Coisas de menina.
18- Coisas de menina.
Tudo bem, eu sei que posso parecer muito nova, mas posso garantir que minha maturidade conta muito mais que a idade. Eu faço coisas que as meninas da minha idade nem sonham em fazer, mas a culpa não é realmente minha. Alguém já parou pra pensar em como é difícil manter uma reputação? Eu fui criada por Weasleys, tenho o sangue dos Grangers e sou uma legítima Malfoy. Se algum ajudante de merlin engraçadinho queria descobrir no que daria a junção de tudo isso, valeu! o resultado sou euzinha aqui. Uma menina de oito quase nove anos, que é muito mais madura, inteligente e antenada do que as outras. Na escola eu sou a melhor, entre minhas primas eu sou a melhor, sou paparicada desde que nasci por todo mundo que conheço, e agora querem me dizer que eu não posso crescer tão rápido?
Pensem bem se isso não é injusto? A culpa é minha que minha avó materna é a bruxa mais inteligente do mundo? Não. A culpa é minha que minha bisavó é a melhor anfitriã do mundo bruxo? Não. A culpa é minha se todo mundo na minha família faz alguma coisa importante? Não. Não. Não e Não!!!
Nada disso é culpa minha. Eu acho que tenho problemas de mais na minha cabeça de oito aninhos...(quase nove).
Eu amadureci rápido de mais... Olha só minha narração! Pareço uma adolescente de quinze anos falando... As vezes ser inteligente de mais é um problema sabe?
Mas se tem uma coisa que eu adoro, é a minha popularidade. Todo mundo da escola gosta de mim, e isso é perfeito... Eu tenho um quase namorado que é lindo, e amigas que me adoram ( ah, e eu adoro elas também...).
Ficar na escola para ensaiar era uma coisa boa até meu pai resolver colocar um segurança atrás de mim. Isso é ridículo, ele me trata como se eu fosse uma criança de cinco anos que não sabe que varinhas podem matar... Não vejo a hora de ir pra Hogwarts, lá pelo menos vou poder fazer o que eu quiser... Ai Merlin...porque eu não sou uns, sei lá, três anos mais velha?
Eu estava no corredor, completamente distraída, guardando um livro no meu armário. E pensar que aquele era o penúltimo ano que eu estaria ali...Dali a três semanas as aulas se encerravam. E então nós tinhamos a apresentação da peça na sexta, o baile dos formandos no sábado e a formatura no domingo. (tenho que me lembrar de parar de fazer isso, to ficando igual a mamãe...) Depois, na terça França! Minha amada e idolatrada França...Ah, que saudade que eu estou das minhas amigas... Depois da França, férias em Roma com a minha mamãe e minhas amigas...e claro, o meu pai.
-Sophie! Finalmente te encontrei.
-Onde é o incêndio Naelly?- eu perguntei fechando a porta do armário. Naelly era uma menina legal, mas tudo para ela era uma questão de exagero.
-Incêndio? Não tem incêndio nenhum... Tem?- eu apenas rolei os olhos.
-Não florzinha, não tem. Agora diga o que aconteceu...
-Foi...Bem, o Brian.
-O que tem ele?
-Esta espalhando para todos os meninos que você está apaixonada por ele.
- E o que isso tem de mais?- eu perguntei olhando para baixo.
-Ai meu Deus! Ai meu Deus! Eu não acredito nisso! Você está apaixonada por ele?
-Não! Eu não seria tão idiota...- eu respondi ficando vermelha.
-Sabe o que isso quer dizer, não é?
-Como assim?
-Amiga, você não está na idade de se apaixonar... Gostar, curtir...tudo bem... Mas se apaixonar? Deixe isso para quando você for uma adolescente sem noção!!
-Para com isso Ny... Eu não estou apaixonada ok?
-Bem...Se você diz...- ela suspirou e nós seguimos para o teatro. Meu guarda costas já estava lá me esperando.
-Boa tarde Nobert.- eu falei sorrindo - Está pronto para mais uma seção de Romeu e Julieta?
