Animagos
A aula dupla de transfiguração daquela quinta-feira estava sendo muito cansativa, nenhum dos alunos estava conseguindo prestar atenção no que a professora Mcgonagal dizia. Harry olhou rapidamente para a amiga e percebeu que ela estava totalmente distraída.
- Você está bem Mione? – ele perguntou de repente.
- Sim! – respondeu, sorrindo – Só estou com um pouco de sono, madame Pomfrey disse que isso é normal.
Ele não disse mais nada, voltou a olhar para a frente da sala, onde a professora continuava a falar.
Quando o sinal indicando o fim das aulas naquele dia, todos os alunos arrumaram rapidamente seus materiais e correram para a porta.
- Para aqueles que se inscreverão no exame para animago – a mulher disse, bloqueando a saída de todos – A primeira aula pratica será nessa sábado às onze da manhã.
- Mas professora! – Rony foi o primeiro a reclamar – Esse fim de semana tem passeio para Hogsmead.
- Eu sei perfeitamente disso, senhor Weasley! – ela disse, sem mudar a expressão do seu rosto – Mas, quem quer fazer um exame tão importante desses, não pode se preocupar com isso.
- Está bem! – o ruivo saiu da sala juntamente com os amigos.
Eles caminharam até o lado de fora do castelo. Quando chegaram ao local, Gina e Luna vieram na direção do trio.
- O que houve meu amor? – a loira perguntou, se aproximando do namorado.
- Não vou poder ir a Hogsmead com você nesse sábado! – respondeu muito triste.
- Por quê? – foi a vez da outra garota perguntar olhando para o irmão.
- Aula prática para animago! – continuava sem emoção nenhuma – Espero que você me perdoe Luna!
- Tudo bem Rony! – ela disse, sorrindo – Nem estava com muita vontade de ir a Hogsmead. Vou ficar aqui procurando as fadas do dente, elas ainda fogem de mim.
- Se isso te consola Rony! – o moreno disse, dando um tapa de leve no ombro do amigo – Eu e a Mione também não vamos a Hogsmead.
- Por quê? – ele perguntou.
- Vamos estudar para os N.I.E.M’s – Hermione respondeu, evitando olha a ruiva que estava ao seu lado – Caso tenho esquecido, a prova é em menos de um mês.
- Eu sei disso! – Rony disse, parecendo desanimado – Mas eu estou sem tempo para estudar.
Os cinco continuaram em silêncio, apenas encarando, cada um, o próprio sapato.
- Quer dar um passeio comigo Mione? – Harry perguntou, entendendo a mão para amiga.
- Está bem! – disse – Quer vir também Gina? – perguntou, virando-se para a ruiva (desde aquele dia no salão comunal, ela tenta colocar a amiga em tudo que ela e Harry fazem).
- Não obrigada! – Gina respondeu, com um sorriso nos lábios – Acho que vou até biblioteca estudar um pouco.
- Está bem! – o moreno disse, como se quisesse se livrar logo da namorado – Vocês querem vir? – perguntou, em seguida, virando-se para o outro casal.
- Não! – Luna respondeu, com seu olhar sonhador de costume.
Os dois morenos começaram a andar, de mãos dadas, em direção ao lago. Chegaram perto de uma árvore e sentaram perto dela, Harry encostado no troco e a garota sentada entre as pernas dele.
- Eu nem acredito que já vamos nos formar em Hogwarts! – ela disse, de repente – Parece que foi ontem que chegamos aqui pela primeira vez.
- Tem razão! – o moreno disse, sorrindo – Hogwarts é como se fosse a minha casa, vai ser entranho não voltar mais aqui todos os anos.
- Mas agora seremos bruxos formados e teremos outras responsabilidades! – Hermione disse, se virando para olhá-lo – Você ainda pretende seguir carreira da Auror?
- Sim, não consigo pensar em outra coisa para fazer depois de sair daqui – respondeu rindo – Mas e você? Nunca me disse em que queria trabalhar.
- Você vai rir se eu te disser! – respondeu, virando-se de costas para o amigo novamente.
- Por favor, Mione! – ele pediu, a virando novamente e fazendo cara de cachorro sem dono – Eu realmente admiro a sua preocupação com os elfos e acho muito legal que você leve o F.A.L. E a diante.
