ONZE



Bom, ainda que eu não saiba se me restaram muitos leitores depois dessas inesperadas "férias" do FeB, aí vai o próximo capítulo! E comentem pra eu saber se vocês ainda estão aí! *-*


 


Onze


 


De modo que agora eu não tenho promoção nem namorado. E estou com os olhos inchados de chorar. E todo mundo me acha maluca.


- Você é maluca – setencia Cho, aproximadamente a cada dez minutos. É manhã de sábado, e nós estamos na rotina usual, de roupão, café e ressaca. No meu caso, rompimento. – Você percebe que ele estava na sua mão? – Ela franze a testa para a unha do pé, que está pintando de rosa-bebê. – Eu teria previsto uma pedra no seu dedo em seis meses.


- Achei que você disse que eu tinha arruinado minhas chances quando concordei em morar com ele – respondo mal-humorada.


- Bem, no caso do Draco eu acho que você estaria em segurança. – Ela balança a cabeça. – Você é maluca.


- Você me acha maluca? – pergunto virando-me para Ginny, que está sentada na cadeira de balanço com o braço em volta dos joelhos, comendo um pedaço de torrada de passas. – Seja honesta.


- É... não. – responde Ginny de modo pouco convincente. – Claro que não!


- Acha sim!


- É só... que vocês pareciam um casal tão maravilhoso!


- Eu sei disso. Sei que a gente parecia o casal perfeito por fora. – Paro, tentando explicar. – Mas a verdade é que eu nunca senti que eu era eu mesma. Era sempre como se a gente estivesse representando. Você sabe. Não parecia real.


- É isso? – interrompe Cho, encarando-me como se eu estivesse falando besteira. – Foi por isso que você rompeu com ele?


- É um motivo bastante bom, não acha? – solidariza-se Ginny.


Cho nos encara inexpressiva.


- Claro que não! Hermione, se vocês agüentassem e agissem como o casal perfeito por tempo suficiente, acabariam virando o casal perfeito.


- Mas... mas a gente não seria feliz!


- Vocês seriam o casal perfeito – insiste Cho, como se explicasse algo a uma criança muito estúpida. – Claro que seriam felizes. – Ela se levanta cautelosamente, os dedos esparramados com a ajuda de pedaços de espuma cor-de-rosa, e começa a ir para a porta. – E, de qualquer modo, todo mundo finge, num relacionamento.


- Não finge não! Ou pelo menos não deveria fingir.


- Claro que deveria! Esse negócio de ser sincero com o outro não dá certo. – Ela dá um olhar de quem sabe das coisas. – Minha mãe é casada com meu pai há trinta anos, e ele ainda não faz idéia de que ela colocou silicone nos seios.


Cho sai da sala e eu troco olhares com Ginny.


- Você acha que ela está certa? – pergunto.


- Não – diz Ginny insegura. – Claro que não! Os relacionamentos devem ser construídos sobre... confiança... e verdade... – Ela pára e me olha ansiosa. – Hermione, você nunca me contou que se sentia assim com relação a Draco.


- Eu... não contei a ninguém.


Isso não é bem verdade, percebo imediatamente. Mas não vou dizer à minha melhor amiga que contei mais coisas a um total estranho do que a ela, vou?


- Bem, eu realmente gostaria que você tivesse confiado mais em mim – queixa-se Ginny, séria. – Hermione, vamos tomar uma nova decisão. De hoje em diante vamos contar tudo uma à outra. Não devemos ter nenhum segredo. Nós somos melhores amigas!


- Trato feito – concordo, em um súbito lampejo de cumplicidade. Impulsivamente me inclino e lhe dou um abraço.


Ginny está certa. Devemos confiar uma na outra. Não devemos esconder coisas uma da outra. Puxa, a gente se conhece há mais de vinte anos, pelo amor de Deus.


