Ciúmes de Harry



Capítulo 8 – Ciúmes de Harry


 


         O coração de Harry batia tão rápido que ele pensou que fosse sair voando de seu peito. Soltou a respiração, que nem notou ter prendido.


         Agatha tinha os olhos muito, muito brilhantes e piscava repetidamente, como se prendesse o choro com muito esforço.


- Agui, na verdade... Bom, eu ia te contar depois. Eu ia contar para todos vocês que... – mas foi interrompido pela voz alterada de Agui, e, mentalmente, agradeceu pelo barulho do Salão Comunal não poder chegar aos dormitórios.


- Que o quê?! Que você estava namorando escondido?! Não pode nem falar para seus melhores amigos? Para mim!.


          Foi como uma facada. Não estava enganando os amigos, e não estava namorando!


- Não estou namorando escondido, Agatha – ele disse, pela primeira vez, rispido com ela. – E, se estivesse namorando, meus amigos seriam os primeiros a saberem!


- A é? – zombou, num tom de ironia, que simplesmente não era dela – Vejo bem. Espero que tenha uma boa noite, Potter.


         Virou-se e subiu as escadas para o dormitório feminino.


         Harry suspirou, antes de se jogar no sofá e dormir, profundamente cansado, e, principalmente, magoado.


         Não soube quanto tempo dormiu, nem que horas dormiu, mas acordou cedo na manhã seguinte. Era domingo e o dia do Me Desculpe Agui.


         Subiu para o dormitório e colocou uma roupa qualquer, isso realmente importava quando sua melhor amiga estava brigada com ele?


         Guardou e a capa e o diário no malão novamente, e, juro a si mesmo, que assim que Agui o perdoasse, iria mostrar a Sala dos Fundadores aos amigos.


         Desceu de volta ao Salão Comunal e já encontrou Mione e Gina ali, conversando aos sussurros, quando viram Harry nas escadas, pararam abruptamente.


- Oi – disse ele desanimado.


- Harry Tiago Potter, o que você fez? – Hermione foi mais direta do que nunca, e séria também.


- O que você quer dizer? – ele já sabia exatamente.


- Ontem, Agui chegou no nosso dormitório aos prantos e só não acordou  Parvati porque ela tem sono pesado, por mais que não admita isso – falou Gina rapidamente, num tom divertido ao falar de Parvati Patil, mas muito sério ao falar da amiga.


         Harry suspirou: - Ontem eu cheguei mais tarde no Salão Comunal, e ela estava brava comigo. Deu um... Piti aqui, me perguntou onde eu estava e com quem eu estava, e muitas outras coisas...


         Ele ainda não sabia qual era o problema dela, e isso era o problema dele!


         Para sua surpresa, Mione e Gina se entreolharam e abafaram risadinhas.


         Mas não teve tempo de perguntar mais nada, pois o resto do Marotos e Agui desciam as escadas, de cada um.


         Jake bocejava horrores e Rony tinha uma imensa cara de fome, como Nick. Neville deu um animado oi, parecendo o mais acordado e saiu pelo retrato da Mulher Gorda.


         Agui, por outro lado, sorria, mas ao ver Harry, seu sorriso sumiu de imediato e mudou para uma cara de quem comeu e não gostou. Ela virou-se para Hermione e Gina e começou a conversar.


         Conversavam sobre banalidades (deveres, de como Malfoy é idiota, quadribol, de como Malfoy é idiota, aulas, de como Malfoy é idiota...), e Harry achou que era sua chance perfeita ao avistarem a grande portal do Salão Principal, que tinha muitos poucos alunos e somente Lílian, Minerva, Tiago e Sirius na mesa dos professores.


- Agui.


         Porém, ela só virou a cara.


- Agatha – chamou ele de novo enquanto adentravam no Salão.


- Que foi, Potter? – a voz e a pergunta eram de extremo desgosto.


- Deixa eu explicar para você...


- Que você estava aos beijos com alguém? Não obrigada – cortou ela.


         Já ia se sentando, quando ele segurou seu braço.


- Não entendo você. Esse ano está brigando comigo por tudo! – deixou escapar ele, e Lílian, Tiago, Almofadinhas e seus amigos viraram a atenção para os dois.


- A questão, Potter – notaram o uso do sobrenome – É que você é muuuuuito lerdo. Não consegue entender coisas que estão na sua frente. E isso se chama, por um acaso, idiotice e estupidez mental.


