QUINZE



Quinze


 


Enquanto saímos para a noite agradável, sinto-me leve e feliz, cheia de antecipação. Já há uma atmosfera totalmente diferente da de ontem. Nada de carros apavorantes; nada de restaurantes chiques. A coisa parece mais natural. Mais divertida.


- Então – diz Harry quando chegamos à rua principal. – Uma noitada estilo Hermione.


- Sem dúvida! – Estendo a mão e chamo um táxi, e dou o nome da rua em Clerkenwell, de onde sai o pequeno beco.


- Nós podemos ir de táxi, né? Não precisamos esperar um ônibus?


- É um acontecimento muito especial – digo com severidade fingida.


- E então, vamos comer? Beber? Dançar? – Quer saber Harry enquanto seguimos pela rua.


- Espere para ver! – Rio de orelha a orelha. – Eu só pensei que a gente poderia ter uma noite tranqüila, relaxada.


- Acho que eu planejei demais a noite de ontem – comenta Harry depois de uma pausa.


- Não, foi ótima! – digo com gentileza. – Mas algumas vezes a gente pode pensar demais nas coisas. Sabe, às vezes é melhor se deixar levar e ver o que acontece.


- Você está certa. – Harry sorri. – Bem, estou ansioso para me deixar levar.


Quando seguimos pela Upper Street estou me sentindo orgulhosa de mim mesma. Isso mostra que sou uma verdadeira londrina. Posso levar meus convidados a lugarezinhos fora do comum. Posso achar locais que não são os óbvios. Quer dizer, não que o restaurante de Harry não fosse incrível. Mas isso não vai ser muito mais maneiro? Um clube secreto! E puxa, quem sabe, Madonna pode estar lá esta noite!


Depois de uns vinte minutos chegamos a Clerkenwell. Insisto em pagar o táxi e levo Harry pelo beco.


- Muito interessante – aprova ele, olhando em volta. – Aonde nós vamos?


- Espere só – respondo enigmaticamente. Vou até a porta, aperto a campainha e pego a chave de Ginny no bolso, com um pequeno frisson de empolgação.


Ele vai ficar impressionado. Vai ficar impressionado demais.


- Alô? – diz uma voz.


- Alô – respondo casualmente. – Gostaria de falar com Alexander, por favor.


- Quem? – responde a voz.


- Alexander – repito, e dou um sorriso de quem sabe das coisas. Obviamente eles precisam verificar duas vezes.


- Não tem Alexander nenhum aqui.


- Você não entendeu. A-le-xan-der. – enuncio com clareza.


- Não tem Alexander nenhum.


Talvez eu tenha ido à porta errada, ocorre-me subitamente. Puxa, eu me lembro de que era esta – mas talvez fosse a outra, de vidro opaco. É. Na verdade aquela parece bem familiar.


- Enganozinho – sorrio para Harry, e aperto a outra campainha.


Há silêncio. Espero alguns minutos e tento de novo, e de novo. Não há resposta.


Certo. Então... também não é essa. Porra.


Sou uma imbecil. Por que não verifiquei o endereço? Eu tinha tanta certeza de que ia lembrar onde era!


- Algum problema? – indaga Harry.


- Não! – respondo imediatamente, e dou um sorriso animado. – Só estou tentando lembrar exatamente...


Olho para um lado e outro da rua, tentando não entrar em pânico. Qual era? Terei de apertar todas as campainhas da rua? Dou alguns passos pela calçada, tentando estimular a memória. E então, através de um arco, vejo outro beco, quase idêntico.


Sinto uma gigantesca pancada de horror. Será que ao menos estou no beco certo? Corro e olho para o outro beco. Parece exatamente igual. Fileiras de portas comuns e janelas fechadas.


Meu coração começa a bater mais depressa. O que vou fazer? Não posso tentar todas as portas em todos os becos da vizinhança. Nunca me ocorreu que isso poderia acontecer. Nenhuma vez. Eu nem pensei em...


Certo, estou sendo estúpida. Vou ligar para Ginny! Ela vai dizer. Pego o celular e ligo para casa, mas imediatamente cai na caixa de mensagens.


- Oi, Ginny, sou eu – digo tentando parecer leve e natural. – Aconteceu um probleminha, eu não lembro exatamente em que porta fica a boate. E na verdade... em que beco. Então, se você pegar esse recado, pode me ligar? Obrigada!


Ergo a cabeça e vejo Harry me olhando.


- Tudo bem?


- Só um probleminha – dou um risinho relaxado. – Há um clube secreto por aqui, em algum lugar, mas não estou lembrando onde.


