Capítulo 1



Capítulo 1


 


Pelas grandes janelas do dormitório feminino, Hermione podia ver o céu escuro e estrelado daquela noite fria. Estava sozinha no cômodo, e agradecia internamente a Merlin por isso. Mesmo que tivesse tentando, e ela, para ser bem franca, não havia tentado muito, Hermione não conseguia ser amiga de suas companheiras de quarto, Lilá e Parvati. Elas estavam, provavelmente, lá em baixo, no Salão Comunal, sentadas perto do fogo da lareira e conversando sobre roupas, sapatos e, claro, garotos. E Hermione não se interessava por nenhum desses assuntos. Ela estava mais preocupada com seu futuro, com sua carreira no mundo bruxo e, principalmente, com seus N.I.E.M.s.


 


Tinha subido muito antes do que seu horário normal para evitar um novo confronto com Ron. Como haviam combinado, fingiram que nada havia acontecido entre eles em Hogsmeade para Gina e Harry. Durante o jantar, ela tentara ao máximo ser educada com o ruivo e ignorou todas as vezes que tivera vontade de mandá-lo não falar de boca cheia ou não agir como um trasgo faminto. Mesmo assim, sabia que os dois amigos desconfiavam de alguma coisa. O olhar questionador de Gina assim que saíram do jantar fez Hermione subir direto ao seu quarto. Ela não estava com a mínima vontade de conversar sobre sua tarde.


 


Deitada em sua cama, a jovem bruxa olhou para o frasco da poção “Daydream” em sua mão, que, como o próprio nome dizia, fazia com que a pessoa que a tomasse tivesse um bom sonho, ainda que acordada. Hermione admirava a genialidade dos gêmeos Weasley pela criação dessa poção. A combinação de ingredientes era simples e eficaz. Ela já havia usado a poção algumas vezes antes, mais por curiosidade do que qualquer outra coisa. “Essa é de uma remessa especial”, lhe dissera Jorge quando lhe entregara a amostra. Sem pensar duas vezes, Hermione virou todo o conteúdo azul do frasco em sua boca. Ela estava mesmo precisando de um bom sonho para distrair sua mente.


 


***


 


- Então?  – a pergunta de Harry fez com que Rony, que colocava sua camisa de pijama parasse no meio do ato, sem entender.


 


- Então o que cara? – Rony girou para olhar para o amigo, desistindo de terminar sua tarefa. Harry estava deitado em sua cama e parecia fazer um esforço para parecer casual.


 


- Como foi, em Hogsmeade? – o moreno perguntou, deitado com a cabeça sobre o braços cruzados em sua cama. Rony deu de ombros em resposta.


 


- Foi Gina que pediu pra perguntar?


 


- Não. – Harry respondeu, sem olhar nos olhos do amigo. Rony terminou de colocar a camiseta e deitou-se na própria cama.


 


- Sei. – Harry poderia ser ‘o garoto que sobreviveu’, mas era péssimo para mentir. – Foi ótimo. – ele completou com certo sarcasmo. – Fomos na Zonko’s.


 


- Como estão Fred e Jorge? – Harry perguntou, decidindo ignorar o sarcasmo do amigo. Rony deu de ombros novamente.


 


- Como sempre. – depois de um momento de silêncio, o ruivo continuou. – Acho que Fred gostou da Granger.


 


- Mesmo? – desta vez Harry pareceu realmente surpreso. Hermione não parecia ser o tipo de Fred, o maior bagunceiro da história de Hogwarts junto com Jorge.


 


- É, ele disse que ela era bonitinha. – Rony deu uma risada sarcástica. Depois de um tempo em silêncio, Harry voltou à conversa.


 


- A Hermione é bonita. – o moreno disse sem perceber o olhar incrédulo do ruivo. – Você sabe, ela tem aquele sorriso perfeito... e os olhos são bem bonitos também...


 


- Achei que você namorasse minha irmã Potter. – Rony disse, com raiva. Harry levantou as mãos, como se rendesse.


 


- Eu só estou dizendo o que dizem por aí... – como Rony ainda parecia incrédulo, completou. – Bom, na verdade, eu não sei se você ia querer saber o que dizem realmente sobre a Hermione...


