Sharing Secrets And Other Surp

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Disclaimer: Jo, como se diz no norte do meu país, és a máiore!











Have you met Miss Jones?
Fanfic by Nalamin


Chapter 17: Sharing Secrets And Other Surprises


Depois da discussão com Jack, Cissa dirigira-se rapidamente ao seu quarto. Tinha sido demais para uma noite, principalmente para a noite de Natal. Lembrava-se tão bem dos natais de antigamente, do tempo de Cecília. As coisas eram tão diferentes! Não havia qualquer pessoa estranha lá em casa, apenas a família toda reunida. O jantar era calmo, com o ocasional comentário da mãe, os presentes alegremente abertos, sem pressas, desfrutando ao máximo o momento. Porque é que as coisas tinham de mudar?


'Cecília morreu e não há nada que eu possa fazer para a trazer de volta', pensara, enquanto despia o vestido e enfiava o pijama. Mas o facto de Cecília já não caminhar entre os vivos não significava que se tinham de esquecer todas as tradições que instaurara e que gostava de cumprir. 'Para o ano será diferente. Seremos só nós, em família. Nada de roupas formais, nada de sociedade bruxa, nada de Malfoys, nada de…'


Os Malfoy! Tinha-se esquecido por completo desses dois. Será que ainda ali estariam? Mais importante: por que razão William os convidara? Por Merlin, o que lhe dera para convidar a família que sabia que a filha abominava? 'Pensando bem, talvez não soubesse. Nem tenho a certeza de que saiba o meu nome.' De qualquer forma, estava curiosa e determinada em descobrir o que levara o pai a cometer, na sua perspectiva, tal loucura. 'E aquela doninha, como é que se atreveu a ameaçar-me dentro da minha casa?' Suspirou e deitou-se na cama, olhando o tecto.


Draco Malfoy era tal qual uma planta carnívora: linda e apelativa, mas assim que podia, atacava. Mas o pior nem fora as suas ameaças tolas, nem mesmo as da sua mãe, mas sim a dor no pescoço que teimava em não passar. Cissa levou a mão ao pescoço e massajou a área dorida. Não havia ali nada, nem sequer um pequeno arranhão; a sua pele estava incólume e suave. Levou a mão ao joelho esquerdo só para constatar o que já sabia: quem quer que fosse que cuidara de si fizera um óptimo trabalho. Os hematomas tinham desaparecido, o joelho antes desfeito estava completamente curado e até o corte profundo no pescoço já não existia. No entanto, as dores aí persistiam. 'Que feitiço me lançou aquele canalha? Nem a dimensão de poderes que o Dom me dá conseguiu curar-me deste sofrimento.' Suspirou, fechando os olhos. ' De qualquer maneira, já suportei dores bem piores.'


Subitamente, bateram suavemente à porta. 'Por Merlin, que não seja Jack!'


- Entre. - Tom espreitou para dentro do quarto da irmã.


- Posso?


- Claro que sim. – respondeu docemente. – Passa-se alguma coisa? – Tom fechou a porta e começou a desapertar a gravata enquanto se dirigia à cama da irmã.


- Vi o Jack no jardim. – afirmou, descalçando os sapatos.


- Ah. Como é que ele está? – perguntou, um tanto ou quanto a medo.


- Nada bem. – deitou-se ao lado da irmã, deixando-a cobri-lo com os cobertores. – O que é que lhe fizeste?


Cissa suspirou e contou-lhe o sucedido. Ele ouviu tudo sem se pronunciar. Quando Cissa acabou, ainda demorou um pouco para que ele tornasse a falar.


- Foi realmente imaturo da parte dele fazer essas acusações. Imaturo e injusto.


- Eu sei, nem parecia ele.


- Mas – continuou Tom, ignorando o comentário da irmã. -, acho que toda a gente, incluindo eu e, obviamente, Jack, achava que retribuías os seus sentimentos. – Cissa bufou, irritada. – Vocês andavam permanentemente juntos…


- Como sempre andámos.


- …a maneira como olhavam um para o outro era diferente, especial…


- Perdemos a virgindade um com o outro, Tom, essas coisas marcam. – Tom olhou sobressaltado para a irmã.


