Capítulo IV
Mais um dia se iniciava no elegante prédio do Ministério da Magia localizado no centro de Londres. Um rapaz alto e de cabelos muito vermelhos seguia por um largo corredor cumprimentando alegremente as pessoas que cruzavam seu caminho. Estava especialmente animado naquela manhã e por isso, não hesitou em mudar seu caminho habitual e seguir para o gabinete de seu melhor amigo, Harry Potter, onde poderia comentar a vontade sobre a incrível vitória dos Cannons que tivera o privilégio de assistir na noite passada.
Há vários anos Harry Potter e Ronald Weasley ocupavam altos cargos no Ministério da Magia, ambos eram queridos, populares e gozavam da mais alta confiança do Excelentíssimo Senhor Ministro. De fato, tinham a vida que sempre sonharam. Harry permanecia num noivado de mais de cinco anos com Gina Weasley, enquanto Rony havia se tornado um solteiro convicto, e trocava de namorada a cada semana.
Naquela manhã, Rony adentrou a sala do amigo sem nenhuma cerimônia e falava sem parar até se dar conta de que absolutamente nada que dizia era notado por Harry, que permanecia completamente entretido com o exemplar do Profeta Diário nas mãos.
- Você não está ouvindo nada do que eu estou dizendo! Afinal de contas o que tem de tão especial aí? – disse o ruivo zangado puxando bruscamente o jornal das mãos de Harry.
O choque foi imediato. Lá estava estampada em um tamanho considerável, uma foto na qual se mostrava o solteiro mais cobiçado da Londres bruxa, ao lado de uma belíssima jovem, identificada como Hermione Jane Granger, a jovem amiga de Harry Potter que havia sido dada como morta durante os dias negros da guerra. A imagem não deixava a menor dúvida de que estavam juntos. O casal trocava olhares significativos e depois de alguns segundos, a moça descansava sua cabeça sobre o ombro do rapaz que a abraçava.
Aquela visão inesperada fez com que Rony, tivesse uma espécie de surto temporário. Ele rasgou o jornal com violência, enquanto protestava duramente:
- Isso não é real! Não é ela! Não pode ser... Eu a procurei, eu fiz de tudo! Ela desapareceu, ninguém jamais conseguiu falar com ela novamente! – gritava o rapaz.
- Calma, Rony! – pedia Harry.
- Por que logo o Malfoy tinha que encontrá-la? Como depois de tudo ela pode ter se envolvido com um comensal? Agora ela vai me ouvir! – disse Rony pretendendo se retirar, mas Harry não permitiu.
- Ouça, Rony... Nós não temos nenhum direito sobre Hermione, nunca tivemos... E agora depois de tantos anos, não cabe a nós interferir na vida dela. Deixe-a. – falou sério.
- Mas... Aquele é o Malfoy! Ele não gosta dela! Sempre a desprezou, você sabe disso! Todo mundo sabe disso! – protestou Rony.
- Não importa! O que importa é que ela está bem e parece feliz...
Rony deixou a sala de Harry, ainda sob os efeitos das novas informações que acabara de receber. Ainda não conseguia se conformar com a idéia de Hermione estar com Draco Malfoy, um ser completamente desprezível em sua opinião. Transtornado, passou o resto do dia completamente tenso e em sua mente procurava apenas uma maneira de reencontrar sua amiga e convencê-la que tudo poderia voltar a ser como antes.
Longe dali, sentindo um alívio inexplicável, Draco Malfoy encerrava seu último compromisso do dia. Afinal, o que estava acontecendo com ele? Depois de tudo que ocorreu na noite passada, ele deveria estar mais calmo e tranqüilo, mas o efeito havia sido exatamente o inverso. Nem por um minuto conseguiu afastar as lembranças de sua mente. Ainda podia sentir o gosto dela em sua boca e seu corpo ainda gritava por mais.
Queria tê-la novamente, mas ao mesmo tempo estava consciente que não era apenas isso... Queria ouvir sua voz, queria conversar, queria se sentir aquecido da maneira como somente ela o fazia sentir e por isso decidiu que não poderia ir para casa naquele final de tarde. Aparatou direto na biblioteca, mas foi informado que Hermione havia deixado o local a cerca de quinze minutos. Sem pensar duas vezes, aparatou na sala no pequeno apartamento em que havia vivido, sem dúvida, a melhor noite de sua vida.
