Reecontro com passado




Julie abriu lentamente a porta do seu quarto e atravessou o longo corredor, entrando em seguida no outro aposento. Seus pais ainda estavam dormindo profundamente, subiu na cama e foi engatinhando até os dois.


- Bom dia! – gritou fazendo com que eles pulassem de susto.


- Julie... – Rony murmurou ainda de olhos fechados.


- Está um dia lindo hoje! – ficou pulando em cima do colchão – E mamãe prometeu que me levaria no parquinho hoje.


- Como é que você consegue ser tão animada a essa hora da manhã – o homem se sentou puxando a filha para perto de si.


- Acho melhor irmos! –a morena sussurrou no ouvido do marido – Ela não vai sossegar tão cedo.


- Ótimo! – colocou os pés no chão e foi caminhando até o banheiro – Espere a gente na sala de jantar para tomarmos café da manhã.


- Está bem! – a menina saiu saltitando do local – Não demorem.


O ruivo foi lavar o rosto para se manter acordado. Depois foi trocar de roupa.


- Pense pelo lado bom! – ela disse enquanto terminava de colocar o brinco – Se ela está bem animada, vai querer brincar muito, então vai ficar bem cansada e dormir a noite toda.


- Você tem razão – se aproximou da esposa e deu um selinho de leve nela – É melhor que nos acorde de manhã do que no meio da madrugada, como quando ela era um bebê.


Desceram as escadas em seguida. Quando chegaram ao local onde o café era servido, a mesa já estava toda arrumada. A refeição foi feita em silêncio, com exceção de alguns comentários de Julie. Quando terminaram, Hermione foi trocar de roupa para levar a filha na pracinha.


- Podemos ir? – a garota começou a pular quando viu a mãe descendo as escadas.


- Sim! – respondeu.


- Vou pedir para tirarem o seu carro da garagem! – o ruivo havia acabado de chegar à sala.


Não demorou muito para saírem de casa. Desde que a filha era bem pequena Hermione fazia questão de que ela tivesse contato com crianças trouxas, assim não teria nenhum tipo de preconceito, como moram em um condomínio bruxo, costuma leva-la no parquinho em que brincava quando crianças.


- Já chegamos! – a morena estacionou o carro.


- Podemos ir até a casa do vovô e da vovó Granger depois? – a menina pediu. Às vezes, as duas iam até lá tomar um lanche.


- Você sabe que seus avós estão viajando Julie – explicou enquanto caminhavam até o local onde havia vários brinquedos.


- É verdade! – lembrou-se – Que pena.


Quando a ruivinha avistou seus amigos, saiu correndo para que pudessem brincar. Enquanto isso, sua mãe sentou-se em um banco para ler o livro que havia levado.


Como já estava nos últimos capítulos, a mulher terminou rapidamente de ler e ficou observando as crianças.


- Mãe! – ouviu Julie, que estava sentada em um balanço – Me empurra.


- Claro! – se levantou caminhando até o local.


À medida que ela ia empurrada, a menina ia gritando de alegria e pedia para ir mais alto. Não estava prestando muita atenção a filha, pois estava observando as pessoas que se exercitavam na pista de corrida.


Seu olhar recaiu sobre um homem que vestia uma bermuda, um tênis que parecia novo e escutava música em um fone de ouvido. Ele se parecia muito com Harry, o que deixou a morena extremamente incomodada.


- Continua mãe! – a garota reclamou, quando Hermione foi parando de balança-la – Por favor.


- É melhor irmos para a casa – começou a sair apressadamente, ainda bastante nervosa.


- Mas acabamos de chegar- ficou parada no mesmo lugar com os braços cruzados – Vamos ficar mais um pouquinho.


- Podemos voltar aqui outro dia – estendeu os braços para a filha – Eu te dou um sorvete se você vier.


- Está bem – sorriu e acabou aceitando.


Continuou a olhar para o local onde havia “visto” o de olhos verdes, ele não apareceu mais até o momento em que foi embora.


Quando chegaram em casa, a morena foi diretamente para o seu quarto, trocou de roupa e deitou na cama. Vê a maçaneta da porta girar e Rony entra no local.


- Vocês ficaram pouco tempo lá – disse se sentando ao lado da esposa – O que aconteceu?


- Não foi nada – se virou para não encara-lo – Eu só não estava com vontade de ficar lá.


- Não adianta tentar mentir para mim Mione – começou a passar os dedos pelos cachos do cabelo dela – Te conheço há 17, e muito bem.