- Não faz mal – diz Harry, agradável. – Essas coisas acontecem.


Digito o número de casa, mas está ocupado. Rapidamente ligo para o celular de Ginny, mas está desligado.


Ah, porra. Porra. Não podemos ficar parados na rua a noite inteira.


- Hermione – propõe Harry cautelosamente. – Quer que eu faça uma reserva no...


- Não! – Pulo como se tivesse sido espetada. Harry não vai reservar nada. Eu disse que ia organizar esta noite, e vou. – Não, obrigada. Tudo bem. – Tomo uma decisão rápida.


– Mudança de plano. Vamos ao Antonio’s.


- Eu posso chamar o carro... – fala Harry.


- Nós não precisamos do carro! – Vou cheia de objetivo para a rua principal e, graças a Deus, há um táxi vindo com a luz acesa. Chamo-o, abro a porta e digo ao motorista:


- Oi, para o Antonio’s, na Sanderstead Road em Clapham, por favor.


Hurra! Eu fui adulta, decidida e salvei a situação.


- Onde fica o Antonio’s? – pergunta Harry enquanto o táxi começa a acelerar.


- É meio fora do circuito, no sul de Londres. Mas é bem legal. Ginny e eu íamos lá quando a gente morava em Wandsworth. Tem enormes mesas de pinho e uma comida estupenda, e sofás e coisas assim. E eles nunca ficam chateando a gente.


- Parece perfeito. – Harry sorri, e eu dou um sorriso orgulhoso de volta.


 


Certo, não deveria demorar tanto assim para ir de Clerkenwell a Clapham. A gente já deveria ter chegado há séculos. Puxa, é logo ali adiante!


Depois de meia hora inclino-me para a frente e digo ao motorista de novo:


- Há algum problema?


- O tráfego. – Ele dá de ombros. – O que se pode fazer?


“Você poderia achar uma rota inteligente, evitando o tráfego, como os motoristas de táxi deveriam fazer!”, quero gritar furiosa. Mas em vez disso digo com educação:


- Bem... quanto tempo o senhor acha que vai demorar?


- Quem sabe?


Afundo no banco, sentindo o estômago borbulhar de frustração.


A gente deveria ter ido a algum lugar em Clerkenwell. Ou Covent Garden. Sou uma imbecil.


- Hermione, não se preocupe – tenta me animar Harry. – Tenho certeza de que vai ser ótimo quando chegarmos.


- Espero que sim – respondo com um sorriso débil.


Não consigo bater papo. Estou usando cada grama de concentração forçando mentalmente o táxi a ir mais rápido. Olho pela janela e aplaudo por dentro cada vez que os códigos postais nas placas de rua chegam mais perto de onde queremos estar. SW3... SW11... SW4!


Finalmente! Estamos em Clapham. Quase chegando...


Merda. Outro sinal vermelho. Quase não consigo ficar parada no banco. E o motorista só fica ali sentado, como se isso não importasse.


Certo, está verde. Vai! Vai agora!


Mas ele segue do seu jeito tranqüilo, como se tivéssemos o dia inteiro... está se arrastando pela rua... agora está dando vez a outro motorista! O que ele está fazendo?


Certo. Calma, Hermione. Está é a rua. Finalmente chegamos.


- Pronto! – exclamo tentando parecer relaxada quando saímos do táxi. – Desculpe a demora.


- Não tem problema – responde Harry. – Esse lugar parece ótimo.


Quando entrego o dinheiro ao motorista, tenho de admitir que me sinto bem satisfeita por termos vindo. O Antonio’s é incrível. Há luzes minúsculas decorando a familiar fachada verde, e balões de gás amarrados na cúpula, e música e risos se derramando pela porta aberta. Até ouço gente cantando dentro.


- Normalmente não é tão agitado! – digo rindo, e vou para a porta. Já posso ver Antonio em pé do lado de dentro.


- Oi! – digo enquanto empurro a porta. – Antonio!


- Hermione! – exclama Antonio, que está parado perto da porta segurando uma taça de vinho. Suas bochechas estão vermelhas e ele está rindo ainda mais do que o normal. – Bellisima! – Ele me beija em cada bochecha e eu sinto um espasmo de alívio. Estava certa em vir aqui. Eu conheço a gerência. Eles vão fazer tudo para nos garantir uma noite maravilhosa.


- Este é Harry!


- Harry! É maravilhoso conhecê-lo! – Antonio também beija Harry em cada bochecha, e eu rio.


- Então, será que podemos ter uma mesa para dois?


- Ah... – ele faz uma careta, lamentando. – Querida, nós estamos fechados!


