A descoberta



-Uma passagem no armário do zelador? –Perguntou Tiago ainda não convencido.


-Mas o mapa não mostra nada, é impossível! –Replicou Rabicho.


-Na verdade o mapa mostra sim, só temos que dizer o encantamento pra ele. E parece que essa não é a única, existem outras como na sala do diretor.


-Ela te falou o encantamento dessas outras? –Perguntou Lupin sabiamente. Sirius tinha esperado a semana de lua cheia passar para poder contar aos amigos, para não ter problemas demais. Depois de passar três horas seguidas do sábado a noite escrevendo frases na sala do professor de DCAT ele foi dormir e só pode conversar com os amigos no domingo durante o almoço, já que esses passaram a manhã inteira dormindo.


-É claro que ela não falou, Lyra é esperta demais pra isso, certo? –Perguntou Tiago.


-Certo. Não quis me falar nada.


-Mas agente pode descobrir, tem que ter um jeito de olhar isso no mapa sem o encantamento. –Falou Lupin.


-Tem razão aluado. E eu já teria tentado, mas não lembro onde deixei o mapa, vou procurar no meu malão hoje, aí podemos olhar. –Respondeu Sirius e imediatamente Tiago lançou-lhe um olhar curioso. Em comparação aos termos de Potter, Sirius chegava a ser organizado demais. Não era verdade, mas ao dar uma olhada na mala de Potter qualquer um acreditaria nessa teoria. Então, o que Sirius não tinha contado a ele? Onde estava o mapa? Perguntou-se Potter.


-E tem mais uma coisa sobre ela. –Falou Tiago. Rabicho se encolheu ao seu lado e Sirius desviou o olhar. –Ela sabe sobre você Aluado, sobre o seu problema peludo.


-O QUE? –Perguntou Lupin se levantando da cadeira no salão comunal com uma expressão do mais puro choque. –COMO ELA SABE? O QUE EXATAMENTE ELA SABE?


-Acalme-se Aluado. –Pediu Sirius. –É um pouco minha culpa, mas não totalmente, ela suspeitava de algo desde o terceiro ano.


-Mas ela apenas suspeitava, agora ela sabe! O que eu vou fazer? –Perguntou Lupin levando as mãos à cabeça em desespero.


-Já temos um plano. –Respondeu Tiago. –Almofadinhas, já descobriu o segredo?


-Ainda não, mas já sei o que procurar. –Respondeu ele com um ar de superioridade. Tinha passado horas revivendo todas as conversas com Lyra para chegar à essa conclusão.


-E o que é? –Perguntou Rabicho ainda encolhido.


Sirius contou toda a história da biblioteca em detalhes vívidos. Quando terminou Rabicho soltou um palavrão inaudível de puro medo e Tiago foi o primeiro a falar.


-Mas se ela contou tudo isso até a você, sem ofensas Almofadinhas, não parece ser nenhum segredo. Ta, é assustador o fato de ela ter uma família assassina, mas o que você vai fazer? Ameaçar contar ao ministério onde estão seus pais fugitivos? O máximo que pode acontecer é Você-Sabe-Quem encontrá-los e recrutá-los como Comensais.


-Não Pontas, nada disso. –Continuou Sirius. –Apesar de esta ser a minha segunda opção, a primeira é bem diferente. Quero descobrir porque ela mudou de escola e até de país, quer dizer, não sei de nenhum outro caso de transferência em Hogwarts.


-Só mais um, em 1847. –Respondeu Lupin coçando a cabeça.


-Parece bom. –Falou Tiago.


-Não parece bom, é ótimo Pontas! –Confirmou Sirius excitado.


-Fico feliz que tenha mais um plano diabólico que vai contra as leis da escola e até contra as leis do Ministério da Magia Almofadinhas, mas eu acho melhor agente simplesmente falar com ela. –Sugeriu Remo com sarcasmo no início e depois a mais completa serenidade.


-Bem, o segredo é seu, acho que você que decide o que fazer, mas meu plano é ótimo.


-Obrigado Almofadinhas. –Sorriu Lupin.


-Marotos, o assunto está muito interessante, mas tenho testes pro novo time de Quadribol agora então teremos que interrogá-la à noite. Almofadinhas, depois do teste eu acho melhor você ir direto procurar o mapa.


Sirius confirmou com a cabeça e os quatro se dirigiram ao campo, onde cerca de vinte alunos já aguardavam o capitão e apanhador do time, o famoso Tiago Potter - é claro, acompanhado do batedor e melhor amigo, Sirius Black. Lupin e Rabicho foram para as arquibancadas assistir, Lupin muito interessado em um livro e Pedro com os olhos arregalados de ansiedade e excitação.


