Conselhos e reflexões

Alguns dias depois

Harry está em seu apartamento. Parece que foi ontem que ele saiu para ajudar Dumbledore, mas ao mesmo tempo parece que foram anos. Ele ligou para Minerva e disse que precisava de um tempo para digerir o que havia acontecido, perguntou por Dumbledore e assegurou que não estava simplesmente indo embora

Não, ele não está simplesmente indo embora, mas ele também não sabe dizer quando voltará. Ele passou por muita coisa esses poucos meses e Harry precisa conseguir clarear as suas idéias antes de decidir o que vai fazer

Sim, ele precisa clarear as suas idéias em relação a tudo, em relação à bombástica situação em que se deu a sua custódia, em relação às empresas, em relação a Dumbledore e também em relação a Gina

Se Harry fosse outra pessoa, talvez ele dissesse: agora está tudo bem, vou tentar recuperar o tempo que eu e Dumbledore perdemos, vou transferir meus negócios e aprofundar meu relacionamento com Gina. Sim, isso seria que ele pensaria se ele fosse outra pessoa, mas ele não é. Ele é Harry Potter, um homem que nunca lidou bem com sentimentos e que neste momento se encontra totalmente perdido

Ele precisa de um tempo, Harry só não consegue dizer quanto tempo ele precisa antes de lidar com seus fantasmas e encarar a todos...

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Enquanto isso

Gina está sozinha em sua casa, seu filho está com Hermione, mas a ruiva declinou do convite para ir para a casa da amiga. Alguns dias se passaram, mas a ruiva ainda tenta conectar tudo o que aconteceu. Após a conversa com Dumbledore, Harry simplesmente saiu do hospital sem falar com ela, Sirius ou qualquer outra pessoa. No início, ela pensou apenas que ele precisava de um tempo, mas depois ela descobriu que ele simplesmente partiu

Ela tenta dizer para si mesma que essa situação é temporária e que depois que ele colocar a cabeça no lugar tudo voltará a ser como antes. No entanto Gina lá no fundo está bem magoada com a atitude de Harry Potter. Será que tudo o que eles viveram não a fizeram merecer sequer uma palavra de consideração?

Sim, ela está magoada, mas ela é uma mulher adulta e vai esperar até que Harry esteja pronto, aí eles irão conversar e ver o futuro que terá essa relação...

XXXXX

Na casa de Dumbledore, alguns dias depois

Minerva serve uma xícara de chá ao seu patrão. Depois da conversa que tiveram a governanta falou seriamente em se entregar, mas foi veementemente repreendida por Dumbledore. Você fez o que era certo, fez o que eu não tive coragem. Ele disse. Você deu a paz pra minha esposa, agora á a hora de colocarmos uma pedra nesse assunto, a única pessoa que deveria saber de tudo, já esta sabendo. É hora de seguirmos com a nossa vida, minha esposa gostaria que fosse assim

Harry não deu mais notícias e por mais que Minerva se preocupe com ele, Dumbledore disse para deixar que ele se recupere sozinho. Ele precisa de um pouco de espaço, quando ele se sentir a vontade ele virá. Foi o que ele disse

Eles estão aguardando Gina que virá para jantar. Dumbledore conhece muito bem a sua amiga para saber que ela deve estar bem chateada com tudo o que aconteceu, tanto que faz algum tempo que ela não aparece. No entanto, o ancião vai fazer o possível para que isso não perdure

A campainha toca e Alvo vai atender apesar dos protestos de Minerva

- Olá, menina – ele a cumprimenta tentando não se espantar com o aparente abatimento da ruiva – e você garoto, como está? Já voltou para a escola?

- Sim, eu voltei – Cody responde e Dumbledore vê que ele também está um pouco para baixo – o Sirius disse que eu não precisava ter medo e se ele é amigo do Harry... – o menino para a frase como se soubesse que este nome traria tristeza para a mãe

- Cody – Dumbledore diz – se eu fosse você iria dar uma olhada na cozinha, eu desconfio que deve ter alguma surpresa lá

O garotinho sai saltitante sem perceber o clima estranho. Dumbledore pega a mão da sua amiga e faz com que ela se sente - agora você pode me dizer como você está

- Agora está tudo bem. O Cody não tem mais pesadelos, a escola reforçou a segurança mesmo que tudo tenha sido esclarecido. A única coisa que eu ainda não consegui foi reunir coragem para levá-lo para visitar o pai

- Fico feliz que as coisas estejam assim – Dumbledore diz – mas você é inteligente o bastante para saber que não é disso que eu estou falando

- Seja do que for, a resposta ainda é a mesma – ela diz sem encará-lo – eu estou bem, agora que tudo vai entrar nos eixos não poderia estar melhor. O doutor Lupin já liberou você para voltar ao trabalho ou finalmente você decidiu se aposentar? – ela diz em uma tentativa de mudar de assunto