- Então, se vamos contar tudo uma à outra... – Ginny dá uma mordida na torrada de passas e me lança um olhar de lado. – O fato de você ter dado o pé na bunda do Draco teve alguma coisa a ver com aquele homem? O homem do avião?


Sinto uma pontada minúscula por dentro, que ignoro tomando um gole de café.


- Não – digo sem levantar os olhos. – Nada.


As duas ficamos olhando a tela da televisão por alguns instantes, onde Kylie Minogue está sendo entrevistada.


- Ah, sim! – exclamo ao me lembrar. – Então, se vamos fazer perguntas uma à outra... o que você estava realmente fazendo com aquele tal de Jean-Paul no seu quarto?


Ginny respira fundo.


- E não diga que estavam examinando anotações de processos – acrescento. – Porque isso não ia fazer todo aquele barulho.


- Ah! – diz Ginny, parecendo preocupada. – Certo. Bem... a gente estava... – Ela toma um gole de café e evita meu olhar. – Nós estávamos... é... fazendo sexo.


- O quê? – encaro-a, desconcertada.


- É. Nós estávamos fazendo sexo. Por isso eu não queria contar a você. Fiquei sem graça.


- Você e Jean-Paul estavam fazendo sexo?


- É! – Ela pigarreia. – Estávamos fazendo sexo passional... rude... animalesco.


Há alguma coisa errada aqui.


- Não acredito – murmuro, dando-lhe um olhar comprido. – Vocês não estavam fazendo sexo.


As manchas cor-de-rosa nas bochechas de Ginny ficam mais fortes.


- Estávamos sim!


- Não estavam! Ginny, o que vocês estavam fazendo de verdade?


- Estávamos fazendo sexo, certo? – exclama Ginny nervosa. – Ele é meu novo namorado e... é isso que a gente estava fazendo! Agora me deixe em paz. – Ela se levanta cheia de agitação, espalhando migalhas de torrada, e sai da sala tropeçando ligeiramente no tapete.


Encaro-a, completamente bestificada.


Por que ela está mentindo? O que, afinal, ela estava fazendo? O que será mais embaraçoso do que sexo, pelo amor de Deus? Estou tão intrigada que quase me animo.


 


Para ser honesta, não é o melhor fim de semana da minha vida. E fica ainda menos fantástico quando chega o correio e eu recebo um postal de mamãe e papai, no Le Spa Meridien, dizendo como a viagem está sendo maravilhosa. E fica ainda pior quando leio meu horóscopo no Mail, e ele diz que talvez eu tenha cometido um grande erro.
Mas na manhã de segunda estou melhor. Eu não cometi um erro. Minha vida nova começa hoje. Vou esquecer tudo sobre amor e romance e me concentrar na carreira. Talvez até procurar um emprego novo.


Quando saio do metrô, começo a gostar um bocado dessa idéia. Vou me candidatar a um cargo de executiva de marketing na Coca-Cola ou algum lugar assim. E vou conseguir. E de repente Paul vai perceber o erro terrível que cometeu, não me promovendo. E vai pedir que eu fique, mas eu vou dizer: “É tarde demais. Você teve sua chance”. E então ele vai implorar; “Hermione, há alguma coisa que eu possa fazer para que você mude de idéia?” E aí eu vou dizer...


Quando chego ao trabalho Paul está se arrastando no chão enquanto eu me sento casualmente à mesa dele, segurando um dos joelhos (além disso pareço estar usando um terninho novo e sapatos Prada), dizendo: “Sabe, Paul, você só precisava me tratar com um pouquinho de respeito...”


Merda. Meus olhos focalizam e eu paro, com a mão nas portas de vidro. Há uma cabeça loura no saguão.


Draco. Uma onda de pânico me domina. Não posso entrar. Não posso. Não...
Então a cabeça se move e não é Draco, é Rob, da contabilidade. Empurro a porta, sentindo-me uma imbecil completa. Meu Deus, estou na maior confusão. Preciso tomar tino porque cedo ou tarde vou esbarrar no Draco e vou ter de enfrentar isso.