Encontrou o lugar quase que completamente escuro. A única iluminação do vinha da porta entreaberta do dormitório. Sem fazer quase nenhum barulho, entrou no pequeno cômodo, encontrando sua garota ainda de cabelos molhados, denunciando que acabava de sair do banho. Sem dizer uma palavra, o rapaz se permitiu parar por alguns segundos e observar extasiado a mulher diante de si, enquanto um delicioso perfume se alastrava pelo ambiente a cada vez que ela deslizava a escova por seus cabelos.
Tragando palabras te vas dando cuenta
Que a veces lo lógico es lo mas dificil
Y poquito a poco te vas acercando
Al fuego en la llama que quema
A las mariposas
Pelo reflexo do espelho, Hermione viu Draco se aproximar. Sentiu o coração disparar e o ar se tornar mais pesado com sua simples presença. Durante todo o dia havia remoído dúvidas e incertezas sobre ele e agora que o tinha tão perto de si novamente, não tinha coragem sequer de encará-lo. Por isso continuou desembaraçando os cabelos, observando-o pelo espelho, enquanto ele a observava.
Azules y blancas entre las cenizas
Las alas sin vida de vuelos suicidas
Y yo las entiendo por que yo he sentido
La luz cegadora de un fuego prohibido
Y es asi...
“Qualquer outra teria se atirado em meus braços” – pensou o loiro se aproximando ainda mais. “Está com medo ou arrependida?” – torturava-se o rapaz, tocando de leve o ombro da garota, que ainda assim permaneceu sem se virar.
- Nenhum dos dois. – disse a moça com a voz calma, deixando o loiro tenso.
- Então... – disse o rapaz como se quisesse incentivá-la.
Hermione se levantou de calmamente caminhou até o banheiro, aonde trocou a toalha que usava para cobrir o corpo, por um robe de seda verde e em seguida retornou ao dormitório, fazendo com que o azul dos olhos de Draco, se tornasse escuro diante de tal visão. Mas era complicado. O jogo havia chegado ao final na noite passada e ela não estava disposta a iniciar uma nova partida.
Como se va enredando el cuento
Como se va torciendo el tiempo
Como te quedas ciego
Y es asi, y es asi y es asi
Como te vas creyendo tus propias mentiras
Y luego el silencio se vuelve un lamento de guerras perdidas
De guerras perdidas
Em sua mente, imaginou que ele pudesse voltar a procurá-la, mas não tinha certeza se faria isso pelos motivos certos. Por isso lhe restou somente esperar. Não queria jogar, não queria testá-lo, mas precisava saber o que exatamente ele procurava. Assim, permaneceu quieta, preferiu que ele conduzisse a conversa, mas isso não aconteceu. Draco Malfoy sempre tão acostumado a falar tudo o que quer, a dar ordens e ser prontamente obedecido, escolheu o silêncio e deixou a ela a chance de dizer tudo o que de fato pensava e sentia. Mas isso não seria fácil.
- Por que está aqui, Draco? – ela perguntou séria.
- Por que eu queria ver você. – respondeu direto.
- E agora que está me vendo... O que você quer? – insistiu a garota.
- Eu quero muitas coisas. – disse o loiro se aproximando mais do que devia e abraçando Hermione por trás. – Se pensa que eu quero seu corpo, não está errada... disse no seu ouvido, enquanto escorregava uma de suas mãos por dentro do robe e tocava a pele macia da garota, fazendo-a estremecer. – Mas não é apenas isso... Quero sua voz, quero seu sorriso, quero seus pensamentos, quero seu coração... Quero tudo! – disse virando a garota para si e tomando seus lábios com paixão.
Quien pudo ser tan ciego para chocar
De frente contra el fuego como mariposa
Quien pudo ser tan loco para cambiar
El sol de la mañana por la llama
De un fuego cualquiera...
- E por que logo eu? – perguntou quase num sussurro.