- Eu realmente pensei em fazer isso, mas já mudei de idéia – disse, muito séria – Desde que eu era bem pequena sonhava em ser médica, que era uma carreira parecida com a dos meus pais – continuou – Depois que descobri que era bruxa, resolvi ser curandeira, mas nunca vou realizar o meu sonho.
- Por quê? – ele perguntou, espantado – É a melhor aluna do nosso ano, vai tirar a nota máxima em todos os seus N.I.E.M’s, sem dúvida.
- Eu não tenho dúvida disso! – continuou, triste – Mas eu vou ter uma filha e não vou ter tempo para estudar.
- Mas ainda falta muito tempo para ela nascer! – disse, achando que a amiga estava ficando doida – Já vamos ter feito as provas.
- Não falo dos N.I.E.M’s, e sim, depois disso – explicou, ainda o encarado muito séria, mas com um olhar triste – A medicina bruxa é muito complexa e exige anos de dedicação, não vou poder fazer isso com uma criança pequena que precisa de mim para tudo. Quem sabe daqui a alguns anos.
- De jeito nenhum Mione! – fala, segurando o rosto da morena – Sabe eu estou aqui para o que você precisar, posso cuidar da nossa filha enquanto você estuda e vira a melhor curandeira do St. Mungus.
- Obrigada Harry! – ela diz, o abraçando – Mas não é tão simples assim.
Continuaram abraçados durante algum tempo. Quando o moreno se afastou da garota, segurou o rosto dela e foi se aproximando lentamente até que seus lábios se tocaram.
Hermione ainda tentou se afastar, mas acabou correspondendo aquele contato. Desde que se descobriu apaixonada por seu melhor amigo que não consegue resistir aos carinhos dele, mesmo se sentindo culpada por causa de Gina.
Quando se afastaram, ambos estavam sorrindo. Demoraram um pouco para abrirem os olhos e se encararem.
- Tenho certeza de que você vai conseguir ser curandeira – ele disse, depois de alguns minutos em silêncio.
- Obrigada por me apoiar Harry! – ela disse, sorrindo, mesmo sabendo que seu sonho não se realizaria – Já está tarde, é melhor voltarmos para o castelo – completou, olhando para o relógio e depois para o seu, estava começando a escurecer.
- Está bem! – o moreno disse se levantando e ajudando a amiga a fazer o mesmo.
Os dois foram diretamente para o salão principal jantar.
A sexta-feira passou rapidamente na escola de magia e bruxaria de Hogwarts, logo já era sábado e os alunos se preparavam para o passeio até o vilarejo de Hogsmead. No salão principal, vários alunos tomavam café e alguns já se levantavam e saiam de lá extremamente animados.
O trio fazia refeição calmamente na mesa da Grifinória, já que não iriam ao passeio. Gina também estava com eles, mas não prestava atenção na conversa que os amigos tinham, não conseguia retirar os olhos de um loiro que estava na mesa do outro canto do salão, e que também a olhava. Desviou, quando o garoto levantou e se encaminhou até a porta.
- Já vou indo! – ela disse, limpando a boca no guardanapo de se levantando em seguida – Quero chegar cedo em Hogsmead, antes que encha.
- Acho que você deveria fazer o mesmo que a Luna – Rony disse, olhando atentamente para a irmã – Se o Harry, seu namorado, não vai a Hogsmead, você também deveria ficar aqui.
- Eu não vou passar o meu dia sentada no salão comunal lendo um livro enquanto o Harry estuda – disse, muito brava – Vou me divertir com os meus amigos, vai ser bem melhor.
- Eu não me importo que ela vá a Hogsmead! – o moreno disse, olhando para o amigo.
- Devia cuidar melhor da sua namorada – o outro disse, ainda encarando a garota em pé na sua frente.
- Você não era tão possessivo assim quando namorávamos – Hermione disse, rindo – Ainda bem, você sabe que eu não suporto isso.
- Sempre fomos a Hogsmead juntos! – respondeu, agora encarando a ex-namorada – Nunca tive necessidade disso.
A morena lançou a ele um olhar que assustaria até Voldemort. Gina aproveitou esse momento para sair sem ser vista.
A ruiva caminhou até o lado de fora do castelo, até que encontrou Draco que a esperava no fim da escada.
- Você demorou! – disse, a abraçando pela cintura, sem se importar com as pessoas que passavam pelo local – Já faz bastante tempo que eu sai de lá.
