Declaração



Dia 14 de fevereiro é o dia em que várias partes do mundo, inclusive na Inglaterra, se comemora o dia do namorados. Todos parecem mais felizes andando pelas ruas e o ar está mais romântico.


Harry estava sentado na mesa da cozinha tomando uma xícara de chá de pensando na vida. Foi quando uma coruja entrou pela janela e pousou em cima da mesa, bem na sua frente. Reconheceu, imediatamente, como Henri, a coruja que ele mesmo deu a Alvo quando o filho recebeu a carta de Hogwarts.


 


Pai,


Só estou mandando essa carta para dizer que está tudo bem aqui comigo em Hogwarts. E com os meus irmãos também está tudo certo, eles mandaram uma carta para mamãe há algumas semanas e devem mandar uma para você em breve.


O único problema foi que todos os professores resolveram passar revisão para os N.O.M's depois que voltamos das férias. O resultado é que a Rose passa todo o tempo livre enterrada nos livros e só tem tempo para mim quando me arrasta junto com ela para a biblioteca.


Por sorte, hoje é dia dos namorados e também vamos ter um dia de visitas a Hogsmead e eu já planejei uma grande surpresa. Iremos dar uma volta, depois almoçar em um restaurante novo que abriu lá perto da dedosdemel e, por fim vou dar colar de presente para ela. Quem sabe eu consigo convencê-la a dormir um pouco mais tarde a gente ficar juntos no salão comunal.


E por falar em dia dos namorados. Acho que hoje é o dia perfeito para você resolver aquele problema que estava me contando quando estávamos jogando quadribol. Pelo menos tente, eu te desejo toda a sorte do mundo.


Um abraço,


Alvo,.


 


 


O homem não pode deixar de sorrir a ler a carta do filho. Ainda se lembrava de conversa que teve com ele alguns dias antes do garoto voltar para Hogwarts.


 


*Flash Back*


Harry aparatou na rua em que ficava a casa de sua ex-esposa, estava com sua Firebolt debaixo do braço. Tinha ido buscar os três filhos para jogarem um pouco de quadribol, queria passar um tempo com eles antes que voltasse a Hogwarts no final da semana.


No momento em que tocou a campainha, ouviu passos vindo em direção a porta e logo alguém a abriu Era Victor Krum.


- Olá Harry! - deu um tapa nas costas dele – Como é que você está cara?


- Estou bem! - respondeu – Mas, aonde estão os meus filhos? Quero chegar cedo ao parque para podermos jogar durante um bom tempo.


Nesse momento, Gina passou em frente a porta e ficou totalmente surpresa ao ver o moreno parado bem ali.


- Harry! - aproximou-se dele e deu um beijo rápido em seu rosto – Não esperava vê-lo aqui hoje.


- Eu vim buscar as crianças! - deu de ombros – Combinei com eles depois do natal que os levaria para jogar quadribol.


- Claro! - concordou com a cabeça – É melhor você entrar.


- Não me diga que eles ainda não estou prontos? - suspirou pesadamente enquanto se sentava no sofá – Tudo bem, eu espero.


- Pai! - Alvo estava no alto da escada, então desceu correndo para ir abraçar o homem – Eu já estou pronto, podemos ir.


- O James mandou te pedir desculpas – explicou – Mas ele está lá na casa do tio Jorge. Disse que ele e o Fred tinham algumas coisas para resolver.


- Provavelmente estão aramando alguma pegadinha para fazer na escola – a mulher reclamou revirando os olhos – Mas eu não pude fazer nada, quando fui ver, a Angelina já estava aqui para buscá-lo.


- E a Lily está com uma gripe mágica – o garoto continuou, e nesse momento começou a rir – Você tinha que ver pai, metade das coisas do quarto dela estão voando


- E quando fui verificar a temperatura, ela estava com um pouco de febre – Gina explicou – Só espero que ela esteja bem até o dia de embarcarem de volta a escola. Ou então vai precisar ficar mais uns dias em casa.


- Então vamos embora Al, parece que vamos ser nós dois – falou – Vou ver como a Lilian está quando vir te trazer.


- Então eu vou buscar a minha vassoura – ele subiu as escadas em direção ao seu quarto e voltou logo em seguida.


Eles foram para o parque bruxo que ficava na saída da cidade. Várias famílias já estavam no local, algumas faziam piquenique e outras jogavam quadribol no gramado.


