De Volta à Hogwarts
Alvo abriu os olhos, a viagem com a Pedra das Nove luas havia sido diferente daquela vez, o garoto sentia que algo estranho estava acontecendo. Ele viu que definitivamente eles não estavam de volta ao elevador.
_Professor? O que aconteceu? Que lugar é esse?
Dumbledore tentava recuperar suas forças, mas o professor ainda mal conseguia se por de pé.
Olhando em volta Alvo viu que estavam em um lugar macabro, mas ao mesmo tempo... parecia-lhe um pouco familiar...
Então de repente ele percebeu.
_Professor! Nós estamos em...
Naquele momento um grupo de criaturas surgiu, eles eram como vultos...
O lugar começou a se iluminar, a luz não tinha uma fonte visível, era como se simplesmente fizesse parte do ambiente; as criaturas ficaram agitadas, Alvo sentiu frio, um frio que nunca havia experimentado, era algo sufocante, seu corpo começou a tremer, todos os seus medos, seus receios mais íntimos vieram à tona e então ele se perdeu o controle.
_PROFESSOR! SOCORRO! ELES VÃO ME PEGAR!
As criaturas estavam fechando o cerco em torno do garoto, ele podia ouvir centenas de vozes gritando desesperadas em sua cabeça.
_PROFESSOR!
_ALVO!
Dumbledore se levantou, ainda parecia muito fraco, mas estava totalmente concentrado no que estava acontecendo.
_Fique calmo!
_São eles?
_Sim Alvo. Estes são os dementadores medievais.
As criaturas aproximaram mais, Alvo pode então ver suas fisionomias, sentiu uma forte repulsa.
O local estava cada vez mais brilhante, eles puderam sentir um leve tremor no chão e logo rachaduras apareceram nas paredes, então um redemoinho multicolorido surgiu no centro da sala, aquilo aumentou ainda mais a raiva das criaturas.
_Veja Alvo! _ disse Dumbledore _ Não somos nós que eles querem! Provavelmente eles nem estão nos vendo!
O professor estava certo, as criaturas pareciam hipnotizadas pelo redemoinho, de um canto da sala surgiu um homem num estado lastimável, seu corpo inteiro estava ferido e suas roupas rasgadas, ainda assim, Alvo o reconheceu imediatamente.
_PAI! O-OLHE PROFESSOR! É O MEU PAI!
As criaturas também viram o homem e imediatamente foram na sua direção.
_PAI! PORQUE VOCÊ NÃO RESPONDE? NÃO PRECISAMOS AJUDÁ-LO PROFESSOR! P-professor?
Dumbledore já não estava mais ao lado de Alvo, ele olhou desesperado para os lados tentando encontrá-lo, mas logo ele também desapareceu do local.
Num piscar de olhos ele foi para o seu destino original, havia conseguido chegar ao elevador.
Aquela foi uma sensação muito estranha para Alvo, ele estava de pé ao lado de Dumbledore, e aos seus pés havia outro dele e do professor.
_Nós estamos à beira da morte, Alvo! _ disse Dumbledore se referindo aos dois corpos inconscientes à sua frente.
Ele estava certo, o elevador completamente destruído continuava a subir numa velocidade alucinante, vários ferros retorcidos e pontiagudos haviam perfurado os corpos de Alvo e Dumbledore daquela realidade.
_O que nós vamos fazer? _ perguntou Alvo _ Como poderemos salvá-los? Ou melhor... como poderemos nos salvar?!
_Nós fomos divididos no tempo/espaço pela Pedra das Nove Luas, nesse caso nós precisamos “nos unir” de novo...
_Nos unir... entendi!
Alvo segurou a Pedra e se aproximou do seu “outro eu”, Dumbledore fez o mesmo, Alvo pegou uma mão do seu outro corpo e colocou na Pedra, logo as mãos dos outros dois Dumbledore também estavam no objeto.
_Essa... é a coisa... mais estranha... _ disse Alvo.
_Não há tempo para pensar nisso Alvo! Vamos sair daqui. Metalize o corredor onde fica a entrada desse elevador, nós precisamos voltar para lá!
O garoto fez isso, ele sentiu como se ele estivesse entrando em seu próprio corpo, sua cabeça começou a girar e então tudo terminou...
Havia um agradável silêncio, depois do barulho infernal do elevador, aquele silêncio era como música para os ouvidos de Alvo. Ele estava satisfeito, pela primeira vez em muito tempo, não havia dor em nenhuma parte de seu corpo.
_Olá! Vocês estão me ouvindo?
Alvo ouviu, mas preferia que isso não tivesse acontecido, aquele silêncio era tão reconfortante...
_Ei! Vocês precisam acordar!
Alvo abriu os olhos, sua visão demorou algum tempo para entrar em foco, e então ele procurou a pessoa que estava falando, não havia ninguém no corredor, Dumbledore que estava ao seu lado dormia como uma criança.
