O Representante do Ministério

O Representante do Ministério



“Um auror atacado!”, “Quem será que está fazendo isso?”, “Deve ser alguém muito poderoso!”. A sala de comunal de Grifinória não falava de outra coisa desde que Molly Weasley anunciara que o líder dos aurores em Hogwarts, Sebastian Calhill, havia sido atacado enquanto patrulhava o sétimo andar do castelo. Ninguém sabia ao certo os detalhes de ocorrido, então o espaço estava aberto para especulações desvairadas, Teddy Terah do 3º ano dizia para quem quisesse ouvir que Calhill tinha sido atacado por um monstro de quatorze braços e que tinha com tantas chances de sobreviver quanto o time de Grifinória tinha de perder o campeonato de quadribol; outro aluno do 5º ano estava espalhando que Calhill havia sido atacado por Dumbledore por ter vencido o professor num jogo de cartas; havia ainda a teoria de que o auror havia sido atacado pela Prof. Minerva por que ela estava insatisfeita com a interferência do grupo em Hogwarts. Alvo estava farto de todos aqueles absurdos e decidiu subir para o dormitório. Quando chegou no local, teve o vislumbre de um clarão muito intenso vindo dos terrenos da escola, foi até a janela para ver o que estava acontecendo. Havia alguma coisa voando na direção do castelo e parecia que havia alguém em cima do objeto voador, quando se aproximou um pouco mais, Alvo percebeu que se tratava de uma prancha de surf! Ela cortava o céu deixando um rastro luminoso de sua trajetória com seu “surfista” de braços abertos a rumar para a porta de entrada de Hogwarts.


_ Que coisa fantástica! _ disse alguém atrás de Alvo.


_É sim! Eu nunca vi... _ Alvo virou rapidamente para ver quem havia falado aquilo e para seu desespero, não havia mais ninguém no dormitório.


_Quem está aí! _ gritou o garoto, como era esperado, não houve resposta _ Quem está aí?!


_Hum... Você está bem? _ perguntou Scorpio que havia acabado de entrar no dormitório.


_Sim... Eu só... Quem era aquele cara na prancha?


_Eu não sei... Alvo, eu...


_O que foi?


_Bem... Você... Eu sei que... Você deve estar aborrecido comigo.


_Do que você está falando?


_Bem... É que todos começaram a gostar de mim por causa do quadribol...


_E daí?


_Eu não acho que isso seja legal, Alvo, quer dizer... Não que eu esteja reclamando que as pessoas agora pararam de me ofender, mas eu não queria que isso tivesse acontecido apenas por causa do jogo contra Lufa-Lufa.


_Eu entendi, mas onde eu entro na história? _ disse Alvo começando a perder a paciência.


_É que parece que as pessoas transferiram a raiva que tinham de mim para você.


_Isso não me incomoda _ mentiu Alvo.


_Eu queria saber se... Se nós poderíamos voltar a ser amigos.


_Não até você me contar o que andou fazendo quando desapareceu.


_Eu já lhe disse que eu não posso dizer Alvo!


_Escute Scorpio, eu sei que seu pai está lhe obrigando a fazer algo.


_Meu pai?!


_Não precisa me esconder isso, ele falou comigo.


_Meu pai falou com você?!


_Sim.


_Quando?


_Ele esteve no castelo, ele me agrediu e...


_Que brincadeira é essa Alvo?!


_Eu estou falando sério!


_E depois você diz que não se incomoda com o que está acontecendo! Como você pode fazer isso! Usar meu pai para me atingir!


_Como se ele fosse um homem santo!


_Ah! Então agora você resolveu falar o que pensa! Meu pai pode ter feito coisas erradas, mas ele nunca viria aqui para te agredir, Alvo!


_ISSO É O QUE VOCÊ PENSA! _ berrou Alvo para as paredes porque Scorpio já havia deixado o dormitório. _ E PORQUE VOCÊ NÃO APARECE DE UMA VEZ?! _ gritou o garoto para a misteriosa figura que o andava assombrando.


 


No café da manhã do dia seguinte, todos estavam ansiosos para conhecer o homem que havia cruzado o céu numa prancha de surf. Ao entrar no salão principal, Alvo não viu nenhum rosto novo na mesa dos professores; ele notou Hagrid parecia um pouco nervoso e a Prof. Minerva conversava ao pé do ouvido com o Prof. Flitwick parecendo muito aborrecida. Quando todos se sentaram ela se levantou e o local ficou em completo silêncio.


_Bom dia _ disse a professora _ os senhores certamente notaram que temos um novo visitante no castelo, com sua entrada triunfal da última noite, eu acredito que até a Irlanda já saiba _ ela parou de falar por um instante, seu rosto estava muito vermelho_ creio que nosso “convidado” não conheça noções básicas de discrição e profissionalismo, mas eu não estou aqui para questionar as decisões do 1º ministro, meu objetivo é o de apresentar-lhes o enviado do ministério, mas pelo jeito, ele também não conhece o significado da palavra pontualidade.