- Vou tentar convencê-lo em uma semana ou duas – Alvo diz – enquanto isso, confio em você e em Severo, acho que agora que as coisas estão entrando nos eixos... – ele para de falar e Gina percebe que seu amigo está evitando tocar no nome de Harry

- Nós daremos conta – ela diz – e você vai me prometer não abusar pelo menos no início – ela sorri ao ver o ancião assentir com a cabeça sabendo que vai ser muito difícil Dumbledore pegar leve, as empresas sempre foram uma parte importante da sua vida – estou falando sério, nós estivemos muito perto de perder você, não quero passar por tudo isso de novo – ela diz enquanto enxuga uma lágrima que teimou em escapar

- Menina – ele diz carinhosamente – eu sei que você sofreu e se preocupou e eu me desculpo por isso – ele vê que Gina quer argumentar, mas a impede – eu sei que foi algo que fugiu ao meu controle, mas se eu tivesse me cuidado melhor talvez tudo isso não tivesse acontecido. Mesmo assim eu procuro ver tudo de bom que aconteceu por causa da minha doença. Nós conseguimos salvar a empresa, conseguimos fazer com que alguém em quem eu confiava e que traiu a minha confiança fosse detido – ele suspira – por mais que isso machuque, eu sei que ele deve pagar pelos seus crimes e, além disso, eu tirei um peso do meu coração ao contar ao Harry tudo o que aconteceu com a morte dos seus pais. Eu sei que ele não está lidando com isso direito, mas acredite a verdade é sempre o melhor caminho e ele vai perceber isso e voltar pra nós

Gina segura a custo uma lágrima teimosa, ela não quer de jeito nenhum que Alvo perceba o quanto ela está chateada com o sumiço do Harry, então ela suspira profundamente enquanto diz tentando controlar o tremor em sua voz – espero que sim – ela segura a sua mão – eu sei que você sente falta dele, mas enquanto ele não está por aqui e o doutor Lupin não autorizar a sua volta ao trabalho, eu gostaria de saber se o senhor Snape vai assumir o comando da empresa

Dumbledore sorri – ora, Gina, você sabe melhor do que eu que o Severo nunca se interessou verdadeiramente pela parte da administração, só o que ele quer desde garoto é ficar com a parte das pesquisas. Tirá-lo do seu laboratório é matar a sua essência, eu já fiz isso uma vez e não quero fazer de novo

- Mas então quem vai ser? – Gina pergunta preocupada. Mesmo que o doutor Lupin libere, ainda vai demorar um bom tempo para que Dumbledore possa assumir de maneira integral

Ela vê que o ancião lhe encara com um sorriso divertido na face e um brilho estranho no olhar, ela demora um minuto ou dois para saber o que isso significa – ah não, Alvo, você não está pensando que eu... Eu não posso! – ela diz, escandalizada

- Gina... – Alvo diz e é possível ver o vislumbre de um sorriso em seu rosto – você conhece a empresa tão bem quanto eu. Você estudou pra isso e você é de minha inteira confiança, eu não consigo pensar em ninguém neste momento que possa ser mais indicada pra isso

A ruiva olha para o ancião, surpresa demais para pronunciar qualquer palavra. Dumbledore continua:

- Eu estive este tempo todo acompanhando o seu progresso e eu sei que mesmo que Harry estivesse à frente de tudo, você foi muito importante para que as empresas se recuperassem. Eu sei inclusive que você questionou as decisões dele quando achou que elas não seriam as mais corretas. Eu confio em você e sei que você vai fazer um ótimo trabalho

- Eu não tenho experiência – Gina finalmente consegue balbuciar

-Você tem, Gina, você conhece as empresas tão bem quanto eu, você sabe a forma como eu gosto que elas sejam geridas e você é perfeitamente capaz de se impor caso eu comece a me comportar como um velho tolo e sentimental

Gina sorri – você se esquece que eu também posso ser tola e sentimental

- Sentimental sim, menina, mas tola nunca – Dumbledore diz enquanto acaricia a sua face – e é por isso que eu confio em você. Eu sei que você nunca deixaria que números fossem mais importantes que as pessoas – ele a encara – eu confio em você e eu sei que você fará um bom trabalho

Gina seca uma lágrima em sua face – obrigada – ela diz – eu vou fazer o possível para merecer a sua confiança

- Você já faz, Gina. Você fez isso desde que eu coloquei os olhos em você – ele se levanta – agora vamos almoçar antes que o Cody perca a paciência e resolva atacar a sobremesa

XXXXX

Enquanto isso

Harry Potter termina de ler os últimos relatórios da sua empresa. Não que ele as tivesse abandonado enquanto ajudava Dumbledore, mas sempre é bom estar presente para mostrar a todos que o chefe ainda está vivo.