 


- Não quero mesmo. – respondeu Rony ainda irritado. Ele sabia muito bem como que os companheiros de quarto dele, principalmente Dino e Simas, falavam das garotas ‘bonitas’ do colégio. Não que Hermione fosse bonita, não é mesmo? Tá, tudo bem, ela tinha aquele sorriso com dentes branquinhos, os olhos cor de avelã que, brilhavam quando ela ria e escureciam quando ela ficava furiosa. Era quase como chocolate meio amargo. E, bom, ela ainda estava com a pele meio bronzeada pelas férias que passara com os pais trouxas, que deixava Rony imaginando se ela tinha ido à praia...  o ruivo se pegava imaginando como seria ver Hermione Granger em um biquíni... oh, por Merlin! O que diabos ele estava pensando?


 


Sacudindo a cabeça como que para espantar os pensamentos errôneos, o ruivo percebeu que seu amigo já estava adormecido na cama ao lado, com os óculos tortos ainda no rosto e com a boca ligeiramente aberta. Rony fechou seu cortinado com um aceno de varinha, antes que seus outros colegas de quarto subissem, tentando ter um pouco de privacidade. Quando foi guardar a varinha em seu ‘esconderijo’, em baixo do travesseiro, viu o pequeno frasco com líquido azulado que ganhara de seus irmãos naquele mesmo dia. A imagem da Monitora Chefe em uma praia ensolarada voltou com força em sua mente. Talvez... talvez se ele realmente visse Hermione em trajes de banho ele pararia de pensar nela. Não pararia? Pegando o pequeno frasco com rapidez, temendo mudar de ideia, virou o conteúdo da poção de uma vez só em sua boca, e pediu a Merlin para que aquilo acabasse com a sua confusão.


 


***


 


O barulho de risadas agudas acordou Rony de seu sono normalmente profundo. Confuso sobre a origem dos sons que o acordaram, o ruivo ficou ainda deitado em sua cama, com os olhos ainda fechados, rezando para poder voltar a pegar no sono. Afinal, domingo era o seu dia favorito de perder o café da manhã. E, lógico, dar uma escapada na cozinha para lanchar antes do almoço. Depois de alguns segundos em silêncio, risadas femininas altas ecoaram em seu ouvido e ele abriu os olhos assustados: elas vinham de dentro de seu dormitório.


 


As vozes continuavam a sair do lado de fora de seu cortinado, mas em uma conversa que Rony não coseguia entender. O ruivo sentou-se em sua cama e, tentando ser discreto, afastou um pequeno pedaço do cortinado, o suficiente apenas para que ele olhasse para fora. Talvez Dino e Simas finalmente tinham convencido duas garotas a subirem ao dormitório masculino. Porque, se fosse Gina, ele mataria o Harry. A imagem que se formou em sua retina fez com que os olhos do ruivo se arregalarem: Lilá Brown e Parvati Patil apenas com suas saias de uniforme e com seus sutiãs, conversando em vozes risonhas enquanto se olhavam no espelho.


 


O ruivo, confuso, não conseguiu fazer nada além de encarar as duas grifinórias por alguns segundos, sequer respirando. Olhando de relance em volta percebeu que estava no dormitório feminino. Vendo as garotas do sétimo ano quase sem roupas... Então, subitamente se lembrou da poção que havia tomado dos irmãos.  A poção de sonhar acordado! Ver Lilá só de sutiã não era uma grande novidade para o ruivo e, se fosse completamente sincero, nunca sequer se interessou por Parvati, principalmente depois de ter ido com a irmã gêmea dela ao Baile de Inverno no quarto ano.  Mas, com um embrulho no estômago, o ruivo se lembrou da terceira aluna do sétimo ano da grifinória, que ainda não estava em nenhum luar visível. A ideia de que Hermione Granger apareceria ali em poucos segundos apenas de saia e sutiã fez com que o ruivo engolisse em seco em expectativa. O barulho aparentemente chamou a atenção de Lilá, que olhou em sua direção com uma expressão que ele não entendeu.


 


- O que foi Granger? – ela perguntou com as sobrancelhas erguidas, com certo sarcasmo.


