Prólogo



Prólogo


Dois homens surgiram no meio da estrada sob o nublado céu noturno. O mais alto e mais velho segurava o outro, que ainda era um garoto, pelo braço.


- Eu já sei aparatar! – o garoto se soltou com rapidez.


- Mas não tem permissão. – disse o homem, cheio de ira, segurando o braço do garoto com violência – Se você aparata o Ministério nos rastreia, imbecil!


- Ok, não precisa apelar para a ignorância. – murmurou o garoto com calma, tentando ocultar o assombro que a mudança brusca de temperamento do outro lhe causara.


- Você ainda precisa treinar muito para não demonstrar suas emoções. – o homem o soltou devagar e olhou em volta.


- Eu sei. – concordou o garoto, a contra gosto – Onde estamos?


- A questão não é onde estamos, mas sim aonde queremos ir. – o homem apontou com o queixo a estrada na frente deles – Reconhece o lugar?


O garoto observou com cuidado o local. Por fim, sorriu em reconhecimento. Contudo, tal sorriso foi substituído por um semblante preocupado.


- Por que estamos aqui? – perguntou aos sussurros – Podem estar vigiando!


- Eu sei. E estão! – confirmou o homem, debochado – Foi exatamente por isto que não aparatamos diretamente lá. – ele apontou para um local ao longo da estrada e começou a caminhar naquela direção.


O garoto suspirou e seguiu-o.


- Mantenha a varinha pronta. – ordenou o homem, a sua própria segura na mão.


- Você não respondeu o porquê de estarmos aqui. – murmurou o garoto enquanto olhava em volta, a varinha firme na mão.


O garoto reconhecia a estrada, mesmo nunca tendo antes caminhado por ela à noite. O local estava muito mais sombrio que à luz do dia. Os arbustos, à esquerda, estavam maiores e com folhas e sombras mais escuras. A sebe, à direita, não era aparada há meses e estava toda desgrenhada.


- Fomos intimados para uma reunião. – respondeu o homem friamente, e, ignorando o repentino mal-estar do garoto, completou – Nosso meio de transporte é nosso objetivo.


- Fomos? Por que nós? E... eu não preciso ir! – o garoto não conseguiu controlar a voz trêmula.


- Não seja tolo. Se ele nos chamou, devemos ir. Você sabe muito bem o motivo. – ralhou o homem, irritado – Precisamos iniciar a próxima etapa.


- Agora que a primeira já foi completada com sucesso. – murmurou o garoto com tristeza, fitando o caminho à sua frente.


O garoto não pôde ver, porém, os olhos negros do homem se tornaram mais frios e seu semblante mais carregado.


- Preste muita atenção. – o homem parou, instantes depois, e completou com murmúrios – É certeza que os aurores estão vigiando a casa. Então, devemos ser rápidos. Procure por uma fita negra, perto da porta.


- Uma chave de portal?


- Sim, ilegal. Vamos entrar devagar, você fica de olho na entrada, procurando desde o começo. Foque nisto, a fita e apenas ela. Eu cuido dos aurores. – argumentou o homem, firme – Devemos tocar a fita juntos, entendeu?


- Perfeitamente. – assentiu o garoto.


Eles recomeçaram a caminhada em perfeito silêncio. Viraram à direita, entrando em uma larga estrada, que conduzia até um portão grandioso e sombrio. Através das grades era possível ver o caminho escurecido pelas sebes de teixo que conduzia até a entrada da casa.


O garoto olhou entristecido para a escuridão.


- Proteções? – perguntou o homem, sussurrando.


O garoto negou com a cabeça, incapaz de falar.


O homem avançou e empurrou o portão. Um rangido seco ecoou na escuridão. Eles passaram pelo portão, que se fechou lentamente, e seguiram pelo caminho.


- Está muito escuro. – o garoto ergueu a varinha – Lum...


- Não! – o homem tomou a varinha dele – Imbecil! Se iluminar algum auror poderá nos ver. – embora a voz fosse muito baixa, a ira era facilmente perceptível.


Após devolver a varinha ao garoto, eles continuaram a andar silenciosamente. O garoto segurava a varinha com firmeza, os olhos fixos na porta de entrada, que se aproximava. Estavam na metade do caminho quando um ruído entre os arbustos assustou o garoto.