Não que Harry seja algum tipo de carrasco, pelo contrário todos o estimam como estimavam seu pai e ele sabe que pode realmente confiar em seus assessores. Mesmo assim não seria prudente deixar seus negócios nas mãos de terceiros, qualquer pessoa com um mínimo de senso saberia disso

No entanto, o que o impediria de transferir sua matriz? Ele se pega perguntando. Ou mesmo gerenciar suas empresas de outra cidade? Ele mesmo tem vários colaboradores que fazem isso, alguns até em outros países e tudo funciona perfeitamente

Harry sabe que vai precisar tomar uma decisão. Não é justo com Gina ou com Dumbledore que ele simplesmente fuja como uma criança birrenta, eles merecem mais que isso

Mas não ainda, não agora. Harry sabe que ainda não está preparado para encarar Alvo Dumbledore. Não que ele tenha qualquer tipo de rancor, Harry finalmente cresceu e agora ele admite que essa sua mágoa já durou tempo demais. O que ele sente agora é vergonha, Harry tem vergonha por ter se deixado levar por seus ressentimentos e ter perdido tanta coisa, ele não consegue encarar o ancião neste momento, não sem romper em lágrimas e implorar seu perdão. Ele sabe que está sendo covarde e talvez magoando as pessoas que ama, mas neste momento Harry simplesmente não consegue

- Você não acha que está chafurdando na sua auto-piedade por tempo demais? – a voz de Sirius Black o tira do devaneio

- Oi pra você também – Harry responde com um suspiro. Ele encara o padrinho – não sei do que você está falando – ele diz – eu tenho uma vida também, sabia?

- Sim, eu sei, Harry – a voz de Sirius se torna mais suave – eu sei que você tem seus negócios, eu sei que você tem a sua casa, mas até que ponto você pode dizer que você tinha uma vida?

Harry encara o padrinho, mas antes que ele argumente Sirius diz – eu não estou falando de sucesso, Harry. Isso é claro que você tem, eu não sou burro, eu sei que você é um homem bem sucedido, mas eu posso falar que apenas isso não basta, você voltou por um motivo e não foi apenas para salvar as empresas de Dumbledore, você precisava se reconectar com seu passado, com a sua família. Eu sei que você está confuso e talvez um pouco magoado, mas não é hora de acabar com isso? Dumbledore não tem muitos anos pela frente – ele vê que Harry quer falar, mas o impede – antes que você diga alguma coisa, eu quero apenas que você reflita. O tempo está passando, você realmente quer que a sua próxima visita seja em seu funeral? – ele faz uma pausa e continua – antes dos seus pais morrerem eu e seu pai tivemos uma discussão, foi uma coisa boba alguma infantilidade que eu havia cometido e seu pai, que agora era um homem sério, me chamou atenção e eu não gostei, eu saí furioso e ignorei duas ligações dele, eu precisava de um tempo para me acalmar era o que eu pensava. Bem, a próxima ligação foi de Dumbledore me falando do acidente – ele respira fundo para impedir que as lágrimas caiam – eu demorei anos para me perdoar, na minha cabeça eu achava que se eu tivesse atendido as ligações dele, talvez algo no universo pudesse ter impedido o que aconteceu

- Você não teve culpa – Harry balbucia

- É, eu sei – Sirius suspira – mesmo assim eu me senti culpado durante muito tempo, eu só consegui deixar a culpa de lado quando descobri o que seus tios faziam com você, eu percebi que poderia ficar me consumindo ou fazer alguma coisa, eu sabia que nunca conseguiria a sua guarda a não ser que houvesse algo sério como maus tratos, mas eu podia tentar fazer a diferença de alguma forma

- E você fez – Harry sorri saudosista. Ele se lembra das loucuras que Sirius fazia para manter contato mesmo que seus tios fizessem de tudo para impedir. Harry não sabe se teria aguentado sem o apoio do padrinho

- A questão é – Sirius continua – você pode escolher ficar se sentindo culpado por não ter procurado Dumbledore antes, ficar se sentindo enganado por ele não ter contado tudo que aconteceu logo que você chegou, ou abraçar a chance que a vida está lhe dando, conviver com a sua família e com a mulher que você ama – ele olha para o afilhado – e não tente me convencer que você não esta apaixonado por Gina, está nos seus genes amar uma ruiva

Harry fica em silêncio, assim como Sirius. Ele apenas encara o afilhado, Sirius o conhece bem o suficiente para saber que agora é hora de se calar, Harry precisa de tempo para digerir o que foi dito. O detetive só espera que ele tome a decisão correta...

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NOTA DA AUTORA

Pra variar começo pedindo desculpas pela demora, mas como tinha avisado antes estou dando prioridade pra outra fic que comecei antes. Como ela já está acabando, espero que em breve possa dar mais atenção pra esta aqui.

Estamos entrando também na reta final, mais uns dois ou três capítulos, eu acho e finalizamos aqui também. Espero que tenham gostado do capítulo.

Bjos e até o próximo

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