 


- Ãh? – foi tudo o que o ruivo conseguiu responder em volta. Sua voz parecia mais fina do que o normal. Parvati sussurrou algo no ouvido de Lilá e as duas riram, com certo brilho de malícia nos olhos e entraram no banheiro, deixando Rony sozinho ali, sem entender. – Que diabos está acontecendo?!


 


Ele reconheceu aquela voz mandona de imediato, e olhou para os lados em busca da dona da voz, sem perceber que a frase havia saído de sua própria boca. Frustrado, passou a mão pelos cabelos e, ao invés de sentir os fios lisos e curtos de seu cabelo normalmente bagunçado e vermelho, sentiu os fios encaracolados e armados emaranhando em seus dedos. Puxando uma mecha para si, sentiu-se boquiaberto quando se deu de cara com um cabelo ondulado castanho, que ele, se tivesse parado para pensar, conhecia muito bem. Assustado, o ruivo abriu o cortinado daquela cama e, num pulo correu para de frente do espelho.


 


A imagem que ele viu no espelho não era a que normalmente o encarava. Ao invés de um ruivo alto, de olhos azuis, nariz longo e muitas sardas, seu reflexo era uma garota, uns trinta centímetro mais baixa do que ele, de cabelos castanhos ondulados, olhos cor de chocolate e uma boca pequena, que apresentava uma expressão tão assustada quanto ele se encontrava no momento: Hermione Granger.


 


‘Isso só pode ser um pesadelo.’ Foi tudo o que o ruivo pensou, antes de sair correndo daquele dormitório feminino, indo direto às escadas que davam ao Salão Comunal.


 


***


- VOCÊ! – mal Rony havia pisado no Salão comunal, ouviu uma voz masculina umas duas oitavas mais alta que qualquer um com dignidade teria permitido.  Assombrado, observou ninguém menos que ele mesmo indo em sua direção, um ruivo com cabelos bagunçados, seu pijama usual do Cannons e o dedo em riste. Ele parecia enfurecido. Pelo andar duro e expressão homicida, ele a reconheceria em qualquer copo: só podia ser Hermione. – Você fez isso comigo! – ela disse quando finalmente se aproximou, cutucando-o com o dedo a cada palavra.


 


- Eu não fiz nada! – ele respondeu assustado, e fez uma careta ao perceber como sua voz saíra fina. Era voz de Hermione com um toque de susto. Viu Harry e Gina correndo na direção deles e percebeu que o Salão Comunal, cheio de alunos, todos o observavam, com expectativa. Pelas barbas de Merlin, ele iria passar a maior vergonha quando descobrissem!


 


- O que está acontecendo? – Gina perguntou, olhado dele para Hermione (no corpo dele, obviamente) com censura. Harry estava parado ao lado da ruiva olhado para Hermione com uma expressão desconfiada. Hermione mantinha as mãos na cintura, numa atitude tão típica dela. Lógico, no corpo de Rony, era completamente cômica. Harry com certeza achava agora que ele tinha tendências gays! - Será que vocês podiam discutir sem que toda a Grifinória ouvisse?


 


‘Essa é uma ótima ideia.’ Rony pensou, temendo a humilhação que seria se todos descobrissem que ele estava preso ao corpo de Hermione.


 


- Certo. – ele respondeu, antes que Hermione fizesse. Ela ainda parecia fora de si. – Vamos conversar lá em cima. – ele apontou para as escadas que acabara de descer, e Gina e Harry o encararam como se ele fosse louco.


 


- V-você... – Hermione começou a dizer, mas se calou, parecendo pensar melhor. – Garotos não podem subir ao dormitório feminino. – Foi tudo o que ela disse.


 


- C-claro, é. – ele disse, levando a mão na nuca em nervosismo. Gina e Harry ainda o olhavam com desconfiança. Talvez fosse melhor que eles não soubessem de nada. – Vamos ao dormitório masculino então?!


 


Antes que Hermione respondesse, Lilá e Parvati saíram das escadas que levavam ao dormitório feminino, completamente vestidas com seus uniformes. As duas amigas olharam para ele com a mesma expressão maliciosa de antes e deram risadinhas, passando pelo grupo em direção à saída do Salão Comunal. Os olhos de Hermione acompanharam as duas com desconfiança e quando elas saíram pelo buraco do retrato da Mulher Gorda, ela finalmente assentiu com a cabeça.


