Imagens



Capítulo 20 – Imagens


(20 de Maio de 1989, Harry e Alicia com nove anos)


 


POV’s Harry:


 


         Bufei, pelo que devia ser a milhionésima vez. Mas, simplesmente, não era justo! Argh.


         Al, Tio Almofadinhas e Tia Lene tinham viajado, porque estavam de férias. Meus pais também, sabe, mas não viajamos ainda, e nem iriámos pro mesmo lugar que Al e meus padrinhos.


         Malditas férias de verão...


         Por um momento, pensei em escrever uma carta para Ron, convidando-o a vir aqui. Fred e Jorge também – eles tinham entrado no primeiro ano de Hogwarts e eu estava animado a ouvir as coisas que tinham lá –, mas percebi que não era com eles que queria ficar.


         Su estava na Índia, com Tia Sheryl, Tio Michael e Jake – Tia Amélia ainda não estava de férias, então, ele viajara com a prima (Su).


         Neville me mandava cartas frequentemente, reclamando como sua avó estava começando a pensar que ele era um aborto – coitado, aquela mulher não dava o merecido crédito a ele!


         Ainda encarando o teto branco do meu quarto, ouvi Akemi, minha fênix dourada, começar a piar uma melodia para me alegrar.


         Ela parou.


- Vamos, jovem Potter, anime-se – falou, no que poderia ser animada.


- Hoje não, Akemi, hoje não – e me virei na cama.


         Meus olhos bateram na minha mesinha de cabeceira. Tinha um abajur, uma carta – que eu já lera mil vezes – e dois portas retratros.


         Uma era a que minha mãe tinha tirado de mim e Al na festa de dia das bruxas no Ministério. Alicia sorria e me dava um beijo na bochecha, e, juntos, acenávamos. Estava num porta retrato de detalhes em ouro e era prateado.


         E a outra, num porta retrato de pomo de ouro e uma foto onde eu ainda tinha três anos, eu, minha mãe e meu pai. Fora tirada antes mesmo de Alicia chegar aqui e eu virar seu amigo.


         Me peguei refletindo sobre isso durante um tempo.


         Sentei-me ereto na cama e olhei meu quarto. De certa forma, não mudara muito. As paredes ainda eram brancas, o carpete vermelho. Uma poltrona de veludo azul próxima a enorme janela, de cortinas beges. Minha grande cama recostada a parede. Ainda tinha uma mesinha de cabeceira, toda bagunçada. Cheia de pacotes, vazios e cheios, de feijõezinhos de todos os sabores, penas, pergaminhos gastos, cartas que eu não jogara fora, entre várias outras coisas.


         Nas paredes, não haviam quinhentos postêres como no quarto de Ron. Haviam muitas e muitas fotos em portas-retratos – juntos e individuais – que praticamente contavam a história de minha vida.


         Fui olhando enquanto via vários momentos marcantes em minha vida nessas fotos bruxas.


         Sorri, ao ver a foto do casamento de meus padrinhos, fora um dia um tanto engraçado, com certeza. A foto era o que mais me fazia lembrar desse – louco – dia.


         Tia Lene e Alicia sorriam, marotas e sapecas, enquanto Tio Almofadinhas estavam mais a distância – era uma foto tirada de longe – com um pedaço de bolo de casamento na cabeça. Vi o glacê rosa escorrer por seu impecável terno, enquanto ele bufava. É, muitos acontecimentos naquele dia...


         Meu sorriso aumentou ao ver a foto seguinte. Era do meu aniversário de sete anos. Na foto só aparecia eu, Al, Gina, Fred, Jorge, Neville, Su e Rony, nós todos sorrindo, mas aquele dia fora engraçado. Dei uma risada me lembrando da cara de Rony ao ver aquela pinhata de aranha...


         Outras fotos ainda estavam penduradas, e eu passei vendo-as, mas quando acabaram, vi que tinha parado ao lado de minhas estante, lotada de livros. Alguns já lido tantas vezes que já estavam surrados.


         Espanei a mão na frente de meu rosto quando um pomo de ouro insistia em ficar nele. Bom, aquelas vassouras que voavam no meu quarto, tinham virado adesivo de porta de armário com um feitiço meu, mas algumas viraram pomos de ouro, que pensando bem pareciam um tanto irritantes agora...


         Caminhei em direção a minha mesinha de cabeceira, aonde ainda estava depositada a carta que Al tinha me mandado, ontem a noite mesmo.


 


Caro Pontas,


 


         A praia francesa não é tão legal sem você, mas estou me divertindo um pouco. Sinto sua falta, mas nos veremos daqui a três semanas, e tento me conformar com isso.


         Vou bem, e espero que você não esteja enlouquecendo de ter de ficar aí, em casa. Vou mandar-lhe muitas corujas com doces e presentes nesses dias, para não se esquecer de mim.


