O Último Obstáculo



_Alvo! Alvo você consegue me ouvir? Acorde!


            _Será que ele está bem?


            _Eu não sei! Alvo, acorde!


            O garoto abriu os olhos, tudo a sua volta era um borrão disforme.


            _Ele acordou! Você consegue me ouvir Alvo? Sou eu! Rose!


            _Ele está estranho...


            Lentamente Alvo pôde distinguir os dois rostos preocupados que o encaravam, ali estavam Rose e Scorpio.


            _Eu... _ disse ele com a voz rouca _ o que aconteceu? Eu estava em uma lembrança...


            _Nós o encontramos desacordado sobre esta mesa _ disse Scorpio _ havia uma penseira aqui?


            _Sim, ela estava...


            _Não temos tempo para isso agora, Alvo _ disse Rose _ nós precisamos ir, o Prof. Dumbledore...


            _Onde ele está? _ perguntou Alvo.


            _Bem... ele...


            _O que aconteceu? Fale logo!


            _Ele está ferido.


            _E onde ele está?


            _No sétimo andar... nós estávamos tentando alcançar aquele corredor... que nos trouxe até Gáia, mas no caminho...


            _Nós fomos atacados _ completou Scorpio vendo que a garota estava muito abalada.


            _Por quem?


            _Bem... é difícil explicar... eram como... como demônios.


            _E vocês o deixaram lá?! _ perguntou Alvo perplexo.


            _Não tivemos escolha! _ disse Rose chorando _ Ele nos mandou encontrar você! Disse que seria o único capaz de passar pelas criaturas!


            _Eu?! Mas se nem ele...


            _Nós temos que ir, Alvo!


            _Tudo bem! _ disse o garoto mal pensando no que estava fazendo. Com o auxílio de Scorpio ele se levantou e os três partiram imediatamente.


 


_Você disse que estava em uma penseira _ disse Rose enquanto eles atravessavam às presas os corredores sombrios de Gáia _ de quem era a lembrança?


_Patrick Goudin.


_Goudin?! Aquele garoto que morava naquele lugar que nós estivemos nas férias?


_Sim.


_Mas como você sabia?


_Ele me contou, disse que a penseira estava na biblioteca.


_Como ele pode ter lhe contado?


_Ele está vivo.


Rose parou tão de repente que Scorpio que vinha logo atrás quase a derrubou.


_Você está me dizendo que Patrick Goudin está vivo? Até hoje?!


_Eu sei que é difícil acreditar, mas eu o vi e o Prof. Pickwick também.


_E onde está o Pickwick agora? _ perguntou Scorpio.


_Eu não sei... ele desapareceu logo após a luta entre Patrick e Tarank.


Alvo viu no semblante da prima que ela estava com a cabeça fervilhando de perguntas, mas sensatamente decidiu que aquele não era o momento de discutir o assunto, eles prosseguiram o caminho.


Conseguiram alcançar o sexto andar sem encontrar nenhum obstáculo, mas quando se aproximavam das escadarias que levavam ao andar superior, eles ouviram um grito de parar o coração.


_Ahhh!


_O que foi isso? _ perguntou Rose assustada.


_Acho que vem dali _ Alvo apontou para um canto mal iluminado do corredor, havia algo no local, poderia ser um humano...


_O que vamos fazer? _ perguntou Scorpio.


_Esperem... _ disse Alvo _ eu acho que...


_Porque isto está acontecendo?! _ gritou o ser, seja lá quem ou quê fosse ele _ Como eu poderia saber? Eu não tive culpa!


_Ele parece transtornado... _ disse Scorpio.


_Eu acho que já sei quem é... _ disse Alvo se adiantando.


_Espere! _ disse Rose.


_Prof. Pickwick? É o senhor?


Houve um instante de silêncio, a pessoa olhou para os lados com a curiosidade de quem acaba de acordar em lugar estranho, ele então se levantou...


_Alvo? É você mesmo? _ disse a pessoa caminhando na direção do garoto, uma tocha próxima iluminou seu rosto...


_Professor! O que está fazendo aqui?


_Eu... eu não sei... mas é muito bom lhe ver! Ah, Rose e Scorpio também estão aqui, fico feliz que estejam bem.


_Fica mesmo? _ perguntou Scorpio irritado.


_Escutem garotos, vocês precisam entender o que está acontecendo...


_O senhor está bem? _ perguntou Rose. Pickwick olhava estranhamente para os lados que se esperasse que alguém surgisse das sombras a qualquer momento.


_Não, eu não estou. Mas isso não importa, eu fiz algo horrível e me sinto culpado, mas eu ainda posso consertar isso! Vejam bem, eu posso... posso salvá-los!


_Do que é que o senhor está falando, professor? _ perguntou Alvo.


_Eu acreditei que era a coisa certa _ continuou Pickwick como se ninguém houvesse dito coisa alguma _ acreditei que era preciso... não, na verdade eu... eu confiei... confiei!


