Segundo Capítulo
Segundo Capitulo
– Aquele... Aquele... Gr!! – Exclamou Bella mordendo a varinha de alcaçuz que tinha comprado do carrinho dos doces. – Pergunto-me como é que terei ido parar àquela família!
James e Remus observavam a amiga, que estava agora com os cabelos tão vermelhos como os de Lily, insultar Sirius e toda a sua família ininterruptamente. Remus estava impressionado com as palavras insultuosas que escapavam os lábios da rapariga, durante os seis anos em que a conhecia já a ouvira insultar antes, dizer uma grande variedade de palavras pouco apropriadas para uma rapariga mas nunca soltar insultos tão coloridos como aqueles que escapavam dos seus lábios naquele momento. Já James, comia descansado, olhando de vez em quando para Bella para admirar a cor que os seus cabelos (e também os seus olhos) tomavam de cada vez que ela proferia um insulto novo. Cabelos vermelhos, olhos vermelhos, cabelos negros, olhos negros e, então, a cor que nenhum deles esperava que aparecesse na figura de Bellatrix, cinzento. O moreno sabia o que significava e sabia a razão por detrás da cor tão deprimente como as nuvens nos céus da Escócia.
– Ora, ora, Bellatrix... – Ele disse olhando profundamente nos olhos da rapariga. – Se não tivesses nascido na família Black, não serias minha prima.
Bellatrix percebeu a dica de James e mudou a sua aparência para os seus olhos azuis e os cabelos negros, inspirando fundo numa tentativa de se acalmar. Era uma regra: cinzento não era uma cor aceitável. Olhou para o seu reflexo na janela, certificando-se que os seus cabelos tinham voltado ao normal, mas reparou nos seus olhos que ainda mantinham um pouco da cor cinzenta misturada com o azul dos seus olhos, criando uma cor que Bella conhecia e odiava.
– Juro por tudo o que é mais sagrado, Sirius Black vai pagar-mas! – Bella exclamou quando conseguiu que o cinzento nos seus olhos desaparecesse ficando apenas o azul que era a sua marca. – Nem venhas com coisas do género “Ele é nosso primo” ou “Já pensaste que ele não faz por mal” ou coisas assim, James! – O moreno sorriu de lado, dando uma dentada no pastel de abóbora. – Este ano, ele vai arrepender-se de tudo o que fez.
– Bellsy, linda, minha adorada prima. – James disse ainda com um bocado de pastel na boca. – Sabes que o Sirius é o “chefe” da vossa família. Não há nada que possas fazer contra ele.
Bella olhou para James e sorriu, um sorriso que o moreno já conhecia muito bem, desde pequenos que sempre que aquele sorriso surgia, alguém acabava mal. E nos últimos seis anos, sempre que aquele sorriso aparecia nos lábios da morena, das duas uma: ou os três se metiam em confusões das grandes, ou então tinham uma diversão dos diabos.
– Ainda nem chegámos a Hogwarts e já estás a pensar em aprontar. – Remus disse reparando no sorriso da amiga. – Bella, não te esqueças que agora o James é um Prefeito, não pode permitir que...
– Claro, Moony! – A morena disse exasperada. – Mas diz-me, James. Acreditas mesmo que não há nada que eu possa fazer contra ele?!
James tinha a certeza de que havia e era disso que ele tinha medo. Adorava Bella como a irmã que não tinha, adorava-a e protegia-a... Podia ser apenas sua prima, mas era a sua melhor amiga e olhava para ela como se fosse a sua irmã mais nova. Não podia dizer que apoiaria a morena incondicionalmente no que tocava a enfrentar Sirius, ele conhecia o rapaz, também era seu amigo, também era seu primo, também era seu irmão. Não podia trair a confiança de um sem magoar o outro.
Raios partam... Odeio ter que escolher lados. James pensou com um suspiro. – E o que tencionas fazer, kitty?! – Assim que o apelido carinhoso fugiu dos lábios do rapaz, Bella fez uma careta. – Ok, ok. Mas o que tencionas fazer?! Matá-lo? Incriminá-lo de algo e mandá-lo para Azkaban?! A família Black é poderosa em muitos departamentos do ministério, não esperas que o Sirius vá ser preso assim do nada.