- O quê? Tu e o Jack… - A morena espantou-se.


- Não sabias? Pensava que, sendo o teu amigo mais íntimo, ele te tinha contado.


- Mas não contou! Sabes que ele não é propriamente expansivo!


- Não pensei sequer que essa característica se manifestaria contigo. – Tom suspirou.


- Quando é que isso aconteceu? – Cissa riu.


- Porque é que queres saber?


- Foi na escola?


- É claro que não, Tom. Perder a virgindade em Hogwarts, que cliché! – Tom olhou o tecto. Cissa sorriu, compreendendo. - Não me digas que tu…


- Não era sobre mim que estávamos a falar, Narcissa.


- Mas estamos agora! Vá, conta-me: com quem foi?


- Vais rir-te de mim.


- Thomas, por quem me tomas? – Tom olhou-a, erguendo uma sobrancelha. – Oh, vá lá, tu sabes com quem eu tive essa experiência! Assim não é justo.


- ..ur..la..cour. – murmurou Tom. Cissa riu.


- Acho que vais ter de falar ligeiramente mais alto.


- Fleur Delacour. – A boca de Cissa fez um 'O' perfeito, tal não foi a sua estupefacção.


- Thomas Prince Barclay Jones! Não te contentas com pouco! – exclamou, dando uma palmadinha no peito do irmão e rindo. – Como é que isso aconteceu?


- Nem penses, essa parte já não te conto. Aí não te ias simplesmente rir. Ias gozar comigo até ao fim dos meus dias.


- Uhh, mas que artimanhas usaste tu para levar a princesinha para a cama, Thomas? - Tom sorriu, lembrando-se.


- Boa tentativa, mas não te vou dar ideias. – Cissa riu e levantou-se ligeiramente, ficando apoiada no braço esquerdo, olhando para o irmão.


- Sabes que eu posso descobrir, se quiser… - Tom sorriu maroto, e fechou calmamente os olhos.


- Tenta agora.


Cissa riu e tornou a deitar-se na cama, fechando também ela os olhos, tentando imaginar os truques que Tom usara (se é que usara alguns) para levar Fleur Delacour (imagine-se!) para os lençóis. Ficaram assim algum tempo, ela pensando em formas, cada uma mais rebuscada que a outra, que ele poderia ter utilizado; e ele relembrando aquela pequena aventura.


- Dispersámo-nos. – disse Tom, quebrando o silêncio.


- Hum? – disse, sonolenta.


- Estávamos a falar de ti e do Jack.


- Ah.


- E então? Se não foi na escola, onde foi? – Cissa suspirou.


- Foi na casa da costa. E, como sei que essa vai ser a tua próxima pergunta, tinha 13 anos. Ou melhor, fiz 13 anos nesse dia. – Tom sentou-se rapidamente e olhou a irmã.


- Eras uma criança! Como é que…e no dia nos teus anos!


- Se queres saber, foi a melhor prenda que recebi até hoje. – comentou com um sorriso. Depois, vendo a cara do irmão, decidiu acrescentar: - Thomas, tu sabes que eu nunca fui muito…criança. O Dom nunca mo permitiu e digamos apenas que os nossos pais não ajudaram muito.


- Mas Cissa…


- Tu eras apenas um ano mais velho que eu, se estou a fazer bem as contas.


- Sim, mas... – tentava Tom argumentar.


- Tom. – disse Cissa, num tom definitivo.


Ele tornou a deitar-se na cama, com os braços atrás da cabeça. Olhou para o tecto durante alguns momentos, desviando depois a sua atenção para a irmã, que adormecera. Sorrindo, aproximou-se dela e puxou-a para si. Cissa imediatamente passou o braço sobre o seu peito e acomodou-se perto do seu ombro, sorrindo.


- Já tinha saudades disto. – comentou a morena, sem abrir os olhos.


- Desculpa se te acordei.


- Não estava a dormir. Mas se não te importas, acho que agora estou preparada para isso. Foi uma noite...extenuante. – Tom sorriu e beijou-lhe os cabelos.


- Boa noite, Ci.


- Boa noite, Tommy.