- Na escola, você me recusou. Mas agora, será diferente... – disse o rapaz quebrando o beijo e surpreendendo a garota.
- Você vivia me maltratando e ficou com todas as garotas da minha classe! – protestou a garota, indignada.
- Só para chamar sua atenção! – confessou, pouco antes de beijá-la novamente ainda com mais desejo.
Azules y blancas entre las cenizas
Las alas sin vida de vuelos suicidas
y yo las entiendo por que yo he sentido
La luz cegadora de un fuego prohibido
De un juego prohibido
“Merlim, isso não é real! Não pode ser!” – pensou ela sem se preocupar em disfarçar. “Porque não pode ser real? Eu vou te mostrar o quanto é real...” – respondeu com pensamentos, ciente de que os dons de Hermione estavam mais vivos do que nunca.
Durante parte da noite, se amaram como se o amanhã jamais fosse chegar. Nos braços um do outro encontraram calor, proteção, carinho e paixão. Na noite que a encontrou servindo mesas naquele bar de quinta, Draco imaginou que se livraria de uma obsessão e agora vendo-a dormir abraçada a seu corpo, ele compreendia que jamais se livraria daqueles sentimentos. Sempre queria mais. Ela o fazia querer mais.
De una guerra perdida que yo vivi
De una guerra que vuelvo y vuelvo a vivir
O corpo de Hermione já não era seu objetivo, claro que continuava o desejando imensamente, mas agora precisava ir mais além. Queria que ela o amasse, como um dia ela amou o idiota do Weasley. Queria que ela o olhasse como olhava para ele - Desejava o rapaz, sem se dar conta que a garota em seus braços já havia, de fato, lhe entregado seu coração.
Pouco antes do nascer do sol, Hermione se levantou com todo o cuidado, para não acordar Draco. Foi até a cozinha e observou Bichento adormecido em seu cesto. Ainda estava um pouco escuro, mas ela já não tinha sono. Seu coração estava inundado de alegria, ainda ecoava em sua mente a declaração que Draco lhe fizera na noite anterior.
Na verdade, não podia chamar aquilo de uma declaração, mas para ela, as palavras dele significavam libertação. Jamais esteve à procura de uma amante, sempre desejou amor e agora sabia que tinha uma chance de alcançar o coração de Draco Malfoy. Estava brincando com fogo, mas não recuaria. Não sabia o que viria pela frente, mas sabia que desejava viver cada momento ao lado daquele homem, que em tão pouco havia simplesmente tomado conta de seu corpo e de sua alma.
Draco acordou e estranhou o vazio da cama. Lavou o rosto, vestiu a mesma calça escura que trajava na noite anterior e foi até a cozinha, onde encontrou sua garota preparando algo junto ao fogão. Ele não se cansava de olhar para ela, era linda! E perfeita para todos os seus planos, planos que ele já havia se esquecido completamente aquela altura.
- Ainda não desistiu de fazer as coisas do modo trouxa? – disse se aproximando.
- Prefiro assim... – respondeu a moça.
- Hoje é seu dia de folga, não? O que pretende fazer? – perguntou Draco sem se preocupar em parecer ciumento e controlador.
Hermione não se surpreendeu com o questionamento. Sempre soube com quem estava lidando. E prendendo não deixá-lo vencer, nem tampouco irritá-lo escolheu responder de forma evasiva.
- Ainda não decidi. – disse sorrindo
- Pois acho que deveria decidir passar todo o seu dia de folga comigo! Poderíamos nos divertir bastante. – disse enquanto mordiscava sua orelha de leve.
- Certamente... – brincou a moça, se soltando e concentrado-se nos biscoitos que preparava.
-Estou falando sério. – insistiu Draco.
- Bom, hoje é meu dia de folga, mas que eu saiba não é exatamente o seu... – tentou despistar.
- Ser o dono das empresas, me traz algumas vantagens, querida. Inclusive a possibilidade de tirar o dia de folga sempre que eu quiser! – falou pretensioso, fazendo Hermione sorrir.
