parte i.
PARTE I.
atitude
Na verdade, não há muito a contar: Ela era uma garota e tinha um coração. Tudo parte desse ponto. Porque quando ele notou que a Granger havia se tornado incrivelmente... Ahn, gostosa, foi o momento em que suas provocações assumiram duplo, triplo e sabe-se-lá-quantos-sentidos-fossem-necessários!
Não que ela fosse a garota mais sexy, apenas (talvez) a mais irritante. Os olhos dela tinham a cor mais comum, tsc; a boca não chegava ao vermelho dos lábios... e as curvas embora existissem, não eram o que o atraía.
Havia alguma coisa nela. Nos gestos seguros, no olhar perfurador, nas vestes arrumadas, no rosto embaixo dos livros.
Ela, no entanto, costumava resistir.
Entrou na biblioteca, movia-se a procura de distração. Parou de caminhar: lá estava Malfoy, argh!
- Andou me seguindo, Granger? tsc, tsc, tsc – dissera, sem tirar a atenção do livro que folheava no corredor de prateleiras mais isolado.
- Vai à merda. – Ela murmurou, (esbarrando?) contra o ombro de Draco.
- Talvez a merda já tenha vindo até mim, não é Granger? – Respondera, com os olhos escurecendo de forma ameaçadora. - Então Granger, já leu esse livro? – Perguntara, fazendo-a olhá-lo como se não o reconhecesse: não possuíam qualquer tipo de hábito em conversas civilizadas.
Ele entregou-lhe o objeto, enquanto ela lia na capa ‘Kama Sutra’.
- É sobre posições sexuais... – Dera um sorriso malicioso.
Ela murmurou um ‘idiota!’, antes de bater o ‘Kama Sutra’ na costa do pervertido.
Ele fez algumas falsas caretas de dor e ficou fitando-a, em silêncio.
A castanha fez menção de sair, mas o loiro imprensou-a contra uma das estantes.
- Deveria ler, Granger.... – Começara, sussurrando no ouvido.
A respiração dele colidia contra sua nuca.
- Ou prefere aprender tudo na prática?
- Isso foi uma indireta? – E a castanha dera alguns sorrisos espontâneos de deboche, como se pensasse não-seja-patético-Malfoy.
Ele puxou o corpo dela contra o seu ferozmente e alguns livros caíram ao redor.
- Qual a sua teoria? – Finalizara, colando os lábios no pescoço da garota, que a essa hora tentava livrar-se do contato.
E teria conseguido, se os beijos lentos dele não a tivessem feito estremecer, depois de aumentar a velocidade do toque, sugando, lambendo e mordiscando, Hermione não conseguia lembrar-se de muita coisa, porque seu cérebro estava concentrado demais em sentir, gemer e arfar.
Afastou-se dela (mesmo que a contra gosto).
- Ou Talvez tenha que se contentar só com o livro, Granger. – E saíra. Precisava fazê-lo, porque sua atitude a deixaria mais confusa e ao mesmo tempo com o orgulho destruído: Era tão excitante vê-la perder...
“IDIOTA! IDIOTA! IDIOTA! HERMIONE JANE GRANGER, SUA... URGH, GRAAANDE IDIOTA!”
Ela bufou, ajeitando suas vestes e atirando o livro contra a estante. Iria se vingar daquele loiro aguado. Ah se iria, tsc.
Entrou no salão comunal da grifinória, com cara de muitos inimigos.
- Herms? Vai ao passeio de H... – Fora Harry.
- Eu não tô muito bem pra conversar. – Falara, em uma experiência de não descontar tudo nas pessoas erradas. – Nos vemos depois.
O moreno fizera que sim com a cabeça, compreendendo-a (ou tentando).
Jogou-se na cama. Estava tão... perdida? confusa?
Começou a se perguntar se Malfoy estava com sérios problemas psicológicos, ou será que ele tinha batido a cabeça (na estante) antes de tudo aquilo acontecer?
E quanto a ela? Por que seu corpo insistia em pedir mais? Onde estava seu orgulho?
Respirou fundo, fechando os olhos com força. Pena que isso não apagasse os acontecimentos.
Não chegou a chorar, mas Merlin sabia o quanto estava doendo ter que viver com a expressão: “Talvez tenha que se contentar só com o livro blá blá blá”! AAAAARGH!
Ele a fizera sentir-se idiota, e a jogara no lixo com o olhar, no meio das coisas sujas e mesquinhas.