Pelo menos ninguém no trabalho sabe, ainda, penso enquanto subo a escada. Isso tornaria as coisas um milhão de vezes pior. As pessoas chegarem perto de mim dizendo...


- Hermione, sinto muito o que houve com você e Draco!


- O quê? – Minha cabeça se levanta, em choque, e vejo uma garota chamada Nancy vindo para mim.


- Foi um tremendo choque, vindo do nada! De todos os casais, eu nunca imaginaria vocês dois rompendo. Mas essas coisas acontecem, nunca se sabe...


Encaro-a, atordoada.


- Como... como você sabe?


- Ah, todo mundo sabe! – Nancy dá de ombros. – Sabe que houve uma festinha na noite de sexta-feira? Bem, Draco veio e ficou bastante bêbado. E contou a todo mundo. Na verdade ele fez um discursozinho!


- Ele... fez o quê?


- Foi bem tocante, verdade. Disse que a Corporação Panther era como a família dele, e que sabia que todo mundo iria apoiá-lo nesse período difícil. E apoiar você, claro – acrescenta ela depois de pensar. – Se bem que, como foi você que rompeu, Draco realmente é a parte ferida. – Ela se inclina para a frente, de modo confidencial. – Tenho de dizer, um bocado das garotas está dizendo que você pirou de vez!


Não acredito. Draco fez um discurso sobre nosso rompimento. Depois de prometer segredo. E agora todo mundo está do lado dele.


- Certo – digo finalmente. – Bem, é melhor eu ir...


- É uma pena. – Nancy me olha de modo inquisitivo. – Vocês dois pareciam tão perfeitos!


- Eu sei. – Forço um sorriso. – Bom. Depois a gente se vê.


 


Vou para a nova máquina de café e estou olhando para o espaço, tentando botar a cabeça no lugar, quando uma voz trêmula me interrompe:


- Hermione? – levanto os olhos e meu coração se aperta. É Luna, olhando-me como se eu tivesse três cabeças.


- Ah, oi! – respondo, tentando parecer calma.


- É verdade? – sussurra ela. – É verdade? Porque eu só vou acreditar quando ouvir você dizendo com seus próprios lábios.


- É – digo relutante. – É verdade. Draco e eu rompemos.


- Ah meu Deus. – A respiração de Luna fica cada vez mais rápida. – Ah meu Deus. É verdade. Ah meu Deus, ah meu Deus, realmente não agüento isso...


Merda. Ela está com problema respiratório. Pego um saco de açúcar vazio e coloco sobre sua boca.


- Luna, calma! – exclamo, desamparada. – Respire devagar...


- Eu andei tendo ataques de pânico todo o fim de semana – consegue dizer ela, entre as respirações. – Acordei ontem à noite suando frio e fiquei pensando: se for verdade, o mundo não faz mais sentido. Simplesmente não faz sentido.


- Luna, a gente rompeu! Só isso! As pessoas rompem o tempo todo.


- Mas você e Draco não eram simplesmente pessoas. Eram o casal. Quero dizer, se vocês não conseguem, por que o resto de nós vai se incomodar em ao menos tentar?


- Luna, nós não éramos o casal! – rebato, tentando manter a calma. – Nós éramos um casal. E deu errado... e essas coisas acontecem.


- Mas...


- E, para ser sincera, eu prefiro não falar sobre isso.


- Ah – exclama ela, me encarando por cima do saco. – Ah meu Deus, claro. Desculpe, Hermione. Eu não... eu só... você sabe, foi um tremendo choque!


- Anda, você ainda não me contou como foi o encontro com Phillip – mudo de assunto com firmeza. - Me anime com alguma notícia boa.


A respiração de Luna se acalma gradualmente, e ela tira o saco do rosto.


- Na verdade foi muito bem. Nós vamos nos encontrar de novo!


- Então, viu? – eu a encorajo.