Ele sempre conseguia tudo o que desejava e ela precisava se acostumar com isso. Pouco a pouco, a presença de Draco foi se tornando uma constante em sua vida e Hermione Granger já não se imaginava sem sua companhia. Quase sempre, formavam um casal perfeito, exceto quando discordavam de algo. Nesses casos, sempre era travada uma pequena guerra particular, onde nenhuma das partes jamais se mostrava disposta a ceder. Mas qualquer discussão por mais ferrenha que fosse, não resistia diante do poder de um único beijo.
Bastava um toque para que todas as defesas fossem completamente derrubadas. Apenas um detalhe incomodava Hermione: Draco jamais mencionou nenhuma palavra relacionada com compromisso. Estava juntos e só. No início, parecia suficiente, mas logo uma lacuna se fez presente, embora a moça não ousasse comentar.
Para Draco, a vida não podia estar mais perfeita. Novamente tinha vencido e se sentia tão pleno ao lado de Hermione que, ao contrário do que planejara no início não sentia mais a menor vontade de expor aquele relacionamento para despertar a fúria de seus inimigos. Pelo contrário, ele a queria somente para si e decidiu que ela jamais deveria encontrar novamente com Harry Potter e Ronald Weasley.
Naquela tarde, Hermione deixou a biblioteca mais cedo, com a intenção de preparar um jantar especial para Draco. Aparatou em seu apartamento com as mãos repletas de sacolas com ingredientes para o prato italiano que pretendia preparar, quando se deparou com uma grande surpresa.
Rony Weasley estava sentado em seu sofá, com seu gato no colo. Hermione o observou incrédula por alguns segundos e depois seguiu em silêncio até a cozinha onde depositou cuidadosamente suas compras.
- Pelo menos alguém por aqui ainda tem afeição por mim. – disse o ruivo se referindo ao felino perfeitamente aninhado em seus braços.
- Bichento, não tomou conhecimento de certos fatos. – rebateu a moça.
- Te procurei por todas as partes, sabia? – disse o rapaz enquanto depositava o gato em seu cesto e se aproximava de Hermione.
- E por que fez isso? – provocou.
- Por que queria te explicar... – começou o ruivo.
- E acaso seu comportamento tinha explicação, Ronald? – cortou Hermione.
- Eu sei que ficou magoada, mas eu poderia ter te explicado.
- Você me traiu, mentiu para mim, foi um covarde... – desabafou a garota.
- É fácil acusar, não é? Mas e quanto a você? – questionou sério.
- Eu?
- Sim, você! Anda se exibindo por aí com um comensal! – esbravejou Rony.
- Eu e Draco somos livres. Ele jamais foi um comensal e você sabe disso!
- O cara não presta! Ele é mentiroso, trapaceiro, não tem escrúpulos!
- Sinto muito, mas acho que você está descrevendo a si mesmo! Draco é uma ótima pessoa se é o que quer saber. Foi sincero comigo, soube me compreender e cuidou de mim quando ninguém mais o fez.
- Eu cuidaria de você! Harry cuidaria de você! Se tivesse nos dado uma chance... Mas preferiu fugir. – disse sentido.
- Não, Rony. Foram vocês que não me deram uma chance! Vocês me faltaram quando mais precisei e agora não permito que venha a minha casa e estrague a minha felicidade. – falou segura.
-Felicidade? Você não pode estar falando sério! Não pode estar feliz ao lado dele! – disse o rapaz impaciente.
- Pois eu estou muito feliz. Estou apaixonada por Draco e se tem alguma afeição por mim como diz, devia se alegrar e não vir aqui ressuscitar um passado doloroso e que já não faz nenhum sentido!
- Eu queria, eu precisava que me perdoasse! Eu amava você, foi um momento de fraqueza e me arrependo... – admitiu.
- Eu já o perdoei, Rony. – interrompeu a garota, surpreendendo o rapaz.
- Verdade?
- Verdade. Eu sofri muito, não nego. Mas agora, tudo mudou. Estou feliz e não guardo mágoas. È passado. – afirmou sentindo um imenso alívio e abraçando Rony, demonstrando que o perdoara sinceramente.
- Ele é um cara de sorte. Espero que saiba o que está fazendo, Hermione!