- Viu, viu? – disse ele, num tom bravo e indignado – Briga comigo por qualquer coisa! E eu nem sei porque está brava comigo da última vez! Ontem, você fica com lágrimas, hoje, você é boa o suficiente para me encarar, retrucar e me chamar de Potter. Afinal, qual é seu problema, Agatha?


- O meu problema? O meu problema?! – agora era raiva – É você, você é o meu problema! Você não se toca não é mesmo? Ah, quer saber? EU TE ODEIO, POTTER!


         E virou as costas saindo do Salão sem nem tomar café da manhã.


         Tiago e Sirius se entreolharam, as sobrancelhas arqueadas levemente. E Lilian examinando a reação do filho, com atenção.


         O rosto de Harry ficou vermelho, ele teve certeza que era de raiva, pois duas jarras de suco de abóbora quebraram-se sozinhas na mesa da Grifinória.


- Não acredito! – virou-se e saiu tão nervoso quanto a amiga, mas virando na direção de outro corredor, para não correr de esbarrar com a (nervosa) Agui.


         Lílian tinha um olhar entristecido ao falar para o marido e Sirius:


- Por que será que Potters são tão... – procurou a palavra certa.


- Atolados? – chutou Almofadinhas.


- É.


- Ei! Eu não era atolado! Sabia que te amavam desde o inicio. Não tenho culpa se Harry não percebeu que ama Agatha – defendeu-se Tiago.


- Nisso ele é parecido com você, Lily, você demorou um século para perceber que gostava do Pontas! – brincou Sirius.


         A ruiva corou, mas respondeu: - Queria ter certeza de que não seria só mais uma na listinha dele. Mas, esqueçam, o problema agora é Harry e Agatha, não eu e o Ti.


- Ui, Ti – disse Sirius numa voz maliciosa – o que você sugere?


- Que você cale a boca mais vezes, Almofadinhas – respondeu Tiago, vermelhissímo, enquanto a esposa e o amigo riam.


 


                                               ooOoo


 


         Harry não entendia realmente qual era o problema de Agui. Mas já estava cansado, queria se desculpar com a amiga e logo.


         Foi praticamente correndo em direção a Torre da Grifinória e quando chegou notou já estar vazia, pois já era mesmo hora do café da manhã.


         Sentou-se no sofá. Iria ficar esperando a amiga até que ela voltasse, nem que isso demorasse o dia inteiro.


         Tão logo que pensou isso, o retrato da Mulher Gorda se abriu, mas não foi Agui que passou por ali. Era Lilá Brown, da Grifinória.


         Ela, aparentemente, viera pegar algo, pois já ia subindo as escadas do dormitório feminino, mas parou ao ver Harry e lhe lançou um sorriso provocativo.


- Como vai, Harry? – a voz era tão meiga que fez os ouvidos de Harry “apitarem”.


- Bem, Lilá – respondeu falsamente distraído.


- Sabe, eu gostaria de saber se, sabe, você gostaria de a Hogsmeade comigo, sabe, no próximo passeio – a cada “sabe” sua voz ia ficando mais provocativa e enjoada.


         E antes que ele pudesse responder, Lilá simplesmente pulou em cima dele e tascou-lhe um beijo.


         Ela beijava com enorme malicia, com muita vontade. Entretanto, ele não retribuía em nada.


         Mas, de repente, o retrato da Mulher Gorda se abre, e Harry empurra Lilá, mas as pessoas que estava ali tinha visto.


         E, para seu desespero, estavam seus amigos. Jake e Rony tinham uma certa expressão de raiva. Gina e Hermione pareciam ter levado um tapa na cara, em choque. Nick estava entre calmo e chocado. Mas Agui, que aparentemente tinha voltado a se juntar a eles, estava mais do que furiosa.


         Lilá nem se importou.


- Ah, amor, que bom. Agora pode falar a eles sobre nós. Mas, bem, eu tenho que ir ver a Parv, vou dizer que você mandou um beijo, ok, querido? – e saiu rebolando.


         Harry tremia da cabeça aos pés, não sabia se de medo da reação da amiga ou de raiva, só tremia.


- EU TE ODEIO, POTTER! – beorrou alto, muito alto. Com todas as forças que conseguia acumular, até sua garganta doer, e, depois, aproximou-se dele e deu um tapa muito estalado em seu rosto saiu correndo as lágrimas para o dormitório.


