A Difícil Arte de Mudar
Capítulo 4-
A Difícil Arte de Mudar
— O-Que-é-isso? – Nina havia caído nos portões de Hogwarts. Sentia-se levemente enjoada, mas se controlou.
— Esta é Hogwarts, Escola de Magia e Bruxaria da Inglaterra. Bem vinda! – Hermione abriu os portões mostrando seu mundo aos olhos assustadiços de Nina.
Nina emudeceu, levantou-se do chão com cuidado, aliviada por Nick estar dormindo. Seguiu Hermione em silêncio. Nada ali podia ser explicado com poucas palavras, temia nunca entender aquela nova paisagem ou se descobrir em um manicômio, aprisionada em uma camisa de força, tendo delírios de mundo bruxo. Triste fim para uma jovem professora.
Hermione conduzia Nina para a ala hospitalar. A capa cobria a cabeça platinada de Nick. No corredor por onde seguia seus olhos se perderam em outra cabeça platinada. Nina nem respirava. Suas pernas fraquejavam, diminuiu o passo. Era o anjo que sempre aparecia em seus sonhos. Sim era ele. E o cabelo? A não ser pelo comprimento era o mesmo do de Nick. Eles se esbarraram e Malfoy parou e quase disparou uma de suas frases amáveis.
— Não olha... – O garoto parou no meio da frase ao encontrar os olhos azuis da garota. – Meu Merlin... É você...
Os olhos de ambos se encontraram numa atração incontrolável. Algo que atravessou mundos. O esbarrão havia removido a capa deixando a cabeçinha de Nick à mostra, Draco se desviou do olhar da garota, não sem muito sacrifício, e olhou para baixo, Nick abria os olhos, sim os mesmos olhos cinzentos. Draco se afastou, encostou-se à parede do corredor, e deixou-se escorregar até o chão. Suas pernas não obedeciam mais, sua cabeça girava seu estomago dava voltas. Hermione ao olhar Malfoy e o garoto tão próximos, entendeu.
— Nina, está tudo bem. Draco Malfoy é o pai do garotinho. – E voltando-se ao garoto que respirava com certa dificuldade: — Malfoy nem se atreva a deixar esse mundo hoje. – Disse a garota muito alegre com a novidade.
— Definitivamente, tenho que frustrar seus planos, Granger. Tenho muito pelo que viver. – A cor já voltava à face do garoto. — Alguém pode me dizer o que está acontecendo? – Draco não estava entendendo nada.
— Estava levando o garotinho para a ala hospitalar. Acompanha-nos? Ah! O garoto vivia na Londres trouxa não sabe de nada. – Hermione não entrou em muitos detalhes, precisavam ir para a ala hospitalar.
— O que ele tem? – Draco fez menção de se aproximar do filho, mas, percebeu que ambos se esquivavam dele. Então precisou de todo seu autocontrole para entender que ele não passava de um estranho para ambos.
— Nick está em choque, tem febre há dois dias. – Informou Nina incerta. A presença do loiro a desconcertava.
— Venham por aqui! – Chamou Hermione.
Já na ala hospitalar Madame Pomfrey levitou o garoto para sua sala. Os três ficaram na enfermaria a espera dela. Que não demorou muito.
— O garotinho é corajoso, não respondeu nenhuma de minhas perguntas, está com febre, com medo, passou por uma experiência muito forte creio. – A frase tinha um misto de interrogação e afirmação ao mesmo tempo. Madame Pomfrey sempre acertava.
— Bruxos, que não sabemos quais, chacinaram sua família trouxa. Ele viu, mas conseguiu fugir, e a senhorita Noxon o recolheu. – Hermione esclareceu os fatos para a curandeira e para o auror à sua frente que estavam atônitos.
— Noxon? Filha de Paul e Malena? – Perguntou Madame Pomfrey.
— Sim. A presença de magia acordou sua parte bruxa e a levou até o garoto. Ainda não sei que ligação teria uma Noxon com um Malfoy. Mas, foi exatamente isso que aconteceu. O garotinho nem precisaria de ajuda, segundo meus informantes foi safo feito o pai.