– Sei... – Ela disse pensativa, teria que pensar bem no que havia de fazer, mas tinha uma pequena ideia do que seria bom. Olhou para James e então lembrou-se de algo. – Prongs?!
– Sim?! – James olhou para a amiga, estranhando o olhar dela.
– O Jensen?!
Quando Bella referiu o nome do irmão de James, os seus cabelos tomaram um ligeiro tom de cor-de-rosa, enquanto o amigo fechava a cara mal-humorado.
– Estou bem aqui. – Disse um rapaz que se encontrava à porta do compartimento.
Bella olhou para ele com um sorriso e apreciou-o. Jensen era um rapaz muito bonito, imensamente parecido com James, só que ao contrário do irmão, Jensen tinha cabelos castanhos claros, tão desordenados como os de James, os seus olhos eram cor de avelã que combinavam perfeitamente com a cor bronzeada da sua pele, era musculado, alto... no seu todo, ele era muito bonito e as roupas negras que trajava com o simbolo do leão ajudavam à sua postura elegante e, poderia até dizer, arrogante. O rapaz entrou no compartimento e sentou-se ao lado da rapariga, colocando um braço por cima dos ombros de Bella, que ganhava uma tonalidade cada vez mais vermelha nos cabelos, e beijando a bochecha da mesma.
– Nem foste à minha procura... Estou desiludido. – Ele disse ignorando os outros dois ocupantes do lugar. – Julguei que tivesses sentido saudades minhas.
Bella olhou para o rapaz, já era namorada dele há dois anos, gostava dele, sabia que não do mesmo modo como ele gostava dela, mas não podia oferecer mais de si. Para além de namorados eram amigos há muito tempo, há quase tanto tempo como James era seu amigo, o que tornava as coisas ligeiramente mais incómodas entre os dois.
Como é que ela o suporta?! James pensou, desviando a sua atenção do casal.
James e Jensen eram gémeos, apesar das óbvias diferenças, e o rapaz de cabelos castanhos era mais velho, para infelicidade de James, por três minutos. Durante os seus dezassete anos de vida, ou pelo menos desde que se lembrava, nunca fora realmente amigo do irmão, detestavam-se, na verdade. Remus e Bella achavam estranho, James respondia que também era estranho Bella não se dar com a irmã mais nova nem com o primo e, no entanto, também eles eram do sangue dela.
– Então, irmãozinho? – Jensen chamou à atenção de James, fazendo-o olhar para ele. – Julguei que estivesses a atormentar a Ruiva Evans.
– O nome dela é Lilian! – James exclamou com uma voz fria. – E para ti, Jensen, é só Evans!
A resposta do amigo fez Bella olhar para ele. Sabia da rivalidade entre os irmãos Potter, sabia ainda melhor do facto de que antes de ela própria ter capturado a atenção de Jensen, Lily fora a primeira a receber o olhar do rapaz e isso não lhe fazia a miníma diferença, não sentia inveja da ruiva por isso, tal como não sentia ciúmes do rapaz.
O facto de não sentires o minímo de um sentimento possessivo por ele pode significar que não sentes nada para além de amizade, irmãzinha. Andromeda tinha lhe dito um dia, era verdade e Bella sabia, mas largar Jensen seria um golpe muito baixo para a sua própria saúde, ela precisava dele, como uma distração, um apoio.
O James também é o teu apoio... Disse-lhe a sua consciência, lembrando-a de que poderia confiar a James e a Remus a sua própria vida, mas não naquele assunto. James estava envolvido demais, também ele passara pela mesma desilusão que ela, mas não a tinha sentido do mesmo modo que a morena.
– Eu vou contigo. – Ouviu Remus dizer e isso tirou-a dos seus devaneios.
– Aonde?! – Perguntou Bella endireitando-se e afastando-se dos braços de Jensen.