 


O olhar duro que ele dirigiu a Harry e Gina foi o suficiente para os dois ficassem parados no lugar, sem segui-los. O ruivo sorriu internamente. O olhar severo de Hermione era o suficiente para manter todo mundo calado. Olhar de Monitora Chefe, como ele gostava de pensar. E ele devia ter imitado muito bem, pois além de Harry e Gina, todos pareciam estar fingindo não notá-los subindo nas escadas em direção ao sétimo andar da torre, nos dormitórios masculinos.


 


***


- O que está acontecendo?! – Hermione perguntou em seu melhor tom mandão quando finalmente alcançaram a porta que dizia ‘Sétimo Ano’. Os dois entraram e Rony fechou a porta, temendo que outros alunos pudessem entreouvir a conversa. – O que você fez comigo, Ronald?


 


- Eu não fiz nada Hermione! – ele fez um careta ao ouvir ela lhe chamando de Ronald. Como ele odiava! – Se você não percebeu, eu não estou muito melhor que você!


 


- Isso é uma piada de mau gosto, por acaso? – Hermione continuou a falar, parecendo ignorar completamente sua presença ali. Andando de um lado para o outro, tentando aliviar sua frustração. – Eu estava perfeitamente bem em meu quarto ontem, em minha cama, e quando eu acordo, estou usando pijamas do Cannons, no dormitório masculino e Harry começa a tirar a roupa na minha frente! – ela o olhou apavorada, como se ainda não acreditasse nas próprias palavras. – Na minha frente! E começa a conversar comigo sobre como eu tinha emitido “sons” – ela fez aspas para enfatizar o eufemismo. Rony fez um careta. – a noite toda e se eu estava sonhando comigo! Quer dizer, ele disse: “Sonhando com Hermione outra vez?” Foi então que eu senti minhas orelhas queimando! E quando eu olho meu reflexo, eu sou você! Eu sou ruivo e alto e cheio de sardas e tenho essas mãos enormes...


 


- Tá bom! Tá bom! – Rony interrompeu o que ele imaginava que seria uma lista interminável de seus defeitos vindos da boca de Hermione. Ele não precisava ouvir aquilo. Ela finalmente parou de andar de um lado para o outro e o encarou. – Eu entendi Hermione! O que você acha que eu senti quando acordei e dei de cara com suas colegas de quarto só de sutiã?!


 


- Você viu Lilá e Parvati de sutiã?! – Hermione perguntou incrédula. Rony assentiu, sentindo suas bochechas corarem pela lembrança.


 


- Eu achei que estava sonhando! – ele confessou, dando de ombros. Os olhos de Hermione se arregalaram, parecendo entender algo além de suas palavras.


 


- Oh, meu Deus! – ela exclamou, colocando as mãos no rosto, desesperada. – É por isso que elas estavam rindo de você! O que você fez, Ronald?! – ela voltou a olhá-lo, com acusação nos olhos.


 


- Nada! – ele levantou as mãos em sinal de paz. – Eu não fiz nada! Só... você sabe... f-fiquei o-olhando... – ele sentia suas bochechas esquentarem ainda mais. Merda!


 


- Ótimo! – Hermione jogou as mãos pro alto, frustrada. – Isso é absolutamente ótimo. – completou com sarcasmo. – Agora elas devem pensar que eu sou algum tipo de... de...


 


- Lésbica tarada? – Rony completou tentando ajudá-la. O olhar mortal que Hermione o lançou o fez se calar. Ele tinha que aprender a imitar esse! Era assustador.


 


- Se você não fez isso... – Hermione recomeçara a andar de um lado para o outro. Rony, suspirando, sentou-se em sua cama. – Então, o que aconteceu?


 


- Eu não sei, Hermione. – ele respondeu, um pouco cansado. – Eu estava aqui ontem no quarto com Harry e ele apagou. Então eu me deitei para dormir e... Oh, merda!


 


- O linguajar Ronald! – Hermione o repreendeu, mas parara de andar e o olhava com expectativa.