- Sim, eu sei. – disse a garota abrindo um sorriso, quando foi surpreendida pelo barulho da porta batendo bruscamente.
Constrangido Rony se retirou quase que imediatamente. E Hermione abandonou os planos do jantar. Embora fosse difícil, já adivinhara exatamente o que havia acontecido. Draco certamente havia interpretado mal a cena o abraço que presenciara.
Ele não voltou a procurá-la naquela noite e nem na seguinte. Hermione sentia seu coração novamente dilacerado. Ele realmente acreditava que ela seria capaz de traí-lo e não lhe permitiu sequer uma chance de defesa. Era doloroso demais para ela, mas estava disposta a lutar por seu amor e decidiu procurá-lo.
Depois de passar no escritório, em sua casa, e em quase todos os bares da cidade, finalmente o encontrou, bebendo com alguns amigos. Hermione chegou a reconhecer alguns sonserinos da época de Hogwarts, mas se deteve apenas em Draco. Pediu que ele a escutasse, mas ele apenas zombou e a humilhou na frente do grupo, tratando-a como uma qualquer e fazendo referências grosseiras ao seu trabalho como garçonete em um bar de Nova Iorque.
Mesmo ferida, ela permaneceu encarando os olhos azuis que transbordavam ódio. Ouviu cada palavra, cada ofensa e somente quando ele se cansou de falar, lhe disse o que sentia:
- Sabe o que é mais triste, Draco? Perceber que você, que sempre disse ter me observado, não sabe absolutamente nada sobre mim! Que cometi um erro novamente ao confiar em alguém que sequer conhece o significado dessa palavra! - disse entre lágrimas e se retirou em seguida, deixando-o entregue a bebida.
Estava acabado. Tudo fora apenas uma ilusão. Novamente havia se lançado em uma história sem futuro e se deixado queimar pelo fogo que a cegou. A dor era tamanha, que ela pensou não ser capaz de suportar. Arrumou suas coisas novamente e na manhã seguinte foi até a biblioteca, comunicar seu afastamento definitivo. Sentiria falta daquele lugar e de Norma Spencer, mas não havia outra escolha.
Norma ficou muito abalada com a decisão de Hermione. Já havia se apegado demais a garota e se preocupava com o que pudesse acontecer. E ao ver a jovem desaparecer numa lareira, não hesitou em enviar uma mensagem diretamente para a única pessoa que poderia dissuadi-la de tal decisão.
Draco Malfoy havia acordado com uma imensa ressaca. Sua cabeça ainda girava com os efeitos do álcool e as lembranças da noite anterior. Estava se matando e tudo por causa de uma mulher. Era inacreditável. Mas logo pensava que aquela não era apenas uma mulher, aquela era Hermione Granger, sua mulher e de ninguém mais. Não a perderia para ninguém, muito menos para um imbecil como Ronald Weasley.
Iria até ela e a faria entender isso. Mas enquanto jogava água no rosto, lembrou-se da maneira que havia tratado a garota na noite anterior. Certamente ela não voltaria a falar com ele depois de tanta humilhação... E tudo se complicou com a chegada da mensagem de Norma Spencer, informando que Hermione havia se demitido e se preparava para partir.
“Droga!” – pensou o loiro furioso amassando o papel. Draco Malfoy jamais correria atrás de uma mulher, mas quando se tratava de Hermione, nenhuma regra sobre o comportamento de um Malfoy era válida. Arrependido do modo como a tratara e ciente de que estava atirando seu orgulho na lata do lixo, o loiro aparatou de encontro de sua garota problema. Era chegado o momento da cartada final.
Hermione estava quase pronta para partir quando percebeu a presença de Draco.
- Creio que não temos mais nada a dizer um para o outro. – disse ríspida passando pelo rapaz e tomando bichento nos braços.
-Está enganada. Ainda temos muito a falar... – comunicou Draco se sentando no sofá.
- Eu estou de partida, então, por favor, vá embora! – pediu a moça tentando não denunciar o nervosismo.