– Fazer a ronda. – Remus respondeu-lhe, olhando para James e, então, para ela novamente, fazendo-a entender o recado. – Não precisas de vir, vai ser uma coisa longa e demorada.
Remus saiu do compartimento, James demorou um pouco mais, os seus olhos demorando-se no irmão e então passando à prima que o olhava com um pedido silencioso no olhar. – Nós voltamos daqui a pouco, é melhor arranjares-te também, Bells. Não tarda devemos estar a chegar a Hogsmead.
Ambos sairam, deixando-a sozinha com Jensen na cabine. A tensão aumentou quando Jensen voltou a puxá-la para os seus braços, Bella paralisou quando sentiu o toque dos lábios do namorado no seu pescoço.
– Jensen. – Disse em tom de aviso.
O rapaz suspirou, afastando-se ligeiramente. – Não te compreendo, Bellatrix. Estamos juntos há dois anos... Que mal tem em avançarmos para o próximo passo na nossa relação?!
O próximo passo, ela pensou. Não havia próximo passo, tudo o que viesse a seguir seria um erro e ela sabia-o, não amava Jensen, gostava dele, mas amar?! Não se iria entregar assim, não era isso que queria. E um Black sempre tem o que quer. Aprendera da maneira mais odiosa e difícil, no entanto, o seu nome era uma jóia que carregava, não fosse ela descendente de um dos mais brilhantes antigos directores de Hogwarts.
– Sabes o que penso relativamente a isso. – Insistiu, levantando-se para mexer na mala que tinha colocado acima do banco com os seus trajes da escola. – Agora, se não te importas, agradecia que me deixasses só para me trocar.
Jensen levantou-se, endireitando as costas e fazendo-se parecer ainda mais alto do que, de facto, já era. Bella ter-se-ia sentido intimida pela altura do rapaz, mas conhecia-o e não o temia. Ele arrepender-se-ia do facto de me levantar a mão, pensou sombriamente, ser filha e neta e sobrinha de feiticeiros que não tinham problemas nenhuns em se afirmar negros trazia alguns previlégios, tal como uma lista infindável de maldições e encantamentos que fariam qualquer pessoa fugir a sete pés. Talvez um crucciatus o metesse no seu lugar... pensou ainda distraida quando viu o namorado sair da cabine, a hipótese da utilização daquela maldição fê-la arrepiar-se, era uma Imperdoável, sabia-o bem, mas também o seu Tio Orion o tinha sabido e nunca se preocupara minimamente em usá-la nos filhos, quase que podia agradecer aos céus que o seu pai tivesse sido tão contra a ideia de fortalecer as filhas através da dor.
A dor é uma experiência natural da vida, não quero forçar nenhuma delas a tornar-se mais forte por experimentar a dor pelas minhas mãos. O seu pai dissera a Orion uma vez, ele prometera que deixaria as filhas tornarem-se fortes pela sua vontade, pela força do seu coração... Recordava-se bem do riso desdenhoso do tio quando Cygnus lho dissera... Fora isso que a levara a querer ser diferente, fora isso que o levara a querer ser diferente também... O idiota, cobarde... Começou na sua mente uma torrente de insultos, fazendo novamente os seus cabelos percorrerem o arco-íris.
Trocou as suas roupas pelo uniforme de Hogwarts, ajeitando orgulhosamente o manto negro com o leão ao peito, colocando a braçadeira com a bolsa da varinha no seu ante-braço. Sorriu ao apertar as tiras de cabedal à volta do braço, fora o presente mais útil que alguma vez recebera, Seth tinha escolhido bem. Embainhou a varinha, cobrindo-a com a manga da camisa e depois olhando-se ao espelho arranjou os cabelos, tornando-os mais ondulados e deixando-os crescer até alcançarem os seus cotovelos, prendeu-os depois com uma fita vermelha e preta, condizendo perfeitamente com o seu uniforme.
Pouco depois James e Remus juntaram-se novamente a Bella, mas para espanto da rapariga, o primeiro rapaz vinha com um ar cabisbaixo, como se o dia estivesse a correr pelo pior.