Hermione lançou um olhar zombeteiro para Draco. Que parecia muito orgulhoso. Seu filho, fugindo de bruxos assassinos. E levando com ele o anjo que invadia sua mente há muitos anos.
— Bem isso explica tudo. Dei uma poção para febre e a do sono, ele precisa dormir. Não há motivo para deixá-lo aqui na enfermaria, pode levá-lo senhor Malfoy.
Nina perdeu a cor. Sabia que ele era o pai, mas, se separar de Nick assim... Eram seus pesadelos se tornando realidade. Draco percebeu, na verdade sentiu e a amparou antes que caísse no chão.
— Hei! Calma. Preciso de você para me apresentar a meu filho. Não vou a lugar algum sem você.
Draco sussurrou isso nos ouvidos de Nina enquanto a segurava. Nina não entendeu bem, porque aquele cara sabia exatamente o que a afligia? Fechou os olhos e respirou fundo. Estava cansada. Madame Pomfrey se aproximava.
— Eu... Eu estou bem, só cansada. Vamos colocar Nick na cama então. – Nina se desvencilhou rapidamente de Draco controlando seus sentidos e seu corpo.
— Nick, seu nome é Nick? – Draco estacou de repente.
— Nicholas Alexander Jensen. – Nina informou séria e Draco esboçou um sorriso.
— Meu Merlin, o trasgo sabe sorrir! Estamos perdidos. – Hermione brincou mais para desanuviar o ambiente.
— Mais uma palavra sua e juro que te azaro, sabe-tudo! – Draco tentava aparentar um mau humor que não tinha no momento.
— E você não ouse me chamar assim! – A morena se irritava cada vez que ele a chamava assim.
— E vocês saiam daqui! Vão resolver suas diferenças bem longe de mim! – Intimou a curandeira.
— Desculpe-me Madame Pomfrey, não vai acontecer novamente. – Draco disse polidamente.
Já estavam saindo quando Hermione se deu conta. – Noxon? Qual será o parentesco com Dryade?
— Boa pergunta! A vida pessoal dela nunca esteve em pauta na Slytherin. A dor da morte de Severus estava estampada na alma dela. Então a deixamos em paz. Eu mesmo nunca soube. Ela nunca falou da família também.
— Agora vamos saber finalmente. Bem Draco, fico feliz com tudo que aconteceu. Considero meu trabalho de cinco anos atrás finalmente terminado com sucesso. Mesmo que eu tenha despencado sobre a informação.
— Eu agradeço Granger. Sei o quanto se empenharam na época e quanto custou ao cicatriz encerrar o caso. Serei... Eternamente grato. – Draco estava constrangido em agradecer. Mas, era mais que necessário. Ele devia a vida à sua equipe, devia a volta de seu filho a sua vida. Isso realmente não tinha preço. Hermione percebeu. Sabia que o garoto não estava acostumado a agradecimentos.
— Chega Malfoy, isso já foi demais, eu posso imaginar o resto. – Hermione sorriu e se despediu.
oOo
Por fim, colocaram Nick na cama de Draco nas masmorras. Nina sentou-se cansada em uma confortável poltrona perto da cama. Levou as pernas para cima da poltrona em posição de ioga, estava muito cansada, mas não conseguiria dormir, seu medo era muito maior que seu sono. Draco agora sabia quem era a dona da doce presença em sua mente. Sentia o medo da garota, agora em seus aposentos. Aproximou-se da cama ajoelhando-se ao lado do garotinho. Tocou com cuidado os cabelos platinados, sentiu seu cheiro, ainda aquele que se lembrava, seu filho, sua cria. Segurou sua pequena mão na sua, beijou-a. Chorou abraçado a ele. Sabendo que ele não acordaria por conta da poção. Não soube quanto tempo ficou assim com seu filho. Nina assistia a tudo, não disse nada. Seus rosto estava marcado por lágrimas que escapavam de seus olhos e que ela nem tentou impedir.