- Se eu te contar, vai achar que eu estou louca! – sentou para poder olhar melhor o ruivo


- Por favor, me conta – pediu segurando a mão dela – Quem sabe é alguma coisa que eu possa fazer.


- Duvido muito! – balançou a cabeça negativamente – Eu acho que eu vi o Harry hoje, na pista de corridas que fica ao lado do parquinho.


- Eu sei que é difícil para você aceitar a morte do Harry – disse com bastante cautela – Mas já faz 10 anos.


- Eu disse que você ia achar que estou louca – se levantou para sair de perto do marido – Sabia que você não ia acreditar no que eu vi.


- Eu não disse isso meu amor - tentou concertar o erro imediatamente – Você deve ter visto uma pessoa muito parecida com ele, só isso.


- Tem razão – respondeu mesmo não estando convencida das próprias palavras – Eu sou uma boa mesmo.


- Pode ser – a abraçou de maneira carinhosa – Mas é a boba que eu amo – completou antes de beijá-la.


O fim de semana se passou sem maiores novidades. Era segunda-feira de manhã, Hermione acordou e foi abrindo os olhos lentamente, encontrando o marido, que terminava de se arrumar.


- Já vai sair? – perguntou olhando, em seguida para o relógio, era sete meia da manhã.


- Sim! – terminava de dar o nó na gravata – Lupin teve ir ao uma reunião na Alemanha e eu vou ter que ficar no lugar dele no ministério hoje (o ruivo é o vice-ministro da magia, enquanto o antigo professor de Hogwarts ocupa o cargo principal).


Pegou sua pasta e deu um selinho na esposa.


- Não vai tomar café? – tinha um tom manhoso de voz – Eu posso acompanhá-lo!


- Estou com um pouco de pressa, como alguma coisa por lá mesmo – respondeu enquanto ia andando ate a porta – Acho que vou chegar tarde, não me esperem para jantar.


Ela não teve tempo de dizer mais nada, no minuto seguinte o marido não estava mais lá. Suspirou pesadamente e deitou novamente na cama.


A morena estava sentada no sofá da sala lendo um livro enquanto esperava sua filha chegar da escola para as duas almoçarem juntas. Agora que estava sozinha voltou a pensar no amigo, precisava vê-lo de novo para provar a si mesma que não estava ficando maluca.


Julie não demorou muito para chegar e foram diretamente para a sala de jantar. Quando terminaram a refeição, comeram a sobremesa.


- Julie, você quer ir ao parquinho hoje? – perguntou enquanto se servia de mais uma fatia de pudim.


- Claro! – a menina estava bastante anima – Adoro ir para lá, tenho vários amigos.


- Que bom meu bem – ficava feliz por isso – Então eu vou te levar lá.


- Sério? – pareceu mais feliz ainda – Eu não vou precisar ir com a babá?


- Ela vai com a gente também – continuou – Todos nós estamos precisando de um pouco de sol.


- Podemos ir agora! – terminou de comer o pedaço de pudim rapidamente – Eu já terminei.


- Melhor fazer a digestão antes – explicou enquanto se levantava da mesa – O que acha de eu ler um livro para você?


A garota balançou a cabeça afirmativamente, ouvir histórias era outra de suas atividades favoritas (o que prova que ela puxou a inteligência da mãe).


Cerca de duas horas depois elas estavam saindo de casa. Assim que chegaram ao local Julie foi correndo em direção aos brinquedos, a babá se sentou no banco para ficar de olho nela e Hermione voltou toda a sua atenção para a pista de corrida.


Várias pessoas passaram correndo por lá, mas nenhum sinal dele, fazendo com a mulher ficasse bastante impaciente. De repente, ele apareceu, da mesma maneira que estava no sábado, parecia completamente concentrado em sua atividade e alheio ao mundo a sua volta.


Ela se levantou, precisava ir até lá e conversar com ele. Depois de tantos anos teriam muitas coisas para saber um do outro, e muitas explicações.


- Aonde você vai mãe? – a garota perguntou quando a viu saindo de lá.


- Vou comprar uma garrafa de água – foi a primeira desculpa que surgiu em sua cabeça – Está muito calor.


Quando chegou na frente da pista de corrida, ele já havia ido embora. Seu primeiro pensamento foi ir atrás dele, custe o que custar, mas depois pensou melhor e mudou de idéia.


- Eu devo estar mesmo ficando louca – pensou um pouco alto – É claro que não é o Harry, ele... Está morto.


Voltou para onde estava. Pensava que havia superado a perda do seu grande amor, mas percebeu que estava enganada.