O time se manteve praticamente o mesmo do ano anterior já que os alunos novos eram terrivelmente desastrosos. Com exceção do novo artilheiro da direita, o time já se conhecia muito bem e trabalhava com precisão nas seguintes posições:


Tiago Potter – Apanhador


Sirius Black – Batedor


Christina Vane – Artilheira central


Perseu Smith – Artilheiro Direito


Janet McLaggen – Artilheira Esquerda


Ben Higgs – Batedor


Franco Longbottom - Goleiro


Era sem dúvida um dos melhores times que a Grifinória já teve e, desde que Tiago entrara, não perderam a copa das casas nem uma vez sequer. Os jogos duravam pouco já que Tiago capturava o pomo de ouro com incrível velocidade e, desde que Alicia começou a assistir aos jogos e namorar Franco, mal tomavam gols.


O resto da tarde passou rápido demais graças a uma brilhante idéia de Tiago: na tarde anterior ele tinha escutado Lílian Evan comentando com as amigas sobre sua família trouxa e sobre como ela sentia falta de seu enorme cachorro labrador, Spot. Então ele convenceu Sirius a se transformar no enorme cachorro negro que era sua forma animaga e fingir pertencer a Tiago. Potter arrumou o pelo de Sirius fazendo parecer bem menos assustador e o prendeu em uma coleira vermelha antes de seguir para o jardim, onde inúmeras meninas da Grifinória conversavam sob uma árvore. Ao verem o belo apanhador da Grifinória com um cachorro o alvoroço foi geral.


-Potter, ele é lindo! –Exclamou Alicia passando a mão na cabeça do cachorro.


-Como você o trouxe pra dentro? –Indagou uma garota de cabelos castanhos muito crespos enquanto acariciava o Sirius disfarçado.


-Ah, esse é um segredo que não posso revelar, na verdade, tenho que devolvê-lo hoje à noite. –Várias garotas soltaram sons de protesto e mais seis se juntaram em uma roda ao redor de Sirius para acariciá-lo. Um cachorro nunca pareceu tão feliz.


-Então você tem um cachorro Potter? –Perguntou Lílian se aproximando do grupo com Lyra ao seu lado. Sirius latiu e tentou atrair um olhar de Lyra, sem conseguir.


-Tenho sim Evan. Gosta de cachorros? –Sorriu Tiago quase pulando de excitação. Lílian estava realmente falando com ele sem o seu típico tom ofensivo ou repreensivo.


-Adoro. –Ela sorriu para ele e então para Sirius e começou a passar os dedos pelo pêlo negro do cachorro ao meio de sons infantis das garotas ao seu redor. Sirius não despregara os olhos de Lyra.


-Você já teve algum? –Perguntou Tiago se aproximando de Lílian.


-Tenho um labrador na casa dos meus pais.


-Labra... o que? –Perguntou ele. Ela soltou um risinho simpático. -Venha, vou te explicar o que é. –Assim ela se afastou das outras garotas conversando amigavelmente com Tiago, deixando o alegre e peludo Sirius na mão de quase dez meninas e sob os olhos grafite de Lyra.


Ao ver que seu amigo já tinha conquistado seu objetivo e que ele já encantara a todas as garotas ao seu redor com exceção de Lyra, Sirius resolveu tomar uma atitude. Começou a latir de um jeito brincalhão para as garotas ao seu redor, que soltaram gritinhos e risinhos, então se inclinou sob as patas da frente sacudindo animadamente o rabo as suas costas, direcionado para Lyra. Ela não pode ignorar esse comportamento já que suas amigas estavam implorando que ela brincasse com o suplicante cachorro.


Lyra sorriu e se agachou para ficar na altura do cachorro negro, que soltou mais um latido agitado e pulou na direção da garota derrubando-a no chão sob inúmeras lambidas.


-Ai, ai! –Exclamou ela rindo e tentando afastar o focinho de Sirius, que insistia nas lambidas. –Alguém pode tirar esse cachorro de cima de mim? Como ele chama mesmo? –Perguntou ela se desviando de Sirius.


-Ele... Se chama... Snuffles. –Respondeu Remo que acabara de chegar ofegante. –Vamos... Snuffles, saia de cima... da... Lyra. –Pediu ele puxando a coleira vermelha. Sua resposta foram altos latidos de revolta. –Desculpe Lyra, ele não foi muito treinado. –Falou Remo enquanto ajudava a linda garota a se levantar.


-Ah, não se preocupe Remo, ele é uma graça, só um pouco agitado. –Respondeu Lyra sorrindo para Remo, que imediatamente corou. A garota de cabelos crespos revirou os olhos e voltou a se sentar na grama, acompanhada das amigas.


-Engraçado justamente você dizer isso. –Sorriu Remo olhando para o cachorro.


-Porque... Snuffles! –O que Lyra iria perguntar foi interrompido por uma mordida de Sirius na canela de Remo.