- O quê? – Encaro-o de volta. – Mas... mas vocês não estão fechados! Tem gente aí! – Olho todos os rostos animados em volta.


- É uma festa particular! – Ele levanta a taça e grita alguma coisa em italiano. – Meu sobrinho está casando. Você o conheceu? O Guido. Ele trabalhou de garçom aqui, há alguns verões.


- Eu... não sei.


- Ele conheceu uma garota ótima na faculdade de direito. Sabe, agora ele é formado. Se precisar de aconselhamento jurídico...


- Obrigada. Bom... parabéns.


- Espero que a festa seja boa – diz Harry, e aperta meu braço brevemente. – Não faz mal, Hermione, você não podia saber.


- Querida, sinto muito! – desculpa-se Antonio, vendo meu rosto. – Outra noite eu lhe dou a melhor mesa que nós temos. Ligue antes, avise...


- Vou fazer isso. – Consigo dar um sorriso. – Obrigada, Antonio.


Nem consigo olhar para Harry. Eu o arrastei até Clapham para isso.


Tenho de redimir essa situação. Depressa.


- Vamos a um pub – digo assim que saímos na calçada. – Quero dizer, o que há de errado em apenas sentar com uma boa bebida?


- Parece bom – diz Harry afavelmente, e me segue enquanto vou depressa pela rua até uma placa que diz “The Nag’s Head”, e empurro a porta. Nunca estive neste pub antes, mas sem dúvida deve ser bem...


Certo. Talvez não.


Deve ser o pior pub que eu já vi na vida. Carpete puído, sem música e sem sinal de vida a não ser por um homem com uma pança.


Não posso ter um encontro com Harry aqui. Não posso.


- Certo! – digo fechando a porta de novo. – Vamos pensar outra vez. – Olho rapidamente para um lado e outro da rua, mas fora o Antonio’s, tudo está fechado, a não ser uns locais grotescos de comida para viagem e uma empresa de minitáxis. – Bem... vamos pegar um táxi e voltar à cidade! – digo com uma espécie de animação aguda. – Não vai demorar demais.


Vou até a beira da calçada e estendo a mão.


Nos três minutos seguintes nenhum carro passa. Não apenas táxis. Nenhum veículo.


- Aqui é meio quieto – observa Harry finalmente.


- Bem, aqui é na verdade uma área residencial. O Antonio’s é meio que o único.


Por fora ainda estou relativamente calma. Mas por dentro começo a entrar em pânico. O que vamos fazer? Será que devemos tentar andar até a Clapham High Street? Mas fica a quilômetros.


Olho o relógio e vejo, com uma pontada de choque, que são nove e quinze. Passamos mais de uma hora andando por aí e nem tomamos uma bebida. E é tudo minha culpa. Nem consigo organizar uma noite simples sem que ela dê catastroficamente errado.
De repente quero irromper em lágrimas. Quero afundar na calçada, enfiar a cabeça nas mãos e soluçar.


- Que tal uma pizza? – sugere Harry, e minha cabeça sobe numa esperança súbita.


- Por quê? Você conhece alguma pizzaria por...


- Estou vendo pizza à venda. – Ele aponta para o outro lado da rua, onde há um minúsculo jardim cercado, com árvores e um banco de madeira. – Você pega a pizza. – Ele sorri para mim. – Eu guardo lugar no banco.


 


Nunca me senti tão arrasada em toda a vida. Jamais.


Harry Potter me leva ao restaurante mais grandioso e chique do mundo. E eu o levo a um banco de jardim em Clapham.


- Aqui está sua pizza – anuncio carregando as caixas quentes até onde ele está sentado. – Pedi marguerita, presunto, cogumelo e pepperoni.


Não acredito que esse vai ser o nosso jantar. Quero dizer, nem são pizzas legais. Nem são pizzas de gourmet, tipo com alcachofras assadas. São só pedaços de massa com queijo derretido e coagulado e umas coberturas sem graça.


- Perfeito – exclama Harry com um sorriso. Ele dá uma mordida grande, depois enfia a mão no bolso de dentro. – Bom, esse deveria ser seu presente de despedida no fim da noite, mas já que estamos aqui...


Fico boquiaberta enquanto ele pega uma pequena coqueteleira de aço inoxidável e dois copos combinando. Desatarraxa a coqueteleira e, para minha perplexidade, serve um líquido cor-de-rosa e transparente em cada copo.


Isso é...


- Não acredito! – Olho-o, arregalada.