Assim que chegaram em casa, a morena foi para o seu quarto e só saiu de lá na hora do jantar, voltando logo em seguida.


Quando Rony chegou em casa já passava da meia noite, estava extremamente cansado, tudo que ele queria era tomar banho e depois dormir a noite toda.


Encontrou sua esposa dormindo e se aproximou para dar um beijo em sua testa, foi quando percebeu que ela abraçava um foto e resolveu olha-la. Embora ele estivesse naquela foto sabia que não era por isso que Hermione estava com ela.


Mesmo os dois estando casados há nove anos e tivessem uma linda filha juntos, o homem sabia que nunca conseguiria disputa-la com seu melhor amigo e isso o deixava ligeiramente triste.


- Mione! – suspirou ao se sentar na beirada da cama, ainda olhando para a imagem do trio – Quando é que você vai me dar a oportunidade de te fazer me amar?


Era sexta-feira de tarde, Hermione estava na sala de televisão assistindo a um programa trouxa e passava a mão pelo cabelo da filha, que dormia deitada em seu colo. Ouviu a porta da entrada se abrindo e, alguns segundos depois, o ruivo apareceu no local.


- O que você está fazendo aqui a essa hora? – perguntou achando estranho.


- Quero que você coloque seu vestido mais bonito hoje – sentou ao lado dela e depositou um curto beijo em seus lábios – Vamos jantar na casa do Lupin.


- Por que você não me avisou antes? – ficou extremamente nervosa – Não estou preparada para uma festa.


- Mas não será uma festa – explicou – Vai um jantar simples, tem uma pessoa que Lupin quer que a gente conheça.


- Alguém importante para o ministério? – quis saber.


- Provavelmente – deu de ombros – Ele não quis me dizer de quem se tratava.


- Então vou começar a me arrumar agora mesmo – se levantou com bastante cuidado para não acordar a menina.


Uma hora depois estavam saindo. A casa do ministro da magia ficava fora da cidade de Londres (na mesma estrada que se usava para ir A Toca), por isso levava um pouco mais de meia hora para se chegar lá.


Tocaram a campainha e logo o mordomo foi atender a porta.


- Sejam bem vindos senhor e senhora Weasley – disse deixando que eles entrassem – O senhor e a senhora Lupin estão esperando na sala.


Caminharam até o local e se cumprimentaram antes de sentar no sofá.


- E então Mione – a outra mulher começou – Como está a Julie?


- Ela está muito bem – respondeu sorrindo – Embora dê mais trabalho a cada dia.


- Crianças nessa idade são desse jeito mesmo – Tonks tomou um gole de sua cerveja amanteigada – Lembro-me de quando Jordan tinha essa idade, era impossível.


- Eu imagino – parecia formar a imagem em sua cabeça – Logo Andy também estará nessa faze.


- Acho que ela já está! – a mulher suspirou cansada – Ela fica correndo pela casa o dia inteiro, sem contar a magia involuntária.


- Julie teve esse mesmo problema quando tinha dois anos – explicou – Mas logo vai passar.


- Mas então Rony – o ministro também puxou conversa – Quando vocês dois pretendem ter outro filho?


- Estou há mais de um ano tentando convencer a Mione – o ruivo disse – Mas acho que ela não quer.


- Quero esperar mais alguns anos – ela respondeu – De preferência quando a Julie estiver em Hogwarts.


- Mas Mione, ainda faltam seis anos para isso – fingiu estar chateado.


- Onde está o convidado misterioso? – a morena resolveu mudar de assunto.


- Já deve estar chegando – o homem olhou para o relógio.


- Você não contou para eles? – Tonks sussurrou no ouvido do marido.


- É melhor dessa maneira! – responde da mesma maneira – Vão ficar ansiosos se souberem a verdade.


- Eu acho que vai ser um grande choque – tentou convence-lo – Mas se você prefere.


Continuaram conversando animadamente durante dez minutos. Quando a campainha tocou.


- Deve ser ele! – Lupin anunciou se levantando – Vem comigo Rony?


- Está bem! – o outro homem também se levantou.


Foram em direção a saída da casa. Isso estava deixando Hermione bastante curiosa.


- Essa pessoa deve ser mesmo muito importante – ela observou pegando seu copo.


- Você ao tem idéia! – a outra respondeu.


Demoraram cerca de dois minutos para retornarem. Mas agora estavam acompanhados por outra pessoa.


- Boa noite! – aquela voz extremamente familiar ecoou por toda a sala.


- Harry! – assustou-se tanto que deixou o copo escorregar de sua mão, fazendo o vidro se espalhar por todo o chão.

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