Malfoy limpou o rosto ainda meio constrangido com a presença da garota. Andava de um lado para outro tentando assimilar tudo aquilo, não tirava os olhos de seu filho. Uma ponta de tristeza o assaltou. Preferia que tivesse ficado sem sua presença se soubesse que o garoto passaria por aquilo. Não queria ver seu filho sofrer como ele. Mas, Merlin havia enviado um anjo para cuidar dele.
— Por que não dorme um pouco, parece precisar. – Draco falou finalmente.
— Não se preocupe comigo, obrigada. – Nina foi dizendo tentando limpar o rosto ainda molhado de lágrimas.
— Não tenha medo está segura aqui. – Malfoy se aproximou e aprisionando as mãos e os olhos da garota, sentindo ainda mais seu medo.
Nina suspirou, fechou os olhos e falou. – Pode ser, mas, como se sentiria se fosse arrancado da sua cama de madrugada por um pesadelo horrível e ser lançado num mundo sem magia nenhuma e com psicopatas no seu encalço?
— Acredite, sei do que se trata. – Draco sabia exatamente o que era aquilo, jamais esqueceria a guerra. Balançou a cabeça como se pudesse afugentar as lembranças para longe. – Está com fome? – Draco tentava ser gentil com ela.
Nina fez um sinal afirmativo.
— Esqueci os modos de um bom anfitrião. Volto logo.
Draco se retirou, evitou fazer magia dentro do quarto, isso a assustaria mais ainda. Parecia um bichinho acuado, mas Draco podia sentir sua assinatura mágica. A de seu filho também, estava orgulhoso, o garoto era belo. E esperto. Como o pai. As palavras de Hermione ainda ecoavam nos seus ouvidos. Quando se viu em frente à porta de Dryade, bateu e entrou no laboratório.
— Dryade, o meu filho! Meu filho está aqui! – Ele não cabia em si de contentamento.
— Aqui? Em Hogwarts? – A medibruxa parecia incrédula.
— Nos meus aposentos. E ela está com ele. – Draco tentava se fazer acreditar.
— Delirando novamente. – Ela deu-lhe as costas, já um pouco preocupada.
— Dry, eu não brincaria com algo tão sério! – Draco fez com que a amiga se voltasse para ele e o encarasse. – Hermione o encontrou na parte trouxa de Londres. Houve um atentado. O ministério suspeita que alguns ex-comensais estão de volta a ativa. Só ele sobreviveu!
— Como? Ele tem apenas cinco anos! Como foi isso? – Dryade tinha lágrimas nos olhos.
— Aí é que está o mistério de tudo! Diga-me: você tem família? – Draco perguntou curioso.
— Tinha um irmão. Pertencia a Ordem da Fênix. Morto em combate, ele e a esposa... Não me sobrou mais ninguém. – as lágrimas caíam copiosas, a lembrança do irmão ainda doía, mesmo depois de muitos anos.
— Meu filho teve a ajuda da professora dele. Ela é filha de Paul Noxon, salvou Nick... – Draco não terminou a frase.
— Meu Merlin! Paul era meu irmão! Julgava que eu era a única Noxon viva! Minha sobrinha deve estar com uns vinte anos. Preciso vê-la! – A medibruxa ficou muito pálida com a revelação. – Meu Merlin! Seu filho! Minha sobrinha, o pacote da Hermione veio recheado de felicidade! Como estou feliz!
Draco pode perceber pela primeira vez uma aura de felicidade pura e sincera que emanava da professora. Ele aprendeu a conhecer e confiar em Dryade depois que Severus se foi, ela assumiu silenciosamente o lugar dele. Sem que ninguém tivesse cobrado. Ela voltara diferente depois daquela ausência. Agora a chama de sua alma estava acesa novamente. Seus olhos tinham um brilho que não estava ali antes. Draco a abraçou sinceramente. Nesse momento sentia mais falta de Severus. Mas, sabia que poderia contar com a bruxa.
— Que tal um jantar em família? ‘Tia Dryade’? – Draco secou as lágrimas da bruxa a sua frente com os polegares. – Quase me esqueci dos meus pais! Mamãe vai ficar sem palavras.
— Importa-se que eu faça o feitiço da paternidade? – Dryade disse a queima roupa.