_Aqui! No quadro!
Alvo olhou para frente e ficou muito surpreso com o que viu.
_O que você está fazendo aí?!
Ele esperava encontrar na pintura o homem que segurava uma vassoura, mas em seu lugar estava o príncipe Guelvim, uns vinte anos mais velho.
_Me diga uma coisa garoto, o homem que costumava ficar aqui, ele lhe pediu um favor, certo?
_Sim. Ele pediu para que eu desse um recado a Dorothy...
_E você fez isso? _ perguntou Guelvim ansiosamente.
_Sim, eu disse a ela...
_Eu imaginava! _ disse o príncipe dando um tapa na própria testa _ Então está tudo explicado...
_O que você quer dizer com isso?
_Ela não devia ter feito o que fez, não depois de tudo o que aconteceu... mas de qualquer forma, agora é tarde para resolver isso.
_Eu não estou conseguindo entender.
_Eu esperava por isso, mas agora não há tempo para conversarmos, você tem uma missão para cumprir!
Alvo que estava com a cabeça completamente despreocupada, se lembrou de tudo em um instante.
_Meu pai! Professor, acorde! Nós precisamos ir à Gáia!
_Hum... Alvo... nós voltamos?
_Sim! Nós estamos em Hogwarts!
_Excelente! Agora me ajude a levantar, por favor.
Alvo se abaixou e apoiou o corpo de Dumbledore que gradativamente parecia estar recuperando as forças.
_Professor, eu...
Um grito horrendo foi ouvido, Alvo se virou para o quadro, e viu que o corpo do príncipe jazia inerte no chão.
_Guelvim! _ disse Alvo _ O q-que aconteceu?
Dumbledore observou a pintura, ele ficou tão espantado quanto Alvo.
_O que ele estava fazendo aqui? _ perguntou Dumbledore.
_Ele disse algo sobre o pedido que o antigo morador do quadro havia nos feito... algo sobre Dorothy... mas quem o atacou?
_É realmente muito estranho Alvo... infelizmente não temos tempo para pensar no assunto agora, temos que ir!
Alvo concordou com um aceno de cabeça e seguiu o professor rumo à saída do corredor com o ataque que Guelvim havia sofrido ainda em seus pensamentos...
Eles desceram a escada que ficava no final do corredor e chegaram ao terceiro andar do castelo, por uma janela próxima, Alvo viu que ainda era noite, mas seria a mesma noite em que eles haviam ido ao andar secreto de Hogwarts? Depois de tantas viagens no tempo o garoto tinha dúvidas a esse respeito. O silêncio era total e isso começou a incomodá-lo.
_Pare! _ disse Dumbledore.
_O que foi professor?
_Tem alguma coisa acontecendo aqui.
Alvo olhou ao redor e não conseguiu ver nada de anormal, o corredor estava completamente deserto, exceto pelas velhas armaduras e pinturas onde as pessoas dormiam a sono solto.
_O senhor tem certeza?
_Veja!
Alvo olhou para a direção que Dumbledore havia apontado com seu indicador, no primeiro momento não viu nada, apenas a parede cinzenta perfeitamente normal, mas quando olhou com mais atenção, o garoto viu que aquilo não era tão normal assim, nem mesmo para uma parede de uma escola de bruxaria. Ela começou a se expandir, ao mesmo tempo em que encolhia, pareceu um pouco avermelhada, mas sem deixar de ter o tom cinza original.
_Que coisa fantástica! _ disse Alvo admirado _ Como isso pode estar acontecendo, professor?
_Você se lembra de qual objeto tem o poder de transformar, destruir ou criar qualquer coisa, Alvo?
_O Tirante de Gáia?
_Isso mesmo.
_Então... ele está aqui?
_Você se lembra que ele foi roubado do Ministério?
_Sim... espere! Dorothy me disse quando aconteceu aquele terremoto no castelo dos Guelvim, que aquilo estava sendo causado pelo Tirante de Gáia!
_Eu concordo com esse ponto de vista.
_Mas quem o teria roubado? E porque o trouxe para Hogwarts?
_Você realmente não tem nenhum suspeito?
Quando Alvo se preparava para responder, algo surpreendente aconteceu. A parede se dividiu em um milhão de partes, tudo ao redor ficou multicolorido, como um caleidoscópio abstrato demais para ser descrito, um som repetitivo invadiu os ouvidos de Alvo, era como se ele estivesse na beira do mar, ouvindo as ondas quebrando na praia, mas ao mesmo tempo não se parecia nada com o som de ondas...
_Alvo, corra! _ gritou Dumbledore.
O garoto correu, mas não sabia muito bem para onde estava indo, tudo parecia ter perdido a forma, ele não sabia dizer onde era o teto ou o chão, parecia perdido num labirinto de várias dimensões. Ele continuou correndo, e começou a ouvir explosões às suas costas, tentou ver o que estava acontecendo, mas tudo continuava estranho demais para ser entendido.
