A Viagem dos Weasley



_Dez minutos para todos estarem lá embaixo! _ dizia Neville em cada dormitório naquela manhã fria e chuvosa, os alunos estavam terminando de arrumar suas bagagens para as férias e como era esperado, todos tinham deixado para fazer isso em cima da hora.


_Ei! Alguém viu os meus óculos? _ disse Jet Suliman de um canto do dormitório revirando todos os seus pertences em cima da cama.


_Eu não _ disse George Faroell _ e você viu meu suéter verde?


_Alguém sabe onde está meu par de luvas? _ disse Scorpio.


Alvo também estava com problemas para organizar sua mala, então resolveu partir para uma abordagem mais agressiva, entulhou tudo que era seu dentro do malão e torceu para que não estivesse faltando nada, é presumível que ele tenha apelado para mágica para conseguir fechar aquele malão.


_Cinco minutos! _ gritou o Prof. Neville.


_Isso é tão emocionante! _ disse Doni baixinho.


Os alunos terminaram de arrumar as coisas o melhor possível e desceram para a sala comunal, havia uma grande fila próxima à lareira, onde os alunos iriam viajar com pó de flu.


_Ah! Olá Alvo! _ disse Neville quando chegou a vez do garoto _ Vai para casa, certo? Onde está seu irmão?


_Estou aqui! _ disse Tiago que vinha arrastando seu malão semi-aberto.


_Muito bem! _ disse Neville _ Vocês sabem como funciona, entrem na lareira e digam o endereço claramente, podem ir!


Tiago ficou surpreso com a forma com que eles ficaram apertados na lareira, ele não tinha idéia que havia mais alguém ali com eles. Os garotos rapidamente gritaram juntos: “Largo Grimmauld, 12”. A sala comunal de Grifinória desapareceu da frente de Alvo, ele teve aquela incômoda sensação de estar sendo sugado enquanto vários lugares passavam rapidamente a sua frente, de repente tudo acabou e ele se viu na lareira de uma cozinha muito antiga e espaçosa: estava em casa.


_Alvo! Tiago! _ antes que percebesse, Alvo havia sido agarrado e apertado com toda força, sua visão estava obstruída por uma massa de cabelos vermelhos e o ar já começava a faltar em seus pulmões, Gina Weasley Potter realmente estava com saudades.


_Oh meu querido Alvo! Eu senti tanto a sua falta! Isso é tão injusto, tantos meses longe de você! E você Tiago, venha cá!


Gina repetiu o processo no irmão de Alvo que nem por isso teve tempo de se recuperar, logo uma miniatura de Gina havia se atirado aos seus braços jogando-o contra a parede.


_Alvo! Alvo! Você está aqui! _ gritava Lílian Potter.


_Ei! Calma Lili, você vai me derrubar!


_Não machuque seu irmão Lili! _ disse Gina voltando a abraçar Alvo de uma força muito parecida com a de Hagrid _ Veja como você cresceu!


_Cresci?!


_Muito! Não é mesmo Lili?


_Muito mesmo!


_Vocês andam comendo direito? Você parece um pouco pálido Tiago!


_Eu estou bem mãe! _ disse Tiago se desvencilhando das mãos de Gina que estavam examinando seu rosto.


_Eu acho que vocês precisam se alimentar, andem, lavem as mãos que o café está na mesa!


Logo os garotos estavam sentados em volta da mesa que estava abastecida com comida suficiente para alimentar metade de Hogwarts, havia de tudo: torradas, geléias, sucos, pães; eles não sabiam nem por onde começar.


_Uau! _ disse Tiago _ Quando agente morava em casa as coisas não eram desse jeito!


_Não seja exagerado Tiago! _ disse Gina _ Eu só preparei algumas coisinhas a mais...


_Coisinhas a mais?


_Agora chega de conversa e comam logo!


Os garotos fizeram isso de bom grado, ainda não haviam tomado café e a comida da mãe parecia muito convidativa.


_Então... _ disse Tiago com a boca cheia de bolo de chocolate _ Onde está o nosso pai?


_Ele está trabalhando numa missão.


_Mas ele vai vir para o natal, não vai? _ perguntou Alvo esperançoso.


_Ele vai fazer o possível querido.


_Ele pode não vir?! _ perguntou Tiago.


_Vocês sabem como é o trabalho do pai de vocês, às vezes ele precisa ficar muito tempo numa missão.


_Mas é natal! _ disse Lili.        


_Eu sei, mas ele está resolvendo algo importante! Vocês precisam...


O que eles precisavam permaneceu sendo um mistério porque naquele momento houve uma espécie de explosão na lareira da cozinha e o lugar ficou tomado de fumaça.


_Rony! Eu disse para você não colocar tanto pó de flu!


_Fique calma Mione! Nós conseguimos chegar!


_Mas olha a bagunça que você fez!


_Vai ficar tudo bem! Deixa que eu arrumo...


_Nem pensar! Eu faço isso.


_Se você prefere assim... Ei Gina! Chegamos!


_Eu percebi! _ disse Gina rindo _ Como vocês estão? Oh! Como vão garotos?


Rose e Hugo se tornaram visíveis a medida que a nuvem de sujeira ia abaixando.


_Tudo bem tia! _ respondeu Rose _ Ah! Olá Alvo!


O garoto ficou muito satisfeito, teria as férias de natal inteira para poder conversar com Rose à vontade.


_Pronto. Assim está melhor. _ disse Hermione Weasley quando terminou seu feitiço e deixou a cozinha tão limpa como estava antes _ Olá Gina! Desculpe-me pelo seu irmão, essa é a última vez que eu o deixo comandar uma viajem de pó de.