- Eu tive uns problemas com o meu querido irmão! – respondeu, demonstrando que estava sem paciência.
O loiro não disse mais nada, apenas a puxou para mais perto e a beijou com paixão. Os demais estudantes que passavam pelo local pareciam não se importar com aquele casal.
- Você ficou maluco? - disse, se separando dele, ainda ofegante – Alguém pode nos ver – continuou, parecendo extremamente brava.
- Pensei que estivéssemos namorando – ele disse, acariciando o rosto da ruiva com os lábios.
- Sim! – respondeu, de olhos fechados, devido ao novo contato – Mas prometemos manter isso em segredo.
- Mas eu não consigo! – roçou os lábios no dela – Você está cada dia mais linda, é impossível te olhar e não poder te tocar.
- E por falar em olhar! –começou a falar, o empurrando com bastante força para longe de si – Eu disse para não ficar me olhando no salão principal, alguém pode ver, principalmente o Harry.
- Se eu não te conhecesse Ginevra – voltou a provocá-la, com um sorriso malicioso nos lábios – Diria que você ainda está apaixonada pelo Potter.
- É claro que não! – gritou, com toda a força que conseguiu – Só quero garantir que ele não descubra tudo até chegar a hora.
- Poderemos nos encontrar em Hogsmead? – perguntou, com um olhar manhoso para cima da garota.
- Claro! – respondeu, sorrindo – O casalzinho apaixonado não vai estar lá, nem o chato do meu irmão. Mas teremos que nos encontrar lá.
Ele ia responder, quando o garoto ruivo veio em direção aos dois.
- O que você está fazendo aqui Malfoy? – perguntou, parecendo muito bravo.
- Nada Weasley! – respondeu, com um sorriso nos lábios – A gente se vê em Hogsmead Gina.
- Você vão se encontrar em Hogsmead? – o garoto perguntou, depois que o outro foi embora – Por que ele disse que te encontrava lá?
- É claro que não Rony! – disse, fingindo um cara de nojo – Ele deve ter dito por que, com certeza, vamos nos esbarrar por lá, o vilarejo e muito pequeno.
- E desde quando ele te chama pelo seu primeiro nome? – perguntou – Ele sempre te chamou de Weasley.
- Eu não posso entrar na mente do Draco para saber o que ele pensa – girou os olhos de impaciência.
- E você está chamando ele de “Draco” – o ruivo disse, espantado – Desde quando são amigos?
- Qual é o problema nisso? – respondeu, perguntando – Estudamos na mesma escola e somos sangues-puros, precisamos nos dar bem.
- Desde quando você se importa em ser sangue-puro? – o garoto perguntou, mais uma vez, estava achando muito estranho o comportamento da irmã.
- Eu nunca disse isso! – a ruiva batia o pé – E qual seria o problema disso?
- Mamãe e papai não vão gostar nem um pouco do seu comportamento – disse, por fim – Vou escrever para eles ainda hoje.
- Vê se me esquece Ronald! – a ruiva disse, antes de sair rapidamente em direção aos portões do castelo.
Rony resolveu caminhar um pouco para esfriar a cabeça. Sua aula seria em poucas horas, e não tinha idéia de como seria.
Perto das onze horas, o garoto caminhou em direção a sala de transfiguração. Além dele, havia mais três alunos da Grifinória (Neville, Parvati e Lilá); Anna About, da Lufa-Lufa; Padma Patil, da Corvinal; e, para sua total surpresa, Pansy Parkison, da Sonserina. Não demorou muito para que a professora Mcgonagal chegasse e todos sentassem no chão para olhá-la atentamente (todas as mesas do local foram retiradas).
- Bom dia todos, quero agradecer a presença de todos – a mulher disse, observando cada um dos alunos – Hoje vocês vão descobriram como se transfigurarem em um animal – no mesmo instante, ela se transformou em um gato – perceberam que é extremamente simples – completou, depois que voltou ao normal.
Passou a meia-hora seguinte explicando a história dos animagos: como surgiram e o porquê do ministério da magia decretar que todos deveriam ser registrados (Rony achou essa parte da aula muito chata, pois lembrava perfeitamente da aula que tiveram sobre esse assunto no terceiro ano)
- Alguém tem alguma pergunta? – a mulher perguntou, depois que terminou a explicação.
- Quando vamos começar a nos transformar? – a aula da Sonserina perguntou, como se fosse óbvio.