- Eu tinha chamado o Hugo para vir conosco, já que ele adora jogar quadribol – Harry comentou – Mas ele disse que eu iria gostar mais de passar o dia somente com os meus filhos.


- Seria legal se ele tivesse vindo conosco! - o garoto comentou – Aliais, a tia Mione, a Rose e a Mel poderiam ter vindo também.


- Sei muito bem por que você queria que a Rose tivesse vindo – deu um sorriso maroto e bagunçou cabelo do filho – Eu te conheço muito bem.


- Tudo bem! - revirou os olhos – Mas você não pode me culpar por querer passar um tempo a mais com a minha namorada.


- E faz muito bem! - concordou – Não tem coisa melhor do que namorar, passar um tempo com quem a gente gosta.


- Mas vamos parar com esse papo e vamos jogar! - continuou – Eu vou acabar com você no quadribol.


- Você fala demais, Alvo Severo – respondeu – Quero ver se você também joga da mesma maneira.


Ele deu um impulso para voar. Sua vassoura era a Nimbus 5000, a mais rápida dos últimos 50 anos, que ele ganhou de seus pais por ter entrado no time de quadribol quando estava na terceira série.


- Você vai ficar mesmo ai parado? - perguntou para o pai, que ainda estava no chão – Pensei que quisesse jogar quadribol.


Harry disse alguma coisa inaudível antes de montar na vassoura e se juntar ao filho.


Os dois ficaram jogando quadribol por mais uma hora. Pareciam que estavam se divertindo muito.


- Vamos parar de jogar um pouco! - Alvo pediu – Já estou ficando um pouco cansado.


- Logo se vê que você não joga quadribol há muito tempo! - zombou – Poderia ficar aqui por mais cinco horas.


- Eu estou falando sério! - revirou os olhos.


- Tudo bem! - deu um sorriso maroto – Vamos comprar um pouco de água na lanchonete.


Então eles desceram e foram caminhando em direção a lanchonete que ficava do outro lado do parque. Foi nesse momento que uma goles atingiu a cabeça de Harry.


- Ai! - reclamou enquanto pegava a bola em suas mãos – De onde veio isso.


- Eu sinto muito! - uma mulher, que não devia ter mais que vinte anos, correu em direção a eles – Eu estava brincando com o meu irmão e joguei com um pouco mais de força.


- Tudo bem! - respondeu – Acredite, já fui atingido de maneiras muito piores – devolveu o objeto, mas ela apenas ficou parada ni mesmo lugar.


- Oh meu Merlim! - disse, depois de algum tempo – Você é Harry Potter!


- É, eu sei! - balançou a cabeça afirmativamente – Sou ele desde que eu nasci, eu acho.


- Desde pequena meus pais me contam como você destruiu aquele-que-não-deve ser nomeado, foi mesmo incrível – parece bastante empolgada – É uma pena que não tenha um papel para pedir um autógrafo.


- É mesmo uma pena – estendeu uma mão para ela – Mas foi um prazer conhecê-la.


- Para mim também! - ela quase não acreditou que estava apertando a mão de Harry Potter – E eu sou Annie Jordins!


- Um belo o nome o seu – comentou – Ah sim! - esse daqui é o meu filho, Alvo – indicou o garoto ao seu lado.


- Olá Alvo! - o cumprimentou também – Bom, não vou mais atrapalhar vocês, já estou indo.


- Tchau! - disseram ao mesmo tempo.


Compram duas garrafas de água e sentaram-se em uma das mesas do local para poderem bebê-las e ficarem conversando.


- Sabe, até que ela é uma gata – o garota comentou, de repente – Você poderia chamá-la para sair, ela já é sua fã mesmo


- Ela muito velha para mim! - explicou.


- Mas ainda acho que você deveria namorar novamente – continuou – Acabou mesmo de dizer que namorar era muito bom.


- E é mesmo! - reafirmou – Mas eu não vou namorar uma garota que tem idade para ser minha filha.


- Sabe pai! - colocou as mãos no ombro dele – Se eu não te conhecesse, diria que está apaixonado.


O homem não disse nada sobre isso, foi resposta o suficiente.


- Quer dizer que você está mesmo apaixonado! - ficou bastante empolgado – E quem é a felizarda? Eu conheço?


- Conhece! - disse, mas não conseguiu mais encarar o filho nesse momento – É a sua tia Mione.