_Foi só um pequeno acidente! _ se defendeu Rony.


_Está tudo bem! _ disse Gina _ Sentem-se, tomem café com a gente.


_Isso é uma ótima idéia! _ disse Rony se sentando à mesa e atacando tudo que estava a sua frente sob o olhar de desaprovação de Hermione.


_E então Mione _ disse Gina _ muito trabalho no ministério?


_Sim. Bastante. _ disse Hermione que parecia não querer se aprofundar naquele tema.


_Quando é que nós vamos partir? _ perguntou Rony entre uma mordida e outra.


_Partir para onde? _ perguntou Tiago.


_Nós vamos viajar querido _ respondeu Gina.


_Sem o papai?! _ disse Alvo.


_Ele sabe aonde vamos nós vamos estar Alvo, se ele puder, irá aparecer.


_Como ele pode saber? _ insistiu Alvo _ A senhora tem falado com ele?


_É claro que eu tenho falado com seu pai! _ respondeu Gina sem encarar o filho.


_Para onde nós vamos? _ perguntou Rose.


_Para a França _ respondeu Hermione.


_Vamos para a casa da família da tia Fleur?


_Não exatamente. Teremos uma casa apenas para os Weasley.


_Mas porque nós vamos viajar? _ perguntou Alvo.


_Ora essa! _ disse Gina _Vocês sempre gostaram de viajar! E se apressem, porque nós vamos partir ainda hoje.


 


Depois do café, Alvo subiu Rose para o seu quarto com o pretexto de “arrumar as coisas”.


_O que você acha dessa viajem? _ perguntou Alvo.


_Muito suspeita, eles estão certamente escondendo alguma coisa da gente.


_Será algo sobre o meu pai?


_Eu acho que não, se fosse isso eles teriam contado.


Alvo olhou em volta, era estranho estar de volta ao seu quarto, o lugar em que ele havia passado praticamente a vida inteira, depois desses meses longe, ele se sentia um intruso no lugar; sua cama, os pôsteres vermelhos do time em que sua mãe jogara quadribol, seus livros, seus objetos, nada daquilo lhe parecia familiar.


_É muito estranho, não é? _ disse Rose que estava acompanhando o olhar do garoto _ Voltar para casa depois de ficar tanto tempo fora.


_Era exatamente isso que eu estava pensando, é como se esse não fosse mais o meu lugar.


_Eu também me senti assim.


_Aconteceu tanta coisa em Hogwarts, que parece um sonho distante o tempo em que eu morava aqui.


_E não havia preocupações.


_Ficar longe de casa é realmente muito estranho, mas não deixa de ser divertido!


_É verdade, mas... Quem disse isso?!


_C-como assim? _ gaguejou Alvo _ Fui eu! _ ele sabia muito bem que não havia sido ele que dissera aquilo.


_Não, não foi _ disse Rose que estava olhando à sua volta _ tem mais alguém aqui, Alvo.


_Q-quem poderia estar aqui?


_Porque você está nervoso?


_Eu, nervoso? É claro que não!


_O que você está escondendo?


_Nada!


_Vamos acabar logo com isso mudinho _ disse Doni que para espanto de Rose apareceu ao lado do garoto.


_Quem é você?


_Eu sou o Doni. E você é a sabe-tudo?


_Sabe-tudo? Por quê?


_Ora! Porque você sabe tudo! Ou pelo menos eu pensava isso.


_O que você está fazendo aqui?


_Conversando com você.


_Quem é esse garoto Alvo?


_É uma longa história... _ Alvo contou para a prima como Doni havia aparecido.


_E você pode ficar invisível?!


_Oh sim! Isso começou quando mamãe estava brava e então eu...


_Vocês já estão prontos? _ disse uma voz fininha do outro lado da porta, Alvo e Rose ficaram desesperados, mas antes que a porta se abrisse Doni já estava novamente invisível _ O que vocês estão fazendo? _ disse Lílian olhando para os garotos.


_Nada! _ responderam eles ao mesmo tempo.


_Sei... _ disse a garotinha desconfiada _ Mamãe disse para vocês descerem logo.


_Nós já estamos indo!


_Ufa! Essa foi por pouco! _ disse Doni quando a garota deixou o quarto _ Quem é essa menina?


_É a minha irmã.


_Ela é linda!


_Ela o quê?! _ disse Alvo perplexo.


_Linda! Sabe quando uma pessoa é muito bonita agente diz que...


_Eu sei o que é uma garota linda, obrigado!


_Ah! Eu fico satisfeito em saber.


_Mas você não pode achar ela linda! _ disse Alvo que estava muito nervoso.


_E porque não?


_Ela é minha irmã!


_Isso é realmente fantástico!


_O que é tão fantástico?


_Você sendo tão feio ter uma irmã tão bonita! Veja como são as coisas _ Alvo estava enfurecido e Rose gargalhava achando graça da situação.


_Vamos Alvo, vamos descer logo _ disse a garota ainda sorrindo.


_Isso mesmo sabe-tudo! _ disse Doni _ Assim eu posso ver a garota linda mais uma vez.


_Nós ainda vamos ter uma conversa séria sobre isso Doni, você não perde por esperar! _ disse Alvo que caminhou até o seu malão _ Nós já vamos descer Rose, espere só eu conferir se tudo está aqui.


O garoto abriu o malão e um segundo depois soltou um grito de espanto.


_O que foi?! _ perguntou Rose.


_E-eu não acredito! Veja o que está aqui!


Alvo levantou um livro com a capa negra que Rose sabia muito bem qual era antes mesmo de ler o título: “Os Segredos das Artes das Trevas”.


 


 


 

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