Ouviu alguém bater na porta.
A Weasley mais nova estava parada no batente, fitando-a com curiosidade.
“Algum problema?”
- Hmm... Os meninos me pediram pra perguntar se você não vai com a gente pra Hogsmeade... – Dera uma pausa. – Porque, ahn, as carruagens vão sair em 40 minutos.
Como fora capaz de esquecer-se desse passeio?
- Obrigada por vir avisar, Ginny. Eu só vou trocar de roupa e já encontro vocês.
Escolheu uma roupa qualquer, sem qualquer ânimo e saiu para encontrar os grifinórios.
Forçou um sorriso quando os viu. Especialmente quando notou que alguém do outro lado do salão a fitava com escárnio. “Ignorar... É isso o que eu preciso fazer”.
Ron parecia (empolgado?) em uma interessante conversa com Luna sobre os níveis dos zomzóbulos que... Ah, tanto faz! Hermione nunca entendia nada mesmo!
Entraram na carruagem com animação (retire desse conceito a castanha, que estava distraída, olhando a paisagem pela janela). A voz de Ginna lhe tirou dos devaneios. Não entendeu porque todos a fitavam.
- Isso aí é um chupão, Herms? - Fora a voz da ruiva.
PARTE II.
marcada
- O quê? – Gaguejara. – Aonde? – O desespero dela fora inconfundível, no momento em que a castanha cobrira (nada discretamente) a região da curva de seu pescoço. – Que chupão?
- Esse aqui. – Respondera Harry, que estava ao seu lado, afastando as mãos da garota e tocando lentamente nas várias marcas um pouco rouxeadas, que destacavam mordidas intensas.
“MALFOY, SEU FILHO DA P...!”
Ruborizou sob os olhares desconfiados de Harry, Gina, Ron, Luna e Neville (que estivera nos últimos 20 minutos tentando entender alguma coisa nos discursos da Lovegod).
- dando uns amassos às escondidas, hein Herms! – Ron dissera, fazendo-a corar mais ainda.
“Eu vou MATAR aquele imbecil...”
- Como eu sempre disse: as quietinhas são as piores... – Gina murmurara, com diversão.
“Não, morte é pouco... Primeiro eu vou torturar aquele imbecil, depois eu vou fatiar em pedaços, pegar as fatias do corpo dele e...”
- Herms? Estamos todos esperando uma resposta.
- Ahn? – Retrucara, voltando a realidade.
- Quem é ele?
Uma onda de pânico começou a lhe dominar.
“O que eu respondo? O que eu respondo? Puta merda!”
Soltou o ar quando Harry disse um “Chegamos”, no qual todos foram obrigados a encerrar a conversa para descer da carruagem.
Direcionou-lhe um olhar de súplica. Ele demonstrou uma expressão resignada de “Tudo bem”, passou a mão na cintura de Gina, começando uma conversa para desviar o foco de sua atenção.
Ela sequer se preocupou com Rony, pois Luna já iniciara mais uma narrativa sobre alguma-coisa-estranha.
Cruzou os braços, p da vida, seguindo-os.
Por azar, a primeira pessoa que viu quando entraram no 3 vassouras fora um loiro de sorriso provocante.
Ignorou-o.
Não foram necessários 15 minutos completos para que ela começasse a sentir que estava sobrando entre Harry-Gina-Ron-Luna.
“Anotação mental: Me afogar no copo de cerveja amanteigada quando ninguém estiver olhando”.
Aquele clima de estamos-descobrindo-o-amor lhe dava vontade de vomitar. Respirou fundo. Eles notariam se ela se mandasse da mesa?
Foi o que ela fez, fazendo um sinal em direção a porta de ‘Vou dar uma volta, ok?’ para Harry, que a encarou com suspeita, mas logo em seguida deu um olhar de compreensão.
Saiu do bar sem nenhum ânimo, embora a tarde ensolarada não parecesse tão ruim.
Começou a andar, andar e andar sem rumo por algumas horas, pra tentar organizar sua mente.
Lembrou-se da estúpida frase do loiro “Talvez tenha que se contentar só com o livro”.
Chutou a primeira coisa que viu pela frente, a fim de descontar o ódio, por ter cedido aquele... “AAAAAAARGH!”
Bufou, mais irritada, quando deu-se conta que havia chutado uma pedra grande demais.