 


- A poção! – Rony levantou-se e pegou o frasquinho vazio que jazia sobre sua mesa de cabeceira. – Eu tomei a poção que Fred e Jorge... você também tomou? – ele perguntou e Hermione, fazendo uma cara desesperada, assentiu. – Fred e Jorge!


 


- Fred e Jorge? Você acha que isso é algum tipo de brincadeira deles? – Hermione perguntou, com as mãos de volta à cintura. Segurando o impulso de mandá-la parar de fazer aquilo o ruivo respondeu.


 


- Claro! Fred e Jorge adoram testar suas invenções novas em mim! – ele deixou o frasco de volta no lugar e saiu em direção à porta. – Eu só não imaginava que eles teriam coragem de usar você também...


 


- Aonde você vai? – a voz confusa de Hermione o fez parar com a mão na maçaneta.


 


- Ué, falar com Fred e Jorge! – ele respondeu sem paciência.


 


- De pijamas? – a voz incrédula de Hermione fez com que ele olhasse para si mesmo. Ou melhor, para o corpo de Hermione. Ele estava com um pijama de flanela de calças azuis e blusa branca. – De qualquer jeito, como vamos à Zonko’s hoje? Não é permitido sair do castelo fora dos dias de visita...


 


Rony, sem pensar duas vezes, foi até o malão de Harry e pegou o Mapa do Maroto. Ignorando o olhar de Hermione, colocou o velho pergaminho no elástico da calça do pijama e escondeu-o sob a camisa.


 


- Certo. Vamos colocar nossos uniformes. – ele disse para Hermione, tentando não sentir as bochechas queimando. A ideia de Hermione ver seu corpo sem roupas o deixava com um embrulho no estômago. – E nos encontramos na mesa do café daqui a pouco.


 


- C-certo... – Hermione parecia insegura, e suas orelhas vermelhas indicavam que pensava em algo provavelmente na mesma linha que ele próprio. – Não teria como você trocar de roupa com os olhos fechados, não é?


 


- Acho que não. – ele respondeu com sinceridade. Engolindo em seco, pensou em dizer que jamais abusaria da situação, que ele preferiria que a primeira vez que a visse apenas com as roupas de baixo fosse diferente, mas achou melhor ficar calado.


 


- Não acha que devíamos contar isso para alguém? Para algum professor talvez? – Hermione parecia ainda insegura. Era bem diferente da garota que ele estava acostumado a lidar. – Harry e Gina?


 


- E o que diríamos? – Rony perguntou, se aproximando. – Vão achar que estamos ficando loucos. Ou pior, que bebemos alguma coisa ilegal. – Hermione tremeu visivelmente com essa perspectiva. – Gina e Harry não vão conseguir desfazer isso. O máximo que eles vão fazer é...


 


- Tirar onda com a nossa cara. – Hermione completou por ele, ainda parecendo abalada. Rony tocou seu braço de leve, tentando confortá-la.


 


- Vai dar tudo certo. Vamos falar com os gêmeos e eles vão desfazer essa loucura. – o olhar assustado de Hermione pareceu se abrandar e ela concordou com um aceno. Rony se afastou, então, em direção à porta. – Nos vemos daqui a pouco.


 


***


Rony finalmente seguia em direção ao Salão Principal e sentia sua barriga roncando. Não fora a coisa mais fácil do mundo vestir o uniforme feminino. Ele dera graças a Merlin que os sapatos de Hermione, ao contrário de muitas de suas colegas, não tinham nenhum salto. Ele jamais conseguiria andar sobre eles, por menores que fossem. E os cabelos revoltos de Hermione não ajudavam muito. Ele ficou a maior parte do tempo tentando colocá-los em ordem, mas fora praticamente em vão. O distintivo de Monitora Chefe brilhava em seu peito (ele tina seios!) e, claro, ele não colocara nenhum tipo de maquiagem. Na verdade, ele tinha a impressão que Hermione normalmente não usava nenhuma. Merlin era bom com ele.


 


Entrando no grande Salão com suas quatro mesas, ele logo avistou Hermione (na verdade ele avistou ele mesmo) junto de Harry e Gina. Apressado sentou-se ao lado dela, tentando ignorar a curiosidade no rosto de Gina, que o observava. Foi então que notou como Hermione o havia arrumado. Ele estava com a camisa completamente abotoada, com a gravata perfeitamente ajustada sobre o pescoço e o pior de tudo: como os cabelos molhados e ajeitados cuidadosamente para trás. Gemendo, percebeu que era uma versão mais alta e mais sardenta de Percy.