 


O dia 25 amanheceu cinzento e chuvoso. Cissa dormia a sono solto, nem sequer notando quando Tom pegou nos sapatos e no casaco e saiu calmamente no quarto. Estava a ter um sonho tão bom! Não sabia onde se encontrava, mas o local era quente, apesar das paredes frias e negras. Havia um calor que entrava dentro de si e a fazia sentir mais leve, como se fosse capaz de voar. Mas, vendo bem, o calor não era do lugar. Estava ali mais alguém! Andou alguns passos para a frente, avistando alguém mais ao fundo, parado, de mãos nos bolsos. Curiosa para saber quem era, seguiu até à figura e tocou-lhe no ombro. A pessoa ia virar-se, Cissa ia descobrir quem lhe transmitia aquele calor!


Cissa acordou subitamente, transpirando levemente. 'Que sonho esquisito.' Suspirando e olhando em volta, reparou que Tom já se tinha levantado. Olhou o relógio. 11h. Faltara ao pequeno-almoço. Sorriu amargamente. 'A mãe não deve estar nada satisfeita'. No entanto, ainda tinha uma hora para se despachar e comparecer ao almoço. Levantou-se e foi rapidamente tomar um duche. Quando saiu do chuveiro, enrolou-se na toalha e seguiu até ao armário, tentando decidir o que vestir. Já que não queria ter mais nada que a mãe pudesse criticar, optou por um conjunto bege que ela lhe dera de presente, quando transitou de ano. Trocou as calças de pijama pela saia pelo joelho e o top velho por um mais sofisticado. Vestiu o casaco e, sentando-se ao toucador, começou a desembaraçar o cabelo. Com uma pequena ajuda do Dom, deixou-o encaracolado, como sempre. Satisfeita, ia começar a calçar os sapatos quando ouviu algo a bater no vidro da janela. Sophie, a coruja de Daphne (Evan perecera nas mãos de Umbridge), bicava alegremente a janela, trazendo consigo uma missiva da dona. Sorrindo, Cissa levantou-se e abriu e janela, deixando Sophie entrar no quarto e poisar nas costas da cadeira da secretária.


- Olá Sophie! Tens alguma coisa para mim?


A coruja estendeu a pata esquerda e deixou que Cissa soltasse a carta. Sentando-se na cadeira, Cissa abriu o envelope e começou a ler.


'Cissa,


Antes de mais, feliz natal! Já deves ter reparado que, juntamente com esta carta, está um pequeno embrulho. Não tive muito tempo para pensar no que te dar, mas espero que gostes. Eu adorei o colar, Ci, obrigada!


E agora que já estão feitos os avisos e agradecimentos, vamos lá começar com as perguntas: Como foi ontem? Muitas Madames pomposas? E já agora, o que aconteceu entre ti e o Jack? Na resposta ao meu postal, Tom disse que a noite tinha corrido mal, mas não se alongou. O que é que fizeste ao rapaz, Narcissa?


Escreve-me a dizer se gostaste do presente e, mais importante, a contar os pormenores da noite de ontem!


Daphne xx'


Olhou o relógio. 11h30. 'Ainda tenho tempo para responder'.


'Daphne,


Feliz natal, querida. Quando vi o colar naquela montra em Atenas, pensei logo em ti. Fico feliz por teres gostado. E a tua prenda é fantástica! Nem acredito que a tua mãe que deixou à solta pelas lojas de Paris. De certeza que usaste o pretexto ' prenda para a Cissa' para me comprares esta magnífica langerie e mais umas centenas de libras em roupa para a tua pessoa.


Ontem foi horrível, como sempre. Demasiados vampiros numa sala só. Mas não tenho como saber se se passou algo de interessante (como Mrs. Troy a bater no marido ou algo do género) porque não pus sequer os pés na sala de jantar. Tive a minha refeição cá fora, no baloiço, sozinha, no meu vestido magnífico.


E para tornar o evento ainda mais insuportável, adivinha quem apareceu: pois é, o teu querido primo com a tua amorosa tia. Oh Merlin, como é que tu podes fazer parte de uma família nojenta como aquela e ser assim? Mas não me estou a queixar, adoro-te assim mesmo.


De qualquer forma, parece que foi o meu pai que os convidou. Nem a minha mãe sabia que eles iam aparecer por aqui. Não tenho nem ideia de quais possam ser os motivos loucos do meu pai para convidar tais pessoas para a nossa casa.