Seu pé agora doía, fato que a obrigou a sentar-se num daqueles bancos da rua.
Entregou-se ao estresse e afundou a cabeça em suas mãos, tentando pensar em: 1. Por que havia uma marca feita pela boca de Draco Malfoy em seu pescoço? 2. Por que estava se preocupando tanto a cena da biblioteca? 3. Por que cada vez que fazia a si mesma as perguntas anteriores, o desejo (sim, essa merda existe!) só aumentava?
Ela sabia que não era exatamente a garota mais normal do mundo. Mas também não podia ficar agindo de maneira tão insana por uma droga de beijo, que sequer fora um beijo de verdade!
Quando ergueu os olhos para levantar, viu a figura do imbecil, parado, fitando-a. Merda!
- Cansada de pensar em mim, sangue-sujo? – Ironizara, sentando ao seu lado.
Ela fez um sinal ofensivo com o dedo médio na direção do loiro, em uma expressão seca.
- Estamos em Hogsmeade, Malfoy.
- sempre perspicaz, não é Granger?
- o que eu quis falar é que a qualquer momento alguém pode nos ver juntos, seu imbecil! – Retrucou.
- Então prepare-se pra ser o novo boato de Hogwarts. – Ele respondera, seguro.
- Qual. O. Seu. Problema?! – Questionara, como se estivesse diante de um ET.
- Eu não sou cego, Granger.
- E daí?
A batalha de olhares foi tão intensa, que a garota ofegou quando a boca do sonserino alcançou a sua.
- E daí que eu a quero agora. – Respondeu, antes de morder o lábio inferior de Hermione e enfiar sua língua dentro da boca dela, explorando-a com desespero.
Limites não deveriam existir, porque o loiro queria ultrapassar todos eles, embora tenha se conformado em pegar leve com a castanha, caso contrário estragaria tudo. Não que ele se importasse com sentimentos ou qualquer outra coisa que não fosse possuí-la.
Ela tinha um beijo diferente, que o fazia sentir como se estivesse vivendo uma série de cenas numa montanha russa: Lábios. Macios. Canela. Morango. Língua. Gosto. Respirar. Ela. Proibida. Excitante. Doce. Pele. Calor. Mãos. Cintura. Mais perto. Gemido dentro da boca. Hortelã. Mãos. Nuca. Sedentos. Mais perto. Sons. Cores. Palavras. Sem sentido. Segredos. Atração. Vontade. Não se importar. Outros. Mais perto. Ofegantes. Respirações. Fatos. Horas. Mais perto...
Dentre todas as sensações absurdas que o invadiam, se misturavam, e o faziam sentir como se estivessem pronto pra enlouquecer caso ela fosse embora, ele só queria estar estupidamente mais perto.
Afastaram-se ao mesmo tempo, a fim de respirar. Respirações que se colidiam contra o rosto um do outro.
Azuis-acinzentados x castanhos.
Ele se perguntava se era normal o fato de ver tantas coisas nos orbes. Não era como se ele estivesse vendo a sangue-ruim. Ele só conseguia enxergar Hermione Jane Granger. Por mais que tentasse, via uma garota, milhares de sorrisos, conseguia quase ver frases sarcásticas flutuando no ar, o rosto dela de milhares de ângulos, os cachos pareciam ondas cuidadosamente rabiscadas em um papel. Droga, só de pensar em tudo isso seu estômago chacoalhava, de um jeito incendiário.
Azuis-acinzetados x castanhos.
Ele queria, mais que tudo, perder a batalha, pra que pudesse formular uma frase com lógica, em vez de se perder nos olhos da garota.
PARTE III.
just kisses
- Malfoy? – Fora a voz da grifinória, tirando-o do seu devaneio. – As carruagens...
Ele murmurou um ‘merda!’ e entrelaçou suas mãos nas da garota, para que apressassem o caminho.
Ela não se moveu.
- Granger, já passa das 7h, estamos 40min atrasados...
Ela olhou pra baixo e se focou nas mãos unidas.
- Isso é pra afetar o Harry...? – O loiro franziu o cenho.
- Por quê? Ele tem motivos se sentir afetado? – perguntara, rude, como se tivesse levado um soco no estômago.
- Não! – Dispusera-se a articular. – Ele é só meu amigo, óbvio, mas é qu...
- Granger, foram só uns beijos, não um pedido de casamento, tsc. – Ele dissera, apático.