         Ah, estou anexando uma foto minha com meus pais, tirado por um cara qualquer, em frente ao vasto mar.


         Desejo boas férias.


 


Beijos e abraços,


         Almofadinhas Black


 


         Peguei a foto que ontem já tinha visto. Al estava um pouco queimada e usava um bíquine de verde de bolinhas amarelas – o que me lembrava muito aquela música trouxa... – e segurava um sorvete na mão e acenava. Tia Lene e Tio Sirius logo ao lado, também sorrindo e acenando alegremente.


         Vi Al piscar um olho e sorri.


         Conjurei um porta retrato e o pendurei na parede junto a outro, que mostrava uma foto de mim, Rony e Alicia, voando numa vassoura. Rony em sua velha Shooting Star, e eu e Al nas nossas velhas Cleansweep-7.


         Uma pontada de dor cutucou minha cicatriz, que nunca tivera nada do tipo. Esfreguei a mão distraídamente, enquanto um flashe entrava em minha cabeça.


         Um homem, morto, deitado ao chão. Sua pele era mortalmente branca, e seus olhos estavam fechados. Não estava no chão, estava sobre uma cama...


         Mas eu já não mais lembrava dos detalhes. Hum, não era realmente importante.


         Voltei para cama, para, finalmente, adormecer. Rapidamente, com um estalo de dedos, já estava de pijamas e fechei meus olhos com força.


         Mas, logo, já tinha adormecido...


         Mais perto, mais perto...


         Estiquei a mão, e novamente aquela sensação de estar girando sobre um globo ocorreu. Quando parou, eu parecia estar flutuando no espaço.


         Aquela estrela ao meu lado.


- Bom dia, amigo – ela falou, naquela voz de criança, levada e marota.


         Ela mudou de forma. Agora era uma fênix branca como a neve, ela assumira muito essa forma ultimamente...


- Olá – eu ainda não sabia seu nome... Ela nunca me disse.


         Será que falaria agora?


- Qual seu nome mesmo? – perguntei.


         Ela virou seus olhos para mim, e notei que eram azuis como o céu de dia.


- Sou somente uma boa amiga – eu nunca entendia essa resposta, e ela insistia em fixá-la na minha cabeça.


         Reparei como ela não estava tagarelando, como sempre, mas sim quieta. Seus lindos olhos azuis pareciam esfumaçados.


- Tudo bem? – indaguei.


         Ela virou, novamente os olhos, e pareceu sorrir.


- Ah, sim, tudo, Harry – ela disse, em minha mente, sabe-se lá como, ouvi sua voz “Por enquanto”.


         O que, agora ela vê o futuro? É só um sonho, maldição!


         Surpreendentemente, assumiu outra forma, e, juro, que por essa eu não esperava.


         Ela tinha minha altura. Sua pele era branca como porcelana e seu rosto angelical. Seus olhos ainda eram azuis céu. Seus cabelos – não pêlos! – eram bronze, tipo cobre. Ela parecia delicada e frágil.


         E ela, era Alicia!


- Al? – chamei.


         Ela somente sorriu, enquanto, segurava minha mão estendida.


         Tudo girou, e eu acordei no meu quarto.


         Assustado. E, mais ainda, quando reparei que era, agora, uma fênix branca.


         Akemi riu, de seu poleiro dourado, bom o que chegou mais próximo de um riso para uma fênix.


         Como isso acontecera? Uma imagem de uma estrela virando fênix apareceu em minha cabeça e depois Alicia tocando minha mão.


        


Animagia, sussurrou Aura.


Oh-ou, disse em resposta.


 


         Eu não sabia como, mas agora eu era um animago. Aos nove anos, e, ainda por cima, uma fênix branca!


         Ok, me meto em furadas com Al até nos sonhos.


         Hã.


         Me acalmando, consegui voltar a minha forma natural – graças aos céus.


         Andei até a janela, imaginando se Al tivera o mesmo sonho, só que com uma lua falante e esquisita. Será que tinha virado eu?


         Conjurei uma caneta e um papel, e escrevi uma carta para ela, a qual Akemi levou prontamente.


         Enquanto olhava minha fênix dourada se distanciar nos céus, vi um ponto dourado brilhar.


         Uma estrela, a mesma que sempre brilhava. A mesma que brilhara, muitos anos passados. A mesma que brilhara antes de Voldemort me atacar – eu conseguia lembrar perfeitamente desse dia.


         Torci, para que, hoje e nem nunca mais, tivesse um ataque dele.


         Novamente uma pontada de dor na cicatriz, que logo passou. Mas a imagem do homem morto e pálido, que consegui ver, não tinha cabelo, passou em minha cabeça.


         Tentei tirar isso de minha mente.


“Por enquanto” sussurrou a voz da estrela em minha cabeça.


         E o sono me veio novamente.


 

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