— Não será necessário. – Draco tinha mais que certeza.
— Devo insistir. – Ela olhou sério para Draco.
— Se é assim tão importante para você, faça. Vou providenciar nosso jantar, vem comigo? – O garoto lhe ofereceu o braço.
— Como estou, preciso me arrumar... – Dryade estava um pouco nervosa.
— Acredite está esplêndida!!! Vamos, ela está sozinha, e isso não é aceitável.
Draco se sentia feliz. Foi até a cozinha e pediu uma bandeja com jantar para três, ele também não havia comido nada. Estava preocupado com seu filho, mas esse dormiria até o dia seguinte e aí toda a sua ansiedade teria fim. Poderia abraçar e sentir seu cheiro novamente, era verdade que quando bebê pouco ficou com o filho, a academia de auror o consumia, mas com certeza sonhava com ele sempre.
Com a bandeja nas mãos entrou devagar no quarto, Dryade carregava outra logo atrás do garoto meio incerta do que dizer. Encontraram Nina sentada na cama com as mãos do garotinho entre as suas. A cena o enterneceu, ao menos ele tivera carinho onde estava.
— Algum problema? – Perguntou Draco colocando a bandeja na mesa e encaminhando a passos rápidos para a cama.
— Não ele apenas resmungou algo, mas, não foi nada. – Nina respondeu, pousando os olhos em Dryade. Um sentimento bom a assaltou.
Draco se aproximou da cama e estendeu a mão para a garota. — Quero te apresentar uma pessoa muito especial. Minha madrinha. – Dryade se aproximou devagar, era a primeira vez que Draco se referia a ela como madrinha. As lágrimas inundaram os olhos cor de outono da morena. — Essa é Dryade Noxon, irmã de seu pai. – Draco as apresentou e se afastou.
— Eu... Ah... Eu pensei que eu era a única da família por isso nunca procurei por você. Eu não... – Dryade tentava se justificar, na verdade não sabia o que dizer.
— Olha até ontem eu também pensava ser a única no mundo... Eu... Estou muito feliz...
Lágrimas escorriam pela face de Nina. Família. Um silêncio cheio de significado se instalou entre ambas. Nina sentia uma energia boa que emanava da mulher a sua frente, Dryade era bela, característica das mulheres de sua casa, Nina tentava descobrir cada detalhe daquela completa estranha. Era uma emoção que jamais sonhara em ter. Não sabia bem o que fazer.
Dryade olhava para sua sobrinha ali, e reconhecia traços de seu irmão e mais de sua cunhada. As lágrimas começaram a cair. Ela se aproximou um pouco mais. Tocou delicadamente os cabelos da ruivinha a sua frente. Eram idênticos ao de Malena. Parou em seus olhos. Olhos de Paul. Nunca imaginou vê-los novamente. A emoção tomou conta do ambiente. Abraçaram-se por um longo tempo. Tudo o que Nina sempre sonhou. Família.
Depois de um tempo Malfoy não muito a vontade, com os olhos marejados convidou. — Venham. Podem me acompanhar no jantar?
— Sim, obrigada. – ambas responderam ao mesmo tempo, rindo um pouco e secando as lágrimas.
As duas sentaram-se a mesa com Draco e o jantar transcorreu em um clima alegre. Interrompido vez ou outra por comentários leves. Draco percebeu a timidez da garota. Era bonita, simples, encantadora. Transmitia paz. Apesar do clima alegre do reencontro de Nina com a tia, havia uma melancolia no ar. Malfoy havia sentido na enfermaria o quanto a garota amava seu filho. E isso o deixara desconcertado. A situação se complicava, pois a garota parecia sofrer com a idéia de deixar Nicholas. Não estava preparado para tanto sentimento junto. Ai meu Merlin! Por que tenho sempre me associar a casa de Gryffindor? Eu vou acabar morto!
Dryade achou melhor deixar a sobrinha com o garotinho, depois que ouviu a história de ambos. Haveria tempo para estarem juntas. Despediu-se da sobrinha prometendo mostrar a ela o mundo bruxo, com detalhes e com certeza tirar o atraso de tantos anos de separação. Quando Draco se viu sozinho com ela, ele ofereceu novamente.