- Eu já ia chegar nessa parte senhorita Parkison! – ela disse, com seu olhar costumeiro sobre a aluna – Por favor, todos de pé.
Todos se levantaram rapidamente, a professora andou até um por um, fazendo-os tomar uma distância segura um do outro.
- Agora, fechem os olhos! – falou, novamente – E sintam que são um animal.
- Mas professora! – uma das gêmeas Patil disse – Não sabemos que animal vamos nos transformar.
- Eu sei perfeitamente disso senhorita Patil! – ela disse – Mas não será necessário, vocês só precisam se sentir na pele de um animal.
A primeira vez que eles fizeram os exercícios, nenhum dos alunos presente conseguiu se transformar em um animal. Mcgonagal disse que isso era normal e para continuarem praticando.
- Muito bem senhor Longbotom! – a mulher disse depois de algumas tentativas e o garoto se transformou em uma arara.
Com mais uma hora de aula todos haviam feito progresso na aula: Lilá Brown havia virado um unicórnio; Parvati e Padma se transformaram, as duas, em borboletas (era comum gêmeos se transformarem no mesmo animal); Anna About, em uma foca; e Pansy Parkison, em um morcego. O único que ainda não havia conseguido se transformar era Rony.
- Isso é tudo por hoje! – a professora falou – Vejo vocês na semana que vêm.
Todos estavam saíram do local, com exceção do ruivo.
- Professora! – o garoto disse – Por que não consegui me transfigurar?
- Não se preocupe senhor Weasley! – ela respondeu calmamente – Muitos bruxos não conseguem tão fácil.
- Eu quero tentar mais uma vez! – pediu, parecendo triste – Por favor, professora.
- Está bem! – disse – Mas só mais uma vez.
Rony fechou os olhos e se concentrou mais do que nunca. Aos poucos foi sentindo o seu corpo mudar a forma. Abriu os olhos e foi caminhando lentamente até o espelho no fundo da sala, enxergou um coelho branquinho. Em seguida, voltou ao normal.
- Um coelho! – exclamou, espantado – Pensei que seria um animal maior.
- Ora senhor Weasley! – a mulher disse, o repreendendo – Coelhos são ótimos animais.
O ruivo não disse mais nada, saiu da sala e foi para a biblioteca encontrar seus amigos.
- Não entendo por que temos que estudar poções! – o moreno disse para a amiga, os dois estavam sentados em uma mesa no fundo da biblioteca – Para mim é a matéria mais inútil que temos.
- Você quer ser auror! – ela disse – Sabe que terá ocasiões em que precisará preparar poções para salvar a sua própria vida e a de seus companheiros – explicou, havia decorado aquilo do folheto de carreiras que precisaram ler a dois anos.
Rony chegou ao local e se sentou junto deles.
- Como foi a aula? – a morena perguntou.
- Legal! – respondeu, sem muita animação.
- Já consegue se transformar em um animal – o amigo balançou a cabeça afirmativamente – Qual é?
- Harry! – Hermione reprimiu o amigo mais uma vez – Sabe que ele não pode revelar isso a ninguém até ser aprovado pelo ministério.
- Mas eu fico imaginado qual é! – o moreno disse, rindo – Se for uma aranha seria engraçado, ele morre de medo.
A morena começou a rir junto com ele, seria uma cena engraçada.
- Eu estou preocupado com a Gina! – Rony disse, tentando mudar o assunto – Ela está diferente.
- O que houve? – os outros dois perguntaram ao mesmo tempo.
- Eu a encontrei hoje cedo falando com o Malfoy! – explicou – Eles são amigos.
- E qual o problema nisso? – Hermione perguntou – Ele mudou.
- Ele é o Malfoy! – foi tudo que o ruivo disse – Ele já é o grande problema.
- O Malfoy já provou que mudou, durante a guerra quando nos contou que Voldemort se escondia na casa dos pais dele – ela tentou explicar – E ficou sobre a proteção de Dumbledore e da Ordem durante as últimas férias.
- Você não vai dizer nada Harry? – perguntou, ignorando a amiga.
- Concordo que a Gina está um pouco estranha! – disse, sem tirar os olhos do pergaminho – Mas não vejo problema dela ser amiga do Malfoy.
- Você devia ficar de olho na sua namorada! – foi tudo que Rony disse.
Os três passaram o resto da tarde na biblioteca estudando em silêncio.
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