– O que se passou?! – A morena perguntou aproximando-se do amigo desanimado.
– Lily. – Remus respondeu sentando-se.
– Um estalo? – Perguntou a morena olhando preocupada para o amigo.
– Pior. – James então respondeu. – Desprezo.
– Oh, Jamie!
Bella abraçou James e então o comboio parou. Remus foi o primeiro a levantar-se e a sair do compartimento.
– Ela odeia-me, Bells.
Bella forçou-se para não revirar os olhos, temendo que isso fosse magoar os sentimentos do amigo. Sendo a melhor amiga de ambos, sabia o que Lily sentia e o que James sentia, a pior parte é que a sua melhor amiga ruiva não queria ouvir falar do moreno... Se ao menos houvesse um modo de fazer a ruiva mudar de ideias sem ter que recorrer a um feitiço.
Mas claro, o meu querido James tinha que se ter comportado como um mulherengo idiota até ao quarto ano... Bella pensou. Era lhe incompreensível como é que um miúdo de onze anos poderia ter tanta tendência para ser namoradeiro.
– Ela não te odeia. – A morena disse-lhe com uma voz confiante ao que recebeu um olhar incrédulo do amigo. – Oh James! Encaremos os factos! Aquilo que ela conhece de ti são quatro anos de seres mulherengo e dares em cima de todas! Quatro anos! Não esperas que ela esqueça isso, pois não?
– Eu era um miúdo! – Ele exclamou exasperado. – Sabia lá eu o que fazia!
– Isso não é desculpa, James Potter!
O rapaz amoou, parecendo ofendido pela opinião da prima, apesar de saber que ela tinha razão, mas raios partam! Ele andava há três anos a tentar mudar a opinião de Lily! Três anos! Não seria isso o suficiente?!
Dizem que a primeira impressão é que conta, não é, Potter?! James pensou suspirando.
James e Bella levantaram-se, então, para sair do comboio. A estação de Hogsmead estava cheia de alunos que se encaminhavam para fora do comboio.
– Potter! – Lily exclamou fazendo os dois morenos olharem na sua direcção. – Onde raio estavas?! Temos que encaminhar os alunos para as carruagens... E os primeiros anos para os barcos...
– Lils. – Bella chamou a amiga, os seus cabelos tomando a cor dos cabelos da amiga, tornando-a quase numa cópia fiel da ruiva. – Relaxa! O James estava comigo. – O olhar irritado da ruiva caiu sobre a rapariga, mas esta ignorou-o. – E quem encaminha os alunos do primeiro ano é o Hagrid... E! Os outros alunos sabem muito bem para onde ir. Agora vamos embora, ok?!
Lily assentiu, reparando então no ar ligeiramente deprimido de James. Não sabia porquê mas algo no seu peito fê-la preocupar-se com o rapaz.
Talvez ele tenha mudado durante o Verão, uma vozinha disse no fundo da sua mente.
Não sejas patética, as pessoas não mudam assim, contradisse uma outra voz.
Porque não? A vozinha perguntou, sentindo pena do rapaz.
CHEGA! Lily gritou na sua mente, afastando os pensamentos acerca de James. Nunca se tinha preocupado com ele, não seria agora que ia começar.
Bella reparou, com bastante orgulho, como o rosto de Lily havia ficado ligeiramente preocupado após o seu aparecimento com James.
Merlin queira que isto seja um sinal! Pensou a morena com um sorriso interno, não deixando que nenhum dos amigos reparasse na sua alegria.
Um assobio muito alto fez-se ouvir e o comboio partiu da estação. Bella sorriu, empurrando James e Lily para as carruagens que os levariam para Hogwarts. Remus esperava pelos amigos, retendo uma das carruagens puxadas por criaturas invisíveis.
– Porque demoraram tanto?! – Lupin perguntou entrando para a carruagem. – A maioria já foi para o castelo.
– Lily e James... – Foi tudo o que Bella disse depois de entrar na carruagem.
– Eu não fiz nada! – James e Lily disseram ao mesmo tempo, fazendo os outros dois sorrir ligeiramente.