- A tia Mione! - gritou mais alto do que tinha planejado, fazendo com que várias pessoas os olhassem – Eu devia ter desconfiado, afinal, vocês dois tem passado tanto tempo juntos.


- Pensei que, entre meus três filhos, você fosse o que mais fosse reclamar – admitiu – Poderia não gostar de eu ter alguma coisa com a mãe da sua namorada.


- É claro que eu não achei ruim! - garantiu – Não me importo de você e a tia Mione estarem namorando, o importante é estarem felizes.


- Na verdade, nós dois não estamos namorando – explicou – Ela nem sabe que eu estou apaixonado por ela.


- Pois acho que você deveria falar com ela – sugeriu.


- Não acredito que estou tendo essa conversa com o meu filho – revirou os olhos – Estou até parecendo um adolescente.


Os dois continuaram a conversar. Depois foram jogar mais um pouco de quadribol antes de ir embora.


*Fim do Flash Back*


 


Já tinha se passado mais de um mês desde que tinha tido essa conversa com Alvo e ainda não tinha tomado uma atitude. Talvez esse fosse mesmo um dia perfeito para falar com a amiga sobre os seus sentimentos.


Foi nesse momento que Hermione entrou no local. Ela estava falando com alguém no telefone.


- Vai ser mesmo ótimo senhora Weasley, vai ser bom para que eu descanse um pouco – deu um sorriso para o moreno – Está bem, até daqui a pouco.


- O que a senhora Weasley queria? - ele quis saber assim que morena desligou o telefone.


- Perguntou se eu poderia deixar a Mel na Toca hoje! - disse – Eu falei que tudo bem, afinal, ela quase não passa tempo com a neta.


- Isso é verdade! - concordou – Se você quiser, eu posso levá-la para você!


- Seria mesmo ótimo! - admitiu – Mas não posso te pedir uma coisa dessas. Seria abusar muito da sua boa vontade.


- É claro que não Mione! - respondeu – Toma o seu café da manhã tranqüila enquanto eu vou até a Toca e já volta.


- Obrigada mesmo Harry! - deu um pequeno sorriso – Será que você pode arrumar a malinha dela? Coloca algumas roupas para frio também, a gente não sabe como vai ficar o tempo de noite, não quero que ela pegue uma gripe.


- Certo! - concordou enquanto saia da cozinha.


Fez tudo que Hermione pediu e ainda colocou um vestido rosa em Melanie. Ela estava muito feliz por que iria sair de casa.


- Então Mel! - pegou a menina no colo – Nós vamos para a casa da vovó Weasley, você quer ir para a casa dela?


- Sim! - ela bateu palminhas – Vovó!


Chegou a cozinha aonde a morena continuava a tomar seu café da manhã.


- Já estou indo levar a Mel! - avisou para ela – Não devo demorar mais do que meia hora.


- Está bem! - concordou com a cabeça – Mande um alô para a senhora Weasley por mim.


A senhora Weasley, sempre muito simpática, perguntou se Harry queria entrar um pouco e comer um pedaço de bolo que ela fez, mas o moreno negou. Queria passar a maior parte daquele dia com a amiga, iria seguir os conselhos de Alvo.


A sala estava vazia no momento em que ele entrou em casa. Foi até a cozinha e viu que a morena também não estava lá.


- Mione? - foi falando enquanto subia as escadas – Mione, você está em casa?


No momento em que passou pela porta do quarto, ela saiu de dentro do banheiro ainda enrolada na toalha.


- Harry! - ela gritou assim que viu o homem a sua frente, podia sentir as suas bochechas esquentarem de vergonha – Pensei que você ainda fosse demorar, então resolvi tomar banho.


- Não tem problema Mione! - virou de costas imediatamente, seu rosto também estava vermelho – Estou te esperando lá embaixo.


Sentou-se no sofá e suspirou pesadamente. Cerca de cinco minutos depois, Hermione apareceu, agora completamente vestida.


- Eu sinto muito Mione! -apressou-se em dizer – Eu, realmente, não tinha a intenção de te ver de toalha, foi um acidente.


- Tudo bem Harry! - deu um sorriso sem graça – Estamos morando juntos, esse tipo de coisa podia acabar acontecendo.


- Eu aluguei um filme para assistirmos! - avisou mostrando a sacola que estava em cima da mesa de centro – É uma comédia romântica. Como hoje é dia dos namorados, pensei que tinha tudo a ver.


- Foi mesmo uma ótima idéia! - concordou com a cabeça – Vamos assistir então.