Ele seguiu em frente, até que se sentiu como se estivesse sendo sugado por um desentupidor de pia gigante, uma pressão enorme torturou cada nervo de seu corpo, de repente, houve um estalo agudo e então tudo acabou.
_Vocês ouviram alguma coisa? _ perguntou uma voz fininha e assustada.
_Shhh! Já disse para você ficar quieta!
_Mas eu ouvi alguma coisa!
Alvo conhecia aquela voz, mas era impossível que aquela pessoa estivesse ali, ele devia estar delirando...
_Ei... _ sussurrou outra voz.
_Você também! Será que vocês não podem ficar calados um pouco! _ disse alguém bem mais alto do que os outros.
O lugar estava completamente escuro, Alvo não tinha idéia de onde estava. Ele caminhou alguns passos até que esbarrou em alguma coisa pesada que caiu fazendo um barulho estrondoso.
_Eu disse que tinha ouvido alguma coisa!
_Quem está aí?!
_Sou eu! Alvo!
_Alvo?! _ varias vozes exclamaram ao mesmo tempo, em seguida cinco varinhas se acenderam.
_Alvo! _ disse Rose Weasley correndo na direção do primo e o abraçando até o garoto não conseguir respirar _ Onde você esteve? Nós estávamos tão preocupados! Como você pode fazer isso?! _ logo o abraço se transformou numa sequência de tapas.
_Ei! Isso dói Rose!
_Pois você merece! _ disse ela com uma lágrima escorrendo.
_O que está acontecendo? – perguntou Alvo _ O que você vocês estão fazendo aqui?
Alvo viu que além de Rose, também estavam presentes Tiago, Fred e surpreendentemente Lílian e Hugo.
_O que você acha que estamos fazendo? _ perguntou Tiago.
_É um piquenique, você não consegue ver? – disse Fred.
_Um piquenique?
_Você é demais Alvo... _ disse Tiago com desgosto _ nós estamos nos escondendo!
_De quem?
_Do bicho papão _ disse Fred _ eu odeio quando ele se transforma na Prof. Minerva...
_Sim! _ disse Tiago _ Ela sempre diz que estamos de detenção.
_Ah! Cale a boca vocês dois! _ disse Rose _ Nós estamos nos escondendo do Sr. Barton e dos seus comparsas.
_Do Sr. Barton?
_Sim. Você se lembra da palestra que ele estava dando esta noite? No meio de seu discurso ele sacou um cajado e tudo virou uma loucura.
_Eu sabia! _ disse Alvo _ Depois que eu vi que o Sr. Barton havia sido um feiticeiro das trevas em outra dimensão...
_Outra dimensão? _ disse Tiago.
_Ele deve ter batido a cabeça _ disse Fred.
_Onde você esteve Alvo? _ perguntou Rose.
_Não dá para explicar agora, e o que Lílian e Hugo estão fazendo aqui?
_Nós viemos com a mamãe e os tios Rony e Hermione _ disse a irmã de Alvo _ parece que eles descobriram alguma coisa e vieram direto para a escola.
_E onde eles estão agora?
_Não sabemos... _ disse Hugo _ nós nos perdemos deles assim que chegamos, depois encontramos Rose e os outros.
_Escutem... _ disse Alvo _ eu tenho que ir, preciso resolver algo importante.
_O que? _ disse Rose _ Pois saiba que você não vai a lugar nenhum!
_Você não entende...
_Não vou deixar você sumir de novo Alvo, não até me dizer o que está aprontando! Embora eu já tenha uma suspeita...
_Meu pai está em Hogwarts!
Seguiu-se um instante de silêncio, todos olharam incrédulos para Alvo.
_Você está maluco? _ disse Tiago _ Que absurdo é esse!
_Eu estou dizendo... _ disse Fred _ ele só pode ter batido a cabeça.
_Você precisam entender...
_Essa é a coisa mais absurda que eu já ouvi! _ disse Tiago levantando a voz.
_E como você pode saber que ele não está aqui! _ perguntou Alvo também perdendo a calma.
_Porque eu tenho isto! _ Tiago tirou um velho pergaminho do bolso e o abriu na frente do irmão _ Esse é o mapa do maroto, mostra todos os lugares e pessoas que estão dentro do castelo.
_Como você conseguiu isso?
_Hum... digamos que eu peguei emprestado com o papai.
Alvo examinou o mapa por algum tempo, até que seus olhos pararam maravilhados em um ponto.
_Achei! Olhe aqui! Na ala sul do sétimo andar!
Todos se precipitaram para cima do mapa, depois de alguns instantes de confusão, puderam ver claramente um pontinho no lugar em que Alvo indicara, lá, se via escrito claramente: Harry Potter.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!