Lily corou profundamente e James deu um pequeno sorriso. Talvez ainda houvesse esperança.
A carroça avançou aos solavancos e o silêncio começava a tornar-se incómodo para todos. Bella começava a ficar irritada e Remus começava a preocupar-se com o facto de tanto James como Lily parecerem ponderar alguma coisa naquele silêncio.
– Er... – Remus começou, procurando por algum tema que interessasse a todos. – Quem é que acham que vai ser o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas?
Lily olhou para ele intrigada. Era óbvio que nenhum deles sabia, porque iria Lupin perguntar tal coisa?
– Esqueçe, Remus. – James disse com um suspiro. Ao longo dos anos em que observara Lily, aprendera a saber que quando a ruiva fazia aquelas expressões significava que ela estava irritada e iria dar uma resposta que ninguém gostaria de ouvir. – Claro que ninguém sabe quem é o novo prof...
– Não é bem assim. – Bella disse, olhando para a noite calmamente.
– Tu sabes? – Lily perguntou virando-se para a morena.
Os cabelos de Bella ficaram tão vermelhos como os cabelos de Lily, não sabia se era correcto dizer aos amigos quem julgava (e sabia) que ía ser o novo professor. Talvez devesse ficar calada.
– Não me digas que é quem eu estou a pensar que é. – James disse, inclinando-se para a frente no seu lugar. – Os rumores são verdade?
Bella encolheu os ombros, tentando passar a mensagem de indiferença. – Não sei o que é que a nobre sociedade bruxa inglesa anda a falar durante aquelas aborrecidas festas durante o verão.
– O rumor é de que o velho auror, Seth McEvans, está de volta! – James disse. – Há quem diga que Dumbledore foi, de propósito, aos cantos mais reconditos da Escócia à procura dele.
– Potter. – Lily chamou-o calmamente. – Sabes que agora parecias uma bruxa velha, debroçada sobre a mais interessante das fofocas.
Bella reprimiu o riso. – Não te preocupes, Lily. Se soubesses de quem falamos bem poderias estar como ele. Afinal, não é todos os dias que um velho auror, acusado de ser um seguidor d’Aquele-Cujo-Nome-Não-Deve-Ser-Pronunciado, volta à Sociedade Bruxa após anos escondido.
– Mas quem raios é o homem? – Lily perguntou começando a ficar intrigada. – Porque é que o acusaram? Houve provas?
– Foi tudo baseado num comentário que ele fez. – James explicou. – Pelo menos foi isso que me disseram. Ele comentou algo acerca dos nascidos muggles, então acusaram-no estupidamente. Pelo que se ficou a saber, ele pegou na família e regressou às Highlands na Escócia. Durante dezasseis anos esteve lá escondido, até hoje.
– Ele não é teu primo, Bella? – Remus perguntou.
– Por casamento. – Bella confirmou olhando pela janela. – Ele casou-se com a minha prima, Isís, filha do meu tio Alphard.
– Sim, a querida Isís. – James falou com um ar sonhador. – Será que vamos ter hipótese de a ver por Hogsmead este ano, Bells? Afinal se o marido está em Hogwarts é bem provável que ela o venha visitar nos fins-de-semana.
– Dúvido. – Bella disse encolhendo os ombros.
Enquanto os dois falavam, a ruiva que se encontrava com eles na carruagem fechou ligeiramente o rosto perante o ar sonhador de James ao falar dessa tal Isís. Não sabia porquê, mas não gostara do modo como ele falara, como se se tivesse esquecido totalmente da sua presença.
Não foi muito depois que chegaram às grandes portas de carvalho da escola, já a chuva caia copiosamente do lado de fora da carruagem, conferindo uma corrida dos ocupantes de todas as carruagens para o interior. O Hall de Entrada estava cheio, vários alunos praticavam feitiços para que as suas roupas secassem, vários espirros eram ouvidos pelo local.
– Ah... – James suspirou. – Lar doce Lar.
– Sim... – Bella disse. – Não há nada como a nossa casa.