E bom, aconteceu o habitual. Gritei com a mãe e com o filho. Ele arreliou-me de tal maneira que a dor no pescoço atacou em força. Pensei que não me ia conseguir aguentar em pé. Não sei o que é isto, Daph. Não pára de doer, no entanto, não tenho nem uma cicatriz. Continuo sem saber quem me socorreu naquele dia e que feitiço realizou em moi.


E quanto a Jack…Por Merlin, ele disse que me amava, Daphne. Amor! E o pior foi que disse que me amava quando estávamos prestes a (em respeito à tua susceptibilidade) escapar. Eu pensava que o que tínhamos era sem compromisso! E quando lhe tentei dizer isso, ele passou-se. Acusou-me de o ter usado como brinquedo sexual. Por que é que isto só me acontece a mim, Daph? Porquê?


Voltas para Londres a tempo de passares o ano novo comigo? Estava a planear ir até à casa na costa. Sei que nunca lá foste e aquilo é fantástico. Depois diz-me qualquer coisa.


Narcissa J.'


Dobrou a carta e colocou-a num envelope, entregando-o de seguida a Sophie, que rapidamente levantou voo e saiu pela janela. Cissa levantou-se, fechou a janela e saiu do quarto, rumo à sala de jantar.




 


Considerando os tempos difíceis em que a comunidade bruxa se encontrava, foi extremamente agradável passar o fim de tarde na Diagon-Al e ver que, pelo menos por aquele dia, as mascotes de Lord Voldemort tinham tirado uma folga. Pela primeira vez desde há algum tempo, a Diagon-Al voltou a encher-se de vida. As famílias passeavam calmamente pela avenida, olhando as montras e parando no Caldeirão Escoante para beber uma cerveja amanteigada. Parecia que tudo voltara à normalidade, parecia que nada tinha mudado. Suspirou. Não condenava a mudança, aliás, achava que mudar é indubitavelmente bom, se a mudança for positiva. Mas ultimamente, sempre que algo mudava, era sempre para pior.


- Cissa, vem cá!


O chamamento de Claire despertou-a das suas divagações. Sorriu e foi ter com a irmã, ficando ambas a contemplar uma bela snitch de colecção, exposta na montra.




 


Quando regressou a casa, Sophie esperava-a, desta vez empoleirada na bandeira da cama. Cissa chamou-a e tirou-lhe suavemente a carta.


'Cissa,


É claro que não usei o pretexto 'prenda para a Cissa' para esbanjar metade da fortuna dos Rosier (calma, é só uma força de expressão) em roupa para mim. Disse apenas que precisava de novo material escolar.


Não compareceste ao jantar? A tua mãe deve ter ficado delirante, imagino. Foi, portanto, mais um desperdício de um magnífico vestido. Suponho que desde a última vez que estive aí em casa a tua colecção tenha aumentado substancialmente. Achas que me podes dispensar alguns? Sabes como adoro aquele verde. E o preto com os brilhantes!


Então o meu primo apareceu por aí? Sabia que havia a possibilidade, mas não pensei realmente que a tia Narcissa fosse levar isso avante. E não consigo sequer imaginar as razões que levaram o teu pai a convidá-los. É realmente esquisito.


E, respondendo à tua pergunta sobre a relação da minha família com a minha boa índole, digo-te o mesmo que te disse naquele dia da festa do Slughorn: Merlin deu-me uma mãe com a mente completamente sã (fora aquela mania de não me deixar ir a Paris mais vezes por ano).


Oh Cissa, ainda não descobriste o que raio é isso? Nem quem te ajudou? Gostava de poder fazer algo para te tirar essa dor mas estou tão no escuro como tu. A única coisa que sabes é que não saíste da torre dos Slytherin e isso não reduz em nada os possíveis suspeitos.