- Ele é muito charmoso. E gentil. E nós temos o mesmo senso de humor, e gostamos das mesmas coisas. – Um sorriso tímido se espalha no rosto de Luna. – Na verdade, ele é tão gracinha!


- Ele parece maravilhoso! Está vendo? – Aperto o braço dela. – Você e Phillip provavelmente vão ser um casal muito melhor do que Draco e eu já fomos. Quer um café?


- Não, obrigada, preciso ir. Nós vamos ter uma reunião com Harry Potter, sobre o departamento de pessoal. Vejo você depois.


Uns cinco segundos depois meu cérebro tem um estalo.


- Espera um segundo. – Vou depressa pelo corredor e agarro o ombro dela. – Você falou Harry Potter?


- É.


- Mas... mas ele não foi embora? Na sexta?


- Não foi não. Mudou de idéia.


Encaro-a, incrédula.


- Mudou de idéia?


- É.


- Então... – Engulo em seco. – Então ele está aqui?


- Claro que está! – responde Luna, rindo. – Está lá em cima.


De repente minhas pernas não funcionam direito.


- Por que... – Pigarreio, e minha garganta ficou meio rouca. – Por que ele mudou de idéia?


- Quem sabe? – Luna dá de ombros. – Ele é o chefe. Pode fazer o que quiser, não é? Bem, ele pareceu um sujeito muito pé no chão. – Ela enfia a mão no bolso, pega uma caixa de chiclete e me oferece um. – Ele foi muito legal com Draco, depois do discursozinho...


Sinto uma nova pontada.


- Harry Potter ouviu o discurso de Draco? Sobre o nosso rompimento?


- Ouviu! Estava parado bem perto dele. – Luna desembrulha seu chiclete. – E depois disse uma coisa realmente gentil, disse que imaginava como Draco estava se sentindo. Não foi um amor?


Preciso sentar. Preciso pensar. Preciso...


- Hermione, você está legal? – preocupa-se Luna, consternada. – Meu Deus, eu sou tão insensível...


- Não. Tudo bem – balbucio, atordoada. – Estou bem. Até daqui a pouco.


 


Minha mente está num redemoinho enquanto vou para o departamento de marketing.


Não era assim que deveria acontecer. Harry Potter deveria estar na América. Não deveria imaginar que eu fui direto para casa, depois da nossa conversa, e dei um chute na bunda de Draco.


Sinto uma pontada de humilhação. Ele vai achar que eu chutei Draco por causa do que falou comigo no elevador, não é? Vai pensar que foi tudo por causa dele. E não foi. Não foi mesmo.


Pelo menos não totalmente...


Talvez seja por isso...


Não. É ridículo achar que ele ficou só por minha causa. Ridículo. Não sei porque estou tão abalada.


Quando me aproximo da mesa, Pansy levanta o olhar de um exemplar do Marketing Week.


- Ah, Hermione. Lamento saber sobre você e Draco.


- Obrigada – digo. – Mas não quero falar sobre isso, se você não se importa.


- Tudo bem. Tanto faz. Eu só estava sendo educada. – Ela olha para um Post-It em sua mesa. – A propósito, tem um recado de Harry Potter para você.


- O quê? – Levo um susto.


Merda. Eu não queria parecer tão alterada.


- Quero dizer, o que é? – acrescento com mais calma.


- Se você poderia levar a... – Ela franze a vista para o papel - ...a pasta do Leopold para a sala dele. Ele disse que você ia saber o que era. Mas que, se não encontrar, não faz mal.


Encaro-a, com o coração martelando no peito.


A pasta do Leopold.


Era só uma desculpa para a gente se afastar das mesas...


É um código secreto. Ele quer me ver.


Ah meu Deus. Ah meu Deus.


Nunca fiquei mais empolgada, agitada e petrificada. Ao mesmo tempo.
Sento-me e olho minha tela vazia por um minuto. Depois, com os dedos trêmulos, pego uma pasta vazia. Espero até Pansy se virar, depois escrevo “Leopold” na lateral, tentando disfarçar a letra.