Ela fez uma pipoca enquanto ele foi ligar o DVD. O filme era bem divertido e eles deram boas gargalhadas com a história.


Na hora do almoço resolveram pedir comida em um restaurante, pois estavam com preguiça de cozinhar. Depois, decidiram passar a tarde na sala apenas ouvindo um pouco de música.


- Sabe de uma coisa, Harry! - a morena começou a falar, ela estava com a cabeça deita no colo do amigo – Esse está sendo o dia dos namorados mais divertido da minha vida.


- Aposto que você está me dizendo sido somente para me deixar feliz – O Rony já deve ter feito muitas surpresas para você. Principalmente quando estavam namorando.


- Na verdade não! O Rony nunca foi do tipo criativo - suspirou pesadamente – A coisa mais surpreendente que ele me fez foi irmos a um parque de diversões quando eu estava grávida da Rose. No restante dos anos era sempre a mesma coisa: ou íamos jantar fora ou íamos ao cinema.


- Na verdade, eu tenho que confessar que nunca fui muito criativo – admitiu – Nunca fui muito bom quando o assunto é romance.


- Mas sabe! - ela resolveu mudar de assunto – Eu estava pensando no tema do filme.


- Foi meio clichê ! - ele fez uma careta – Como em qualquer comédia romântica.


- O homem e a mulher se conhecem a anos e sempre foram melhores amigos, de uma hora para outra percebem que estão apaixonados um pelo outro – falou – Acha que isso pode acontecer na vida real.


- Acho que sim! - respondeu, rapidamente – Sei disso por experiência próprio.


- Experiencia própria – ela não pode deixar de rir com o comentário do amigo – E isso, por acaso, já aconteceu com você.


- Na verdade está acontecendo agora – admitiu – Eu te amo, Hermione!


A morena se levantou e ficou, apenas encarando o homem na sua frente sem conseguir dizer uma palavra sequer.


- Na verdade, acho que eu te amei desde a primeira vez em que te vi no expresso Hogwarts – continuou – Mas fui um completo idiota e só percebi mesmo depois que você me ajudou naquele encontro com a Cho. Estava perdendo o meu tempo com uma garota que eu mal conhecia, quando tinha uma pessoa maravilhosa bem ao meu lado.


- Desde o nosso quinto ano? - ela, finalmente, conseguiu falar – E por que foi que você não me falou nada.


- Você estava me ajudando com outra, então era óbvio que não iria querer nada comigo – deu um sorriso sem graça – Além disso, eu sabia que o Rony também era apaixonado por você.


Esperou que a amiga falasse alguma coisa, mas como ela não disse nada , decidiu continuar.


- Quando eu percebi que você também amava o Rony, foi o dia mais trite da minha vida, mas eu não tinha mais nada fazer – ficou encarando as próprias mãos nesse momento – Foi quando eu decidi me permitir gostar da Gina, pois eu sempre soube que ela era apaixonada por mim.


- Então foi por isso que você demorou tanto para aceitar se o nosso padrinho de casamento? - quis saber.


- Eu sofri muito vendo vocês dois juntos e um casamento significaria o fim, mas era inevitável – suspirou pesadamente – E um dos motivos de eu não ter conseguido ficar casado com Gina foi que eu não conseguia te tirar da minha cabeça, mesmo estando com ela.


Ela deu um sorriso triste e deu de ombros.


- Mas eu só quero que você saiba que eu nunca desejei que nada de mal acontecesse com o Rony. Ele era o meu melhor amigo e eu também sofri muito com a morte dele – explicou – Sei que poso estar sendo um canalha e desonrando a memória dele, mas eu não tenho mais nada a perder.


- Eu nunca pensaria uma coisa dessas! - respondeu.


- Você não vai falar mais nada? - quis saber – Eu estou aqui abrindo o meu coração para você.


- Não tenho palavras para descrever – começou – Eu tive uma queda por você quando era mais nova, mas achei que nosso amor era impossível e que sempre seriamos amigos. Foi quando eu decidi dar uma chance ao Rony no meu coração.


Harry permaneceu em silêncio, em sinal de que queria continuar ouvindo.


- E Rony foi um namorado e um marido maravilhoso para mim e a perda dele ainda dói muito em mim – completou – Será que você pode me dar um tempo? Para absorver tudo isso, não sei se já estou pronta para o amor novamente.


- Tudo bem! - respondeu – Eu já esperei mais de vinte anos, posso esperar mais algum tempo.