_O senhor parece um pouco nervoso _ disse Rose receosa.


_É claro que eu estou nervoso! _ disse Pickwick com um ódio que fez os garotos recuarem _ Me... me desculpem por isso... eu realmente estou nervoso, mas vocês precisam me ouvir, eu agora sei o que aquele garoto queria dizer, Alvo! Sei o que ele iria contar quando eu o ataquei!


_O Doni? Ele disse que sabia quem era o responsável por tudo o que está acontecendo... bem, agora que eu descobri que Tarank continua vivo e Benjamin Shuler provavelmente também está...


_Não é isso! O que você precisa saber é...


Pickwick parou de falar, colocou as duas mãos no pescoço a começou a apertá-lo.


_Professor! Pare com isso!


Ele parecia em pânico, balançava a cabeça freneticamente como se dissesse que não era ele que estava fazendo aquilo, suas mãos não o obedeciam.


_Faça alguma coisa Rose! _ gritou Alvo.


A garota tentou todos os feitiços que se lembrava, mas nada fez com que as mãos do professor soltassem seu pescoço. Por fim ele caiu inconsciente.


_Ele está vivo? _ perguntou Scorpio.


_Sim _ disse Alvo _ ele está respirando.


Os três olharam apreensivos para o professor prostrado no chão.


_Nós precisamos ir _ disse Alvo.


_E deixá-lo aqui? _ perguntou Rose.


_Não podemos fazer nada agora, na volta nós passamos aqui para pegá-lo.


  _O que será que ele iria contar? _ disse Scorpio.


_Bem... eu acho que nós descobriremos em breve de qualquer jeito.


Com um último aceno de cabeça eles partiram novamente.


Eles finalmente chegaram ao sétimo andar, depois de atravessarem alguns corredores, Rose deteve Alvo.


_Espere! Foi aqui que aconteceu.


Eles apuraram os ouvidos, o silêncio era quebrado apenas pelo vento que batia furiosamente nas janelas imundas.


_Nós temos que seguir em frente! _ disse Alvo.


_Isso pode ser uma armadilha!


_Bem, só há uma forma de saber _ Alvo caminhou alguns passos _ viram? Está tudo certo, acho que...


_Cuidado, Alvo!


O garoto se virou apenas um segundo antes de ser atropelado pelo que lhe pareceu à primeira vista uma manada de touros furiosos. Um emaranhado de patas ocupavam todos os espaços em torno do garoto, ele se protegeu o melhor que pôde com os braços, mas seu corpo inteiro estava sendo dolorosamente pisoteado.


_ESTUPEFAÇA! _ ele podia ouvir Rose e Scorpio gritando desesperadamente, mas as criaturas pareciam imunes ao feitiço.


De repente ele sentiu um braço grosso como um tronco erguendo seu corpo, quando se deu conta, estava sendo içado por uma das terríveis criaturas. Era realmente difícil descrevê-las, Alvo imaginou que nunca havia visto algo tão repulsivo na vida, se pareciam de certa forma com Tarank, o que já era bastante ruim, mas eram ainda mais amedrontadoras, eram descarnadas, como se alguém houvesse arrancado suas peles a sangue frio, em seguida queimado a carne com fogo e depois repetido o processo inúmeras vezes; seus olhos eram projetados com gosmas e vermes escorrendo pelo globo ocular; chifres se projetavam das testas, mas de uma forma bizarra, como se alguém houvesse fincado-os com uma marreta; suas bocas eram azuladas, como as de um cadáver, com dentes grandes e disformes, de um jeito que as próprias criaturas se feriam toda vez que juntavam os lábios; era uma criatura desta que naquele momento segurava Alvo a poucos centímetros de sua face. O garoto se contorcia, mas a criatura era muito mais forte, ela então arremessou o garoto para outra que fez o mesmo e assim sucessivamente, uma delas pareceu finalmente se cansar da brincadeira e mordeu o braço de Alvo, o garoto sentiu como se estivessem arrancando seu membro com um serrote, ele foi jogado pelo ar mais uma vez.


_ALVO! _ continuava gritando Rose.


Do ponto em que estava, o garoto pôde ver que as criaturas simplesmente não incomodavam sua prima e Scorpio, como se uma barreira invisível delimitasse o espaço delas. Se era assim... Dumbledore deveria estar em algum lugar por ali, olhando ao redor da melhor maneira que a situação lhe permitia, Alvo conseguiu finalmente localizá-lo, mas não foi fácil reconhecê-lo... No instante em que Alvo o viu, ele imediatamente se lembrou de Benjamin Shuler na lembrança de Patrick, o corpo coberto de feridas, o rosto deformado... Dumbledore estava no mesmo estado, Alvo sentiu um nó na garganta, seu mestre parecia a beira da morte, estava escorado na parede próximo ao fim do corredor com o corpo jogado em uma poça de seu próprio sangue, se Alvo não fizesse algo rápido, teria o mesmo fim dele.


