum se eu me sentar aqui, não? – sentou-se ao lado da corvinal e mordeu o lábio sem saber o que dizer diante do silencio da outra – Hm… feliz Natal, Phoebe.


- Não fale algo apenas por simpatia ou educação, Hermione.


- Não… é sério, eu, hm, não estou dizer por ser apenas simpatia… ou educação – disse desconfortável, olhando de relance para a outra, o silencio dela a irritou – Você pode ao menos olhar para mim?


- Você olhou para mim, Hermione – a morena virou a cabeça abruptamente – nessas ultimas semanas? Olhou nos meus olhos? – perguntou irritada – Não, claro que não olhou. Olhou com nojo e depois nunca mais sequer viu a minha sombra. Acha que só você tem coisas aqui – apontou a cabeça – e aqui? – o dedo desceu para o coração.


Certo, aquele breve momento pegou Hermione de surpresa. Havia sido injusta, entendia, mas havia sido injustiçada também. Mas bater nessas duas teclas de nada adiantariam, era incrível como desconhecia Phoebe apesar de conhecê-la bastante bem.


- Olha – arriscou, tomando folego – eu sei que fui errada com você, reconheço. E sei que também tive o direito de ter a reação que tive, mas exagerei um bocado com você e tenho meus motivos. Vamos simplesmente parar de nos tratarmos assim? Eu quero voltar a te ajudar nas matérias e gostaria que você não quisesse interromper isso, nos demos muito bem, vamos só deixar de lado isso, pode ser?


Phoebe a estudou com seus olhos perspicazes, indecifrável aos olhos castanhos de Hermione. Não estava satisfeita com aquilo e ainda doía o jeito que a outra havia lhe tratado, mas de fato, admitia, ao menos a si e somente a si, que sentia falta e precisava das aulas que Hermione lhe dava. Por um momento pensou se valia mesmo a pena perder as aulas por causa da reação da outra, concluiu que não, iria deixar bem claro que só queria a menina por perto pelos estudos. Assentiu com a cabeça e Hermione sorriu, apesar de estar apreensiva.


E a partir daquele dia em diante Hermione voltou a dar uma hora de ajuda à Phoebe. E nada passava de poucas trocas de palavras, por mais que a castanha tentasse arriscar a falar mais com a outra, as respostas eram frias e indiferentes.


- Então como foi na prova de ontem, Phoe?


- Bem, caiu o que estudamos.


- Ah, que bom que foi bem, Phoebe. Daqui a alguns dias nem precisará da minha ajuda em Herbologia – comentou distraída, folheando um dos livros da quintanista.


- Graças a Merlin – a outra suspirou. Hermione lançou um olhar para a menina, que estava rabiscando com a pena no pergaminho; suspirou, já fazia um mês que voltaram a se falar, e nada havia evoluído muito.


- É tão ruim assim ter aulas comigo?


- Não, você explica bem – foi a reposta, Hermione crispou os lábios.


- Se quiser, conheço outra pessoa que explica bem também. Assim eu paro de encher o seu saco – resmungou, coisa que fez a outra tirar os olhos azul-esverdeados do pergaminho.


- Não sei do que está falando, Hermione.


- Ao que me parece, é sempre um sacrifício vir estudar comigo. Já faz mais de um mês, Phoebe, mérlin, que custa me tratar melhor um pouco que for? – despejou rapidamente as palavras em cima da outra.


- Estou te tratando bem, Hermione! – a fitou, como se quisesse que ela a contrariasse.


- Ah, pare com essa sua indiferença toda – resmungou fechando o livro – Eu já me desculpei, não foi? Não precisa ficar me torturando ao me tratar assim. E você nem se desculpou comigo! – acusou. A corvinal arregalou os olhos.


- Me desculpar pelo que?


- O beijo – sussurrou a castanha.


- Ora, me desculparia se me arrependesse do que fiz. Como não me arrepende, não tenho pelo que me desculpar – pousou a pena na mesa e quase sorriu ao ver o rosto chocado de Hermione.


- Pare com isso! – sibilou.


- Com o que, diabos?


- De falar como gostou do beijo.


- Eu não disse que tinha gostado – retrucou e viu o rosto da menina a sua frente se contorcer em espanto e surpresa, a boca dela se entreabriu levemente – Mas gostei – continuou com um sorriso torto no rosto.


- Argh! – grunhiu Hermione, bufando exasperada – Você é tão… tão…


- O que? – perguntou a mais velha, inclinando-se na mesa, vendo o cérebro da menina trabalhar furtivamente em busca da palavra que ela procurava – Espontânea? Vulgar?


- Espontânea – soltou o ar e mordeu o lábio.


- Não deveria morder o lábio, Granger – sussurrou, prendendo o olhar da castanha no seu – me deixa com uma vontade louca de mordê-lo também.


Hermione não conseguiu dizer nada, estava processando o que menina lhe disse, os olhos presos nos dela, a garganta fechada impedindo o ar de voltar ao ambiente. E elas ficaram lá, em silêncio, se encarando, sem se mexer ou desviar o olhar por algum tempo, segundos, talvez minutos. E quando o ar voltou a sair de seus pulmões e ela conseguiu pegar mais uma golfada para dentro, Hermione sorriu.


- Fique com essa sua vontade, Carter, ainda temos Runas hoje, porque amanhã eu não posso vir aqui.


Phoebe ficou surpresa com o que Hermione disse, mas soltou um sorriso e assentiu com a cabeça. Hermione havia conseguido falar do beijo sem entrar em pânico ou choque, era um bom sinal, ela pensou ouvindo a castanha começar a explicar.




______________

N/A: Mais uma atualização que demorou muitos meses, mas confesso que passei por um momento que tirou toda e qualquer inspiração que eu tinha para escrever essa fanfic - ou qualquer outra. Foi um processo lento e demorado eu conseguir ter animo para entrar na FeB de novo, animo para fazer qualquer coisa na minha vida - não só para escrever. Mas sem desculpas ou explicações, agora percebo como me faz bem escrever e pretendo continuar. Para quem ainda lê, fica aqui meus agradecimentos.

Beijos,

Leeh.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • MiSyroff

    Ahhh, a Phebe tava sendo muito chata! E podia ter rolado um beijinho né? kkkkkkMas olha, to torcendo pra Hermione roubar esse beijo ;)E fica tranquila, att sempre demora! rsrsrsrsr Mas não vejo você pelas fics do FeB, você só escreve?Beijos 

    2012-07-12
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.