- Obrigada! - deu um beijo na bochecha dele – Acho que eu já vou dormir – levantou do sofá e foi em direção as escadas.


- Espera Mione! - a chamou, fazendo com que parecesse – Sobre eu ter te dado todo o apoio nesses últimos meses e te ajudado a criar a sua filha. Eu teria feito mesmo se não fosse apaixonado por você.


- Sei disso! - sorriu – Você é mesmo um ótimo amigo.


Hermione trocou de roupa e se jogou na cama, ainda não tinha acontecido, seu melhor amigo tinha acabado de se declarar. Por mais que achasse que Harry seria um namorado maravilhoso, sua cabeça não parava de dizer que estaria traindo Rony de alguma forma se desse uma chance ao moreno.


Continuou pensando nisso até que, finalmente, conseguiu cair na inconsciência.


A morena estava andando por um lugar com um céu azul, árvores e flores; também tinham borboletas e passarinhos voando por todos os cantos. Percebeu que usava um vestido branco e não usava nenhum tipo de calçado, por isso sentia a grama molhada embaixo dos seus pés.


- Olá! - chamou – Tem alguém ai?


Mas ninguém respondeu ou apareceu perto dela. Estava completamente sozinha nesse lugar desconhecido.


- Mione! - ouviu uma voz conhecida bem atrás de si.


Foi então que encontrou seu falecido marido bem na sua frente. Ele estava, exatamente como da última vez que o viu. Vestia uma blusa e uma calça brancas, parecia a cor obrigatória desse lugar.


- Rony! - o começou a passar a mão pelo rosto do homem, querendo mesmo acreditar que ele estava nem ali – É você mesmo?


- Sim, meu amor! - balançou a cabeça afirmativamente – Estou bem aqui com você.


Então ela deu um tapa no rosto do ruivo. Foi com tanta a força que o barulho deve ter sido ouvido há milhares de quilômetros.


- Ai! - passou a mão na região atingida – Essa doeu, Mi.


- E era mesmo para doer! - respondeu, estava bastante brava – Isso foi por tudo que me faz passar desde que você se foi. Tem idéia como as coisas estão sendo difíceis para mim e as crianças.


- Eu sinto muito, mas a gente não escolhe a hora de ir embora – colocou a mão no ombro da mulher – Se não, é claro que eu teria escolhido ficar com vocês e ter visto o nosso bebê nascer.


- A Mel! - concordou com a cabeça – Você tinha que vê-la, ela é maravilhosa.


- Eu sei! - continuou – Eu estou observando todos vocês de onde estou, acha mesmo que eu iria deixá-la desamparada? Se bem que, o Harry está cuidando muito bem de vocês, da maneira que eu tinha pedido para ele fazer.


- O Harry é mesmo um ótimo amigo! - deu um sorriso sem graça – Não sei o que eu faria sem ele.


- Acho que eu não poderia pensar em um substituto melhor para mim que o Harry! - passou a mão pelos cabelos cacheados da morena.


Hermione entendeu o duplo sentido dessa frase e não pode deixar de sentir o seu rosto esquentando. Ficou encarando os próprios pés sujos de terra, sem conseguir dizer mais nada.


- É, parece que temos muito o que conversar! - segurou o queixo dela delicadamente fazendo com que o olhasse Venha, vamos nos sentar um pouco.


Ela ia dizer que não tinha nenhum banco, mas foi nesse momento que um surgiu bem na frente deles. Rony a ajudou a se sentar e, em seguida, foi para o lado dela.


- Aqui é o céu? - a mulher decidiu perguntar.


- Na verdade, não! - explicou, calmamente – Digamos que é um lugar em que as pessoas podem vir durante o sono para conversarem.


- Todos vem aqui durante o sono? - voltou a observar todos os lugares – Acho que nunca estive aqui!


- Já esteve sim! - garantiu – Acontece que você não se lembra disso.


- E sobre o que você quer conversar? - ela decidiu mudar de assunto.


- Acho que você sabe muito bem o que é! - deu de ombros – Sobre você e o Harry! Percebi que você anda um pouco confusa.


- Está tão na cara assim? - olhou desconfiada para ele.


- Eu te conheço muito bem, Mione! - lembrou – O que acha de me contar exatamente tudo que está acontecendo.


- O Harry se declarou para mim hoje – explicou, embora fosse obvio que ele soubesse o que estava acontecendo.