— Parece cansada, por que não dorme?
— Obrigada, estou bem. Ele pode precisar de mim.
Draco deu de ombros. A garota estava certa, apesar das poções de Madame Pomfrey o garoto estava com febre ainda e delirava. Com compressas frias Nina mantinha a temperatura do garotinho estável que depois de duas horas resolveu ceder a insistência da professora. Ao constatar que a febre cedera lugar a um sono leve e tranqüilo, levantou-se, mas, não chegou a poltrona desmaiou exausta, fazendo Malfoy levantar-se numa rapidez estonteante segurando Nina antes de bater no chão, levando-a para a cama ao lado de seu filho. Draco constatou que a garota estava gelada, assustado, correu até os aposentos de Dryade. Ao final do rápido exame, a medibruxa assegurou com um sorriso a um assustado Draco que estava tudo bem. Só exaustão.
Malfoy passou o resto da madrugada velando o sono dos dois. Por fim, quase ao amanhecer deitou-se ao lado de seu filho. Tocou-lhe levemente a face e os cabelos platinados. Seu cheiro era familiar. Sua mãozinha era semelhante a sua, fina e pálida. Fechou os olhos e cochilou um pouco, ainda seguro a mão do filho.
Draco acordou e a primeira coisa que viu foram os olhos cor de oceano de Nina. A garota era uma feiticeira, roubava a alma de Draco Malfoy lentamente aprisionando-o em um mundo cuja existência não era conhecida por ele.
Nina observava a cena embevecida. Agora mais calma e lúcida, sabia que tinha que aproximar o seu Nick do pai, era o mais natural a se fazer e com certeza ficaria fora da vida dos dois. Mas, faria o que fosse melhor para o seu garotinho. Malfoy desconcertado tentou levantar, mas, foi impedido por Nina que percebeu o incomodo do loiro a sua frente.
- Fique. Ele é seu filho. Tem que sentir você. Ele precisa de você! – Nina disse segurando delicadamente a mão de Draco.
Draco esboçou um meio sorriso, era difícil para ele sorrir, mas Nina percebeu que era sincero. E brindou aquele triste ser com um sorriso especial, Malfoy se sentiu ainda pior. Parecia estuporado pela garota.
— Esperei tanto por esse dia. A única coisa que não desisti na minha vida. O que me fazia levantar todos os dias. E a sobreviver na tortura. Ele.
Draco corou violentamente, estava escancarando sua vida a uma desconhecida. Havia algo errado com ele, com certeza. Nina tentou desviar a conversa.
— Não me lembro de ter me deitado. Como vim parar na cama?
— Deu-me um grande susto! Quando a febre cedeu você levantou-se e simplesmente desabou. Acho que nunca corri tanto! Acho que assustei sua tia! Mas, ela disse que você estava muito cansada, e que uma boa noite de sono faria bem.
— Você me colocou na cama. Então eu agradeço gentil senhor. – Nina sorriu agradecida.
Draco sorriu. — Ele deve acordar em breve. Não quero assustá-lo. Porque não toma um banho, enquanto eu providencio nosso café?
— Bem, não tenho nada para vestir... – Nina falou olhando para a roupa que vestia toda amarfanhada.
— Não se preocupe, vou providenciar algo para você vestir e depois vamos todos até o Beco para compras.
Draco foi até seu armário, retirou uma de suas vestes e a transfigurou para um modelo feminino, preto com detalhes em verde e prata muito bonita. Nina mal percebeu o feitiço, mas, encantou-se com o traje.
— Vamos a uma festa? – Perguntou apreciando o que via.
— Não, por quê? – O garoto respondeu realmente não entendendo a pergunta.
— A roupa é muito bonita. – Nina apanhou a roupa das mãos de Draco.
— Obrigado, espero ter acertado o tamanho. – Draco parecia meio desconcertado com o fato de transfigurar roupas para a garota.