         Hermione e Gina passaram, com caras de decepcionadas.


- Por que fez isso, Potter? – a voz de Jake era ácida como ele nunca vira.


- É, magoou Agui. Sabia que ela como uma irmãzinha para mim? – Rony também tinha raiva.


- Vocês não entendem, por que não me deixam explicar as coisas...


- Explicar que você estava aos amassos aqui com Lilá Brown? Não, obrigado – disse Rony e passou para ir as escadas do dormitório masculino.


         Jake não disse nada, mas chegou perto e deu um soco na cabeça de Harry, e saiu pisando duro atrás de Rony. Nick suspirou, lançou um olhar penetrante, e foi atrás.


         Harry, não sabia o que fazer. Só sabia, que, num flash de fogo, de repente, estava em frente ao quarto e sala de seus pais.


         Nem queria saber como parou ali, simplesmente entrou sem bater e fechou a porta atrás de si num baque alto.


         Seus pais estavam ali, conversando em um sofá, Sirius também e para sua surpresa, Remo, Naomi e sua madrinha, Rebecca também.


- Harry, querido, o que foi? – perguntou Lílian se levantando e indo até ele ao ver o filho estressado.


- Ah, nada, tirando o fato de que meus amigos não são mais meus amigos, não foi nada – e jogou-se em um sofá vazio. Deitou-se e apertou a cicatriz que agora desatava em explodir em dor.


- Por quê? Qual o problema? – perguntou Naomi.


- Lilá Brown é o meu problema. Jake é meu problema. Rony, Hermione e Gina também são meus problema. E, Agatha, ah, ela ganha de todos! Ela é meu maior problema! – desatou a falar ele.


- Calma, explique desde o começo.


- É que assim, ontem eu cheguei tarde no Salão Comunal, então só encontrei Agatha ali, e ela estava super estressada e deu a dar de ciumenta, então brigou comigo. Hoje no café, fui pedir desculpas, mas ela começou a me chamar de Potter e dizer que me odiava. Eu já tava cansado de brigar com ela, fui pro Salão Comunal e iria esperá-la lá, mas Lilá entrou e me chamou para ir a Hogsmeade e depois simplesmente me atacou! – falou de uma vez, sem respirar.


         Não sabia porque, mas esse fato fez Remo e Sirius sorrirem, Naomi e Beca se entreolharam, e seu pai franzir o cenho.


- E depois? – perguntou sua mãe.


- Depois, para melhorar minha situação, Agatha, Jake, Hermione, Rony e Gina entraram no Salão e viram Lilá praticamente arrancando minha garganta. Ai ela disse que ia falar com a Parvati Patil e foi embora. Agatha gritou muito, muito alto “Eu te odeio, Potter!” – e imitou a voz dela perfeitamente – e depois simplesmente me deu um tapa, e chorando foi pro dormitório. Hermione e Gina passaram decepcionadas. Rony me ignorou totalmente como Nick, Jake me deu um soco e subiu atrás de Rony, e, de repente, apareci aqui na frente dessa sala! Ai, que domingo interessante, porque não pode ficar melhor!


- Como você apareceu ‘de repente’ aqui? – perguntou Sirius, confuso.


- Sei lá, num minuto estava lá e agora estou aqui. Ah, como se isso realmente importasse. Meus amigos me odeiam, isso sim é importante – quase berrou, estressado e sua cicatriz parecia doer cada vez mais.


- Sabe, na verdade, aconteceu uma coisa parecida no nosso temp... – mas ele não escutou mais Remo falando, estava em uma sala escura.


         Um homem estava ajoelhado a sua frente, era loiro e pálido. Malfoy, pensou.


         Uma cobra enrolava-se no braço de sua poltrona.


- Tudo pronto, Lúcio? – a voz era gélida.


- Sim, milorde – respondeu, com um sorriso maldoso.


- M-milorde – disse uma voz hesitante.


         Virando a cabeça, pode ver um homem gorducho e baixinho encolhido ao canto. Rabicho.


- Tem c-certeza que é uma boa ideia? – gaguejou Rabicho.


- Ousa me desafiar? – Voldemort disse naquela voz fria. – Crucio!


         E essa dor foi em cima mesmo. Era além do que podia-se sentir. Mil facas cortando sua pele, mil pessoas o pisoteando e tacando fogo nele.