-Ah, não se preocupe, ele só está brincando. –Respondeu Remo lançando um olhar cômico ao cachorro. –Então, algum plano para o resto da tarde? Talvez algum dever...


-Não, hoje não. Já fiz os meus deveres e descobri que não sei muito sobre História da Magia. Se você quiser, poderia me ajudar com a matéria um dia desses, o que acha? –Sugeriu Lyra com um sorriso encantador. Vendo aquele sorriso Sirius concluiu que até a pessoa que mais odeia história da magia teria dito sim para ela.


-Claro, porque não hoje? –Perguntou Lupin tentando um tom casual, mas a tentativa foi desastrosa.


-Bem, até que seria uma boa idéia, mas o Potter disse que o Snuffles vai embora hoje à noite, e eu pensei em brincar um pouco com ele. Então quando nós tivermos um horário vago em comum, o que acha? –Perguntou ela.


-C... Claro. –Remo tentou sorrir. Sirius soltou mais um latido de satisfação e balançou o rabo alegremente antes que Lupin entregasse sua coleira para Lyra.


Pela primeira vez Sirius levou em consideração a idéia de Tiago para que ele se tornasse para sempre o cachorro negro. Suas poucas horas com Lyra foram tão divertidas que ele mal pode se conter. Ela brincou com ele de todas as formas possíveis, desde frisbees mordedores até pomos de ouro defeituosos. Perdeu o jantar para poder brincar mais com o cachorro e ele adorou a idéia. Mais algumas garotas tentaram brincar com ele, mas sua atenção estava completamente destinada a Lyra. Ao por do sol ela se sentou na grama ao lado do cachorro negro e esperou o sol sumir atrás das montanhas no horizonte. Porém, começou a ventar e ela tinha que voltar para o castelo antes de resfriar.


A travessia para o salão da Grifinória foi bastante complexa, mas Sirius pegou atalhos e passagens que facilitaram bastante, recebendo olhares suspeitos de Lyra, que deixava o cachorro guiá-la. Ela se sentou no sofá de frente para a lareira depois de uma longa explicação ao quadro da mulher gorda e começou a ler um livro de capa de couro envelhecida, sem título. Imediatamente e sem o menor esforço Sirius também subiu no sofá e deitou a cabeça no colo de Lyra, que o acariciou com a mão livre por um tempo que Sirius não conseguia definir.


Os membros da Grifinória entraram na torre aos poucos, alguns ficaram na sala, outros foram para seus quartos. As garotas desejaram boa noite a Lyra e foram se deitar, os garotos também subiram vagarosamente e os alunos do primeiro ano quase desmaiavam ao ver o sinistro cachorro. Mas todos foram dormir, deixando Lyra e Sirius novamente sozinhos antes que os outros três marotos chegassem.


-Ah, oi Lyra. –Disse Lupin desviando o olhar.


-Oi Remo.


-Então Dellabatti, meu cachorro se comportou? –Perguntou Tiago com um sorriso travesso.


-Claro Potter, Snuffles foi uma graça. –Respondeu ela sem perceber os olhares trocados entre Rabicho e Tiago.


-Então, é hora de ir Snuffles. - Disse Tiago rindo para o cachorro, que apenas ronronou e acomodou ainda mais sua cabeça no colo da garota.


-Vamos. –Pediu ela a Sirius – Hora de ir. –E puxou o cachorro pela coleira de forma que este se sentasse ao seu lado e os dois ficassem da mesma altura. Lyra ainda sorria para Sirius quando eles trocaram um olhar, mas logo seu sorriso se desmanchou e ela olhou-o nos olhos. Tiago imediatamente percebeu o que acontecia e se pôs entre os dois.


-Er... Lyra, tenho que levar o Snuffles agora, está bem?


Ela não respondeu. Apenas se levantou com uma expressão séria e curiosa no rosto antes de correr para o dormitório das meninas com a simples frase “já volto”.


-Almofadinhas, pode voltar ao normal? –Pediu Rabicho. Sirius se metamorfoseou ali mesmo, e logo sua forma humana estava sentada no sofá com a expressão da mais pura satisfação.


-Como foi com a Evan? –Perguntou ele sorrindo para Tiago.


-Ótimo. E você, se divertiu tentando descobrir o segredo de Lyra? –Perguntou Potter. Essa não era a razão pela qual Sirius passara a tarde com ela e na verdade, aquele pensamento nem passou por sua cabeça, mas ele não conseguiu admitir.


-Bastante. Acha que ela vai voltar aqui para baixo? –Perguntou ele.


-Espero que sim. Pretendia conversar com ela agora. –Falou Lupin. Neste exato momento Lyra voltou a descer as escadas, com uma expressão indecifrável e os olhos se escurecendo e clareando interruptamente. Ela foi em direção a Sirius sem dizer uma palavra e apenas lhe entregou um velho pergaminho. Os quatro olharam para o pergaminho, indignados, enquanto ela se sentava na poltrona próxima.