Draco mostrou o banheiro e deixou ali toalhas, lingerie, e um par de botas confortáveis. Nina tomou um banho apressado, com medo de Nick acordar e não encontra-la. A roupa caiu muito bem nela. Olhou-se demoradamente no espelho e aprovou o que viu. Penteou os cabelos e passou por ele uma fita que encontrou ali no banheiro. Com certeza era dele, deveria prender seus longos cabelos platinados. Agora observando melhor tudo ali, riu-se quando pensou em Draco, o garoto era muito bonito. Nick tinha a quem puxar. Desde que conhecera os pais trouxas de Nick, achara que o garoto era adotado ou fora trocado na maternidade. Agora tinha certeza, ele combinava muito mais com esse pai. Draco Malfoy era um belo nome também. Bem exótico. Procurou por perfume, mas, com certeza só teria o dele. Saiu do banheiro. Encontrou o rapaz andando de um lado para o outro, já em outros trajes, negros, mas também elegantes quanto o anterior e ao dela. Ele tinha um pequeno frasco nas mãos.
— É o preferido de minha mãe. Espero que goste. – O garoto entregou o perfume a Nina com ar sério.
— Perfume? Como?... – Nina não podia conceber como ele poderia ler todos os seus pensamentos, sem que ela percebesse. Era incrível.
— Toda mulher gosta de perfume e Narcisa Malfoy tem um gosto refinado, mas, se não gostou posso fabricar a essência que quiser... – Disse meio incerto da reação da garota atônita a sua frente.
— Não. Esse é perfeito, suave e de muito bom gosto. Ideal para o dia e o clima. Obrigada Senhor Malfoy.
Nina brindou Malfoy com aquele sorriso estuporante. O garoto desviou o olhar e voltou-se para a cama. Nick se mexia, estava acordando.
— Nick! – Nina se aproximou chamando. O garotinho se assustou com a presença de Draco. Nina o aconchegou.
— Tudo bem meu amor. Este é o Senhor Draco Malfoy. Ele é nosso amigo agora. Ele vai nos proteger dos homens maus. Agora nós vamos levantar tomar um banho e tomar café.
Nina o levou para o banheiro. Draco já providenciara o café e parecia mais um animal enjaulado. Andava de um lado para o outro. A espera parecia torturante. Por fim saíram do banheiro. O garotinho parecia uma folha de papel. Muito pálido. Seu olhar era assustadiço e ainda perdido. Draco percebeu a dor do pequeno assim que seus olhares se cruzaram. Ele podia sentir o medo, o pavor do menino. O loiro sabia exatamente a cenas que ele presenciara naquela noite. Ele sabia exatamente como aqueles bruxos atuavam.
Durante o café Nina incentivou o garotinho a comer sem muito sucesso. A cada palavra de Draco ele se assustava mais. Malfoy já estava perdendo a paciência com a situação.
O garoto levantou-se da mesa e se jogou na cama, Nina olhou para Draco e fez sinal para que permanecesse sentado. Ela também continuou sentada e calmamente terminou seu café. Birra de criança de cinco anos estava acostumada. Mas algo a chamou atenção. Foi até a cama e verificou que ele tinha febre novamente.
— Senhor Malfoy precisamos de remédio, a febre voltou.
Draco saiu as pressas e deixou Nina fazendo compressas no menino. Nesse meio de tempo, a garota ia dizendo como o loiro era bonzinho, propaganda antes de dizer que ele era seu novo pai, o verdadeiro. Como poderia dizer que toda aquela vida que ele conhecia não existia mais e que era uma grande mentira? Malfoy concordou que ela contaria a ele na hora certa, que, contudo, demoraria a chegar. O garoto estava arredio e aquela febre dificultava tudo. Nina suspirou, tinha um grande problema pela frente. E com certeza não seria o único que enfrentaria dali para frente.
Draco entrou com Dryade. A medibruxa fez uma varredura e ministrou as mesmas poções do dia anterior. Macdonogal chegou logo depois e foram formalmente apresentadas.
— Esta é Nina Noxon, senhora.
— Encantada Senhorita Noxon. Sou Minerva MacGonagal, atual diretora de Hogwarts. Conheci seus pais, uma grande perda para a ordem. – A velha bruxa disse estendendo a mão para Nina num cumprimento respeitoso.