         Ele berrava, mas continuava e sua cabeça estava explodindo, explodindo.


Me deixe morrer, me deixe morrer, o sussurro escapava de seus lábios, mas não havia ninguém para ouví-lo. Estava sozinho.


         Imerso em escuridão, caindo e caindo cada vez mais...  E, parou.


         A dor. Tudo.


         Não conseguia nem ao menos se mexer.


                                                       


                                               ooOoo


 


- E-eu n-não acredit-to que e-ele fez i-isso – soluçava Agatha, aos prantos, na cama.


         Hermione e Gina se entreolharam. Por mais que a amiga não tivesse contado, sabiam que ela tinha um “abismo” por Harry.


- Calma, Agui, aposto que tem explicação – consolou Mione.


- N-não t-tem ele estav-va aos am-massos a B-Brown! – e chorou mais.


         Ficaram bastante tempo consolando a amiga, quando Lílian imrrompe pela porta do dormitório, com Rebecca atrás.


- Ma-ãe o que f-faz aqui? – indagou Agui entre soluços.


         Beca andou até lá e abraçou a filha, mas Lílian disse aflita.


- Só viemos avisar que Harry está na Ala Hospitalar!


- O que? – perguntaram as três adolescentes, em sincronia.


- É, provavelmente, foi a cicatriz. Ele parou de berrar a alguns instantes – Lílian parecia prestes a cair nas lágrimas.


         Saiu do quarto sem nem ver se a seguiam, mas as adolescentes e Beca a seguiram.         Chegaram na Ala Hospitalar rapidamente.


         Encontraram Harry numa cama, no canto. Mais pálido do que nunca, e rodeado por Madame Pomfrey, Tiago, Minerva, Dumbledore, Remo e Sirius. Todos muito preocupados.


- Harry! – gritou Agatha sem nem pensar, e no instante em que Madame Pomfrey os deixou chegar perto, ela foi a primeira.


         Jogou-se no chão lado dele, chorando mais do que antes, e pedindo mil desculpas.


- Ah, sinto tanto... Eu não queria... É minha culpa – falava entre um soluço e outro.


         As palpebras de Harry tremiam como se fizesse um esforço para abrí-las.


- Vem, querida – murmurou Naomi, gentilmente, antes de puxar a “sobrinha” para um abraço pelos ombros.


         Lilian e Tiago estavam bem próximos, e brancos. Preocupados, chocados.


- Vai ficar tudo bem, Lily. Você vai ver – sussurrou Tiago para a branca esposa, e sentaram-se na cama ao lado.


         Sirius, Remo, Naomi, Beca, Gina, Hermione, todos foram ver Harry de perto, rapidamente.


- Receio que Harry tenha que ficar aqui por alguns dias – disse Dumbledore pesadamente e parecendo mais velho do que nunca – Espero, sinceramente, que ele melhore logo.


         E conjurou uma caixinha de feijõezinhos de todos os sabores, saindo, sendo seguida pela Profª Minerva.


- Vamos, vamos. Vocês tem que sair, meu paciente precisa descansar – falou Madame Pomfrey, chegando e espantando todos.


         Quando já estava voltando para sua sala, notou que Agatha tinha ficado e parecia que ela mesma que estava naquela cama.


         Sentada no chão frio ao lado do amigo, fazendo-lhe um cafuné como muitas vezes ele lhe fizera, ela deixou uma lágrima cair, antes de deitar a cabeça na cama e torcer para ele ficar melhor.


         Pela primeira vez na vida, Madame Pomfrey deixou um aluno ficar.


         Uma fungada rouca mostrava que Agatha estava chorando em culpa e preocupação.


- Agui – sussurrou Harry, mas ele continuava a dormir.


- Melhore logo, Sr. Potter – disse num tom brincalhão/choroso.


         E tirou um cochilo ali mesma, sentada no chão.


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Você é assim
Um sonho pra mim
E quando eu não te vejo
Eu penso em você
Desde o amanhecer
Até quando eu me deito...


Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu riso é tão feliz contigo
O meu melhor amigo
É o meu amor...


E a gente canta
E a gente dança
E a gente não se cansa
De ser criança
A gente brinca
Na nossa velha infância...


Seus olhos meu clarão
Me guiam dentro da escuridão
Seus pés me abrem o caminho
Eu sigo e nunca me sinto só...

                                                    (Velha Infância, Tribalistas).

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