No Lugar de Antes
N/A: Resolvi escrever esse prólogo para quem não leu "Esperando a Lua-Nova" se situar. Afinal, a JKR também faz isso com os livros dela, sempre situa o leitor! ;)
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PRÓLOGO
Mary Hallow era uma jovem loira, baixinha e de olhos castanhos. Estudara com Tonks em Hogwarts e haviam se tornado as melhores amigas, juntamente com a cigana Sarah McGonagall, que nutria uma paixão secreta por Snape, na época seu professor.
Com o seu dom de vidente, Mary ajudara a mãe, que morava em Portugal, durante anos, dando consultas de Astrologia e Cartomância a Trouxas.
Agora, estava de volta. Fazia parte da Ordem da Fénix e se apaixonara perdidamente por Lupin... Nada que ela não tivesse previsto, com o seu dom de vidente; pelo contrário, desde menina ela via Lupin em seus sonhos e visões... mas sempre achara que tudo não passava de loucura da cabeça dela; afinal de contas, ela era uma vampira. Sim, uma vampira... e uma vampira jamais poderia amar alguém, levar uma vida normal com alguém, fazer alguém feliz.
Lupin pensava o mesmo. Era um lobisomem! Que felicidade poderia haver entre um lobisomem e uma vampira?
Tonks costumava dizer que Mary e Lupin eram tão diferentes mas com tanto em comum que só poderiam estar destinados, mas Lupin não acreditava. No fundo, não queria acreditar. Tinha medo de se machucar e de machucar Mary, cujo sorriso o encantara como nunca outro sorriso o fizera...
No fundo, ele sabia que a amava e desejava mais do que tudo no mundo, mas resistiu bravamente, até ao dia em que Sarah lhe disse que tinha visto nas cartas: ele não poderia mais fugir; Mary era o seu destino.
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Quando Remo Lupin entrou na Casa dos Gritos, a lua-cheia estava quase aparecendo no céu escuro daquela noite de fim de Verão.
Respirou fundo. Estava a salvo. Não esquecera de tomar a poção mata-cão e estava pronto para mais uma noite de transformação dolorosa, mas inofensiva para ele e para outros... mas o que mais o deixava aliviado era o fato de ter conseguido despistar Mary Hallow. A jovem que ele tanto amava insistira para que ele a deixasse passar aquela noite cuidando dele.
Dizia que queria partilhar cada momento com ele, conhecer cada pedaço da vida dele, mas Remo rejeitara terminantemente a ideia. Ah, não havia nada que ele quisesse mais do que tê-la do seu lado naquela hora de sofrimento mas, no fundo do seu coração, se sentia sufocado por um medo... um terror de que Mary, ao vê-lo transformado, pudesse perder todo o encanto que tinha por ele, tomada pelo pavor de vê-.lo transformado numa fera. Não conseguia suportar a ideia de perdê-la.
Além do mais, apesar da poção torná-lo inofensivo, isso não invalidava o fato dele estar transformado num animal selvagem... e, por mais calmo que um lobo esteja, as suas garras e presas podem causar grandes estragos.
Remo imaginou os ombros alvos de Mary escorrendo sangue e sentio um arrepio na espinha. Não. Decididamente, não poderia deixar que a sua amada o acompanhasse naquela noite. Nem naquela nem em qualquer noite de lua-cheia. Só não sabia como fugir dela, como despistá-la. Mary estava, realmente, decidida a passar aquela noite com ele...
A Casa dos Gritos entrou na memória de Lupin como a única forma de despistar Mary. O local onde tantas vezes se transformara aquando da sua adolescência, construído justamente para aquele efeito, voltaria agora a assumir as suas funções.
Remo deu alguns passos dentro da casa em ruínas. O chão rangia debaixo dos seus pés.
Outra pessoa qualquer talvez se sentisse amedrontada por estar num lugar daqueles, velho, caíndo aos pedaços e com ruídos estranhos do vento entrando pelas frestas das janelas e pelos pedaços de madeira quebrados que cobriam as paredes... Mas não Remo Lupin. Não aquele para quem aquela casa havia sido construída. Não aquele que passara ali tantas vezes as piores e melhores noites da sua vida. Não ele.
Estendeu a mão para empurrar a porta degradada do quarto onde, anos antes, rencontrara Sírius e Pedro, seus antigos colegas de escola.
Respirou fundo e entrou. Olhou para o fundo do quarto e o seu coração quase parou. Não! Não podia ser! Como...?
Sentada na cama de dossel, Mary o olhava, com um sorriso estranho: um misto de doçura com triunfo.
- Até que enfim, Remo! - Disse ela, com a voz meio trêmula. - Eu achei que você não vinha mais...
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