_Ora, ora! Vejo que a senhora está encantadora e receptiva como sempre Prof. Minerva! _ disse um homem entrando tranquilamente no; ele era loiro, tinha um sorriso radiante e trajava uma jaqueta roxa berrante _ espero que a senhora esteja feliz em me ver!


_É como um sonho que se realiza _ disse Minerva que parecia com vontade de azarar o homem _ agora que chegou, vamos acabar logo com isso, esse é o senhor...


_Deixe que eu me apresente! Como vão meus amiguinhos? Eu sou Jason Barton, funcionário do Ministério da Magia e estarei aqui para proteger todos vocês!


Ele abriu os braços como se estivesse abraçando todo o salão e sorria tanto que Alvo ficou surpreso que sua boca não ficasse dormente.


_Eu sou um bruxo muito preparado, alguém com muito conhecimento, o máximo para dizer a verdade! _ completou ele com uma risadinha _ E devido a incapacidade da administração da escola em manter os alunos em segurança...


_Como é que é?! _ disse Minerva pronta para iniciar o duelo.


_Ora, ora! Não fique nervosa minha querida diretora! Todos nós estamos susceptíveis ao erro! Como eu ia dizendo... Fui enviado pelo 1º Ministro para supervisionar o trabalho da direção e dos aurores e assim, manter Hogwarts segura! Gostaria ainda de dar a boa notícia que vocês alunos, teremos encontros regulares comigo para que eu possa instruí-los de como se proteger dos perigos que estamos passando.


_Você quer dizer, aulas extras? _ disse Tiago Potter que se levantara de sua cadeira.


_Isso mesmo amiguinho!


_Pois eu não terei aula extra nenhuma! Era só o que faltava! E da próxima vez que me chamar de amiguinho, Você vai voltar voando para Londres e vai ser sem prancha!


_Sr. Potter! _ disse a Prof. Minerva _  Menos cinco pontos para Grifinória!


_Ora, ora! _ disse o Sr. Barton _ deixe ele Prof. Minerva, ele tem senso de humor! Eu gosto disso! Nos veremos mais tarde então!


Alvo seguiu para suas aulas e percebeu que nenhum professor parecia muito feliz naquele dia, exceto Pickwick que estava com seu bom humor habitual e disse considerar o Sr. Barton um excelente sujeito. Na hora do almoço, foi afixado no quadro de avisos, os horários que cada turma teria “encontros” com o Sr. Banton, Alvo viu que o 1º ano de Grifinória teria a primeira reunião naquela noite. “Excelente! Agora não poderei ir até a biblioteca hoje!”, mas quando olhou o papel com mais atenção, viu que eles estariam juntos com os alunos do 1º ano de Corvinal, Alvo estaria na mesma sala de Rose e isso melhorou um pouco o seu animo.   


 


Depois do jantar Alvo seguiu com sua turma para uma sala no segundo andar que havia sido reservada para a aula do Sr. Barton, o lugar estava com uma decoração no mínimo excêntrica para uma sala de aula, vários puffs cor de rosa estavam espalhadas, lanternas que emitiam uma luz laranja eram responsáveis pela iluminação e vários vasos com girassóis estavam colocados nos cantos da sala, depois do choque inicial, Alvo percebeu que o “professor” e a turma de Corvinal já estavam presentes.


_Ora, ora! _ disse Jason Barton com uma risadinha _ Vocês estão atrasados, já estava ficando com medo de que vocês tivessem sido atacados no caminho! Isso não seria nada agradável! _ completou ele com uma risada mais longa.


_Você acredita nisso! _ cochichou Rose quando Alvo sentou no puf ao seu lado _ Com tanta coisa importante para estudarmos, nós somos obrigados a ter aulas com esse palhaço!


Alvo pensou que sua prima deveria realmente ter odiado aquele homem, pois ele nunca tinha visto ela falar assim de alguém.


_Vamos começar então amiguinhos! Quem poderia me dizer qual é o trabalho do Ministério da Magia?


Todos os alunos encararam Barton desanimados, seria aquele o tema de sua grande aula?


_Vamos lá! Não sejam tímidos!


_A principal função do Ministério da Magia é manter a comunidade bruxa em segredo, o Ministério também é responsável por controlar as atividades dos bruxos e das criaturas mágicas, combater as Artes das Trevas, estimular...


_Ora, ora! Já está bom minha querida! Eu mesmo não teria respondido tão bem! Como é o seu nome?


_Rose Weasley.


_Weasley! É claro, meus ruivos favoritos! Arthur é um grande homem! Agora que já conhecemos as atividades mais tradicionais do Ministério da Magia, eu direi exatamente o que eu faço!


Ele encarou a turma como se esperasse encontrar excitação e curiosidade em seus rostos, mas tudo que viu foi expressões de tédio e alguns bocejos.