- Posso saber para onde vai? Acaso vai voltar para o canalha que te traiu ou será que vai voltar a se expor para os homens naquela espelunca onde te encontrei? – disse tomado pela raiva sem raciocinar.
Hermione que caminhava pela sala, estancou bruscamente ao ouvir tais palavras. Sentiu-se novamente ferida e não conseguiu conter uma lágrima que escorreu por sua face alva, revelando a dor que sentia. Draco a observa e novamente se arrepende por tê-la ferido daquela maneira.
- Se quer mesmo saber, eu ainda não sei para onde vou... Mas qualquer coisa é melhor do que ser tratada dessa maneira! Agora eu sei como realmente me vê! Para você sempre serei uma qualquer, uma mentirosa! – disse sucumbindo as lágrimas de vez.
Draco não suporta o que vê, engole todo o seu orgulho e vence a distância entre eles, fazendo com que a garota o encare.
- Por que mentiu para mim? Por que o trouxe aqui? – perguntou apertando o braço da garota com mais força do que deveria.
- Jamais o trouxe aqui! Ele descobriu onde eu estava! Por que não pode confiar em mim, por que acha que eu menti? Acredita mesmo que eu ainda amo, Rony? Você é um idiota, Draco Malfoy! – gritou Hermione.
- Estavam abraçados! – esbravejou.
- Eu o abracei sim, mas foi um abraço de despedida!
- Despedida? – questionou o loiro.
- Despedida! Eu disse que o perdoava e que já não pensava no passado... E sabe por que? Porque eu estava apaixonada e feliz! – revelou, fazendo com que Draco se sentisse péssimo. – Deixe-me, por favor, eu já pedi!
- Não! Não vou deixá-la! Não poderia fazer isso nem mesmo que eu quisesse! Eu não consigo ficar longe de você! Esses dias tem sido uma tortura sem fim! Diga que vai desistir dessa idéia de ir embora, diga que vai ficar comigo! – disse enquanto a abraçava com força.
- Sinto muito, Draco, mas eu vou embora de qualquer jeito! Você não me conhece, não confia em mim e não temos nenhum futuro juntos... – lamentou.
- Não é verdade! Você sabe que tudo o que eu falei era da boca pra fora! Sabe que temos futuro! E sabe o que eu sinto por você! – protestou o loiro.
-Não, eu não sei! O que você sente por mim, Draco? – questionou Hermione séria.
Draco sabia que o seu futuro dependia dessa resposta. E que não haveria uma segunda chance. Tinha que ser corajoso e se expor sem receios, ou a perderia para sempre.
- Eu te amo. E quero que o mundo saiba disso! – respondeu direto, fazendo com que Hermione se emocionasse profundamente. Era tudo o que precisava saber. – Seja minha, para sempre! – pediu.
- Eu sou sua. – respondeu sem hesitar. – enquanto se rendia completamente aos beijos do loiro.
- Eu confio em você, mas gostaria que repetisse isso de uma maneira mais formal e diante de algumas pessoas se não se importa. – disse Draco sério.
- O-o que? – gaguejou a garota nervosa, sem acreditar no que ouvia.
- Quero que seja minha mulher! Hoje mesmo, aliás agora mesmo! – afirmou Draco, fazendo com que Hermione o abraçasse forte sem conter sua felicidade.
Em poucas horas, oficializavam a união perante um cartório do mundo mágico. Os nomes Granger e Malfoy estavam definitivamente unidos perante a lei e perante a sociedade bruxa. Hermione não usava um belo vestido como sempre sonhou e Draco não fez do acontecimento um grande evento social como de costume, mas ambos estavam imensamente felizes em simplesmente atender uma súplica de seus corações. E se aquele casamento às pressas, sem música, sem flores ou qualquer luxo, não era o final perfeito, definitivamente era, para ambos, o início perfeito.
Fim.
Comentários (1)
Imogen eu acho tão lindo essa fic! Faz um épilogo dela. Pliss?Beijos nana!Ah! Por que não posta a fic Fenix? Ela é linda e eu estou doida pra ler a Fenix 3, fiquei triste qdo apagaram elas do site. Queria ler a parte que o Draco ah, não posso contar é surpresa para alguns!
2012-01-29