 


- O que diabos você fez no cabelo?! – perguntou a Hermione antes que pudesse se conter. Harry gargalhou ao ouvir o amigo, provavelmente tendo segurado o deboche para si mesmo até aquele momento. Hermione o olhou com inocência.


 


- Eu só tentei arrumá-los. – ela respondeu dando de ombros.


 


- Cara, nunca mais faça isso. – Harry disse, tentando se recuperar da crise de risos. O rosto da Hermione-no-corpo-de-Rony pareceu ofendido.


 


- Você está igual ao Percy, Ron. – Gina disse, rindo de forma mais contida. Rony-no-corpo-de-Hermione, sem conseguir se conter, levantou a mão em direção aos cabelos ruivos e bagunçou-os, deixando da forma mais displicente possível. Hermione o olhava com curiosidade.


 


- Assim está melhor. – Rony-no-corpo-de-Hermione disse com uma voz suave.


 


- Obrigado. – Hermione respondeu, antes de voltar para sua comida, com as orelhas vermelhas. Rony, esquecendo-se momentaneamente do resto, puxou um prato cheio de omeletes e panquecas para si mesmo, tentando acabar com sua fome. Depois de alguns momentos, sentiu três pares de olhos sobre si.


 


- O quê? – ele perguntou, bebendo um gole de seu suco. – Eu estou com fome!


 


- Hermione, você está comendo mais rápido que o Rony. – Gina parecia dividida entre a risada e a surpresa.


 


- Acho que ela está andando demais com você, amigo. – Harry disse, rindo. Hermione nada respondeu a Harry, mas o olhou com censura. Rony tentou, a partir dali, comer o mais devagar possível.


 


Não fora difícil ficar sozinho com Hermione após o café da manhã. Ele achara que teria que arrumar uma desculpa para se livrar da irmã e de seu amigo, mas logo que todos estavam satisfeitos (ele ainda poderia ter comido mais, mas achou melhor se conter) Gina e Harry deram uma desculpa esfarrapada de aproveitar os jardins antes que começasse a nevar e sumiram de vista. Tentando controlar seu mau-humor, afinal, ele tinha consciência que estava no corpo de Hermione e reclamar traria muitas suspeitas, ele pediu para que Hermione o seguisse e caminhou até o corredor do quarto andar onde tinha a estátua de uma bruxa de um olho só.


 


- O que estamos fazendo aqui? – Hermione perguntou, ainda sem entender. Rony abriu o Mapa do Maroto e sussurrou as palavras que o fizeram se revelar, verificando se não havia ninguém por perto para pegá-los se esgueirando para fora do castelo. – Isso é um mapa de Hogwarts? – Hermione-no-corpo-de-Rony, aproveitando-se de sua nova superioridade em altura, olhava por cima do ombro dele, curiosa.


 


- Esse é o Mapa do Maroto. – Rony respondeu, sem paciência. – Fred e Jorge o acharam na sala do Filch e deram a Harry no terceiro ano. – Não havia ninguém perto do corredor que eles estavam então Rony puxou sua varinha e fez com que a bruxa de um olho só se afastasse, revelando a passagem que daria direto a Hogsmeade, na Dedosdemel.


 


- Uma passagem para fora do castelo? – Hermione parecia impressionada enquanto desciam pelo caminho estreito de terra batida.


 


- Não é a única. – Rony respondeu, enquanto caminha à frente iluminando o caminho. – Não demora muito.


 


- Não é a única? – a vontade de Hermione de saber tudo fez Rony sorrir.


 


- A maioria delas está bloqueada, mas tem uma embaixo do Salgueiro Lutador. – Rony contou, sentindo-se orgulhoso por saber mais do que a ‘sabe-tudo’. – Mas ela acaba na Casa dos Gritos, então não é lá muito agradável.