_Vocês certamente conhecem o trabalho dos aurores, eu faço algo parecido, mas muito, muito mais perigoso! _ disse ele esfregando as mãos _ O meu trabalho é fantástico, é...


_Você vai dizer logo ou nós vamos ficar aqui a noite inteira? _ disse Jet Suliman.


_Tudo bem, eu sei que vocês mal podem esperar para saber!


_Eu mal posso esperar para enfiar a mão na sua cara _ disse Suliman baixinho.


_Eu sou uma Abelha Rainha!


Houve um instante de silêncio perplexo e em seguida, a turma inteira explodiu numa gargalhada descontrolada, até mesmo Tim Hanger, que Alvo nunca havia visto nem ao menos sorrir, ria tanto que rolava no chão com lágrimas nos olhos.


_O que foi? _ perguntou Barton que olhava para os lados um pouco sem graça.


_Nada... realmente... abelha rainha! _ disse Jet Suliman para uma nova onda de gargalhadas.


_Quem foi o gênio que inventou esse nome pra o seu cargo? _ perguntou um garoto de Corvinal.


_Fui eu mesmo. Vocês não gostaram? _ perguntou Barton que parecia legitimamente surpreso.


_Que isso! É fantástico! _ disse Suliman.


_Hum... Sr. Barton? _ disse George Faroell.


_O que foi amiguinho?         


_Eu preciso ir ao banheiro.


_Agora?


_Sim. Acho que... acho que molhei as calças!


A turma teve um novo ataque de riso.


_Então vá garoto! Isso realmente é uma emergência! Peça o auror que está aí fora para te acompanhar! Então, alguém tem uma idéia do que a Abelha Rainha faz?


_Hum... Protege a colméia real?


_Não, não é isso. Eu sou uma espécie de super-agente, um espião, alguém que descobre as coisas para o Ministério.


_E o que isso tem haver com Abelha Rainha? _ perguntou Rose.


_Ora, ora! É porque eu também sou o mais importante da minha espécie! Vocês sabem quem foi que descobriu que a escola estaria em perigo? Mesmo antes das aulas começarem? Fui eu! E graças a mim os aurores estão aqui!


_E como o senhor sabia que a escola estaria em perigo? _ perguntou Alvo.


_Eu andei investigando por muito tempo amiguinho! E tomei conhecimento de uma lenda muito antiga, da qual ninguém se lembrava mais, ninguém exceto um homem...


_E que lenda é essa? _ perguntou uma garota asiática de Corvinal.


_Isso eu não posso dizer amiguinha.


_Eu acho que você não sabe de nada _ provocou Suliman.


_É uma lenda sobre um certo grupo de bruxos que esteve em Hogwarts há quatrocentos anos atrás _ respondeu rápido Barton, ele parecia querer “reconquistar” o respeito da classe _eles tinham um plano, fazer o objeto mágico mais poderoso do mundo!


_E eles conseguiram?


_Sim! Eles eram bruxos muito espertos!


_E o que eles construíram? _ perguntou Alvo.


_O Tirante de Gáia!


_E o que esse Tirante de Gáia faz? _ perguntou Martin.


_Praticamente tudo! Ele pode alterar o tempo, o espaço, os lugares, as formas, qualquer coisa que você imaginar!


_Mas se esses caras eram tão espertos e criaram algo tão fantástico, porque nós nunca ouvimos falar deles? _ perguntou Jet Suliman.


_Acontece que um dos integrantes desse grupo atrapalhou tudo no momento mais importante, ele se revelou alguém com muita ambição, cobiça, um bruxo mal mesmo; ele tentou passar seus companheiros para trás, mas eles foram mais espertos e o venceram. Eles então perceberam que se o Tirante de Gáia fosse usado por alguém mal intencionado, seria uma arma muito perigosa e decidiram acabar com ele.


_Eles destruíram o Tirante de Gáia? _ perguntou Alvo.


_Não. O Tirante de Gáia não pode ser destruído, mas ele só pode ser usado com a presença de alguns elementos mágicos, eles então sumiram com esses elementos. E é por isso que a história não seguiu em frente, tudo acabou antes mesmo de acontecer, eles foram motivo de chacota por algum tempo, mas logo todos esqueceram do assunto.


_E ninguém nunca mais tentou usar o Tirante de Gáia? Onde ele está?


_Ele nesse momento está no Ministério da Magia e ninguém nunca mais tentou usa-lo, bem... Isso até algum tempo atrás, porque eu descobri que um grupo de bruxos está tentando se apossar dele, é por isso que coisas estranhas estão acontecendo.


_E o que Hogwarts tem haver com tudo isso? _ perguntou Suliman.


_Eu tenho certeza que um dos integrantes desse grupo está aqui _ Barton olhou satisfeito para a turma que agora prestava atenção em cada palavra que ele dizia.


_Mais como o senhor sabe?! _ perguntou Alvo.


_Isso será assunto de nossa próxima reunião! Quem diria! Para quem estava entediado, vocês ficaram bem animados agora!

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