Por Merlin, Narcissa Jones! Como é que não sabias que ele te amava? Era tão óbvio! A maneira como ele olhava para ti, como te tocava, como bebia as tuas palavras! Bem sei que és ligeiramente (!) distraída neste ponto, mas compreendo que ele tenha achado que tivesses andado a usá-lo. É que era tão evidente o que ele sentia por ti que só tu é que podias ter deixado isso passar ao lado. No entanto, eu pensei que talvez retribuísses a sua afeição. Agora percebo que a ligação que tens com ele é só por causa do vosso…historial. E sim, acredito que ele deveria ter deixado as declarações de amor para depois do acto. Ao menos terias tirado alguma coisa boa da noite.


Claro que volto para Londres a tempo do ano novo (e acredita que é só por ti que volto. Ambas sabemos que Londres não é o meu tipo de cidade). Aliás, depois de amanha já aí estou. O que achas de seguirmos logo para lá, para fugirmos um bocadinho mais cedo dos nossos progenitores?


Daph xx'


Cissa apressou-se a pegar num novo pergaminho e a responder à loira, sorrindo levemente.


'Daphne,


Força de expressão? Como se eu não te conhecesse, Daphne. Novo material escolar? Nunca tinhas usado essa.


Claro que não, já sabes que não suporto aquelas pessoas superficiais. Sim, de facto, aumentou ligeiramente. De qualquer modo, sabes que o verde tem um significado especial para mim. Quanto ao preto, é todo teu. Realmente não percebo porque me roubas os vestidos quando tens verbas mais do que suficientes para comprar o triplo da quantidade dos que estão no meu armário. Tenho a certeza que as lojas de Paris têm muito mais glamour que o meu closet.


Sabias que havia a possibilidade, Daphne? E não me avisaste? Ao menos teria tempo de me mentalizar que iria ter de olhar para a cara de enjoado dele.


Sim, continuo sem saber o que levou o meu pai a convidá-los. E também não sei o que é isto no meu pescoço ou a identidade do bom samaritano. Mas o ano novo aproxima-se. Será que se pedir isso como desejo, se realiza?


Incrível como todos me acusam com esse argumento: ' era impossível não saberes, estava na cara!' como se não me conhecessem! Sabes perfeitamente que eu não tenho um pingo de discernimento dessas coisas, Daph. Não sei, genuinamente, não sei quando estão a acontecer. Lamento por isso. Mas lamento mais agora por ser com Jack. Ele é muito importante, é um dos meus melhores amigos. Custa-me saber que lhe causei tamanha dor.


Essa é outra: aparentemente toda a gente pensava que eu também estava apaixonada por ele! É claro que não estava! Mesmo estando envolvida com ele (na medida em que andávamos…a escapar), tratei-o de maneira igual à de sempre. Com o Blaise passa-se a mesma coisa. Não percebo porque é que as pessoas também não pensam que estou apaixonada por ele. Mas ainda bem que admites que toda a parte lamechas deveria ter ficado para depois.


É amoroso da tua parte dizeres que voltas só por mim, mas ambas sabemos que não é totalmente verdade. Vais voltar por mim e pelos meus vestidos. E concordo totalmente com a tua sugestão de seguirmos directamente para lá. Estará algo à tua porta quando voltares.


Narcissa x'




Nos dias que precederam à chegada de Jack e Daphne à casa da costa, Narcissa, James e os irmãos tentaram deixar a habitação minimamente preparada para os alojar a todos. Os lençóis foram tirados de cima dos móveis, as camas feitas com roupa lavada, o pó limpo e o jardim completamente arranjado. Teria sido um trabalho exaustivo se não tivessem tido uma pequena ajudinha do Dom de Narcissa.


Portanto, agora, 3 dias depois, Claire e Narcissa sentaram-se no balcão da cozinha, bebendo sumos de abóbora, já que James e Tom tinham saído em busca de mantimentos. Lá fora, chovia copiosamente, deixando as cadeiras do jardim encharcadas e criando poças lamacentas por todo o lado.


- Que tempo horrível! – exclamou Claire, espreitando pela janela. – Não podes fazer nada? – Cissa riu.


- Não controlo o tempo, Claire. – Claire revirou os olhos.


- Eu sei, Narcissa. Estava a perguntar se não podias parar a chuva ou, pelo menos, abrandá-la. – continuou, sem tirar os olhos da paisagem.


- Não sei. Nunca tentei mexer com o tempo atmosférico. Mas ainda é cedo, Claire, pode clarear. – a irmã suspirou.