- E o que foi que você sentiu quando ele te falou isso? - colocou a mão no queixo e a observou esperando que falasse alguma coisa.


- Acredite em mim, é muito bom para uma mulher ouvir isso depois dos quarenta, ainda mais depois de ter três filhos – deu um sorriso sem graça – Acho que se eu tivesse seguido os meus impulsos, teria agarrado ele naquela mesma hora.


O ruivo não pode deixar de rir, mas depois de ver a cara preocupada da esposa, parou na mesma hora.


- Você pensa demais Mione! - observou – Deveria ter deixado o seu lado racional de lado e feito o que estava com vontade.


- Não é tão simples assim, Rony! - suspirou pesadamente – E você sabe muito bem disso.


- Não estou vendo nada de complicado! - deu de ombros – Ainda não entendo o que está te impedindo de acordar agora mesmo e ir agarrar o Harry.


- Você! - o rosto dela ficou vermelho com o que ele acabou de falar – Você ainda é meu marido.


- Caso você ainda não tenha percebido, eu estou morto! - apontou para si mesmo.


- É claro que eu sei disso! - revirou os olhos – Mas também estou aqui falando com você, então deve querer dizer alguma coisa.


- Eu estou aqui somente para te aconselhar! - explicou – Aconselhar sobre o que você tem que fazer em relação ao Harry.


- Ele é o nosso melhor amigo Rony! - lembrou – Não seria certo ter alguma coisa com ele agora.


Rony apenas segurou a mão da mulher e deu um beijo na ponta dos dedos dela, mas não a soltou em seguida.


- Todos sempre diziam que nós dois formávamos um casal simplesmente perfeito, mas eu não achava, pensava que você combinava mais com o Harry – falou – Por que você acha que eu sempre senti ciumes quando estava sozinha com ele? Por que eu tive a visão de vocês dois se beijando na noite em que destruí o medalhão? Mas, pelo que eu ouvi hoje, parece que eu tinha motivo.


A morena abriu a boca para falar alguma coisa, mas ele a silenciou colocando os dedos sob seus lábios.


- Eu te amo, Mione, e você foi a minha vida, mas eu fui somente um capítulo da sua – continuou – Você deve e merece se apaixonar novamente.


- Eu acho que já ouvi essa frase em algum lugar! - colocou a mão no queixo pensativo.


- Deve ter sido a sua consciência falando! - comentou – Da para ver que você e o Harry estão apaixonados um pelo outro. E eu também ficou mais tranqüilo sabendo que ele vai estar cuidando de você e das crianças.


Então, ela abraçou o homem a sua frente com bastante força e ficou assim por longos segundos.


- Muito obrigada, Ron, por tudo – disse – Não sabe o quanto eu estou feliz por vê-lo, nem que seja somente no meu sonho.


- Agora está na hora de você acordar e seguir o meu conselho – avisou – E eu já estou atrasado para aparecer em outro sonho.


Ela olhou confusa para o homem que, apenas começou a rir novamente.


- Eu estou brincando Mione! - explicou – Mas, eu já apareci, algumas vezes, no sonhos da Rose e do Hugo. E quando a Mel ficar um pouco mais velha, vou aparecer nos sonhos dela também.


- Então quer dizer que você vai aparecer aqui no meu sonho de novo? - perguntou parecendo bastante esperançosa.


- Na verdade não – respondeu – Só posso aparecer quando tem alguém precisando de mim.


- Então será que você pode me dar um beijo? - pediu – Somente uma despedida. Nós não tivemos um beijo de despedida.


- Claro! - respondeu enquanto se aproximando dela.


A morena fechou os olhos antes de sentir os lábios do marido sob os seus, foi apenas um toque bem rápido. Quando olhou novamente, ele já tinha ido embora.


- Rony! - gritou no momento em que despertou.


Ela se sentou na cama e esperou até que sua respiração voltasse ao normal. Depois pegou a foto em que estavam ela e Rony em uma viagem de segunda lua de mel, há cerca de cinco anos.


- Rony! - ficou passando o polegar no “rosto” do marido – Não sei se foi mesmo real ou só um sonho, mas agora eu sei exatamente o que fazer.


Hermione se levantou, decidiu ir até a cozinha tomar um copo d'água antes de voltar a dormir. Quando chegou ao local, encontrou o moreno parado de costas para ela, de frente para o fogão.