 


- Você e Harry já foram até a Casa dos Gritos? Dizem que é assombrada. – Hermione parecia ainda impressionada. – Eu particularmente não acredito nas lendas, mas de qualquer forma não veria nenhum motivo para ir até lá.


 


- Não é assombrada. – Rony respondeu, lembrando-se de seu terceiro ano. – Pelo menos, não mais. Um lobisomem morava lá. E nós não fomos lá de boa vontade também, Sirius Black me arrastou até lá, e Harry foi me ajudar.


 


- Sirius Black? O assassino de trouxas?! – Hermione parecia assustada. – Então foi assim que ele entrou no castelo e te atacou? Nós temos que contar a Dumbledore! – Rony apenas riu em resposta.


 


- Não se preocupe. Sirius nunca quis matar Harry. – Hermione parecia não acreditar nele. – Ou mesmo ninguém. É uma longa história, de qualquer forma.


 


- Isso foi mais uma das grandes aventuras de Harry Potter e Rony Weasley? – Hermione perguntou depois de um tempo em silêncio. Eles estavam quase chegando ao final da passagem.


 


- Acho que sim. – Rony deu de ombros. No castelo circulavam muitas histórias sobre como ele e Harry sempre se metiam em confusão, ano após ano, mas a maioria delas era fantasiosa e nada parecido com a verdade. – Estamos chegando.


 


Em poucos minutos eles já estavam fora da Dedosdemel e rumo à Zonko’s, onde Rony esperava encontrar seus irmãos. As ruas de Hogsmeade estavam desertas, provavelmente o pouco movimento devido à visita no dia anterior dos alunos de Hogwarts. Na porta da loja de logros, Rony pôde ver as silhuetas dos irmãos gêmeos pelo vidro escurecido e, com um aceno de cabeça, ele e Hermione entraram ao mesmo tempo na loja, tocando o pequeno sininho que indicava a chegada de clientes.


 


- Ora, ora, ora, o que temos aqui Fred? – Jorge, se aproximou com um sorriso maroto.


 


- Roniquinho e Hermione. – Fred disse, se aproximando e pegando a mão de Rony-no-corpo-de-Hermione com um sorriso galante. Rony puxou a mão com asco e sentiu sua raiva borbulhando.


 


- Não toque em mim Fred! – sua voz, mesmo como a voz fina de Hermione aprecia mais grossa e raivosa. Hermione estava ao seu lado, com uma expressão fechada, os braços cruzados.


 


- Vejo que tomaram as poções... – Jorge disse, sorrindo. Fred e ele trocaram um olhar e pareciam analisar os dois com maior curiosidade.


 


- Eu sabia! – Rony, enfurecido, aproximou-se de Jorge. Sua pequena estatura e o fato de que estava no corpo de Hermione não pareceu ameaçador para o gêmeo. Jorge simplesmente riu.


 


- Que tipo de poção é essa? – Hermione finalmente disse. – Polissuco?


 


- Não minha cara, e é como ela é brilhante. – Fred respondeu, sem conter seu entusiasmo.


 


- Eu não quero saber, desfaçam isso agora! – Rony interrompeu, ainda tentando amedrontar Jorge.


 


- Ah, Roniquinho... – Jorge respondeu, com um resquício de riso no rosto.


 


- Não podemos desfazer o feitiço da poção. Não há como. – Fred completou pelo irmão.


 


- Vamos ficar assim para sempre? – Hermione perguntou, com um tom de desespero na voz.


 


- A poção usou o que estava na mente de vocês assim que a tomaram. – Jorge explicou, agora com a voz séria. – Não é um feitiço de ilusão ou age como o polissuco, então não tem contra-feitiço. É uma magia anciã.


 


- A mágica só acaba quando vocês resolverem o que seja lá que tinham na mente quando a tomaram. – Fred disse, também mais sério.


 


Hermione e Rony se entreolharam. A morena parecia agora apavorada.


 


- Merda, estamos perdidos!


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 N/A: Finalmente o primeiro capítulo! Me desculpem, MESMO pela grande demora... mas eu não ando tendo mtuio tempo para escrever e como uso meu tempo livre lendo Fics (meu vício) acabo me esquecendo das minhas próprias...

Obrigada a todos que esperaram!

Obrigada pelos comentários: Bells Swan e Chel Prongs!!

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