- Talvez. Bom, acho que vou mandar uma carta à Rachel. Os rapazes só chegam daqui a um par de horas e Daphne só vem perto da hora de jantar. – afirmou, saltando do balcão. – E tu?


- Eu?


- Sim, o que vais fazer? – Cissa encolheu os ombros.


- Ler. Não há muito para se fazer aqui, de facto. Devia ter pensado nisso. – Claire olhou-a com estranheza.


- O que é que se passa contigo, Cissa? Estás assim há uma semana.


- Assim como?


- Assim! Letárgica, nostálgica, distante. – Cissa só suspirou, nada disse. – O que aconteceu?


- Nada que não tenha solução. – 'Espero eu'. Claire aproximou-se da irmã e pegou-lhe na mão direita, encostando-se depois ao balcão, a seu lado.


' Share with me the blankets that your wrapped in
Because its cold outside cold outside, it's cold outside
Share with me the secrets that you kept in
Because its cold inside, it's cold inside


- Foi o Jack, não foi? – perguntou, depois de uma pequena pausa. Cissa olhou para ela, espantada. Claire sorriu fracamente. – Posso ser mais nova e pode até parecer que não ligo, mas eu tomo atenção ao que se passa à minha volta.


- Desculpa não te ter contado logo. – Claire encolheu os ombros.


And I know you may be scared
And I know we're unprepared
But I don't care'
(Vulnerable – Secondhand Serenade)


- Tudo bem, tens direito a ter segredos. – Fez uma pausa. – Mas vais contar, ou não? – Cissa riu com gosto e contou-lhe tudo o que acontecera, desde a discussão até à conversa com Tom.


- Até a mim me ofende que ele tenha pensado isso de ti. E, sinceramente, não concordo nada com o Tom.


- A sério? – a irmã anuiu. – Porquê?


- Porque não acho que se conseguisse ver esse amor todo a sair-te pelos poros. – comentou, fazendo a morena rir. – Mas talvez seja apenas por te conhecer bem. De qualquer forma, acho que, quando gostares mesmo de alguém, toda a gente vai perceber. Até os que não te conhecem tão bem quanto eu.


- Cada vez me espantas mais. Explica-me lá essa última parte.


- Não sei se te consigo explicar muito bem…Vamos lá ver…Tu és uma pessoa sociável. Dás-te bem com toda a gente e não tens inimigos. – Hesitou. – Não, não é por aqui.


- Onde é que queres chegar, exactamente?


- Tu tens um à vontade enorme com as pessoas, principalmente com os rapazes. Lidas com eles como se fossem raparigas, não os tratas como possíveis conquistas. És sempre atenciosa, simpática…E o mais interessante, é que os tratas a todos de maneira igual, sejam eles especiais para ti, como o Jack, ou não.


- Sim…e então?


- E então, se já és tudo isso com rapazes que, mesmo sendo, de certa forma, especiais para ti…imagina quando gostares mesmo de alguém. – Terminou Claire, encolhendo os ombros e saindo da cozinha.


Cissa percebeu finalmente ao que a irmã se referia. Nunca tinha realmente pensado no assunto. Sabia, obviamente, que nunca se apaixonara. ' Como será sentir isso por alguém? Será que aquela coisa das borboletas na barriga e das pernas bambas é realmente verdade?'. Sorriu com o pensamento. Estava a permitir-se ser ingénua, a baixar a guarda por um momento. Era mesmo muito agradável, sentir-se um pouco mais…leve. Como se o fardo já não fosse tão difícil de suportar.


Saindo também da cozinha, Cissa foi até à sala, parando em frente à estante, disposta a escolher um livro para se entreter. Para prolongar aquela 'leveza' que sentia, escolheu um pequeno livro de contos e sentou-se confortavelmente na poltrona, perdendo-se nas palavras.




 


- Finalmente chegaram! Pensava que já não vinham. – disse Claire, baixinho.


- Porque é que estás a sussurrar? – perguntou James, entrando em casa e despindo o casaco.


- A Cissa adormeceu na sala. Estava tão serena que não a quis acordar. Vê se fazes pouco barulho, Tom. – disse, enquanto também Tom entrava em casa e fechava a porta atrás de si, facto que não passou despercebido a Claire. – Onde é que está o Jack?