-Sim senhorita.
-Bem, espero que em seu relatório diário para o meu pai, não conte a ele o que faço na peça...
-Claro que não senhorita. Pode estar certa disso.
Eu sorri para ele e entrei no auditório. Brian já estava lá, lindo, perfeito e loiro como sempre... Ele acenou para mim, senti meu rosto corar. Droga! O que será que acontecia comigo? Eu precisava parar de ficar vermelha perto dele...
-Nossa! O ensaio hoje foi sinistro.- dizia Nielly enquanto nós trocavamos o figurino ao final do ensaio.
-Foi exatamente igual aos outros. Essa Julieta infantil e ridícula não melhorou nem uma miligrama.- Claro, Melody precisava opinar sem ser convidada.
-Melhor ser infantil do que ser completamente sem talento.- eu rebati.
-Sem talento? A única que não tem talento aqui é você!
-Jura? Então porque justamente eu estou no papel principal?- eu cruzei os braços e fiz a melhor cara de anjo que consegui.
-Apenas porque você...Se encaixa melhor no perfil da persongem!
-Está dizendo que eu ganhei o papel porque sou bonita?- eu sorri - Ora, obrigada! Se esse for o motivo, ou se for porque atuo melhor, não importa. Eu concordo com a diretora nas duas escolhas. Sou mais bonita e tenho mais talento que você. - eu joguei um beijinho falso pra ela, peguei minha mochila e sai do vestiário.
Percebi que a maioria das meninas me seguia rindo e comentanto. Eu estava de cara fechada. Sou boa discutindo, mas prefiro não fazer isso. Adoro ser fofinha e legal com todo mundo...Esse lance de ter inimigo nunca foi a minha... Só que a Mellody pede por isso!
No meio do corredor encontramos os meninos, e seguimos em direção a nossa escadaria. Nielly me pediu para contar a quem ainda não tinha escutado, o que aconteceu no baheiro, e todos riam enquanto esperavamos nossos pais. Nobert já havia desaparecido, como ele fazia todos os dias.
-Você estava perfeita hoje Sophie...- eu ouvi uma voz perto de mim e comecei a ficar vermelha. Droga!!!
-Ah...Obrigada...Você também estava Brian...- eu respondi.
-Será que posso falar com você em particular?
-Pode...sim...- eu repondi. Levantei e terminamos de descer os degraus juntos.
-Sophie...É que eu queria saber se você quer ir comigo ao cinema no sábado a tarde...
-Cinema? Eu não sei...É que...
-É seu pai né?
-Sim...- eu disse em voz baixa -Ele não gosta muito dessa história de me ver namorando, não que estejamos namorando claro, mas é que...
-Quem disse que não estamos?- ele perguntou com um sorriso torto e colocou um dedo no meu queixo.
-Eu disse que não estão.- Ok. Eu estava mesmo ouvindo a voz do meu pai? Aquilo só podia ser brincadeira...
-Pai...- eu me virei lentamente.
-Sim. - ele sorriu com o sorriso mais cínico que eu já vi.- Seu pai lindo, loiro em osso e uma pele muito bem cuidada.
-O que o senhor esta fazendo aqui?- eu estava espantada. Fazia duas semanas que meu contato com meu pai era "oi".
-Eu...Vim buscar você. Nós precisamos conversar...
-Precisamos?- eu cruzei os braços.
-Sim. Você sabe que sim.
-Porque? Eu pensei que agora você resolvesse tudo sozinho.
-Filha...Não é bem assim...
-Eu não quero conversar com você.- eu falei.
-Sophie, vai com o seu pai. Vai ser melhor para vocês...- Brian falou. Ai...Meu quase namorado não é um fofo?
-Tudo bem. Eu vou. Mas essa conversa vai ter que ser em uma sorveteria.- eu tentei parecer indiferente, mas acho que não consegui porque meu pai abriu um sorriso enorme.