Agora o que eu faço?


Bem, é óbvio. Levo para a sala dele lá em cima.


A não ser... ah, porra. Será que não estou sendo bem, bem idiota? Será que existe mesmo uma pasta do Leopold?


Entro rapidamente no banco de dados da empresa e faço uma rápida busca por “Leopold”. Mas não aparece nada.


Certo. Eu estava certa no início.


Já vou empurrar a cadeira para trás quando de repente tenho um pensamento paranóico. E se alguém me parar e perguntar o que há na pasta do Leopold? E seu eu largar no chão e todo mundo vir que está vazia?


Rapidamente abro um documento novo, invento um cabeçalho bonito e digito uma carta de um tal Sr. Ernest P. Leopold para a Corporação Panther. Mando imprimir, vou até a impressora e pego antes que alguém possa ver o que é. Não que alguém esteja interessado nem mesmo de longe.


- Certo – digo casualmente, enfiando-a na pasta de papelão. – Bem, vou levar esta pasta para cima e...


Pansy nem levanta a cabeça.


Quando ando pelos corredores meu estômago está se revirando, e eu me sinto toda nervosa e sem graça, como se todo mundo no prédio soubesse o que estou fazendo. Há um elevador esperando para subir, mas vou pela escada, primeiro para não ter de falar com ninguém, e segundo porque meu coração está batendo tão depressa que sinto que preciso aplicar um pouco de energia.


Por que Harry Potter quer me ver? Porque, se for para dizer que estava certo o tempo todo com relação a Draco, ele pode simplesmente... ele pode muito bem... De repente retorno àquela atmosfera medonha no elevador, e meu estômago se revira. E se a coisa for realmente ruim? E se ele estiver com raiva de mim?


Eu não preciso ir, lembro a mim mesma. Ele me deu uma opção de saída. Eu poderia facilmente telefonar para a secretária dele e dizer: “Desculpe, não consegui achar a pasta do Leopold”, e isso seria o fim.


Por um instante hesito na escada de mármore, com os dedos apertando com força o papelão. E então continuo andando.


 


Quando me aproximo da porta da sala de Harry vejo que não está sendo guardada por uma das secretárias, e sim por Neville.


Ah meu Deus. Sei que Harry disse que ele é seu amigo mais antigo, mas não consigo evitar. Realmente acho esse cara assustador.


- Oi – exclamo. – É... o Sr. Potter pediu que eu trouxesse a pasta do Leopold.


Neville me olha, e por um instante é como se uma pequena comunicação silenciosa estivesse passando por nós. Ele sabe, não sabe? Provavelmente também usa o código Leopold. Ele pega o telefone e depois de um momento anuncia:


- Harry, Hermione Granger está aqui com a pasta do Leopold. – Depois desliga o telefone, e sem sorrir, diz: - Pode entrar.


Entro, sentindo-me pinicando de falta de jeito. A sala é gigantesca e forrada de lambris, e Harry está sentado atrás de uma grande mesa de madeira. Quando ergue os olhos, seu olhar é caloroso e amigável, e eu me sinto relaxar apenas um pouquinho.


- Olá – diz ele.


- Olá – respondo, e há um silêncio curto. - Então... hmm... aqui está a pasta do Leopold. – digo, e entrego a pasta de papelão.


- A pasta do Leopold. – Ele ri. – Muito bom. – Depois abre e olha surpreso o pedaço de papel. – O que é isso?


- É... é uma carta do Sr. Leopold, da Leopold e Companhia.


- Você escreveu uma carta do Sr. Leopold? – Ele parece perplexo, e de repente me sinto uma boba.


- Só para o caso de eu deixar a pasta cair e alguém ver – murmuro. – Pensei que eu teria de inventar alguma coisa depressa. Não é importante. – Tento pegá-la de volta, mas Harry puxa-a para longe.