— Não os conheci, mas, é bom saber que eram queridos. Agradeço. – Devolveu Nina polidamente.
— Seja bem vinda! Dryade parabéns! Espero que comece seu treinamento o quanto antes. – Minerva sorriu e voltou-se a Draco. – Draco meu rapaz você tem uma missão. O Ministério não pode encaixar outra pessoa. Seu conhecimento de poções é requisitado nela. Sinto muito. Deve se apresentar imediatamente a equipe quatro.
— Eu também sinto. Vamos conversar lá fora diretora. – Draco não queria falar de missões perto de Nina.
Draco e Minerva se retiraram deixando Nina com a tia. Ambas se estudaram. Por fim Nina estava abraçada a tia novamente. Dryade sentia o carinho da sobrinha e imediatamente lembrou-se de Severus, como queria tê-lo encontrado, e compartilhar com ele todas essas novidades, entristeceu-se, mas a presença de Nina era como um balsamo que parecia aliviar o vazio que Sverus havia deixado.
- Preciso ver o que está havendo lá fora, volto já querida. – Dryade sorriu desvencilhando-se carinhosamente da garota.
Do lado de fora Dryade se juntava a Draco e a diretora...
— Dryade, gostaria que cuidasse de Nick e de Nina. Eles precisam de tudo, roupas, comida na hora certa, sair do quarto em segurança, enfim, tudo. Enquanto eu estiver fora, gostaria que organizasse a vida dos dois.
— Terei prazer em recebê-los em meus aposentos. Acredito que seria mais fácil para todos. – Dryade falou feliz por ter oportunidade de cuidar da sobrinha.
Draco agradeceu, e retirou uma bolsa negra de couro de dragão com alguns galeões e colocou nas mãos de Dryade. Entrou novamente no quarto e apanhou algumas coisas, entrou no banheiro e saiu de lá vestido com o uniforme de auror. Aproximou-se de Nina tomou-lhe delicadamente suas mãos e disse, olhando-a intensamente nos seus olhos.
— Se algo me acontecer, quero que guarde esses números. 254 e esta chave, não diga nunca a ninguém estes números, e essa chave guarde-a em segredo. A ninguém. É a chave de um cofre no banco bruxo. Toda minha fortuna está lá. É para você e Nick. Ainda não tive tempo de comunicar a meus pais o aparecimento do neto deles. O dinheiro que tem lá ainda dá para umas três gerações de Malfoys viverem sem trabalhar. Prometa que será uma boa mãe para meu filho! – Malfoy tinha uma certa amargura na voz.
— Está me assustando... – Nina não sabia o que pensar no momento, estava confusa.
— Sei que é muito a pedir, mas, Nick confia em você e... – Draco fazia um grande esforço para manter sua máscara fria.
— Não pode nos deixar. Não agora! Ele já perdeu demais. Precisa de você. Então faça o favor de voltar logo! É uma ordem! – Nina procurou por um pouco de autoridade na voz.
— Eu sei. Sou um soldado e tenho que defender a vida de vocês. Estamos com bruxos insanos a solta novamente. Não pretendo morrer hoje, mas, passei tanto tempo sozinho e não passei essa informação a ninguém até agora, nem mesmo meu pai tem essa senha, apesar de grande parte desse dinheiro ser dele. Confio em você. – Draco tinha uma tristeza nos olhos. Nina duas lágrimas fugidias na face.
— Vocês vão ficar com Dryade, ela é minha amiga e confio nela. Estará segura com ela, é uma bruxa poderosa, e vai ficar de olho na segurança de vocês. E claro, é sua tia. – Draco sentia algo ruim com relação a missão. A necessidade de deixar aquele anjo e seu filho bem era prioridade no momento.
— Não se atreva a não voltar! – Nina não se sentia nada confortável com a saída do garoto.
— Adeus...
Draco aproximou-se da cama e depositou um beijo na testa do garotinho que dormia tranquilamente. Retirou-se deixando Nina muito triste. A garota não entendia bem por que, mas, atribuiu a Nick, que não poderia perder dois pais em tão pouco tempo.
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