-E onde mais seria?- ele falou, depois virou para Brian - Obrigado garoto.
-Por nada senhor Malfoy.- Meu pai sorriu ainda mais. Finalmente Brian havia entendido que meu pai não era um Weasley.
Caminhamos até a rua lateral da escola em um perfeito silêncio. Aparatamos na sorveteria do Beco Diagonal. Ficamos sentados olhando um para o outro durante uns dez minutos.
-Olha...- começamos ao mesmo tempo - Fala você primeiro. - Juntos outra vez. Começamos a rir.
-Filha...Você tem noção do quanto eu te amo? Senti muito a sua falta, eu não quero ficar longe de você...
-Eu também não quero pai, mas...Precisa parar de me tratar como um bebê.
-Eu sei...Sua mãe me disse isso também...E aqui estou eu, conversando com você como se você tivesse quinze anos ao invés de oito.
-Quase nove. - eu o corrigi. -É. Oito quase nove...
-Pai, olha...Eu sempre, a minha vida toda, quis ter você perto de mim. Mas não era pra ser assim...Eu sei que as vezes eu sou madura de mais pra minha idade, mas...Esse é meu jeito de ser, você precisa aceitar isso.
-Eu aceito Sophie. Não quero ser o pai chato, que pega no pé...Eu sou seu amigo e sempre vou ser...
-É...Mas está invadindo aminha privacidade. Colocar um segurança para assistir meus ensaios? O que o senhor pensou? Que eu ia fugir da escola com o Brian?
-Não! Pensei que ele ia se aproveitar da peça para te beijar...
-Me beijar? Pai! O senhor deve estar louco...Eu posso ser madura, mas só tenho oito anos! Beijar ainda é uma coisa nojenta pra mim...
-Sério?- seria trágico se não fosse engraçado. Meu pai sorria como uma criança.
-Sério pai...Meu lance com o Brian, por enquanto, é só uma paixonite de criança...Nós conversamos o tempo todo, só isso...
-Jura?
-Juro pai...O problema todo era esse?
-Sim...
-Não acredito que estava com medo que sua filha fosse beijada!
-Claro que eu estava!
-Era só ter me perguntado. Eu diria que nunca beijaria alguém aos oito anos...- eu sorri. Ele parecia realmente aliviado.
-Bem...Já que é assim...Eu te devo desculpa. Prometo que vou deixar de ser tão ciumento se você prometer que vai sempre me dizer a verdade.
-É claro que sim...Pai, entenda uma coisa...Eu fui criada na base da verdade...Minha mãe sempre confiou em mim. Eu sei que sou muito nova para namorar, mas a culpa é minha se meu cérebro é mais adiantado do que meu ano de nascimento? - eu falei sorrindo.
-Não. Você tem razão...A culpa não é sua! A culpa é toda dos seus tios...
-O que? Dos meus tios? Qual deles? O que eles tem a ver com isso?
-Bem...Sua mãe nunca te contou como foi que um Malfoy e uma Weasley terminaram juntos?
-Não. Sempre preferi acreditar que eram loucamente apaixonados um pelo outro...- eu disse dando uma enorme colherada no meu sundey.
-Bem...Não foi sempre assim...No começo nós brigavamos o tempo todo...
-No começo? Vocês ainda brigam o tempo todo!
-Eu sei, mas agora é só provocação...Antes era uma questão de raiva sabe? Sophie, você é a maior contradição que o mundo bruxo já viu...
-Eu sou? - tudo bem, onde ele queria chegar com aquilo?
-Sim. Nunca, em séculos, se poderia imaginar que em um mesmo nome houvesse Malfoy, Granger e Weasley... A rixa com a família ruiva é de gerações...
-Então você e a mamãe são uma contradição, não eu...- eu disse ainda sorrindo.
- Pois é...Nós também...- ele sorriu.
-Aliás, eu não tenho Malfoy no sobrenome lembra?- eu falei com cara questionadora.
- E você quer ter?
-Não sei...
-O que? Como assim não sabe?