- “Do escritório de Ernest P. Leopold” – ele lê em voz alta, e seu rosto se franze, divertido. – Vejo que ele quer pedir 6.000 caixas de Panther Cola. Tremendo cliente, esse tal de Leopold.


- É para uma festa da corporação – explico. – Eles normalmente usam Pepsi, mas recentemente um dos empregados provou a Panther Cola e achou tão boa...


- Que eles tiveram de trocar – termina Harry. – “Devo acrescentar que estou muito satisfeito com todos os aspectos de sua companhia, e que passei a usar agasalho de corrida Panther, que é a roupa esportiva mais confortável que já experimentei.” – Ele olha para a carta, depois ergue a cabeça com um sorriso. Para minha surpresa, seus olhos estão brilhando ligeiramente. – Sabe, Rony teria adorado isso.


- Ronald Weasley? – eu hesito.


- É. Foi Rony que inventou a manobra da pasta do Leopold. Era o tipo de coisa que ele fazia o tempo todo. – Harry dá um tapinha na carta. – Posso ficar com ela?


- Claro. – respondo, meio pasma.


Ele a dobra e enfia no bolso, e por alguns instantes há silêncio.


- Então – diz Harry finalmente. Em seguida levanta a cabeça e me olha com uma expressão ilegível. – Você rompeu com Draco.


Meu estômago dá uma cambalhota. Não sei o que dizer.


- Então. – levanto o queixo em desafio. – Você decidiu ficar.


- É, bem... – Ele estica os dedos e os examina brevemente. – Achei que deveria dar uma olhada mais atenta em algumas das subsidiárias européias. – Ele ergue a cabeça. – E você?


Ele quer que eu diga que dei o pé na bunda do Draco por causa dele, não é? Bem, não vou dizer isso. De jeito nenhum.


- O mesmo motivo – assinto. – As subsidiárias européias.


A boca de Harry se retorce relutantemente num sorriso.


- Sei. Você está... bem?


- Estou. Na verdade estou gostando de ficar sozinha de novo. – Faço um gesto amplo com os braços. – Você sabe, a liberdade, a flexibilidade...


- Ótimo. Bem, então talvez não seja uma boa hora para... – Ele pára.


- Para o quê? – digo um pouco rápido demais.


- Eu sei que você deve estar sofrendo neste momento – continua Harry cuidadosamente. – Mas eu estava me perguntando. – Ele pára durante o que parece uma eternidade, e posso sentir o coração batendo com força contra as costelas. – Você gostaria de jantar uma hora dessas?


Ele me convidou para sair. Me convidou para sair.


Quase não consigo mexer a boca.


- Sim – concordo, finalmente. – Sim, seria ótimo.


- Ótimo! – Ele pára. – A única coisa é que minha vida está meio complicada agora. E com a situação no nosso escritório... – Ele abre as mãos. - Talvez seja boa idéia mantermos isso só entre nós.


- Ah, eu concordo totalmente – digo depressa. – Nós devemos ser discretos.


- Então, digamos... que tal amanhã à noite? Serve para você?


- Amanhã à noite seria perfeito.


- Eu vou pegá-la. Se você me passar um e-mail com o endereço. Oito horas?


- Oito horas!


Quando saio da sala de Harry, Neville me olha e levanta as sobrancelhas, mas não digo nada. Volto ao departamento de marketing, tentando ao máximo manter o rosto desapaixonado e calmo. Mas a empolgação está borbulhando no meu estômago, e um sorriso gigantesco fica lambendo meu rosto.


Ah meu Deus. Ah meu Deus. Vou jantar com Harry Potter. Simplesmente... não acredito.


Ah, quem eu estou querendo enganar? Eu sabia que isso ia acontecer. Assim que soube que ele não tinha ido para os Estados Unidos. Eu sabia.


 


N/A: Capítulo fofoooo!!! E ainda teremos o 12, hoje! \o/\o/\o/ Daqui a pouco! :D

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