Aquilo de alguma forma feriu o orgulho da garota pela segunda vez. Ela engoliu em seco e falsificou um sorriso.
- Bem observado. – Concordou.
O loiro esboçou uma expressão arrogante. O fato era que ela basicamente dera a entender que tinha alguma coisa com o maldito Santo Potter (!) e isso o irritara tanto, que não soubera fazer outra coisa se não agir como um canalha (que já era naturalmente).
Deu-lhe um olhar frio e não esperou-a para ir andando.
- E eu não tenho um caso com ele, só pra esclarecer.
- Deveria aprender a mentir, Granger.
- Ciúmes, tsc tsc tsc – Ela constatou, sarcástica.
- Nos seus sonhos, sangue-sujo. – Estava mau humorado.
- No mundo real, você quer dizer, não é?
Ele abriu um sorriso avassalador, que a fez perder a linha de raciocínio.
- Não vai criando esperanças tão rápido, Granger. – E dito isso, seguira em frente.
A vontade que tinha era de olhar pra trás, mas aí teria que olhar para a garota, e no momento estivera evitando-a, pra que ela se colocasse no lugar patético que lhe cabia.
Encontrou professor Flitwick com cara de louco, olhando para o relógio, e exibindo uma expressão aliviada.
- Aonde esteve, Sr. Malfoy? – Pausara, olhando chocado para a figura de Hermione. – E você, senhorita Granger? – Olhara para ambos de maneira severa. – Todas as carruagens já se foram, e todos estávamos os procurando pelo povoad... – O professor continuou falando por pelo menos mais 15 minutos, e no entanto, Draco já não ouvia mais nada.
Tinha coisas demais pra pensar. Daria tudo pra que essas coisas não estivessem relacionadas aquela sangue-sujo!
Uma coisa era querer tê-la em sua cama e outra era... A explosão de sensações que ainda o deixavam tonto. Sem contar que imagens envolvendo a Granger e o testa rachada rondavam seus pensamentos, e causando-lhe vontade de vomitar ou pelo menos espancar matar o Potter, o que nunca lhe soara tão tentador.
O percurso da carruagem fora sufocante, mas fingira indiferença.
Ouviram mais meia hora de sermão na sala da Mcgonagal sobre a clara irresponsabilidade por parte dele e da grifinória, que por serem monitores deveriam dar um exemplo e blá blá blá.
Saiu da sala (escoltado?) pelo aborto Filch, até a entrada da sonserina.
Assim que pôs os pés no local, Pansy pulou em seu pescoço, abraçando-o.
“Puta merda!”
Afastou-a de si, indiferente.
- Pansy, dá um tempo. – Falara, frio.
Deu um olhar irritado para Blaise, antes que o amigo lhe perguntasse qual a razão de ele ter sumido de todo o passeio.
Jogou-se na cama e não demorou muito para adormecer.
E daí que ela era uma sangue-sujo? E daí que o seu pai iria mexer-se no túmulo caso tivesse noção do quanto ela tomara conta de seus pensamentos? E daí que Pansy ficaria tão ciumenta quanto uma psicopata? E daí que nunca iria conseguir bancar o amiguinho do Potter (muito menos dos pobretões!)? Droga, era tudo tão difícil.
Acordou de suas reflexões pela manhã, com um travesseiro jogado em sua cara pelo filho da puta do Blaise.
Murmurou uns palavrões, antes de finalmente despertar.
Sua rotina matinal sucedeu-se ressaltando um tédio que já deveria estar habituado. Mas não, Malfoy nunca aceitaria um sexo insosso com uma garota que parecia sondá-lo, sequer a pedância dos seus supostos “colegas”, que nunca se mostravam capazes de articular frases com senso de não-puxasaquismo.
E foi aí que viu de novo a Granger. Grande merda! Como se ele se importasse com aquela sangue-sujo idiota! Tudo bem, talvez ele se importasse, levando em consideração o quanto ainda imaginava-se torturando testa rachada tempo suficiente para satisfazer o seu orgulho. Embora a sua satisfação estivesse, no momento, muito mais relacionada em tê-la.
Observou-a sorrir debilmente para o Potter, e apertou os punhos, meio enojado.
Mas afinal, o que mais poderia esperar daquela sangue-ruim? Ela e Potter tinham um caso secreto, isso era óbvio, e tão-não-óbvio era o jeito como se sentia tirando essas conclusões.