Mas o que poderia ser? Porque Dumbledore dissera que apenas ele poderia passar por aquelas criaturas? Ele não era um bruxo brilhante, muito pelo contrário, Rose provavelmente tinha o dobro da habilidade dele. O que poderia ser então? O que ele tinha que os outros, nem mesmo Dumbledore tinha?


Era difícil pensar enquanto seus membros eram dilacerados pelos demônios, mas Alvo tentou, tentou até que... era isso!


Ele continuou sendo jogado pelos demônios até que foi parar próximo à Dumbledore, aquela ela sua oportunidade, eles esperou que o deixassem cair no chão e então usou todas as suas forças para chegar até o professor, ele segurou firme em seu braço e pensou... em seguida os demônios sumiram...


_Alvo? Você c-conseguiu! _ disse Dumbledore muito fraco.


_Sim!


_Fico satisfeito! _ disse o professor esboçando um sorriso _ como descobriu?


_O senhor havia dito a Rose e Scorpio que apenas eu poderia passar pelos demônios, não é mesmo?


_Exato.


_Eu pensei no que apenas eu poderia fazer, então me lembrei dos três objetos que o senhor colocou dentro de mim antes de virmos para Gáia, entre eles estava a Pedra das Nove luas! Eu ouvi o Benjamin dizendo que Tarank havia criado os demônios, e eu sabia que Tarank havia sido criado pelo pai de Patrick há quinhentos anos atrás, então eu segurei o braço do senhor e voltei no tempo seiscentos anos!


_Excelente! E quanto a Rose e Scorpio?


_Eles estão bem, não entraram no campo de ataque dos demônios mas não pude trazê-los.


_Eu entendo, então agora só precisamos terminar de atravessar o corredor o voltar e para o presente, assim os demônios não nos farão mal.


Os dois se levantaram com dificuldades e cruzaram o fim do corredor, em seguida Dumbledore segurou o braço de Alvo e o garoto os fez voltar para o tempo em que eles estavam, não havia mais demônios, aparentemente eles só apareciam quando alguém pisava no corredor, Alvo pôde ver sua prima chorando baixinho com Scorpio a consolando na outra ponta do corredor.


_Ei! _ disse Alvo _ Eu estou aqui!


_Alvo! _ disse Rose espantada _ O que aconteceu?


_Não dá tempo de explicar agora, mas vocês precisam ficar exatamente onde estão!


_Mas...


_Na volta eu explico! Vocês me entenderam? Não pisem neste corredor!


_Tudo bem!


_Então vamos professor?


_Sim... eu estou muito orgulhoso de você, Alvo, agora vamos resolver logo este assunto.


Eles caminharam mais um pouco e se depararam com uma grande porta vermelha que não existia na Hogwarts original.


_Este é o lugar, Alvo. Está pronto?


_Sim!


_Então vamos lá!


Eles se aproximaram da passagem e a porta se abriu sozinha, revelando o longo salão que Alvo havia visto na lembrança de Patrick, o lugar parecia deserto, mas não por muito tempo...


Quando eles adentraram no recinto, Alvo sentiu uma onda de medo incontrolável que ele conhecia muito bem...


_Se afaste, Alvo! _ Dumbledore se adiantou e apesar de seu estado precário encarou as centenas de dementadores medievais que estavam no local.


_PATRONUM SELATTI! _ tentou ele, mas seu feitiço não funcionou, ele estava muito fraco.


Os dementadores se aproximaram e Alvo sentiu um pânico incontrolável, por mais que quisesse ajudar, o medo controlava o seu corpo.


O professor tentou o feitiço outras vezes até que finalmente...


_PATRONUM SELATTI! _ ele conseguiu. Uma grande ave branca surgiu de sua varinha e destruiu os dementadores.


Aquela ave... um grito ficou preso na garganta de Alvo quando ele entendeu.


_Professor?


_Sim, Alvo?


_Eu não me lembrava... não me lembrava que o seu patrono era esta ave.


_Eu imaginei.


_Então o senhor...


_Eu creio que é chegada a hora de você saber a verdade, Alvo.

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Comentários (2)

  • Vera Silva

    TerminA essa fic, Meu Deus tô morrendo de curiosidade, ,, Socorro Meu Deosssss Termina a história. EU PRECISO SABER O FINALLLL

    2016-12-22
  • meroku

    COMO ASSIM????????????????????????????MAS QUAL É A VERDADE ?????????????????POSTA O PROXIMO TA???!!!!!TA MUITO BOA A FIC!!!!!!!!!!!!!!MUITO EMOSIONANTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!QUERO VER O FINAL DESSA HISTORIA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!O Dumbledore É QUE TA POR TRAS DE TUDO ISSO NÃO É???????????????????????

    2012-07-10
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