- Bem, ora. Eu não podia deixar você imaginando a vida inteira qual era o gosto, podia? – Ele me entrega um copo e levanta o outro. – À sua saúde.


- Saúde. – tomo um gole do coquetel... e ah, meu Deus, é uma delícia. Pungente e doce, com uma pontada de vodca.


- Bom?


- Delicioso! – grito, e tomo outro gole.


Ele é tão gentil! Finje que está achando tudo ótimo. Mas o que está pensando por dentro? Ele deve me desprezar. Deve pensar que eu sou uma vaca absolutamente tonta.


- Hermione, você está bem?


- Na verdade, não – digo com a voz embargada. – Harry, sinto muito. Muito mesmo. Honestamente, eu tinha planejado tudo. A gente ia a uma boate bem maneira, aonde as celebridades costumam ir, e ia ser bem divertido...


- Hermione. – Harry pousa sua bebida e me olha. – Eu queria passar esta noite com você. E é isso que estamos fazendo.


- É. Mas...


- É isso que estamos fazendo – repete ele com firmeza.


Devagar ele se inclina para mim e meu coração começa a martelar. Ah meu Deus.


Ah meu Deus. Ele vai me beijar. Ele vai me...


- Arrgh! Arrgh! Arrgh!


Pulo do banco em pânico total. Tem uma aranha subindo pela minha perna. Uma aranha preta e grande.


- Tira isso! – grito freneticamente. – Tira isso!


Com um movimento rápido, Harry joga a aranha na grama , e eu caio de novo no banco, com o coração disparado.


E, claro, o clima se arruinou totalmente. Fantástico. Maravilhoso. Harry tenta me beijar e eu dou um grito de horror. Estou me saindo esplendidamente esta noite.


Por que fui tão patética?, penso furiosamente. Por que gritei? Só deveria ter trincado os dentes!


Não trincando os dentes literalmente, claro. Mas deveria ter ficado fria. Na verdade, eu deveria estar tão envolvida que nem deveria notar a aranha.


- Acho que você não tem medo de aranha – digo a Harry, dando um riso sem graça. – Acho que você não tem medo de nada.


Harry dá um sorrisinho casual, de volta.


- Você tem medo de alguma coisa? – insisto.


- Homem que é homem não tem medo. – afirma ele em tom de brincadeira.


Mesmo contra a vontade sinto uma pontada de descontentamento. Harry não é a melhor pessoa do mundo para falar de si mesmo.


- Então, onde você ganhou essa cicatriz? – pergunto, apontando para seu pulso.


- É uma história comprida e chata – Ele sorri. – Você não vai querer saber.


Quero! Diz imediatamente meu pensamento. Quero ouvir. Mas apenas sorrio e tomo outro gole da bebida.


Agora ele só está olhando a distância, como se nem estivesse ali.


Será que esqueceu de que ia me beijar?


Será que eu deveria beijá-lo? Não. Não.


- Rony odiava aranhas – revela ele de repente. – Ele pirava só de falar daquelas aranhas enormes, peludas. E cobras.


- Verdade? – Faço uma careta.


- Maluco. Ele era uma porra de um cara maluco. – Harry solta o ar com força.


- Você... ainda sente falta dele. – digo hesitante.


- É. Ainda sinto.


Há outro silêncio. A distância escuto um grupo de pessoas saindo do Antonio’s, gritando umas para as outras em italiano.


- Ele deixou família? – pergunto cautelosamente, e de imediato o rosto de Harry se fecha.


- Sim.


- Você ainda se encontra com eles?


- Ocasionalmente. – Ele solta o ar com força, depois se vira e sorri. – Você está com molho de tomate no queixo. – Enquanto levanta a mão para limpar, Harry encontra meus olhos. Lentamente está se curvando para mim. Ah meu Deus. É isso. É realmente isso. Isso é...


- Harry.


Nós dois pulamos num choque, e eu largo o coquetel no chão. Viro-me e olho incrédula. Neville está parado no portão do pequeno jardim.


Que porra Neville está fazendo aqui?


- Grande noção de tempo – murmura Harry. – Oi, Neville.


- Mas... mas o que ele está fazendo aqui? – Encaro Harry. – Como ele sabia onde a gente estava?


- Ele ligou enquanto você estava pegando a pizza. – Harry suspira e coça o rosto. – Eu não sabia que ele ia chegar tão depressa. Hermione... aconteceu uma coisa. Eu preciso trocar uma palavrinha com ele. Prometo que não vai demorar. Certo?


- Certo – digo dando de ombros. Afinal de contas, o que posso dizer? Mas por dentro todo o meu corpo está pulsando de frustração, à beira da fúria. Tentando ficar calma, pego a coqueteleira, ponho o resto do coquetel cor-de-rosa no meu copo, e tomo um gole comprido.