- Harry! - o chamou, fazendo com que ele se virasse, ligeiramente assustado, o que fez com que ele derrubasse uma xícara – Desculpe, eu não imaginei que iria te encontrar aqui, a essa hora.


- Reparo! - acenou a varinha fazendo com que o objeto se reconstruísse imediatamente – Eu não estava conseguindo dormir, então vim preparar um pouco de leite quente para mim.


- Entendo! - ela se sentou em uma das cadeiras vazias do local – Eu também acabei perdendo o sono.


- Quer que eu prepare uma xícara de leite quente para você também? - sugeriu dando de ombros.


- Claro! - concordou antes de dar um sorriso – Muito obrigada, Harry!


Ele preparou duas xícaras contendo leite fumegante e entregou um para a mulher, depois se sentou em frente e ela.


- Sabe Harry! - começou a falar depois de beber um gole da sua bebida – Eu tive um sonho com o Rony.


- Dizem que se tem sonhos com alguém que morreu quando você tem assuntos a resolver com essa pessoa – comentou.


- Foi um sonho engraçado! - continuou como se o outro não tivesse falado nada – Como se ele tivesse vindo falar comigo.


- E vocês conversaram durante esse sonho? - ela balançou a cabeça afirmativamente em resposta – E sobre o que foi que vocês “conversaram”?


- Como eu disse antes, foi um sonho estranho – deu de ombros – Era como se ele tivesse me “liberando” para ficar com você.


- Oh! entendo! - foi tudo que ele conseguiu dizer – Você deve ter sonhado isso por causa da conversa que tivemos mais cedo.


- Acho que não foi, exatamente, por isso – disse, calmamente – Mas também por que era isso que eu queria ouvir.


- Os dois ficaram se se encarando por alguns minutos sem dizer absolutamente nada.


- E depois desse sonho! - continuou – Eu percebi uma coisa.


- E o que foi? - agora Harry tinha ficado totalmente interessado naquela conversa – O que foi que você percebeu?


- Que eu não preciso mais de um tempo para pensar! - explicou – E também que eu não devo mais ficar fugindo do óbvio. Nós dois devemos ficar juntos.


A morena se levantou e foi até onde Harry estava e o beijou. Então ele e a puxou para mais perto, fazendo com que se sentasse em seu colo e aprofundou um contato. Quando, finalmente, se separaram, por que o ar estava faltando, permaneceram com as testas grudadas.


- Acho que todo esse tempo que passamos juntos e você estar me ajudando a cuidar da minha filha fizeram com que os velhos sentimentos voltassem – ela falou calmamente, sua respiração ainda estava ofegante – Eu te amo, Harry.


- Também te amo, Mione! - completou – Você nem tem idéia do quanto.


Eles se levantaram, então voltaram a unir os seus lábios. O homem segurou Hermione no colo e foi caminhando até fazer com que ela se sentasse na mesa, foi nesse momento que começou a beijar o seu pescoço.


- O que acha de irmos para um lugar mais confortável? - ela sugeriu – Quem sabe, lá para cima?


- Para o seu quarto ou para o meu? - perguntou sem retirar o sorriso divertido dos lábios.


- Para o meu! - disse logo em seguida – Tenho certeza de que vai ser muito mais confortável que o quarto de hóspedes.


- Tem certeza disso? - o moreno se afastou um pouco, parecia incerto – Quero dizer, esse era o seu quarto com o Rony. Não acho que seja certo nós dois...


- Já se esqueceu que o Rony está nos apoiando agora – lembrou antes de soltar uma pequena gargalhada – Tenho certeza de que ele não vai se importar com isso.


- Então nesse caso! - segurou a mão dela para ajudá-la a descer da mesa – O que estamos esperando?


Subiram, imediatamente, para o quarto, que ficava no final do corredor no segundo andar. Voltaram a se beijar e a morena encostou as costas na porta, fazendo com que fachasse, sem nunca quebrar o contato, passou a chave.


- Por que você trancou a porta? - Harry se afastou somente para olhá-la com um sorriso divertido nos lábios – Estamos sozinhos em casa.


- Eu sei disso! - deu de ombros – Acho que já é mania. Você sabe como é quando se tem filhos pequenos em casa.


- Você tem razão! - concordou – Mas agora você não precisa se preocupar. Vamos somente aproveitar.


Eles foram caminhando em direção a cama e caíram sob o colchão fofo. As roupas foram, rapidamente saindo dos seus corpos e indo para o chão. Logo, eles estavam, completamente nus.