- Em Liverpool. A mãe pediu-lhe para passar o feriado com a família. – respondeu Tom, dirigindo-se à cozinha e pousando os sacos das compras.


- Feriado com a família? Idiota. – afirmou Claire, revirando os olhos. James deu um pequeno sorriso.


– Está um tempo horrível, não está? – comentou, mudando de assunto. Claire suspirou.


- Perguntei a Cissa se ela conseguia fazer alguma coisa em relação a isso. Disse que tentava, mais logo. – James olhou-a, chocado.


- Ela não pode nem tentar!


- O quê!


- Como assim? – perguntou Tom.


'Tell me, tell me
What makes you think that you are invincible?
I can see it in your eyes that you're so sure
Please don't tell me that I'm the only one that's vulnerable
Impossible


- De acordo com o que nos ensinaram, o facto de eu e a Narcissa termos Dons que nos tornam mais poderosos do que o resto dos feiticeiros, não significa que possamos fazer coisas como, sei lá, tomar Gringotts de assalto! Há excepções: coisas que não podemos sequer tentar modificar, adulterar, destruir, usando os Dons, e coisas que queremos alterar mas simplesmente não conseguimos. Entre muitas coisas, o clima é uma delas.


- Porquê?


Slow down, girl, you're not going anywhere
Just wait around and see
Maybe I am much more you never know what lies ahead'
(Vulnerable – Secondhand Serenade)


- Pensa um bocadinho, Tom. A energia que seria necessária para… – olhou pela janela. – …parar este dilúvio seria brutal. - suspirou. – Cissa conseguiria, claro, e tal como qualquer um de nós, invocar algo ou criar um escudo que nos protegesse da chuva, e provavelmente seria bastante mais eficaz e duradouro do que o que quer que fosse que nós fizéssemos. Mas alterar efectivamente o clima...Enfim, acho que já percebeste.


- Não sabia que havia tantas limitações. – disse Claire, após um longo silêncio.


- Pois, eu sei que parece ser fantástico, mas no final…Agora que penso nisso, isto que eu e Narcissa temos é muito parecido com os impostos. – Tom e Claire riram.


- O que é que estás para aí a dizer?


- É como quando se recebe o salário ao fim do mês: mesmo que diga 100 galeões no pergaminho, tens de descontar 10 para o Gringotts, outros 10 para o Ministério, e quando dás conta, dos 100 galeões que deverias ganhar, já só tens 80. – explicou, fazendo uma pequena pausa em seguida. - É mais ou menos isso que se passa comigo e com Narcissa: temos os Dons, que nos dão qualidades extra, e para quem está de fora é tudo muito fácil. Mas a verdade é que estamos limitados, não conseguimos nem podemos fazer uma data de coisas. – rematou, com um sorriso, que se tornou muito mais largo assim que viu Narcissa encostada à ombreira da porta, sorrindo-lhe de volta.


- Acho que é uma excelente analogia, James. – disse, avançando para o primo e beijando-o na bochecha, seguindo depois para o irmão, que perguntou:


- Acordámos-te?


- Sim, mas não te preocupes. Já devia estar a dormir há horas, já estava na hora de acordar. E parece que o fiz no momento certo, porque agora que chegaste, já podes começar a fazer o jantar. – disse, alegre. – Além disso, a Daphne deve estar mesmo a chegar.


E dito isto, ouviu-se um ruidoso 'splash' vindo do jardim. James olhou rapidamente pela janela e, depois de um pequeno esgar de choque, começou a gargalhar.


- O que foi, James? – perguntou Claire, tentando também espreitar lá para fora.


- De que tanto te ris? – questionou Tom.


- Família, este vai ser um ano novo muito interessante. – conseguiu dizer James, entre gargalhadas.


- O que te leva a dizer isso? – perguntou Cissa. James olhou-a num misto de pena e divertimento, mas não respondeu. Permitindo-se quebrar a regra de não ler os pensamentos àqueles que mais respeitava, Cissa entrou na mente do primo.


- O MALFOY!






N/A: Se ele aparecesse na minha passagem de ano é que era *.*


Love,
~Nalamin


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