-Onde conseguiu isso? –Perguntou Rabicho levando as mãos à boca.


-Eu devo ter deixado cair nas masmorras... –Começou Sirius, mas Lyra o interrompeu.


-Não. Peguei no bolso da sua capa quando você caiu encima de mim.


-Você roubou? –Perguntou Lupin indignado.


-Ei gente, vamos com calma. Qual o problema dela ter roubado um pedaço velho de pergaminho...? –Começou Tiago em uma ótima encenação.


-Não adianta Potter. Eu sei sobre o mapa. –Todos ficaram boquiabertos, mas ela não parou de falar. –Lílian ouviu alguns anos atrás você “Jurar solenemente não fazer nada de bom” a um pergaminho muito parecido com este e me contou quando me viu tentando decifrá-lo.


Por um momento houve uma pausa onde ninguém falou anda. Todos os garotos olhavam pasmos do mapa nas mãos de Sirius para Lyra, que logo abriu um sorriso de satisfação. Sirius foi o primeiro a falar, percebendo que os amigos ainda estavam em choque.


-Conte tudo. Tudo o que você sabe, desde quando sabe e como sabe.


-Comece pelo, ahm... Meu problema. –Pediu Lupin.


-Claro. –Sorriu ela. –Tudo começou domingo passado, quando eu trombei em Sirius e ouvi Tiago falando sobre “perder a transformação”. Era pôr do sol, então a transformação só podia ser à noite. Eu precisava descobrir o que era para poder me defender contra a chantagem que eu sabia que Sirius iria fazer no dia seguinte, então comecei a pesquisar. Aquela era a primeira noite de lua cheia e no dia seguinte Remo não apareceu, então, durante o resto do café eu confirmei com as minhas amigas algumas datas em que você sumia ou adoecia Remo, e durante a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas olhei no calendário: sempre caiam em lua cheia. Sirius confirmou involuntariamente tudo isso para mim.


“Então eu precisava saber como vocês três acompanhavam o Lupin durante as noites e por sorte Sirius também me ajudou com isso. É um mapa muito útil, tenho que admitir. Olhei no mapa durante toda a semana vocês quatro irem até a passagem no Salgueiro lutador e até tentei interceptá-los pelo caminho inúmeras vezes, mas conclui que estavam usando feitiços da desilusão ou capas da invisibilidade porque todas as vezes que eu olhava para os lugares onde vocês deveriam estar não via nada, às vezes via um rato passar ao meu lado ou um cervo correr no jardim com outro animal, mas nada mais.”


“Comecei a me perguntar como três adolescentes sobreviveriam a um lobisomem quase adulto sem serem transformados e estava quase desistindo até poucos momentos atrás. Eu nunca consegui reconhecer o animal que corria com o cervo porque ele era escuro demais... Animagos ilegais. -Concluiu ela sorrindo diante ao espanto dos garotos. –Black é o cão que parece um sinistro, Potter um cervo, Pettigrew um rato e Lupin um lobisomem. Não posso negar, é um plano brilhante, meio maluco, mas bastante inteligente.”


Mais um momento de silencio se seguiu. Rabicho se encolheu atrás de Tiago diante a deliciosa remexida que Lyra Dellabatti deu em sua poltrona e Sirius também se mexeu desconfortável em seu sofá. Ela era brilhante, tinha descoberto tudo sozinha, um plano que foi encoberto por cinco anos... Dessa vez, o primeiro a falar foi Lupin.


-Quem sabe? –Perguntou ele não conseguindo esconder o tom de medo em sua voz. Lyra pareceu ofendida com a pergunta.


-Ninguém, é claro!


-Mas... Porque você não contou a ninguém? –Retrucou ele ainda inseguro.


-Porque eu não quero trazer problemas a você Remo! Você acha que faz diferença para mim você ser ou não lobisomem?


-Bem...


-Remo! É claro que não faz! Deixa de ser bobo! O fato de você ter sete noites mais complicadas que as demais não muda em nada a pessoa que você é. –Respondeu ela. Remo pareceu corar sob a fraca luz da lareira e um inevitável sorriso se ergueu em seus lábios. Dessa vez, Sirius não foi o único a notar o estranho comportamento do amigo perto de Lyra, Tiago também percebeu e encarou-o por um segundo, antes de perguntar.


-Então, o que você quer para manter o segredo? –Lyra voltou o seu olhar para ele e respondeu em um tom negociador.


-Por enquanto nada. Vou esperar surgir alguma coisa de meu interesse. –Ela sorriu e trocou um olhar indecifrável com Sirius por um momento. Mordeu o lábio inferior e voltou a falar. –Boa noite garotos, já é tarde e amanhã o primeiro horário é do nosso querido Stylin.

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