– Com uma chuvinha típica de boas-vindas... Yap... Não há nada como a nossa casa. – Remus disse.
Encaminharam-se para o Salão Principal que se enchia lentamente pelos alunos, muitos deles, obviamente os mais novos, ainda encharcados. As quatro mesas que se dispunham verticalmente pelo salão enchiam-se lentamente, os alunos conversavam alegremente, e da mesa que no fim do salão se dispunha sobre um estrado acima de todas as outras na horizontal os professores observavam calmamente com sorrisos disfarçados a reunião dos seus pupilos. James, Bella, Remus e Lily sentaram-se na mesa pertencente a Gryffindor, os dois rapazes no banco de um lado e as duas raparigas no banco à frente deles. Os dois Salteadores rapidamente se envolveram nas conversas dos colegas de casa, ouvindo-os falar do seu Verão, menos Bella que olhara rapidamente para a mesa dos professores.
Dumbledore, McGonagall... AH! Os seus olhos rapidamente cairam no lugar vazio uns bancos à direita do velho director da escola. Será que ele não vem ao banquete? Ele sempre elogiou os cozinhados dos Elfos...
Sabia quem se havia de sentar naquele lugar e a sua ausência surpreendia-a mais do que esperara. Mas não foi muito depois que um homem alto de cabelos aloirados, um rosto lindissímo com algumas feições aristocráticas, uns olhos verde-esmeralda que brilhavam sobre a luz das velas que flotoavam acima da sua cabeça e um porte atlético e forte se sentou na cadeira vaga, lançando-lhe um sorriso e um tímido aceno de mão em cumprimento.
– O Seth chegou! – Sussurrou rapidamente para o primo que virou a cabeça na direcção da mesa dos professores sem demora.
– C’os diabos! – James silvou olhando pasmo para a mesa. – É mesmo ele!
Lily que ouvira a troca de palavras entre os dois, seguiu a linha de vista de James com o seu olhar e examinou o homem que se sentava à mesa junto de Slughorn, o professor de Poções. O rosto bonito do homem era-lhe familiar, não conseguia dizer de onde, mas tinha a imensa sensação de que o conhecia de algum lado, especialmente olhando para os olhos do novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Aproximando-se mais de Bella perguntou. – É ele o teu primo, Bella?!
A morena assentiu sorrindo amplamente. – É bonito, não é? Penso que este ano as aulas de DCAT vão ser muito interessantes.
A ruiva assentiu, continuando a examinar o homem que agora olhava fixamente para ela, um sorriso quase sabedor na sua face. Teria continuado a olhar para o novo professor, não fosse alguém a ter chamado.
– Olá, Lily.
A rapariga virou-se rapidamente para trás, deparando-se com um rapaz de cabelos negros, como os de Bella, olhos incrivelmente verdes, como os seus, pele pálida... quase tão pálida como a sua, no entanto, a sua pele parecia ter um toque mais natural e saudável, como se fosse possível ver-se claramente que ele não era natural de uma grande cidade mas sim de algum lugar nos campos escoceses, ele não era tão alto como James, mas era capaz de ser tão esguio como Remus, talvez. O sorriso que surgiu no rosto da ruiva foi imitado pelo rapaz que partilhava, de algum modo, feições parecidas com as da rapariga.
– Alan! – Lily disse levantando-se e abraçando o rapaz que apesar de ser mais novo era um pouco mais alto que ela. – O Verão fez-te muito bem! Cresceste!
Sentaram-se os dois ao lado de Bella, chamando à atenção da morena que olhou curiosamente para o rapaz. Assim que ela o reconheceu, mudou discretamente a cor dos seus cabelos para um tom ruivo que igualava na perfeição a cor de Lily, o seu rosto de boneca tomou feições mais velhas, nunca perdendo o encanto de boneca de porcelana que tinham e os seus olhos azuis escureceram ligeiramente. James que a observava sorriu ligeiramente, conseguia adivinhar o que estava por vir e sabia que Alan seria surpreendido.