-Não sei oras...Ser uma Malfoy é muiiiiito complicado!
-Bem...Pode ser, algumas vezes...Mas...Você é uma Malfoy, está no seu sangue...
-Bem...- eu parei e comi meu sorvete lentamente. Esperei uns dez minutos sem olha-lo...Papai parecia aflito. - eu quero ser uma Malfoy. - eu sorri.
-Ótimo!!!- ele gritou. - Então agora só falta a sua mãe assinar uns documentos...
-Assinar o que? Você já deu entrada nos papéis?
-Estou com eles desde que descobri que você era minha filha...- ele disse meio que sorrindo desconfiado.
-Sério? Muito confiante você...- eu falei sorrindo. Ele estava preocupado com alguma coisa, eu podia sentir isso. - Pai, o que houve?
-Hã? Como assim?
-O senhor está...Sei lá, com uma cara meio triste...
-Você acha?
-Sim...
-Bem, é por causa da sua mãe...- ele falou com a cabeça baixa. Eu sorri.
-O senhor a ama não é?
-Claro que amo princesa...Mas ela sempre complica tudo, e agora tem essa viagem...
-Ah sim, a viagem...- eu falei rolando os olhos.
-Que foi?- ele perguntou com uma sobrancelha erguida.
-Nada...
-Eu te conheço Sophie, o que foi?
-É que eu não gosto dessa idéia. Não vai ser a mesma coisa sem ela aqui...- eu falei. Na verdade, essa viagem estava me enlouquecendo!
-Porque não diz isso a ela?
-Eu já disse, mas ela não me escuta. Está obcecada nessa viagem, tudo agora é bulgária...- eu bufei. - Eu só queria entender o porque.
-Como assim?
-Quando o ministro indicou ela, mamãe chegou em casa uma fera, dizendo que eles não respeitavam o fato de ela ter uma filha e disse que jamais iria. Depois de uma semana ela havia mudado completamente de idéia.
-Assim? Sem mais nem menos?
-Não. Foi depois que vocês voltaram de Xangai. - a expressão do rosto dele mudou completamente. - Que foi?
-Sua mãe...Resolveu ir embora...Depois de Xangai?
-Sim...- eu não estava entendendo nada. Era uma coisa do tipo...Hã?O.o
-Bem, então isso explica tuuuudo!!!!- ele falou.
-Pode explicar para o senhor, porque eu continuo confusa!
-Eu e sua mãe... meio que nos acertamos em Xangai...
-Eu sabia!- eu dei um grito. Todos me olharam, fato.- tinha certeza que havia rolado alguma coisa entre vocês...
- Você sabia como?
-Mamãe ficava pensando o tempo todo, e suspirava também. E ela fugia de você, mas perguntava sobre o tempo todo...
-Bem, então você acha que sua mãe ainda me ama?
-Claro que ama pai! Fala sério, todo mundo sabe disso...
-Então preciso que você me ajude.
-Ajudar? Em que?- eu adorava planos.
-A reconquistar a sua mãe.- ele disse num sussurro que quase não dava para entender.- Ela só quer ir para a Bulgária, para fujir de mim...
-Bem, pode contar comigo!- eu falei usando o mesmo tom de voz.
-Temos até o final das férias de verão...-ele agora parecia confagular sozinho. Eu apenas sorria. Meu pai era mesmo um bobo...Chato, ciumento e possessivo, mas eu o amava imensamente.
-Pai...- eu o tirei de suas divagações.
-Sim...?
-Eu te amo.- ele sorriu.
-Eu também te amo pequena Sophie...Mais do que você possa imaginar...
-Então...-eu dei uma pausa e respirei fundo. Que foi? Eu tenho aulas de arte dramatica, sabia? - Mãos a obra caro senhor Malfoy.
-Mãos a obra, senhorita Malfoy!!!-ele falou. Sorrimos cumplices um para o outro.
Podiamos não ser uma família comum, mais eu faria de tudo para que nos tornássemos uma família de verdade...
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