Harry começou a descer os beijos pelo pescoço , ombro e colo da mulher. Foi passando pelo vale entre os seios e descendo pela barriga e ficou contornando o umbigo com a ponta da língua. Fez o caminho inverso para encontrar, novamente os seus lábios.


- Sabia que você é linda? - perguntou quando se separam, mais uma vez, em busca de ar.


- Para com um isso! - tapou o rosto com as duas mãos – Eu sempre fiquei sem graça quando me elogiam e acho que sempre vou ficar.


- Não sei por que isso, Mione! - deu um beijo no ombro dela – Você é maravilhosa, acredite em mim.


Apesar de Hermione estar com quase 43 anos, ainda está com o mesmo corpo de quando se casou e também de quando não tinha nenhum filho. Por isso, sempre recebia muitos elogios na rua.


- Harry! - ela se lembrou de repente – Você, por acaso, tem alguma camisinha ai com você?


- Não! - respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – Nas atuais circunstancias não tinha necessidade.


- Então acho que temos um problema! - continuou – Eu não tomo poção desde que eu e Rony decidimos ter mais um bebê.


Harry soltou um suspiro alto antes de se deitar ao lado da morena, estava visivelmente decepcionado, iria comprar um caixa de camisinhas assim que amanhecessem. Foi então que a mulher ficou por cima dele e voltou a beijá-lo, pegando-o totalmente de surpresa.


- Parece que vamos ter que arriscar – falou, por fim – Até por que, eu não me importo em ter um outro bebê, desde que seja com você.


Inverteu as posições ficando por cima de Hermione antes de penetrá-la. Começou os movimentos lentamente e depois foi acelerando.


- Mione! - olhou para ela e viu que seus olhos fechados – Você está bem? Eu não te machuquei, não é mesmo?


- É claro que não! - garantiu – Eu estou muito bem.


Ela afundou as unhas nas costas dele, que nem se importou com a dor, apenas aumentou, ainda mais o ritmo. Tudo que se podia ouvir no quarto eram os seus gemidos misturados com suas respirações ofegantes.


Chegaram ao ápice juntos, ainda ficaram algum tempo apenas sentindo o corpo um do outro antes de deitarem, cada um, de um lado da cama.


- Uau! - a morena disse depois de alguns minutos em silêncio.


- É só isso que você tem a dizer? - fingiu-se de ofendido – Depois de tudo isso, você tem a dizer “Uau”!


- Espera mais alguns minutos! - pediu – Quem sabe eu consiga formular uma frase completa.


- Eu só fiquei com medo de você não ter gostado – deu de ombros – Não quero te decepcionar.


- Não se preocupe quanto a isso, meu bem! - sorriu e deu um selinho nele, ao mesmo tempo que bagunçou o seu cabelo – Foi maravilhoso!


- Tem certeza disso? - quis saber – Afinal, você já está há mais de um ano na “seca” e isso mexe com qualquer mulher.


- Que coisa horrível de se falar, Harry Potter! - deu um tapa no braço dele e fingiu-se de brava – Vou fingir que não ouvi isso.


- Mas eu estou falando sério! - explicou – Não acho que tenha uma maneira mais “simpática” de falar isso.


- Se você quer mesmo saber! - foi chegando mais perto, até que pudesse apenas sussurrar – Em todos esses anos que estive com o Rony, nunca me senti dessa maneira como me senti hoje de noite.


Colocou a mão atrás da nuca dela fazendo com que diminuíssem a distancia entre eles e se beijaram.


- Eu te amo, Mione! - falou – Você não tem idéia do quanto.


- Eu também te amo! - ela completou.


- Acho melhor irmos dormir! - avisou – Tenho certeza de que você vai quer estar bem para o almoço na Toca amanhã.


- Almoço na Toca amanhã? - ficou totalmente surpresa – Eu não estava sabendo desse almoço.


- Quando fui deixar a Mel lá, hoje de manhã, a senhora Weasley disse que faz questão da nossa presença lá – explicou – Acho que esqueci de te contar sobre isso.


- Então está bem, vamos dormir! - concordou – Acho que estou mesmo cansada, também, depois de tanto exercício.


Harry não pode deixar de sorrir antes de dar um beijo no topo da cabeça da mulher e trazê-la para mais perto de si. Não demoraram muito para caírem na inconsciência. Amanhã seria um novo dia, cheio de novas descobertas.

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