– Alan Seth Black MacEvans! – Bellatrix exclamou na sua nova aparência, chamando à atenção do rapaz moreno que olhou para ela sobressaltado. – Onde está a tua educação?! Não te eduquei para seres mal-criado! Cumprimenta imediatamente as restantes pessoas!
O olhar assustado no rosto de Alan fez com que James se desatasse a rir, Remus sorria com pena do rapaz, Lily parecia tão assustada quanto ele e assim que os seus olhos encontraram os azuis mascarados de Bella, uma sensação estranha apoderou-se de si.
Tentava inutilmente descobrir de onde vinha o sentimento de familiaridade com os olhos azuis que a sua melhor amiga ostentava no momento, era como se já tivesse olhado para eles antes, como se não fosse a primeira vez que os via, como se os conhecesse de há muito, muito tempo atrás.
– Lily? – A voz de Bella fez a ruiva despertar do seu devaneio. – Está tudo bem?
– Sim, sim, está tudo óptimo. – Disse-lhes a ruiva, reparando então no olhar preocupado que James e Alan lhe davam. – A sério!
Bella fez um trejeito com a boca, torcendo o nariz e depois de examinar as suas madeixas ruivas, abanou a cabeça como se tentasse espantar a cor, tornando os seus cabelos negros como a noite. Piscando os seus olhos, o azul que assombrara Lily desapareceu dos olhos da amiga para dar lugar ao seu azul claro natural.
A uma mesa de distância, Sirius observava o pequeno grupo. Um olhar curioso posto sobre o seu rosto juntamente com o seu ar de indiferença. Não se daria ao luxo de estar curioso acerca das amizades da prima, nem sequer se daria ao luxo de estar interessado no que quer que fosse relacionado com a mesa dos leões. Olhando para a mesa dos professores, os seus olhos apanharam a imagem sorridente de Seth, um pequeno sorriso brincou com a ponta dos seus lábios, ameaçando a sua aparência desinteressada.
– Algo interessante, irmão? – Regulus perguntou seguindo o olhar de Sirius. – Hum... O Seth está a observar o filho?
– Possivelmente. – Sirius respondeu-lhe. – Claro que isso não é do nosso interesse, pois não, Reg?
O Black mais novo assentiu, dirigindo a sua atenção para o prato dourado vazio à sua frente. Narcissa encontrava-se sentada ao lado de um rapaz de cabelos loiros cumpridos, o rosto sério era, de certo modo, bonito, as suas feições angulosas e direitas davam-lhe um ar arrogante e extremamente aristocrático; os seus olhos eram de um cinza profundo, frios como cubos de gelo; a sua pele era pálida, dando-lhe um ar demasiado pálido com os seus cabelos loiros quase platina. Ambos conversavam quietamente, Sirius observava-os, perguntando-se o que seria que estariam a tramar.
– Não é de admirar. – O rapaz loiro disse. – Não me admira que os sangue-puro andem a perder qualidades... A darem-se com... Sangues de Lama.
Sirius sentiu o seu sangue ferver ao aperceber-se de quem o loiro falava. Olhou para a prima loira e então para a prima morena que se encontrava na mesa dos leões a rir-se com os amigos.
– Se estás a falar acerca da Bellatrix... Creio que te enganas, Malfoy. – Sirius disse, o seu tom de voz deixava a entender ao loiro o que queria dizer. – Que eu saiba, naquele grupo, eu não vejo um único sangue de lama.
– Então o que é a Evans, Sirius? – Narcissa perguntou, chamando à atenção dos olhos do primo.
Assim que Sirius olhou para a loira, ela arrependeu-se de ter aberto a boca. Conhecia Sirius, sabia o que significava aquele olhar, apesar de não lhe ser permitida a entrada nas reuniões de família, nas quais ele presidia as conferências, ela sabia que sempre que os olhos azuis acinzentados de Sirius brilhavam daquela maneira, as coisas não acabavam da melhor maneira para quem aquele olhar era dirigido.
– Evans é a tua prima, que eu saiba! – Todos sabiam a que Evans se referia Sirius, tal como todos sabiam de que Evans se referia Narcissa. – A Isis ficaria extremamente ofendida se ouvisse alguém chamá-la de Sangue de Lama.