O café da manhã remexeu dentro de si, aliado ao fato de que testa rachada agora dizia alguma droga de coisa de provável duplo sentido no ouvido da Granger, fazendo-a corar; fizeram com que os ovos quisessem voltar do estômago para a boca, em escala direta.
Revirou os olhos, perguntando-se porque seu coração, seu cérebro ou seja-lá-quem-fosse-o-culpado-por-aquilo não lhe jogara logo um crucios, já que o claro objetivo das reações eram torturá-lo.
Merda, merda, merda! Precisava pensar, mais do que qualquer coisa! Retirou-se pisando duro contra o chão, a caminho da sala precisa.
Ao entrar na mesma, a primeira coisa que viu foi um espelho.
PARTE IV.
ojesed
Há, grande coisa.
Olhou para o seu reflexo. Os olhos, o cabelo, a postura, e permaneceu olhando bem no fundo dos seus próprios olhos, sentindo-se um idiota.
Um segundo a mais, foi como se uma gota de água houvesse pingado na tela do espelho, e líquidamente a sua imagem dissolveu, fazendo-o arregalar os olhos, para o reflexo definitivamente estranho que vira. Porque aquele nem de longe era o reflexo da realidade.
- Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn. – Murmurou.
Eram as palavras que figuravam na moldura de madeira do objeto. Seu estômago agitou-se por mais alguns segundos, enquanto assistia a um Malfoy sendo tocado, levemente, se me permite dizer, pela garota que mais odiava no mundo. Ou que ainda odeia.
Mas nada disto retirava o fato de que ele via a si mesmo a lado da Granger, perturbadoramente ao lado dela.
Isso era algum tipo de piada?
- Eu não mostro seu rosto mas o desejo de seu coração. – Ouviu uma voz falar, ao fundo.
- O quê? – Gaguejou, virando-se automaticamente para encarar a figura da sangue ruim.
- Eu não mostro seu rosto mas o desejo de seu coração. – Ela repetiu. – É esse o significado, Malfoy. – Pontuou, apontando com delicadeza para a moldura do objeto. – Como conseguiu achar o espelho de OJESED?
- Como conseguiu entrar aqui? – Ele questionou-lhe, revirando os olhos, com um risinho de não-consegue-me-deixar-em-paz-não-é-Granger?.
- Eu precisava de um lugar pra pensar e... Ahn, a sala se abriu. – Explicou, com pouca firmeza.
Ignorou a acidez do olhar do loiro e deteve-se a fitar o espelho que parecia tanto perturbar Malfoy.
Só agora o loiro notara que estivera diante do maldito espelho de Ojesed. Então... Era esse o seu desejo mais profundo? Perguntou-se, tentando sentir-se enojado, ainda que suas mãos tremessem diante da visão do reflexo: Era tão real...
Estendeu uma das mãos pálidas para tocar desde a moldura gasta até o reflexo, como se isto pudesse destruir a credibilidade da cena. E poderia, não poderia?
Malfoy esperava que sim.
Especialmente tratando-se da mão delicada de Hermione Granger sobre seu ombro, e logo depois o seu corpo de frente para o seu, sussurrando algo em seu ouvido, algo que o fazia dar um sorriso débil – na melhor das hipóteses – e afundar as mãos naqueles cachos, antes de beijar o canto da boca da castanha.
Era isso o que via. Tudo o que não aceitava ver. Porque estivera ali, tão reprimido por razões óbvias. Não podia simplesmente continuar como um desejo oculto? Ou será que a função daquela droga não é desmoralizar tudo o que sua indiferença preza?
- O que vê, Malfoy? – Ela ousou perguntar-lhe, desviando o olhar.
- Irrelevante, tsc. – O outro acrescentou, ágil.
Desviou o seu olhar dos dela, observando mais uma vez o espelho, para em seguida sair.
Lá fora, Draco esperou que aquele reflexo saísse de sua cabeça. Que o não-reflexo de Hermione brincasse com seus batimentos, ou com suas falsas expressões faciais de maldita-sangue-ruim. Porque ela já não era uma sangue ruim. E alguma vez isso tivera importância? Aparentemente não. Era como se o passado nunca houvesse existido. Havia aquela cena dentro espelho. Depois, não havia mais nada.
Fora um erro da sua parte, achar que a obsessão pela Granger fosse uma fraqueza à tôa. Não era. E agora mal parecia um erro.
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