Harry e Neville estão parados junto ao portão, tendo uma conversa agitada em voz baixa. Tomo um gole da bebida e deslizo no banco, para ouvir melhor.


- ...o que fazer a partir daqui...


- ...plano B... de volta a Glasgow...


- ...urgente...


Ergo a cabeça e me pego encarando os olhos de Neville. Desvio o olhar rapidamente, fingindo que estou examinando o chão. As vozes dos dois ficam ainda mais baixas, e não consigo ouvir uma palavra. Então Harry se afasta dele e vem até mim.


- Hermione... eu realmente sinto muito. Mas tenho de ir.


- Tem de ir? – Encaro-o arrasada. – O quê, agora?


- Eu tenho de viajar durante uns dias. Sinto muito. – Ele se senta ao meu lado no banco. – Mas... é muito importante.


- Ah. Ah, certo.


- Neville pediu um carro para levá-la em casa.


“Fantástico”, penso selvagemente. Muitíssimo obrigada, Neville.


- Foi realmente... gentileza dele – digo, e traço um desenho na terra com o sapato.


- Hermione, eu realmente tenho de ir – insiste Harry, vendo meu rosto. – Mas vejo você quando voltar, certo? No Dia da Família na Empresa. E a gente... retoma a partir daí.


- Certo. – Tento sorrir. – Vai ser ótimo.


- Eu gostei muito desta noite.


- Eu também. – respondo olhando para o banco. – Gostei mesmo.


- Vamos nos divertir de novo. – Ele levanta meu queixo suavemente até eu estar olhando-o direto. – Prometo, Hermione.


Ele se inclina, e desta vez não há hesitação. Sua boca pousa na minha, doce e firme. Ele está me beijando. Harry Potter está me beijando num banco de parque.


Sua boca está abrindo a minha, a barba é áspera contra meu rosto. Seu braço me envolve lentamente e me puxa, e meu fôlego fica preso na garganta. Pego-me enfiando a mão debaixo do seu paletó, sentindo os volumes dos músculos embaixo da camisa, querendo rasgá-la. Ah meu Deus. Eu quero isso. Quero mais.


De repente ele se afasta, e eu sinto que fui arrancada de um sonho.


- Hermione, eu tenho de ir.


Minha boca está úmida e coçando. Ainda posso sentir sua pele na minha. Todo o meu corpo lateja. Isso não pode ser o fim. Não pode.


- Não vá – ouço-me dizendo com a voz densa. – Meia hora.


O que eu estou sugerindo? Que a gente transe debaixo de uma moita?


Francamente, sim. Qualquer lugar serve. Nunca na vida fiquei tão desesperada por um homem.


- Eu não quero ir. – Seus olhos verdes estão quase opacos. – Mas preciso. – Ele segura minha mão, e eu me agarro à dele, tentando prolongar o contato ao máximo possível.


- Então... eu... a gente se vê. – Nem consigo falar direito.


- Mal posso esperar.


- Eu também.


- Harry. – Nós dois olhamos para Neville no portão.


- Certo. – diz Harry. Nós nos levantamos e eu discretamente afasto o olhar da postura um tanto estranha de Harry.


Eu poderia ir junto no carro e...


Não. Não. Rebobine a fita. Eu não pensei isso.


Quando chegamos à rua, vejo dois carros prateados esperando perto da calçada. Neville está parado perto de um, e o outro é obviamente para mim. Inferno. Sinto-me como se subitamente estivesse fazendo parte da família real ou sei lá o quê.


Quando o motorista abre a porta, Harry toca minha mão brevemente. Quero agarrá-lo para um amasso final, mas de algum modo consigo me controlar.


- Tchau – murmura ele.


- Tchau – murmuro de volta.


Então entro no carro, a porta se fecha com um ruído caro e nós partimos ronronando.


 


N/A: Ebaaaa! Finalmente saiu um beijo hein! Gostaram??? Mas coitada da Mione né... Esses mistérios do Harry andam cada vez mais complicados! O que será que ele esconde??? E tudo deu errado nos planos da Mione, mas até que eu achei que eles tiveram um encontro legal! E vocês?


Desculpa por não conseguir responder os comentários um por um, mas obrigada por todos! E por mais 5 comentários, trago o capítulo 16!


Ótima semana!


Bjos!


PS: Gente, comecei uma nova adaptação hoje! Se vocês puderem passar lá e dar uma olhada, ficarei muito feliz! http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=37739

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