- Estupefaça! – gritou ele.


O lampejo iluminou o caminho e, para alívio do garoto e desespero oculto do homem, atingiu um pavão. Antes que o mais velho pudesse sibilar sua bronca, fagulhas verdes iluminaram o céu.


- Idiota! – o homem segurou o braço do garoto e começou a correr.


Gritos de ordens chegaram aos ouvidos deles e várias varinhas lançaram feitiços.


- Procure! – ordenou o homem, soltando o garoto ao chegarem à entrada da casa.


Alguns aurores saíram de trás dos arbustos e lançaram feitiços. O homem se defendia e atacava com precisão enquanto o garoto procurava a fita, a varinha emanando luz.


- Depressa! – gritou o homem, após derrubar outro auror.


- Entreguem-se! – gritou um auror oculto – Severo Snape e Draco Malfoy, desistam!


- Achei! – gritou Draco.


Snape desviou de alguns feitiços enquanto pulava até Draco e, junto do garoto, tocou a fita.


Como sempre, sentiram que eram puxados para frente. Os pés deixaram o solo e avançaram em meio ao rodopio de cores sombrias. Tão rápido como saíram, eles voltaram ao chão.


Snape permaneceu de pé, os cabelos desalinhados e a capa revirada. Draco estava esticado no chão, entretanto, não permaneceu assim. Ele foi brutalmente erguido pela gola do sobretudo.


- Seu imbecil! – gritou Snape, o rosto lívido de ódio – Podia ter estragado tudo!


- Eu pensei que era um auror. – defendeu-se Draco, assustado.


- A maioria dos aurores são idiotas, nós sabemos disto, mas os que perseguem, não! Eles nunca cometeriam um erro que provocasse a morte de um companheiro. – ralhou Snape, os olhos sem brilho algum.


Um rangido atraiu a atenção deles.


- Ve... vejo que chegaram. – gaguejou um homem encolhido.


- Sim, Rabicho, nós chegamos. – falou Snape, frio.


Eles estavam em uma sala iluminada apelas pelo brilho da lua crescente que ultrapassava as cortinas negras.


- Venham comigo. O mestre vos espera. - disse Rabicho, saindo pela porta.


Snape soltou Draco, lançando-lhe um olhar significativo, e seguiu Rabicho. O loiro ajeitou as vestes e seguiu os homens.


Um corredor escuro foi atravessado e uma porta, aberta. Pela abertura eles viram uma mesa comprida, ladeada por pessoas silenciosas. Na extremidade oposta, um vulto pálido os encarava.


Ao entrarem, fizeram uma longa reverência.


- Finalmente! – exclamou uma voz cruel e fria – O que aconteceu?


- Houve um contra-tempo, milorde. – respondeu Snape, endireitando-se – Aurores vigiavam a mansão Malfoy, como já sabíamos.


- Todos tiveram o mesmo problema. – as mãos de longos dedos fizeram um movimento amplo, apontando para todos que ocupavam a mesa – Sentem-se.


Rabicho permaneceu em pé, ladeando a porta fechada. Snape caminhou até o lado esquerdo do vulto e sentou-se na primeira cadeira. Draco tomou seu lugar, muito mais afastado, ao lado da mãe.


O vulto pálido ergueu a mão e, com um aceno displicente da varinha, duas lareiras iluminaram o local com chamas negras. O vulto refletiu à luz e tornou-se perfeitamente visível. Lorde Voldemort mantinha o semblante sereno, os olhos vermelhos de pupilas em fendas pareciam queimar. Ele deixou a varinha sobre a mesa e pousou as mãos sobre o encosto da cadeira.


Com um aceno positivo de sua cabeça, a reunião se iniciou. Os assuntos foram os mesmos de sempre: tomada do Ministério; ataque ao Beco; chacina em cidades trouxas; destruição de Azkaban; posse do Castelo de Hogwarts; listagem de aliados obtidos desde a última reunião e os que ainda estavam pendentes; e, por fim, o mais importante de todos: Harry Potter.


- A casa onde ele mora com os tios trouxas é vigiada 24 horas por dia. – informou um espião infiltrado no Ministério – Se tomarmos o comando do Ministério teremos total controle sobre os feitiços instalados e sobre os vigias.


- Quantos vigiam? – questionou Voldemort.


- C

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