– Bem sabes a quem me refiro, Sirius. – Narcissa disse.
– Não tolerarei que sujes a tua boca dizendo coisas desse género! – Sirius contra-disse.
– O Sirius tem razão, minha querida. – Lucius Malfoy disse, colocando uma das suas mãos em cima da de Narcissa. – Não vale a pena... Apesar de já não podermos dizer a mesma coisa da tua outra prima, Black... Ela mancha o nome da tua família.
– Não creio ter pedido a tua opinião, pois não, Malfoy? – Sirius lançou um olhar a Malfoy que dava um novo significado à expressão “Se o olhar matasse”. – Mantem-te apenas com a Black que te é destinada. E faz por te manteres no meu lado menos mau... Senão nem um casamento decente terás.
Lucius calou-se e olhou para Narcissa que lançava um olhar quase amedrontado na direcção do prato de ouro. Sirius teve que se rir interiormente, gostava do poder que tinha mesmo sobre aqueles que nada lhe eram... No entanto, havia alguém em quem ainda tinha que tomar poder sobre... O olhar de Sirius voltou a cair na prima morena que sorria animada junto dos amigos, um dia... Um dia seria o seu senhor.
O silêncio fez-se no Salão quando as portas de carvalho se abriram para dar passagem aos novos alunos guiados pela professora de Transfiguração, Minerva McGonagall. Os olhos dos velhos alunos seguiam os novos enquanto estes se movimentavam até ao topo do salão perto da mesa dos professores onde sobre um banco de três pernas sustentava um velho chapéu com um rasgão ao pé da aba, o Chapéu Seleccionador. Assim que a mulher explicou às crianças o que decorreria a seguir, a Selecção começou.
E tão depressa como começou, acabou num instante, dando lugar ao Director para falar.
– Meus caros estudantes. Sejam bem-vindos os nossos novos alunos e sejam bem-vindos de volta aqueles que já cá estudavam antes. – Dumbledore disse, os seus olhos azuis brilhavam sob a luz ténue das velas. – Acredito que estejam todos esfomeados e sedentos, mas antes de passarmos ao nosso delicioso banquete, queria apresentar-vos as nossas novas adições no nosso corpo docente. Uma calorosa salva de palmas ao professor Seth MacEvans, que irá leccionar a disciplina de Defesa Contra as Artes das Trevas. – Seth ergueu-se da sua cadeira, baixando a sua cabeça numa leve vénia aos alunos. – Seja bem-vindo, professor! E boa sorte!
Todos os alunos aplaudiram o novo professor, um burburinho curioso fez-se ouvir no salão por entre as palmas, mas este silenciou-se assim que o Director voltou a erguer as mãos.
– Ainda antes de nos saciarmos, queria relembrar-vos que a Floresta Proibida é interdita a todos e quaisquer alunos. – O professor fez uma pausa olhando para todos, mas pareceu a um pequeno grupo de Gryffindors que o olhar era dirigido especificamente a eles. – Queria também apelar ao vosso sentido de união. Todos sabem que Lord Voldemort anda a reunir seguidores e se torna a cada dia cada vez mais forte, ele pode ter uma força de números, meus jovens, pode até ser mais poderoso em força... mas nunca se esqueçam. Mais perigoso não é aquele que luta com um exército, mas sim aquele que luta com o seu coração.
As palavras do velho ficaram suspensas no ar, vários alunos olhavam uns para os outros, perguntando-se o significado das palavras dele, mas apenas alguns levavam as suas palavras realmente a peito. O velho professor sorriu ligeiramente antes de bater as palmas e nas mesas surgirem pratos deliciosos tanto à vista, como ao paladar e ao olfacto.
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Desculpem a demora....
*Cri cri*
Lumos!
*Olha ao redor da sala vazia*
Olá! Alguém por ai?! Okay....
Quem quer que ainda leia isso aqui...
Espero que tenham gostado e deêm a vossa opinião!
Nox!
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